Kara Jimenez Eu abri meus olhos lentamente. Eu não conhecia aquele lugar, muito menos as pessoas que me rodeavam. Quando percebi estar em um hospital, entrei em desespero. Me levantei apressadamente, quando duas mãos me seguraram, voltando a me deitar novamente. Era Afrodite e eu me senti aliviada por ver um rosto familiar. — O que está acontecendo? – eu disse, ainda sentindo a cabeça girar – por que eu estou aqui? — Não se lembra? – ela estava assustada e extremamente preocupada comigo – você desmaiou no meio do evento. Trouxemos você as pressas para o hospital. Tudo pareceu fazer sentido. Eu me recordava dos enjoos e da cabeça girando lentamente até a escuridão me dominar. Fechei os olhos com força, me lamentando por ter passado mal no dia do lançamento da revista. Era para ser o dia mais importante nessa nova fase da minha vida, mas eu estraguei tudo. — Eu lamento – disse, sussurrando, sentindo um choro preso na garganta – eu arruinei o lançamento da revista. — Não deve se pr
Kara Jimenez Eu corri atrás dele. Dessa vez, as coisas não ficariam assim e o Gustavo me explicaria por que estava agindo daquela forma comigo. Eu o alcancei já no estacionamento, quando segurei seu braço e o impedi de prosseguir. Eu não tinha força contra ele e ele poderia facilmente se livrar de mim, mas não foi o que ele fez. Ao sentir o meu toque, ele parou, encostou no carro e esperou pacientemente que eu dissesse tudo o que precisava. — Por que está agindo assim? – minha respiração entrecortada dificultava minha fala, mas o que fez meu coração quase parar de bater foi o modo como o Gustavo olhou para mim. — Por que não me contou que havia aceitado um emprego de modelo? – ele fugia do assunto principal e aquilo me incomodou um pouco. — Qual foi a última vez que eu o vi, Gustavo? – a pergunta o pegou de surpresa – você raramente vai à mansão. Como queria que eu te contasse, se você vive fugindo de mim? — Não é exatamente de você que eu estou fugindo – ele girou o pescoço p
Kara Jimenez Cassandra estava histérica. Ela gritava como se a Bruna tivesse acabado de morrer. A situação fez Jasmim se assustar e eu precisei sair com ela para que as coisas não piorassem. Um médico foi chamado até a mansão e assim que ele terminou de examinar a Bruna, dirigiu seus cuidados para Jasmim. Ela estava bem e aquilo me deixou bastante aliviada. Depois disso a senhora Bruna foi levada para o andar de cima e eu não mais a vi. Eu trocava Jasmim no meu quarto quando a porta foi aberta bruscamente e a figura transtornada de Cassandra adentrou o ambiente e arrancou a menina de cima da cama. Ela até parecia um animal selvagem, pronto para me devorar. Assim que pegou Jasmim nos braços, que não parava de chorar, ela jogou uma revista em cima de mim. — É para isso que você tem abandonado a Jasmim? – eu desviei o olhar para a revista que agora eu segurava e me vi na capa principal – para tirar fotos como uma prostituta? Eu não parecia uma prostituta. Pelo contrário, acredito n
Kara Jimenez — Tem certeza de que é isso que você quer fazer? – Afrodite me dizia do outro lado da linha enquanto eu era impedida de responder, devido ao choro entalado na minha garganta. Só depois de algum tempo eu conseguir responder. — Foi um erro ter me relacionado com o Gustavo enquanto ele ainda estava casado com a Bruna – enxuguei as lágrimas – continua em tempo de consertar esse erro. Um longo silêncio percorreu entre mim e Afrodite. Eu apenas ouvia a respiração dela pesadamente, como se ela lamentasse por mim. Eu olhei para Jasmim, que dormia tranquilamente no berço, e meu peito se rasgou. Seria uma dor imensurável ter que abandoná-la, mas ela também não me pertencia e eu precisava me conformar com aquilo. — Você continua aí, Kara? – a voz dela me trouxe de volta. — Estou – disse em um tom fraco e baixo – preciso da sua ajuda para ir embora sem que o Gustavo saiba. Para um lugar bem longe daqui. — Claro! – outra longa pausa e eu sabia que ela também engolia o próprio c
Gustavo Henri O som estridente do despertador me fez abrir os olhos devagar e demorar mais do que deveria para encerrá-lo. Eu nunca precisava de um despertado para me levantar, mas naqueles últimos dias, desde a volta da Bruna para casa, eu não dormia direito. Aliás, nada mais tem funcionado direito na minha vida. Só me levantei quando a Jasmim chorou. Peguei ela no colo e desci as escadas lentamente em direção ao quarto da Kara. O sol ainda não havia apontado no céu, mas já estava claro. A mansão silenciosa trazia paz. Parei em frente a porta e me preparei para ter que olhar para a Kara dormindo e não poder dizer a ela o quanto a amava. Eram dias difíceis conviver com a babá da minha filha e não conseguir conversar com ela sem que o meu coração explodisse no peito. Havia dias em que eu parava na beira da sua cama e apenas a observava, ouvindo sua respiração e admirando sua beleza. Kara havia mudado a minha vida e o modo como eu encarava as coisas ao meu redor. Eu não sabia por qu
Gustavo. Eu não vi o que aconteceu depois. Eu não esperei nenhuma resposta da Bruna, simplesmente virei as costas e fui para o escritório me lamentar em paz. Minutos depois, ouvi gritos vindo da sala e, quando corri para ver o que acontecia, Bruna estava desmaiada nos braços de Cassandra e ela completamente histérica. — O que você fez, Gustavo? – ela batia no rosto de Bruna na intenção de despertá-la, mas seus esforços eram em vão – faça alguma coisa. Mas foi o choro de Jasmim que me chamou a atenção. Girei o pescoço e vi Antônia, trazendo-a até mim. — Onde está a Kara, senhor? – Antônia estava assustada. — A Kara pediu demissão – eu disse isso, quando ela murmurou baixinho, se lamentando – eu vou precisar de você para cuidar da Jasmim, até que eu… Outro grito. Agora, Cassandra gritava pelo telefone com alguém. Deixei Jasmim com a Antônia e peguei a Bruna em meus braços, levando-a até o carro e partindo em direção ao hospital. No caminho, liguei para o departamento do clube e ju
POV. Bruna Sanchez “Quero o divórcio”. Essas palavras ficavam indo e vindo em minha mente sem parar. Quando Cassandra entrou do quarto, eu desejei desaparecer para não ter que ouvi-la dizer o quanto errei tentando reconquistar o Gustavo. — Por que ele pediu o divórcio? A pergunta parecia idiota, porque assim como eu, Cassandra conhecia os motivos do Gustavo em querer se separar de mim, mas ela queria ter certeza de que a culpa era minha, para depois jogar sobre mim toda a sua frustração. — A babá finalmente foi embora – eu disse isso, mas sem nenhuma grande empolgação – ele quer se livrar de mim para poder ir atrás dela. Minha mãe estava surpresa e, ao mesmo tempo, feliz com a notícia. Não havia ninguém que detestasse a Kara mais do que ela. — Certamente o mérito não foi seu – abrir os meus lábios em espanto as palavras dela – não se esforçou para reconquistá-lo. Tínhamos um combinado e você não cumpriu. — Temos mesmo que ter essa conversa agora, mãe? – revirei os olhos aborr
Gustavo Henri. Saí do treino indo direto para a zona sul da cidade. O meu coração tinha esperança de encontrar Kara no bairro onde ela viveu sua vida inteira. Embora soubesse que Sebastian e Celeste fossem um perigo para a segurança dela, lembrei-me de que Kara era a herdeira de Rosa e que havia ficado com a antiga casa dela. Me lembrei também das últimas palavras dela, pedindo para que eu cuidasse de Olivia na sua ausência. Era um pedido especial e eu não poderia deixar de realizá-lo. Estacionei o carro em frente à residência e estranhei o fato de tudo estar escuro. Bati no portão por diversas vezes e isso chamou a atenção de alguns vizinhos. Aquilo era tudo o que eu não queria. Uma senhora se aproximou, desconfiada, até me reconhecer. — Não é todo dia que vemos um jogador de futebol por aqui – os olhos dela brilhavam, mas eu não tinha muito tempo. — Preciso falar com a Celeste – fui direto ao ponto, temendo que mais alguém aparecesse e eu não conseguisse fazer o que precisava