HENRIQUEEu não esperava que meu motorista fosse passar tão rápido com o carro por uma lombada e muito menos que Isabela fosse parar no meu colo. Se ele tinha feito aquilo de propósito, iria ver comigo quando chegasse ao final do dia.Passado o incidente, percebi que Isabela tinhado ficado constragida, ela pareceu se fechar ainda mais em sua própria bolha. Eu seria capaz de fazer qualquer coisa para que voltássemos a ser leves e descontraídos como éramos quando mais jovens.Quando o carro parrou em frente à livraria The Ripped Bodice, notei o interesse de Isabela voltar. Logo que desci, ajudei ela a sair do carro e pude ver o brilho em seus olhos. Isabela poderia ter se tornado uma mulher adulta, bem-sucedida, mas ainda mantinha dentro dela um pouco daquela garota meio nerd que gostava de ficar com a cara enfiada nos livros.— Você me trouxe numa livraria?— Não é qualquer livraria, essa é só de romances.— Interessante.— Se me lembro bem, era o seu gênero preferido quando nos conhec
ISABELAEu não esperava que Henrique fosse me levar à uma livraria dedicada a romances. O lugar era simplesmente o paraíso para as mulheres amantes desse gênero da literatura. Eu ainda não conhecia o lugar e fiquei simplesmente apaixonada. Como boa leitora e para não quebrar a tradição, acabei comprando um, que foi o que mais chamou a minha atenção.O restante do dia passou bem tranquilo, fomos almoçar num restaurante em que a comida era simplesmente divina, me permiti tomar uma taça de vinho enquanto Henrique ficou apenas na água, fomos ao cinema e conseguimos pegar uma sessão de comédia romântica. Quando o dia já estava chegando ao fim e o céu começa a escurecer do lado de fora, achei que nos despediríamos na porta da cafeteria, mas Henrique me puxou para dentro do carro e disse que o dia ainda não tinha terminado.— Eu tenho um jogo importante agora à noite e gostaria que fosse comigo.— Tudo bem, pode ser.Eu não devia aceitar, mas acabei aceitando. O dia com Henrique até que est
HENRIQUEO jogo terminou com a vitória do time, como já era esperado por todos nós. O público vibrava nas arquibancadas e, por dentro eu me sentia ainda mais feliz por ter ganhado um jogo com a presença de Isabela e do filho dela. Enquanto meus companheiros íam para o vestiário, me aproximei da proteção e fiz sinal para que Isabela e o filho não fossem embora e me esperassem na saída.Quando entrei no vestiário, estava um verdadeiro caos, os caras estavam fazendo a maior algazarra. Enquanto eu passava por alguns deles, recebia uns tapas no ombro e cumprimentos pelo meu desempenho no jogo.— Ei, Trovato. — Nosso goleiro chamou minha atenção. — Estamos combinando de sair para comemorar nossa vitória. Você vem com a gente?— Hoje eu não vou poder. Já tenho um compromisso.— Compromisso é? — Ele deve encontrar é encontrar alguma mulher. — O outro jogador que eu não me recordava do nome, comentou da ducha.Eu adoraria comemorar a vitória do time, mas não com bebedeira e mulheres igual aos
ISABELADepois de sairmos para comer, Henrique se ofereceu para nos levar para casa, pensei em dizer que não precisava, que poderia pegar um táxi, mas a verdade era que seria bem complicado levar Nicolas, as caixas de presentes e o buquê de girassóis sem nenhum tipo de ajuda.Quando o carro parou em frente à minha casa, Nicolas estava dormindo entre nós dois, o que dificultou ainda mais a minha vida. Teria que ir e vir umas duas vezes, mas quando Henrique se ofereceu para levar meu filho para dentro, aceitei sem pensar duas vezes, até porque ele estava crescendo e ficando cada vez mais pesado para carregar no colo.Logo que entramos, instruí Henrique a deixar Nic no sofá mesmo, não queria que ele ficasse por muito tempo dentro da minha casa. Teimoso como sempre, ele fez questão de levar meu fiho para o quarto dele. Aproveitei para colocar os girassóis num vaso com água e logo em seguida fui atrás deles.Fiquei paralisada na porta ao ver Henrique sentado na beirada da cama do meu menin
HENRIQUEEu passei a manhã toda inquieto, estava ansioso para reencontrar Isabela, mas também tinha medo do rumo que nossa conversa tomaria agora que tínhamos nos reencontrado depois de tantos anos amando-a em silêncio e sem conseguir esquecê-la.Uns vinte minutos antes do horário combinado, eu já estava arrumado e saindo de casa. Não que a casa de Isabela fosse muito longe, mas eu já não aguentava mais ficar dentro de casa esperando que desse o horário que combinamos.Enviei uma mensagem para Isabela para avisar que já estava em frente à casa dela e, por sorte, ela não demorou a aparecer. Ela estava ainda mais linda com aquela calça preta que se ajustava ao seu corpo, delineando suas curvas.Depois de uma breve interação, dei partida no carro e fomos para o restaurante. Tinha escolhido um que tinha um ambiente agradável já que nossa conversa não seria muito. Logo depois de me identificar, a hostess nos guiou até a mesa reservada, notei que a música soava baixa pelo ambiente e haviam
ISABELATer que admitir que Nicolas era mesmo filho de Henrique não tinha sido a coisa mais fácil de dizer, mas era bom, poder finalmente, tirar o peso desse segredo das minhas costas. Se ele ficar bravo comigo por ter escondido esse fato por tanto tempo, aí já não era problema meu. No fundo do meu coração, eu desejava que ele fosse daqueles que virava as costas e fingia que nada tinha acontecido, porque assim eu poderia tendo meu filho só para mim.— E por que não me procurou quando descobriu que estava grávida? Por que nunca me ligou?Já não era ruim o suficiente estar tendo que admitir que escondi um filho dele por oito anos, mas ficou ainda pior com a desconfiança por parte dele. Expliquei que tinha tentado procurá-lo, mas que tinha sido informada que ele já tinha se mudado.Interrompemos nossa conversa quando o garçom se aproximou com nossos pedidos, até porque, era um assunto particular e por Henrique ser um jogador famoso, qualquer coisa da nossa conversa que saísse num jornal
HENRIQUEDepois que Isabela foi embora do restaurante, paguei a conta e decidi voltar para casa. Ainda estava inconformado com tudo o que Isa tinha me contado sobre as coisas que minha mãe tinha feito. Esse era um lado da minha mãe que eu não conhecia, para mim ela sempre tinha sido um exemplo de mulher.— Eu preciso tirar isso a limpo — falei enquanto esperava o semáforo ficar verde.Peguei meu celular no painel do carro e liguei para Gabriel. Depois de uns dois toques, ouvi a voz sonolenta dele do outro lado da linha.— O que foi, Henrique?— Estou precisando de um jatinho com urgência.— Para onde você vai com um jatinho num domigo à tarde?— Eu preciso ir à casa dos meus pais.— Aconteceu alguma coisa, cara? Eles estão bem?— Sim, eles estão bem, eu só... preciso ir até lá.— Mas você sabe que precisa estar aqui amanhã para uma reunião com sua nova patrocinadora?— Sim, eu sei. Devo estar de volta hoje à noite.— Vou fazer umas ligações e ver o que eu consigo fazer.— Faço o impos
ISABELAQuando voltei para casa, paguei a neta da vizinha por ter ficado de olho em Nicolas e ao ficar sozinha com meu filho, abracei-o apertado, aproveitando os últimos dias em que ele é só meu. Ele reclamou, como todo menino da idade dele.— Me solta, mamãe.— Não era você que estava querendo que eu voltasse para casa logo, hein?— Sim, mas não era para ficar me apertando.— Tudo bem. Eu não vou mais te apertar.Afrouxei o abraço e ele se desvencilhou, voltando a brincar com seu bonequinhos sobre a mesa de centro da sala e assistir seu desenho que passava na televisão. Fiquei ali, parada, apenas observando ele brincar tão inocentemente, mal sabendo que em breve seu mundinho seria virado de cabeça para baixo. Eu tinha que pensar na melhor maneira de começar a abordar o assunto "pai" com Nicolas. Arrumar uma maneira de contar sobre Henrique sem deixar a criança traumatizada ou com raiva de mim pelo resto da vida.Peguei meu celular dentro da bolsa e entrei na minha rede social, procur