Ao descer do elevador, quase tenho um ataque cardíaco. Parada em minha porta com os olhos inchados e maquiagem borrada, está Caroline.— Menina, quer me matar do coração? — repouso a mão em meu peito.— Desculpe, não quis te assustar — sua voz está rouca.— Tudo bem, o que aconteceu? Por que está na minha porta com cara de assombração querendo vingança? — brinco e ela ri.— Senti sua falta, Manu… — ela corre e me abraça, às lágrimas.— Eu sei, também senti. Venha, vamos tomar alguma coisa e você vai lavar esse rosto, está parecendo um cadáver, um cadáver bem bonito, ainda assim um cadáver! — a puxo comigo e abro a minha porta.Depois que ela sai do banheiro com o rosto lavado, vamos até a cozinha.— O que quer beber? Algo frio ou quente? — penso em um café ou uma cerveja.— Não pode ser os dois? — ela retruca, apoiando-se na banqueta à minha frente.— Saindo duas caipirinhas no capricho! — Bato as mãos e começo a preparar nossa bebida. Enquanto estou no processo, percebo que ela digit
DominicFui para a casa dos meus pais, desde que cheguei ainda não vim aqui, decidi passar a noite e preparar todo mundo para receber Emanuele amanhã, já que ninguém conhece minha noiva misteriosa, nem eu!Estaciono na rua, em frente à casa, e a algazarra ainda é grande. Estão todos aqui, pelo visto. Nada mudou. Todo ano passamos as festas juntos, passei dois anos na Itália, a mamma não gostou muito. Entro e me deparo com quatro dos meus irmãos jogando cartas com nosso pai, Enzo e Paola estão na cozinha, ajudando nossa mãe.— Ah, chegou o outro noivo! — minha mãe bate palmas.— É, mais um enforcado. Dom, você me decepcionou — começa Enzo. — Sempre te achei meu herói, cozinhou a Lívia por quatro anos, depois que acabou, pensei que não se casaria nunca mais e agora você surge noivo de uma gata ruiva — balança a cabeça e me dá um abraço. Apenas dou risada.— Quer calar essa boca, Enzo! — Paola repreende.— Querido, não deve falar essas coisas, tenha mais respeito pelas mulheres — nossa m
EmanueleColoquei o celular para despertar às sete da manhã, porém, não precisou, o grupo da família estava a todo vapor e me acordou facilmente, deixarei para ver o que está acontecendo depois. Tomo um banho muito demorado, visto uma calça skinny — comecei a pegar gosto pela coisa — e uma blusa branca soltinha, chamo Carol, que dormiu aqui, e vou preparar um café para nós duas enquanto ela está no banho.Tomo um gole do líquido quente e agradável. Ah, eu amo café, acho uma bebida reconfortante, aquela capaz de começar o seu dia, fazer parte da sua tarde e, às vezes, fechar nossa noite.Abro o app de mensagens e há mensagens de Dominic e… Dante? Estranho, não nos falamos por aqui há bastante tempo. Escolho abrir a de Dominic primeiro e que foto de perfil, meu Deus!Adonis:Bom dia, Raio de Sol!Saio em dez minutos, vou tentaravisar ao Dante e trago a Caroline também.07:10Eu:Bom dia! Tudo bem, acho uma boa ideia, vai querer café?07:11Adonis:Nossa, estou emocionado!Pensou em mi
DominicEstou ajudando meu pai com a decoração e os risos de Emanuele atravessam o falatório, acertando-me com precisão. A todo tempo, meus olhos viajam em sua direção e encontro os dela me observando também.Aquele beijo foi surpreendente, bom demais para ser ignorado. O problema é que Dante não sai de perto dela e, mesmo fazendo carícias em sua noiva, ele não tira os olhos de Emanuele.— E aí, já se tocou da verdade? — Vicenzo chega ao meu lado.— Que verdade? — finjo não saber do que está falando.— Ah, qual é, Dom! — fala, alto demais, ganhando alguns olhares curiosos. — Aquele beijo na entrada não te revelou nada? — ele abaixa seu tom e suspiro.Não conseguiria mentir para Vicenzo.— Foi um beijo bastante revelador sim, mas ainda não sei o que sinto direito. Nunca me senti assim, apenas acho que tem algo — dou de ombros.— Já é um começo, e pelos olhares que sua noiva está te dando, acredito que seja recíproco — contempla a bagunça na mesa dos presentes e acena para eles.— Você
EmanueleGanhamos a competição dos presentes. Giovanna preferiu os nossos, claro, além de termos acabado primeiro, estavam tão bem embaladinhos. Os meninos dispersam e Matteo chama a mim e Carol para conversar com eles no sofá, Paola e Vicenzo vão para a mesma sala que o senhor Luigi, Dominic e Dante entraram. Vejo o senhor Luigi sair seguido de Dante minutos depois, que, por sua vez, está vermelho e puxa Caroline com ele para fora da casa.Será que levaram uma bronca? Ai meu Deus, será que o pai dele sabe de tudo? Me desespero. Logo, Adônis se aproxima, ficando ao meu lado.— Está tudo bem, Raio de sol? Está pálida — toca meu rosto de maneira tão natural e não sei o que fazer, pois estou gostando disso.— Seu pai descobriu tudo? — sussurro para que apenas ele me escute.— Não, por que acha isso? — franze o cenho.— Porque seu irmão saiu cuspindo marimbondo e levou Carol para… sabe lá Deus onde — falo, olhando na direção que saíram.— Argh, não sei o que fazer com o Dante. Escuta, Ema
DominicEu a beijei novamente, e ela correspondeu… foi um beijo breve, porém, tão intenso quanto o primeiro, mas agora sinto algo que jamais experimentei antes, me sinto tonto e meio… bobo, não sei explicar.É uma doideira, eu sei, no entanto, essa mulher… olho para aqueles olhos azuis que compartilham da mesma sensação que a minha, essa mulher me pegou sem aviso e seu sorriso está fazendo uma bagunça em meu peito, uma bagunça inédita e enlouquecedora. Dividimos o silêncio, ainda nos encarando. Repasso os trinta e seis anos da minha vida e nada nem ninguém me fez sentir tudo o que sinto nesse exato momento, nem Lívia, a quem gostei muito.Acho que Vicenzo está certo… posso estar mesmo me apaixonando por Emanuele. O que não é nenhum pouco racional, considerando o tempo.— Uh-hum — a nona surge diante de nós. — Ah, mia gioventú! Il pranzo está servido, deixem para namorar depois, terão la vita inteira para isso — ela pisca e se retira, sorrindo.Emanuele está corada, levanto e a ajudo.
EmanueleFazemos boa parte do caminho para minha casa quietos, mas consigo sentir os olhos de Dominic me estudando em alguns momentos.— Sua família é incrível! — quebro o silêncio que estava ficando desconfortável.— Eles são mesmo e gostaram de você, principalmente os gêmeos e Enzo — faz uma careta ao mencionar os irmãos, mas sorri.— E eu deles, esse é o problema — murmuro.— Não vejo problema nisso, Raio de sol — ele estaciona e não percebo que já havíamos chegado.— Deveria, não quero magoar ninguém, embora eu esteja começando a achar que quem vai sair magoada nessa história sou eu — confesso e ele desprende seu cinto, saindo do carro, dando a volta para abrir a porta para mim.Ele tem mesmo que ser tão fofo e lindo?Quando saio do carro, Dominic me impede de passar, bloqueando o caminho.— Você não vai se machucar — garante.— Como pode dizer isso? — rio sem humor. — E se eu… e se eu… — respiro fundo, mas desisto de falar que poderia estar gostando dele de verdade, não quero par
DominicEmanuele ficou séria depois do que falei sobre o seu admirador, eu não deveria ter dito nada, contudo, foi inevitável, não consegui me conter. O que está acontecendo comigo? Nunca fui tão… tão ciumento. De fato, senti isso, ciúmes. — Desculpe, Raio de sol, não quis estragar sua amizade com Paulo.— Marcos! — rebate meditativa.— Que seja, não tive intenção de atrapalhar — seco minhas mãos.— Não, você não atrapalhou, na verdade, estava pensando em outra coisa. Quanto ao Marcos — enfatiza o nome, sorrindo —, por mim, somos amigos e nada mais — ela vai até a sala. — Pronto para isso? — aponta para os presentes e me senti estranhamente aliviado por dois motivos: um, ela voltou a sorrir, dois, ela não se importa com o tal Paulo Marcos, que seja.— Vamos lá — me estiquei e fui até a sala.Ela pega a primeira lista e abre algumas bolsas pintadas a mão, muito bem-feitas. Começa a ler e separo as coisas nas bolsas, de acordo com sua orientação. Dez minutos depois está tudo separado,