Havia uma expressão contristada no rosto da garota enquanto nos passos uma resignação afiada perfurava a neve fofa. Era uma pitada de raiva e de uma porção de sentimentos que não podiam ser diluídos em lágrimas ou em aceitação. Endy, não podia, não conseguia acreditar que não sobrou nada, que a explosão o tinha destruído por completo e que tudo que restava eram as lembranças, o silêncio que o envolvia e seus muitos mistérios, ou a transição do medo a densa confiança que tinha em Orion, em seu caçador.
Era estranho como poucos dias podiam ser necessários pra se apegar a um estranho, a alguém que se mostrava distante mais estava inevitavelmente perto, e constantemente se arriscando para salvar sua vida. Endy não soube quando foi que começou a se sentir segura, quando a desconfiança se tornou dúvida e por fim a crença sincera que ele a levaria lá, a Iviston, ou ao topo do mundo se quisesse.
A insegurança crescia enquanto o silêncio envolvia suas dúvida
O homem ficou inerte mais não surpreso, o que deu a chance de recuar alguns passos e então atacar. Endy não podia matá-lo, era sua única fonte de informação, além do instinto, e quem sabe a única oportunidade de ter uma boa noite de sono sobre uma cama ilhada entre as cobertas. Mas assim que o estranho sacou uma lâmina das costas ela soube que de casual aquele encontro não tinha nada. Só podia ser uma blefe ou uma armadilha do destino, mas com certeza havia um proposito pra tudo que estava passando, bastava descobrir.A mão da garota emitia uma aura ciana que se estendia ao braço em um brilho denso de azul que preenchia sua visão, mas não precisava de muito pra acertar alguém que estava em sua frente. Ver a silhueta era mais que suficiente pra que não errasse o alvo.- Ice ray... – Disse Endy soltando o feitiço enquanto relutava em atingí-lo, mas precisava fazer aquilo ou ela seria a vítima da história e não queria mais fazer esse papel na tragédia
- Caçador?! – Balbuciou ela tão depressa que não se podia saber se estava perguntando, afirmando ou as duas coisas na pequena pronúncia. – Orion... Como? – Tornou a indagar, ainda, surpresa que o desejo incontido dentro de sua alma se tornasse verdade bem diante dos seus olhos. Ela não estava preparada para aquilo. Mas não podia reclamar, pelo contrário vê-lo tirava um grande peso das suas costas, forjado pela culpa e pelo ressentimento que nutria por si mesma. Mas agora estava livre das amarras que açoitavam a dor em seus pensamentos ou ações.Orion afastou a espada do peito de Endrelina enquanto tomava distância de alguns passos. A lâmina cinza voltou a bainha escondida atrás da grande mochila que curvava o dorso do caçador. No rosto dele a principio não tinha nada além da constante indiferença, nem um indício de felicidade ou paz, mas não havia mais a selvageria em seus olhos e as densas pupilas se mostravam calmas diante dos que estavam vendo, mesmo que a sua ma
Por alguns instantes ele permaneceu a olhando desconcertado enquanto o coração martelava as costelas. Os lábios finos estavam débeis pronunciando palavras que nem mesmo Orion conseguia ouvir, mas sentia o calor humano aquecendo seu corpo, o mantendo protegido do frio e da neve que investiam sem medo de cair, e as pernas de Endrelina envolvendo seu quadril enquanto o resto do corpo se debruçada sobre o seu.O caçador tentou se levantar mais estava bem preso, os braços estavam afastado do corpo, como se estivesse preste a fazer um anjo de deve, e não demorou mais que alguns segundos pra perceber que, pelo menos, dessa vez ele era o refém. Orion quebrou o contato visual fitando de esguelha o tapete branco, que o recebia com um abraço gélido, e a pele negra se destacando muito longe do seu alcance na neve alva, mas nem uma das duas coisas seria útil, não por hora.Quando tentou se levantar as testas se chocaram, ele não havia percebido que tinha alg
Foi com cautela que Orion puxou seus braços das costas de Endrelina, não conseguiria fazer nada com eles aonde estavam, e assim que conseguiu os tirar apoiou um deles ao lado do rosto da garota. Por um instante teve a sensação de estar preso nos olhos que na pouca luz perdiam o tom caramelado, pareciam perdidos em busca de algo ou esperando por alguma coisa. Se afastou um pouco em dúvida e tomando nota de tudo que estava acontecendo, mas foram os flocos de neve em destaque na face corada de Endrelina que deram a dica do precisava ser feito. Ele respirou fundo sentindo o gosto amargo no fundo da boca, as batidas inertes do, seu, coração e a troca de calor se alastrando pelo corpo. Orion deslizou o polegar da bochecha ao canto dos lábios de Endrelina removendo os pequenos cristais gelados e diminuindo a pouca distância se aproximou.- Temos que ir. – Informou ele desviando os olhos dos dela. O que
Não foi como Endrelina esperava, não haviam as batidas descompassadas em seu peito, o calor se alastrando do simples toque dos lábios ao rosto enquanto tingia as bochechas de rubro, e aquecida seu coração, ou o arrepio prazeroso que devia eriçar todos os poros do corpo, mas já estava acostumada que as coisas não fossem do seu jeito com o Caçador. Porém não esperava por aquilo, pelo toque sem vida, o gosto amargo da morte se alastrando dos lábios ao fundo de sua boca atando um nó na garganta, e com sua alma trincando aos poucos.Endy queria se afastar mais não conseguia reunir forças, algo dentro de si havia se rasgado de cima a baixo de tal maneira que não conseguia tirar seus lábios dos dele. Não desejava, perder o contato, que fosse real, e que as forças do universo o trouxessem de volta e a tomassem em seu lugar. A levassem e n&
Aylilins acordou cedo, antes que o galo pudesse cantar e que todos os nobres do castelos pudessem vê-la sair, como era da sua rotina trocou a camisola azul celeste pela camisa de manga comprida branca, vestiu sobre ele o colete marrom, com as bordas e os cadarços da amarração dos botões negros, e por fim pôs a calça bege que estava tão surrada que nem uma das empregadas diria que pertenciam a princesa ou o que fazia entre suas coisas no baú. Porém a parte mais difícil não era se vestir ou atravessar os muros bem protegidos, mas encontrar o outro exemplar da bota negra que devia estar no seu pé direito, e não perdida em algum canto obscuro do castelo. Aylilins não tinha tempo para procurar pelo calçado, era a visão do sol rompendo a linha do horizonte, pela janela entre aberta, que a informava que precisava sair correndo ou chegaria atrasada, e essa insolência não sairia de graça, não com Malcon.Foi o medo aliada a pressa que a fez sair em disparada pelos corredor
Assim que o rosto encostou nas águas negras um arrepio percorreu o corpo, era o frio retraindo os músculos e diluindo a pouca coragem de continuar a tarefa. Mas era isso ou achar um jeito de vencer Malcon em um combate, onde a única espada por perto uma hora estaria sobre o seu pescoço. Então continuou torcendo que fosse mais rápida que o sol traspassando o horizonte, estava correndo contra a bola amarelada avermelhada que nunca se atrasava, até mesmo contra o tempo, e por um momento que a lenda do lago fosse verdade. “É impensável, impossível, sereias não existem, não deviam existir. Não naqueles lago gelado e coberto de folhas.” Era o que dizia pra si entre as espiadelas na rocha fora d’água.A mão presa a espada mais atrapalhava do que ajudava entre as braçadas, isso quando a lâmina cega não atingia o corpo e o rosto, da garota, durante a primeira volta. Mas foram as pedradas motivacionais do comandante que a motivaram a continuar dando braçadas com os dois bra
Ela não viu nada antes ou chegou a sentir que alguma coisa estava se aproximando, mas tinha a estranha sensação que alguém a estava observando. Era constante, estava intrínseca em sua alma, na pele arrepiada e nas braçadas que ganhavam força e velocidade graças ao medo, ao desejo de não ser a refeição de bom dia. Mas já era tarde demais, já estava sendo carregada ao fundo do lago. A água densa tinha o odor podre de decomposição, o gosto amargo e ferrosos de lama preenchia a garganta, enquanto empapava a saliva na boca e fazia os tímpanos ruir, como se estivesse tomado umas boas pancadas.Não havia visibilidade nas águas negras e a pouca luz só mostravam a direção correta pra seguir, mas teria que arranjar um jeito de se livrar do que a estava puxando. Não adiantava segurar a respiração ainda que tentasse o ar dava um jeito de escapar pelos lábios selados ou pelas narinas enquanto a água entrava.Aylilins se manteve calma conforme era arrastada