Isa me falou que aqui não tinha sinal, que era para eu deixar tudo programado e não esquecer nada.Percebo que Lucas se serviu do vinho e está na varanda em silêncio, observando seja lá o que for.Por meus neurônios só pode ser brincadeira! Lucas aqui e eu sem poder fazer nada para ir embora.Deve haver algum barco no píer, deixo as coisas e saio procurando o lugar. Minha cabeça ferve. Passei as últimas semanas azeda, quase desidratada de tanto chorar e caramba, para me deparar com ele!Só pode ser alguma zueira de muito mal gosto, meus amigos sabem como ele me faz mal. Eu não acredito!Lucas percebe minha agitação e pergunta:"O que está procurando?"Que merda! Ainda tenho que responder suas indagações, mas sem muita escolha, acabo falando. "Preciso ir embora, deve haver algum barco ancorado""Sinto te dizer, mas a lancha que me trouxe, voltou para buscar Dougue e os outros""Mesmo assim, quero ver se não há um meio de me levarem embora", disparo sem paciência."Bom… vim daquel
Olha vou esganar as meninas! Porque elas acompanharam meus dias tenebrosos. Elas foram testemunhas do quanto penei esses dias, tentando arrancar esse homem da minha cabeça e pior ainda, do meu coração! Não posso acreditar que elas fariam isso comigo!Não consigo pensar em uma enrascada desta!Mas enfim, melhor aproveitar este sol, porque se já estou aqui, ficar encarfunada dentro do quarto que não ficarei, até porque, olha o sol que está fazendo!Passei na cozinha, peguei algumas coisas para beliscar e trouxe um livro. Ocupar a cabeça com outras coisas, é a melhor coisa que posso fazer.Pelo barulho, Lucas segue nadando!Me recuso a olhar na direção dele, não quero dar Ibope a sua performance. Mesmo sendo tentada a olhar, vou resistir, deixando bem claro minha indiferença a sua presença. Não quero que ele tenha dúvidas, que não estou para compartilhar da sua amizade. Se a ideia foi nos trazer aqui para sermos amigos, minha turma irá se frustrar, porque não irei abrir a guarda.Não
Poucas vezes me vi tão longe com meus pensamentos, como por agora, enquanto caminho, fico pensando em como seria se Lucas e eu pudéssemos ser um casal. Fico imaginando, nos dois cozinhando juntos, depois nos sentando para conversar na companhia de um bom vinho e uma música tranquila ao fundo. Para mais tarde, irmos nos deitar no aconchego um do outro e desfrutar de um momento cheio de amor e luxúria. Ahhh para!!!Isso só pode ser efeito da comida dele, porque desde quando fico imaginando tolices. Dificilmente seremos um casal algum dia, somos totalmente incompatíveis, temos uma maneira muito aquém de viver e isso por si só, já nos mantém bem longe um do outro. Perdi um pouco a noção do tempo e voltei para casa já quase que anoitecendo.Ao passar pela sala, vejo Lucas sentado em uma poltrona lendo, parece que nem percebeu minha chegada e resolvo deixar assim. Bom, só mais dois dias e esse incidente infeliz acaba. Não é a tarefa mais fácil me esconder no quarto, mas a verdade é qu
E nessa hora um raio ricocheteia lá fora e claro, meu berro ecooa na casa. Lucas me aperta ainda mais. “Shiii, calma, estou com você e tudo ficará bem!”Permaneço quieta, encolhida nos braços dele. "Achava que você não tinha medo de chuva?", me pergunta carinhosamente.Suspiro profundamente."Quando não há raios e trovões, não me importo! Mas tempestades dessa forma sempre me apavoram! Não são todas, mas quando há tantos raios, trovões, fica complicado para mim", acabo confessando envergonhada. Ele fica comigo nos braços, até a chuva dar uma trégua, ficamos em silêncio e a calmaria volta a me alcançar. Mas ainda estamos sem luz, que bom que a lareira é a gás."Vou te colocar aqui sentada e ir pegar algumas coisas. Como estamos sem energia é melhor ficarmos aqui, a temperatura caiu bem e estamos sem ar condicionado" Sem esperar resposta, ele sai.Me sinto sem jeito pelo papelão. Estou me sentindo péssima por me aproveitar dele, nesse momento, mas o que posso fazer se me apavor
Lembro de ter visto uma barra de chocolate no armário, pego uma lanterna que Lucas deixou para mim e decido fazer um chocolate quente, fazendo com que as coisas voltem a ser comuns, sem sustos ou entreveros, sem nostalgia ou saudosismo. Apenas a calmaria e a paz que precisamos para passar a noite. Tempos depois Lucas está arrumando as coisas nos sofás e eu volto com duas canecas fumegantes com chocolate quente. "Olha, isso é para você!", e entrego uma caneca, ele agradece e começa a beber."Nossa isso aqui está bom!", comenta. "Receita da minha vó", falo."Puxa, senhora Mars mandava bem no chocolate" Mas assim que termina a frase, percebe a asneira que falou. Mas decido, por ignorar."Não foi ela né?”, me pergunta envergonhado. Balanço a cabeça negativamente, compreendo que nem todo mundo entende a bagunça que é ter minha história."Minha avó Carmem, sempre me ensinou muito do que sei. Graças aos Stuart, fui muito bem educada"Ele senta no sofá, que estava ocupando antes e se
Aquela boca perfeitamente incrível, ali tão à disposição.Nossos olhos se alcançam, aquela velha e insuportável força nos toma por completo, levando embora toda resistência.A proximidade se apodera de nós de uma maneira inesperada, estamos a mercê do que está nos acontecendo. E quando menos espero, Lucas se aproveita da situação e toma posse dos meus lábios, adentrando sem nenhuma cerimônia, deixando claro, que era ali que queria estar. Sua língua invade minha boca, que pacificamente cede a essa invasão tão inesperada, mas tão bem vinda! Nossos lábios buscam algo que há muito não desfrutavam, numa fugacidade jamais sentida.Nossos corpos demonstram a mesma urgência e inesperadamente Lucas me coloca em seu colo, sem deixar que nossos lábios se afastem. Caminha até o meio da sala comigo em seus braços, e ali bem em frente a lareira, me deita cuidadosamente, sem em momento algum, me deixar sem seus lábios. Já não tenho domínio de mais nada, se havia alguma resistência, acabou n
Não faço ideia por quanto tempo eu não desfrutava de uma tranquilidade assim! Fico perdida em seus olhos como tantas vezes já estive, mas agora de uma maneira que jamais havia desfrutado. Ele desliza um de seus dedos sobre minha pele, tentando se certificar que realmente estamos assim, que não é nenhum sonho nem tão pouco alucinação. E aquele sorriso ganha um brilho ainda mais forte e intenso.Mas somos interrompidos do nosso momento, quando ouvimos batidas na porta de entrada. "Até onde sei, só somos nós aqui!", falo. "Deve ser o barqueiro… pela claridade, a manhã já passou!""Nossa! É verdade! Ficaram de nos buscar esta manhã", acabo lembrando. As batidas continuam."Fique aqui, vou lá ver quem é, já volto!""Como se eu quisesse ir a qualquer outro lugar", falo enquanto mergulho de volta nas mantas. Lucas sai sorrindo e fico maravilhada por tudo o que vivemos. Acabo relembrando nosso momento e meu corpo começa a despertar.Percebo que sou observada e me viro, me deparando co
Tempos depois… Claro que aceitei ser a senhora Marshal! Até parece que perderia essa chance.Depois que deixamos a ilha, passamos a organizar nossa vida juntos. Não queríamos perder muito tempo, pois não havia um porquê. Resolvemos que dois meses era um bom tempo para fazer todas as mudanças necessárias.Lucas tinha urgência e de certa forma acabei entendendo que não tínhamos porque esperar, não havia motivos e estávamos certos do que queríamos para nossa vida. E feito! Nós casamos! Uma cerimônia muito simples em família. Lucas queria algo ainda mais íntimo, no entanto, o convenci a ao menos, nos casarmos na companhia dos nossos familiares e amigos.Não achei que seria justo com aqueles a quem amamos, pois além da nossa família, tínhamos nossos amigos e estes foram os responsáveis por conseguirmos acertar nossas diferenças.Nosso casamento foi lindo!Albert me ajudou em muita coisa, ficou tão eufórico em poder fazer o papel do pai da noiva.Óbvio que entrei com ele na cerimônia