O jantar corre bem, me divirto com Adônis, que é bem engraçado e gentil. Ele começa a falar sobre o acidente.— Agora, falando sério, Emanuele, não precisa pagar o conserto do carro — diz de repente.— Está louco? É claro que vou pagar, meu cunhado vai me ajudar com a seguradora e vai dar tudo certo — estou torcendo para isso.— Ok, mas se por acaso der algum problema no processo, não precisa, foi apenas um pequeno amassado na lataria — sua despreocupação me dá uma crise de risos.— Um pequeno amassado que custa bastante dinheiro! — zombo e ele continua impassível.— Você não me disse por que bateu no meu carro, não tinha nada na rua que pudesse atrapalhar sua visão — franze a testa ao me fitar. Respiro fundo.— Acontece que eu estava… — quando decido contar, uma algazarra começa onde estamos, Dominic olha por cima do meu ombro e dá um sorriso maroto.— Hum, parece que vai conhecer a minha família antes do esperado, Raio de sol — diz simplesmente.— O quê? — guincho.— Acho que esquec
Sento e encosto a cabeça no banco do carona, Dominic dirige em silêncio, contudo, noto que seus olhos buscam os meus durante o trajeto.Paramos em frente ao meu prédio e suspiro cansada.— Fale comigo, Raio de sol — pede.— Que bagunça, Dominic… estou apavorada com isso — aperto as têmporas com as mãos.— Não foi como planejei. Pensei em algo mais íntimo, apenas com meus pais. Pelo menos agora todos já sabem — tenta descontrair.— Já sabem de uma mentira, não estamos noivos! Eu nem conheço você… — me exalto.— Conheceu um pouquinho hoje — repeliu, pensativo. — Ok, me desculpe, é que não quero magoar as pessoas. Sua mãe até chorou, minhas avós estão escolhendo vestidos, minha mãe até bolo já desenhou, Dominic.— Eu entendo, não gosto da ideia de fazer ninguém sofrer, mas acho que está se preocupando demais. Relacionamentos acabam, faz parte da vida e se acontecer conosco, ok. Vida que segue, se quiser fingimos uma briga e ninguém precisa ser ferido. Vão pensar que acabou porque tinha
Ao descer do elevador, quase tenho um ataque cardíaco. Parada em minha porta com os olhos inchados e maquiagem borrada, está Caroline.— Menina, quer me matar do coração? — repouso a mão em meu peito.— Desculpe, não quis te assustar — sua voz está rouca.— Tudo bem, o que aconteceu? Por que está na minha porta com cara de assombração querendo vingança? — brinco e ela ri.— Senti sua falta, Manu… — ela corre e me abraça, às lágrimas.— Eu sei, também senti. Venha, vamos tomar alguma coisa e você vai lavar esse rosto, está parecendo um cadáver, um cadáver bem bonito, ainda assim um cadáver! — a puxo comigo e abro a minha porta.Depois que ela sai do banheiro com o rosto lavado, vamos até a cozinha.— O que quer beber? Algo frio ou quente? — penso em um café ou uma cerveja.— Não pode ser os dois? — ela retruca, apoiando-se na banqueta à minha frente.— Saindo duas caipirinhas no capricho! — Bato as mãos e começo a preparar nossa bebida. Enquanto estou no processo, percebo que ela digit
DominicFui para a casa dos meus pais, desde que cheguei ainda não vim aqui, decidi passar a noite e preparar todo mundo para receber Emanuele amanhã, já que ninguém conhece minha noiva misteriosa, nem eu!Estaciono na rua, em frente à casa, e a algazarra ainda é grande. Estão todos aqui, pelo visto. Nada mudou. Todo ano passamos as festas juntos, passei dois anos na Itália, a mamma não gostou muito. Entro e me deparo com quatro dos meus irmãos jogando cartas com nosso pai, Enzo e Paola estão na cozinha, ajudando nossa mãe.— Ah, chegou o outro noivo! — minha mãe bate palmas.— É, mais um enforcado. Dom, você me decepcionou — começa Enzo. — Sempre te achei meu herói, cozinhou a Lívia por quatro anos, depois que acabou, pensei que não se casaria nunca mais e agora você surge noivo de uma gata ruiva — balança a cabeça e me dá um abraço. Apenas dou risada.— Quer calar essa boca, Enzo! — Paola repreende.— Querido, não deve falar essas coisas, tenha mais respeito pelas mulheres — nossa m
EmanueleColoquei o celular para despertar às sete da manhã, porém, não precisou, o grupo da família estava a todo vapor e me acordou facilmente, deixarei para ver o que está acontecendo depois. Tomo um banho muito demorado, visto uma calça skinny — comecei a pegar gosto pela coisa — e uma blusa branca soltinha, chamo Carol, que dormiu aqui, e vou preparar um café para nós duas enquanto ela está no banho.Tomo um gole do líquido quente e agradável. Ah, eu amo café, acho uma bebida reconfortante, aquela capaz de começar o seu dia, fazer parte da sua tarde e, às vezes, fechar nossa noite.Abro o app de mensagens e há mensagens de Dominic e… Dante? Estranho, não nos falamos por aqui há bastante tempo. Escolho abrir a de Dominic primeiro e que foto de perfil, meu Deus!Adonis:Bom dia, Raio de Sol!Saio em dez minutos, vou tentaravisar ao Dante e trago a Caroline também.07:10Eu:Bom dia! Tudo bem, acho uma boa ideia, vai querer café?07:11Adonis:Nossa, estou emocionado!Pensou em mi
DominicEstou ajudando meu pai com a decoração e os risos de Emanuele atravessam o falatório, acertando-me com precisão. A todo tempo, meus olhos viajam em sua direção e encontro os dela me observando também.Aquele beijo foi surpreendente, bom demais para ser ignorado. O problema é que Dante não sai de perto dela e, mesmo fazendo carícias em sua noiva, ele não tira os olhos de Emanuele.— E aí, já se tocou da verdade? — Vicenzo chega ao meu lado.— Que verdade? — finjo não saber do que está falando.— Ah, qual é, Dom! — fala, alto demais, ganhando alguns olhares curiosos. — Aquele beijo na entrada não te revelou nada? — ele abaixa seu tom e suspiro.Não conseguiria mentir para Vicenzo.— Foi um beijo bastante revelador sim, mas ainda não sei o que sinto direito. Nunca me senti assim, apenas acho que tem algo — dou de ombros.— Já é um começo, e pelos olhares que sua noiva está te dando, acredito que seja recíproco — contempla a bagunça na mesa dos presentes e acena para eles.— Você
EmanueleGanhamos a competição dos presentes. Giovanna preferiu os nossos, claro, além de termos acabado primeiro, estavam tão bem embaladinhos. Os meninos dispersam e Matteo chama a mim e Carol para conversar com eles no sofá, Paola e Vicenzo vão para a mesma sala que o senhor Luigi, Dominic e Dante entraram. Vejo o senhor Luigi sair seguido de Dante minutos depois, que, por sua vez, está vermelho e puxa Caroline com ele para fora da casa.Será que levaram uma bronca? Ai meu Deus, será que o pai dele sabe de tudo? Me desespero. Logo, Adônis se aproxima, ficando ao meu lado.— Está tudo bem, Raio de sol? Está pálida — toca meu rosto de maneira tão natural e não sei o que fazer, pois estou gostando disso.— Seu pai descobriu tudo? — sussurro para que apenas ele me escute.— Não, por que acha isso? — franze o cenho.— Porque seu irmão saiu cuspindo marimbondo e levou Carol para… sabe lá Deus onde — falo, olhando na direção que saíram.— Argh, não sei o que fazer com o Dante. Escuta, Ema
DominicEu a beijei novamente, e ela correspondeu… foi um beijo breve, porém, tão intenso quanto o primeiro, mas agora sinto algo que jamais experimentei antes, me sinto tonto e meio… bobo, não sei explicar.É uma doideira, eu sei, no entanto, essa mulher… olho para aqueles olhos azuis que compartilham da mesma sensação que a minha, essa mulher me pegou sem aviso e seu sorriso está fazendo uma bagunça em meu peito, uma bagunça inédita e enlouquecedora. Dividimos o silêncio, ainda nos encarando. Repasso os trinta e seis anos da minha vida e nada nem ninguém me fez sentir tudo o que sinto nesse exato momento, nem Lívia, a quem gostei muito.Acho que Vicenzo está certo… posso estar mesmo me apaixonando por Emanuele. O que não é nenhum pouco racional, considerando o tempo.— Uh-hum — a nona surge diante de nós. — Ah, mia gioventú! Il pranzo está servido, deixem para namorar depois, terão la vita inteira para isso — ela pisca e se retira, sorrindo.Emanuele está corada, levanto e a ajudo.