“Na história do mundo, oportunidades e sorte apareceram em quantidades relativamente numerosas,
mas poucos foram aqueles que souberam aproveitá-las.” Geoffrey Blainey
Penélope Sanchez
Hoje, o Klark Jackman está bem movimentado, é dia de receber visitas, com isso, todo mundo fica alvoraçado, a vontade de ver um familiar tira qualquer um da lucidez. Eu já esperei receber visitas. Nos primeiros dias de prisão, juro que cheguei a pensar que alguém poderia aparecer, nem que fosse para caçoar de mim, ou dizer: “eu avisei”, mas nada, ninguém. Talvez a minha mãe nem saiba que eu estou presa, afinal, já se passaram quinze anos desde que nos falamos. Ela amava assistir televisão, mas pode ser que isso tenha mudado. Tenho certeza de que todos os jornais do Brasil mostraram a minha queda, agora, se minha mãe viu, isso eu não sei.
— Quero todas na fila para contagem em dois mi
Angelic Ross Parker Megan me conduz para a sala de visitas que está lotada de prisioneiras e seus familiares. Meu coração dá um salto, meu corpo inteiro formiga e eu perco as estribeiras quando vejo meus pais. Este sim é um momento feliz aqui dentro. Corro para abraçá-los. Sentir nossos corações batendo juntos não tem preço. — Eu morri de saudades de vocês! — digo entre soluços. — Nós também, minha pequena — meu pai diz. — Como você está, meu amor? — mamãe pergunta com meu rosto entre as mãos. — Estou vivendo, mamãe, um dia de cada vez. Sentamo-nos e os dois seguram as minhas mãos. Pergunto como estão todos da nossa família, lembro-me dos primos, dos tios. Eles se calam, trocam olhares e suspiram. — Resolvemos nos mudar para cá, filha, até você sair da prisão — mamãe diz. — Não, não podem fazer isso. — Ah, filha, só temos você e vamos combinar que viajar dez mil quilômetros todo mês não é nada f
Willy Foster Um dos novos guardas me leva para a sala de visitas e já na entrada sou tomado pela emoção. Ver os meus pais é a melhor sensação que posso ter neste presídio. Abraço meu pai, aperto tanto o velho que quase quebro-lhe os ossos. Em seguida, abraço a minha rainha. Sentamo-nos e minha mãe não para de chorar. — Se acalme, mãezinha, estou bem! — Está bem mesmo, Will? — Sim, mãe, agora estou mais conformado. — Oh, meu amor. Eu tenho certeza de que logo encontrarão o assassino de Kyla e você se livrará dessa — ela diz entre lágrimas. — Sim, mamãe, tenho fé que o culpado logo aparecerá. Mas sabe que viver esses dias na prisão tem servido para pensar em muitas coisas, principalmente em vocês que são a minha família? — Fico muito feliz por isso, Will — papai afaga minhas mãos. — Só toma cuidado, Will, não dê as costas para ninguém, meu amor, nem mesmo para os policiais. Dias difíceis virão, mas você v
“Ele viveria no inferno, porque o amor é isso também.” Richard Flanagan Jenniffer McDonald Na hora do banho de sol, aproveito para negociar a entrega das drogas. Com um assovio, cada viciada já entende que quero conversar. Esse sinal foi o melhor que já inventei. Anny agora anda ao meu lado, Leah e Eva andam atrás de nós e, desde que Anny chegou, elas não estão nada satisfeitas, principalmente Leah. Mas eu estou pouco me lixando para essas duas. — Bom, agora só falta avisar Carly e Gillian — Anny diz riscando mais um nome da agenda. Isto é uma das coisas que mais me impressionam nela: a organização. Em dois dias, ela fez muito mais que Leah e Eva fizeram em meses. — Você é incrível, sabia? — toco seu queixo e ela cora as bochechas. — Você que é, Jenny, minha rainha. Leah dá de ombros com raiva, mas logo abre a boca para falar o que não deve:
Willy Foster A vinda do diretor ao presídio merece até um troféu, tomara que ele nos encontre bem mal, pois assim, ele coloca a Leona no lugar dela. Preciso contar para Álex tudo que eu acabo de ouvir Megan contar ao Rick. Corro até ele que me olha assustado. — Cara, você não vai acreditar o que eu acabo de descobrir. — Desembucha logo, então — Álex sabe ser bem sem educação quando quer. — Megan ligou para o Johann e pediu ajuda, certamente, essa hora o diretor já sabe de tudo que a Leona está fazendo. — Caraca! Será que o diretor virá até aqui? — Sim, claro e com certeza! — faço graça. — Isso será ótimo, não aguento mais trabalhar. — Nem eu, Mate. Fico paralisado um tempo pensando em algo que possa ser feito para acabar com a reputação de Leona Davis. Vou armar um plano rápido e, claro, pedir a ajuda de Pennie, ela adora ver o circo pegar fogo tanto quanto eu.
“A cerveja me faz sentir da forma como gostaria de me sentir sem cerveja.” Henry Lawson Willy Foster Tenho um plano brilhante para acabar com a reputação de Leona e preciso colocá-lo em prática no mesmo dia em que Johann virá ao presídio. Vou até a cela de Álex, entro sem bater e fecho a porta novamente. — Tive um plano, Mate! — digo com um sorriso de bobalhão. — Então compartilhe, Willy. Conto o plano para o assassino que me ouve com atenção. Quando eu termino de dizer, ele solta uma gargalhada daquelas que só vemos nos filmes. — Está rindo de quê? — indago-o. — Cara, seu plano é muito engraçado, obrigado por me fazer rir — ele se levanta e bate em meu peito. “Atenção, detentos, hora do banho de sol! Hora do banho de sol!” — o comandante avisa. Pego um pedaço de papel e escrevo todo o plano, preciso entregar este bilhete para Penélope.
Anny Harris Procuro Jenniffer por todo canto, ninguém sabe me dizer onde ela está. Como eu estava na cozinha ajudando, acabei perdendo-a de vista. Decido ir para o pátio das celas. Leah e Eva estão juntas. — Vocês viram a Jenniffer? — pergunto. — Ela está na cela dela, estava muito bagunçada e as guardas a mandaram arrumar tudo em quinze minutos — Eva responde. Corro para lá, bato na porta e a abro. Ela sorri ao me ver e diz: — Olá, minha gostosa! — Olá, Jenny! — respondo ofegante. — Parece que está cansada. — Eu corri muito tentando te encontrar — ela fica sem entender. — O que é? — Você não acredita no que acabei de ver. — Desembucha então. — Eu estava ajudando na cozinha, aí, me pediram para buscar um saco de farinha de trigo no depósito. Quando eu cheguei à porta, ouvi gemidos, então, abri vagarosamente para que não ouvissem e, quando botei a cara lá dentro, vi Rick e
“Sem que você se torne pleno, não terá nada a dar a alguém. Portanto, é imperativo que você primeiramente cuide de si. Primeiramente, garanta sua satisfação. As pessoas são responsáveis por sua própria satisfação. Quando você atende à sua satisfação e faz aquilo que o deixa satisfeito, você é um prazer para quem está por perto e se torna um brilhante exemplo para todas as crianças e todas as pessoas em sua vida. Quando se tem prazer não é preciso sequer pensar em dar. É um fluxo natural.” Rhonda Byrne Penélope Sanchez O despertador soa bem antes do horário, agora que são seis e meia. Sinto saudades das sextas-feiras em que tudo era mais tranquilo. Sinto saudades até mesmo das vindas de Francesca nas celas trazendo livros que nem sempre líamos, mas era maravilhoso ouvir suas palavras de apoio e ter em mão uma história para ler. “Atenção, detentas, acordem e se vistam em dez minutos!” — Abby diz
Rick Travor Johann fica boquiaberto ao ver a situação em que os presos se encontram. Alguns iluminam as faces ao vê-lo. Johann é carrasco, às vezes meio ranzinza, mas ele tem uma qualidade que poucos têm aqui: humanidade. Ele franze o cenho ao ver as atitudes dos novos guardas para com os presos, mas não fala nada. — Rick, onde estão as mulheres? — ele pergunta. — Na horta, senhor. — Vamos lá! Caminho devagar ao lado dele que se mantém calado por alguns instantes, com certeza, sua mente está um turbilhão. — Que bom que o senhor veio ver de perto — digo quebrando o silêncio. — E não estou nem um pouco satisfeito com isso. O que os familiares vão pensar e dizer ao verem os detentos desse jeito? — Concordo, senhor, mas a minha preocupação não é a família e sim, o sentimento de revolta que está sendo gerado dentro deles. — Verdade, Rick! Ver as mulheres debaixo do sol escaldante, cavando bur