Willy Foster
A vinda do diretor ao presídio merece até um troféu, tomara que ele nos encontre bem mal, pois assim, ele coloca a Leona no lugar dela. Preciso contar para Álex tudo que eu acabo de ouvir Megan contar ao Rick. Corro até ele que me olha assustado.
— Cara, você não vai acreditar o que eu acabo de descobrir.
— Desembucha logo, então — Álex sabe ser bem sem educação quando quer.
— Megan ligou para o Johann e pediu ajuda, certamente, essa hora o diretor já sabe de tudo que a Leona está fazendo.
— Caraca! Será que o diretor virá até aqui?
— Sim, claro e com certeza! — faço graça.
— Isso será ótimo, não aguento mais trabalhar.
— Nem eu, Mate.
Fico paralisado um tempo pensando em algo que possa ser feito para acabar com a reputação de Leona Davis. Vou armar um plano rápido e, claro, pedir a ajuda de Pennie, ela adora ver o circo pegar fogo tanto quanto eu.
“A cerveja me faz sentir da forma como gostaria de me sentir sem cerveja.” Henry Lawson Willy Foster Tenho um plano brilhante para acabar com a reputação de Leona e preciso colocá-lo em prática no mesmo dia em que Johann virá ao presídio. Vou até a cela de Álex, entro sem bater e fecho a porta novamente. — Tive um plano, Mate! — digo com um sorriso de bobalhão. — Então compartilhe, Willy. Conto o plano para o assassino que me ouve com atenção. Quando eu termino de dizer, ele solta uma gargalhada daquelas que só vemos nos filmes. — Está rindo de quê? — indago-o. — Cara, seu plano é muito engraçado, obrigado por me fazer rir — ele se levanta e bate em meu peito. “Atenção, detentos, hora do banho de sol! Hora do banho de sol!” — o comandante avisa. Pego um pedaço de papel e escrevo todo o plano, preciso entregar este bilhete para Penélope.
Anny Harris Procuro Jenniffer por todo canto, ninguém sabe me dizer onde ela está. Como eu estava na cozinha ajudando, acabei perdendo-a de vista. Decido ir para o pátio das celas. Leah e Eva estão juntas. — Vocês viram a Jenniffer? — pergunto. — Ela está na cela dela, estava muito bagunçada e as guardas a mandaram arrumar tudo em quinze minutos — Eva responde. Corro para lá, bato na porta e a abro. Ela sorri ao me ver e diz: — Olá, minha gostosa! — Olá, Jenny! — respondo ofegante. — Parece que está cansada. — Eu corri muito tentando te encontrar — ela fica sem entender. — O que é? — Você não acredita no que acabei de ver. — Desembucha então. — Eu estava ajudando na cozinha, aí, me pediram para buscar um saco de farinha de trigo no depósito. Quando eu cheguei à porta, ouvi gemidos, então, abri vagarosamente para que não ouvissem e, quando botei a cara lá dentro, vi Rick e
“Sem que você se torne pleno, não terá nada a dar a alguém. Portanto, é imperativo que você primeiramente cuide de si. Primeiramente, garanta sua satisfação. As pessoas são responsáveis por sua própria satisfação. Quando você atende à sua satisfação e faz aquilo que o deixa satisfeito, você é um prazer para quem está por perto e se torna um brilhante exemplo para todas as crianças e todas as pessoas em sua vida. Quando se tem prazer não é preciso sequer pensar em dar. É um fluxo natural.” Rhonda Byrne Penélope Sanchez O despertador soa bem antes do horário, agora que são seis e meia. Sinto saudades das sextas-feiras em que tudo era mais tranquilo. Sinto saudades até mesmo das vindas de Francesca nas celas trazendo livros que nem sempre líamos, mas era maravilhoso ouvir suas palavras de apoio e ter em mão uma história para ler. “Atenção, detentas, acordem e se vistam em dez minutos!” — Abby diz
Rick Travor Johann fica boquiaberto ao ver a situação em que os presos se encontram. Alguns iluminam as faces ao vê-lo. Johann é carrasco, às vezes meio ranzinza, mas ele tem uma qualidade que poucos têm aqui: humanidade. Ele franze o cenho ao ver as atitudes dos novos guardas para com os presos, mas não fala nada. — Rick, onde estão as mulheres? — ele pergunta. — Na horta, senhor. — Vamos lá! Caminho devagar ao lado dele que se mantém calado por alguns instantes, com certeza, sua mente está um turbilhão. — Que bom que o senhor veio ver de perto — digo quebrando o silêncio. — E não estou nem um pouco satisfeito com isso. O que os familiares vão pensar e dizer ao verem os detentos desse jeito? — Concordo, senhor, mas a minha preocupação não é a família e sim, o sentimento de revolta que está sendo gerado dentro deles. — Verdade, Rick! Ver as mulheres debaixo do sol escaldante, cavando bur
“São as coisas inúteis que dão sentido à sua vida. Amizade, compaixão, arte, amor. Todos eles inúteis. Mas são o que impede a vida de perder o sentido” Tim Winton Megan Shelby Evelyn, Abby e eu voltamos para a horta e os homens voltam para os fundos do presídio. Deixamos as fotos de Leona na mesa dela, caso ela queira matar as saudades mais uma vez antes de jogar fora. Chegamos à horta e está tudo nos conformes, todas as mulheres trabalhando no sol como se a vida delas dependesse disso. Johann vai discutir feio com Leona, isso é certo. Abby e Evelyn caminham entre as detentas como se fossem chefes de lavoura. — Onde estão Penélope e Angelic? — Evelyn grita perguntando, e as detentas iniciam os burburinhos. — Andie, Jenniffer e Anny também não estão aqui — Abby responde. — Alguma de vocês sabem onde elas estão? — pergunto enquanto checo as expressões de um
Jenniffer McDonald Anny e eu caminhamos abraçadas e sorrindo pelos corredores do presídio. Os ataques dos detentos nos serviu de boa distração. Aproveitamos e fomos para o banheiro fazer amor. Ela está mais apaixonada a cada dia que passa e eu amando as nossas putarias. Levamos um baita susto quando topamos de testa com a policial Abby. Ela nos olha com uma expressão carrasca e começa a nos rodear com indagações: — De onde estão vindo? O que estavam fazendo? E por que esse sorriso nos lábios? — Se acalme, Abby, estávamos no banheiro, agora não podemos nem fazer nossas necessidades físicas mais? — respondo. — Será que estavam no banheiro mesmo? — ela me fuzila com o olhar. — A Jenniffer já disse, agora, se você não acredita, problema seu — Anny a enfrenta e ela fica ainda mais carrancuda. — Saibam que o nosso diretor Johann se acidentou e foi levado para o hospital. Rezem para que ele não esteja morto, porque se
“Não há lua quando o Homem de Barro aparece. A noite colocou um par de luvas de couro finas; ele espalhou um lençol escuro sobre a terra: um truque, um disfarce, um feitiço para que sob sua capa tudo caia em um doce sono.” Kate Morton Penélope Sanchez Fomos obrigados a permanecer em nossas celas. As grades dos pátios foram trancadas, e nós só conseguimos ver o corre-corre dos policiais contra o tempo e o prejuízo. A noite cai e a aflição se faz presente. Talvez seja a fome, ou, a vontade de tomar um banho. Mas antes fossem essas as nossas maiores preocupações. Coisas piores estão por vir, é notório. Nossas vidas estarão nas mãos de Leona, se Johann não acordar. Andie está chorando desde a hora em que fomos para a horta, não faço ideia de como ela consegue e de onde saem tantas lágrimas. Se eu pudesse, encontraria o safado do irmão dela só para vê-la sair deste inferno.
“A linguagem do corpo é o reflexo externo do estado emocional da pessoa. Cada gesto ou movimento pode ser uma valiosa fonte de informação sobre a emoção que ela está sentindo num dado momento.” Allan e Bárbara Pease Andie Cooler Se eu pudesse sair correndo ou cavar um buraco e sumir, eu o faria, sem sombras de dúvidas. Meu coração bate tão forte que tenho medo de enfartar. Quem será que teve a coragem de matar Johann? Olho à minha volta e não consigo acreditar que estou no meio do bolo. A cada dia que passa, fica mais difícil encontrar Brad e a liberdade parece esvair das minhas mãos. Se eu for tida como culpada desse crime, posso desistir de sair daqui um dia. Ah, meu Deus! Minha alma estremece só de pensar numa vida inteira encarcerada, ainda mais estando rodeada por tantas pessoas que querem o mal umas das outras. Fecho os olhos e tento, sem sucesso, mentalizar coisas boas. Tudo o que eu mais queria neste mo