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Capítulo 5 - Hora da verdade

“Ai como vou te contar isso sem fazer drama?!?”

"Oras… contando e não fazendo!” digo a Isa

“Stelinha, ontem fui jantar num bistrô que estava inaugurando com Dougue”

“Hum…”, digo, mostrando que estou prestando atenção.

“Quando chegamos, o lugar estava com fila de espera de três horas, mas como o dono do lugar, era um dos amigos do Dougue, estavamos com nossa reserva… O lugar é um arraso Stelinha! Chiquérrimo! A comida, um manjar dos deuses!”

Isa tem esse lado contadora de história, irrita quem não a conhece, pois ela em nada é objetiva, quando está relembrando.

“E o que foi que mudou durante esse jantar épico?”

“Então, enquanto estavamos comendo a sobremesa, vi Lucas entrar, até então era ele. Dougue acenou para ele que por um momento se intimidou em corresponder. Achamos estranho! Aquela morena, acho que Sônia estava de braços dados com ele. Muito embora fisicamente fosse Lucas, mas as roupas, os gestos, sei lá, Stelinha foi estranho! Achamos melhor deixar para lá e seguirmos jantando. Você sabe se Lucas sofre de bipolaridade?”

“Hum… quê?!? Como assim Isa?”

“É Stela! Vai saber… vi pessoas com esse problema em um documentário… é sério!!!”

“Bom Isa, não tenho como saber, mas dentro do que me falou agora, me parece estranha essa conduta dele, ignorando vocês… até porque, ele sempre gosta de se encontrar com Dougue. Mas de repente, ele não estava em um dia tão festivo e alegre assim, não é mesmo, as pessoas são bem esquisitas, muitas vezes não nos damos conta disso. Essa é a verdade!... Agora vamos ao que interessa…”

E assim, o assunto Lucas se encerra e passamos para as coisas da empresa que tento manter em dia, mesmo estando longe.

Ela me passa as informações, discutimos algumas coisas. Falo com Maike e assim finalizo meu trabalho com eles voltando para o grupo Mars.

Albert me informa que na manhã seguinte teremos que ir em nossa sede para validar alguns documentos. Comenta sobre as novas aquisições que fizemos, dos contratos firmados e seguimos conversando. Mas uma vez ele dá um jeitinho de falar da importância desses dias que estamos trabalhando juntos, de como estou me saindo bem, reconhecendo meu crescimento profissional.

Claro que omiti meu verdadeiro motivo: Lucas!

Não conseguiria esquecer ou amenizar meus sentimentos por ele, estando por perto, esse é o real motivo que me trouxe para cuidar dos interesses dos Mars.

Melhor do que ficar em casa trancada, é ocupar a mente e se disponho dessa possibilidade, não vi porque não usá-la.

Albert nunca entenderia que mesmo com todo esse tempo, mesmo acompanhando tudo, ainda tenho certa dificuldade em fazer parte disso tudo, essa é a verdade!

Procuro sempre deixar de lado o que penso sobre tudo o que passei, não por infelicidade, porque meus avós Carmem e Wilson nunca me deixaram faltar nada, nem carinho ou até mesmo amor.

Tenho consciência que me amavam de verdade e toda essa história só me mostrou uma coisa boa, que quão sortuda eu sou por tê-los em minha vida!

De resto, ainda tenho dificuldade em assimilar.

A verdade é que precisei deixar um pouco Lucas de lado, preciso desse tempo longe, mesmo o coração o sentindo tão perto!

Preciso me encontrar em meio aos meus próprios sentimentos, as minhas necessidades, enfim, me sinto um belo balaio de gato!

Paro de vagar em meus pensamentos e me concentro no que Albert me fala.

“Me diz uma coisa, sei que temos uma filial do grupo na cidade onde moro, correto Albert?”

“Sim Stela! Temos um prédio até que bem equipado, porquê?”

“Pensei em algo, mas prefiro amadurecer a ideia. Sei que mais dia ou menos dia, terei que começar a mexer em algumas coisas, mas primeiro irei analisar essa possibilidade que me surgiu… Bom, só peça ao gerente responsável pela filial, que reserve uma sala para me acomodar, preciso de algo confortável, nada exagerado"

“Ok… vou solicitar… Mais alguma coisa?”

“Por hora não!”, e assim continuamos a análise dos documentos.

Nunca me imaginei assim, sempre fui tão focada. Porque minha vida não pode ser normal, ao menos em um item.

Caramba… Vamos lá… passo um grande tempo da minha vida sozinha, me envolvi com poucos homens, alguns beijinhos e nada mais! Uns legais, outros nem tanto e quando surge de forma inesperada uma pessoa, onde depois de momentos incríveis eu relaxo, baixo a guarda e me permito ser feliz, a felicidade não é tão fácil assim.

Preciso de normalidade e calmaria, ao menos no quesito amor e isso Lucas não é capaz de me dar, ele fala de sentimento, de me querer, mas como incluir Lucas em meu mundo e mais, tem aquelas ligações estranhas, sei que não tenho direito de ter explicação sobre nada, pois tenho meus próprios fantasmas.

Só que, não preciso de mais peso em meus dias, não preciso de bagagem extra. Já não dou conta da minha própria história, o que dizer em carregar algo a mais.

Esse tempo que estou ganhando cuidando do que é meu, mexeu comigo de uma maneira inesperada. Não achei que as coisas poderiam mudar dessa maneira.

Acreditei que seria apenas uma fuga para respirar e que passada a necessidade, eu iria retomar de onde havia parado.

Algo mudou em mim e não dá para ignorar.

Uma coisa eu sei, está na hora de começar a assumir essa vida que não escolhi, até porque, ela já faz parte dos meus dias, já procrastinei demais as coisas.

Essa não sou eu, não sou de me acovardar, de fugir de responsabilidades, de postergar, não sou de deixar as coisas passarem por passar. Mais dia, menos dia teria que unir minhas histórias, há tempos sobrecarrego Albert, hora de dividir mais justamente.

“Por favor Piter Mactain… Sim, aguardo… Stela Stuart… pois não”

Alguns dias depois…

Vejo o quanto meus dias estão sendo proveitosos, não esperava que fossem assim.

Ouço batidas na porta.

“Entre”

“Espero não atrapalhar!”, diz Albert.

“Se não demorar muito, não irá!”

“Nossa, será que um dia a amabilidade será uma das suas características para comigo?”

“Se acreditar no dia do Seu Nunca, coelhinho da páscoa e papai noel… vá em frente!”

Albert balança a cabeça, nitidamente chateado, mas por meus neurônios fica difícil desvinculá-lo dos meus avós biológicos. No fundo sei que ele não tem culpa mas quem mandou ficar.

Sendo assim...

“Vai, fala… o que quer???”

Ele se arruma, buscando uma postura neutra, ao menos por hora, ignorando minha rabugice e minha falta de paciência para com ele.

“Fiz todos os arranjos que combinamos fazer. Em uma semana as coisas estarão sendo feitas da maneira que planejou”

“Que bom! Estamos caminhando em busca de novidades, isso é perfeito!”

“Sim! Seu empreendedorismo é inovador! Esse período longe dos seus negócios lhe proporcionou um grande crescimento”, me fala entusiasmado.

Fico feliz pelo reconhecimento de Albert, mas mantenho minha indiferença.

“Outra coisa, como já havia lhe proposto, gostaria de lembrá-la que sendo hoje quarta-feira, estamos há dois dias do jantar beneficente da Associação Mars e você ficou de confirmar se iria me acompanhar ou não”

Droga, o baile!

Todo ano realizamos esse baile, eu criei a associação logo que assumi minha herança, meu desejo era usar meu sobrenome Stuart, mas levantaria suspeitas e achei isso a menor das questões, o bom era a possibilidade criada para apadrinhar os hospitais e entidades que lutam no combate ao câncer, entre outras enfermidades.

Com a menção do jantar, lembrei da noite em que Lucas me levou para o baile do grupo Rym, naquele tempo eu não fazia ideia de quem era ele, foi uma experiência e tanto!

Sinto o coração apertar, parece que foi há tanto tempo!

Já faz algumas semanas que não faço nada, além de trabalhar.

“Ok, Albert irei com você! Peça para me mandarem essa noite, umas três peças de roupa para que eu escolha a que quero usar, relate em que situação serão usadas, para não me inventarem nada gritante, não quero chamar atenção”

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