Daniel saiu de cima de Lana e ela virou-se para o outro lado, de costas para ele e cobriu-se. Ele se sentou e permaneceu absorto por um tempo até deitar-se e abraçá-la. Ela se afastou dele, chorando.
— O que foi? Machuquei você?
— Não. — Ela respondeu.
— Se arrependeu?
— Não. O problema não é você. Sou eu. — Disse ela, sentando-se.
— Pode confiar em mim. Sabe disso. — Falou ele, sentando-se e tocando o ombro dela.
— Quando disse que você não foi o primeiro, não menti. Queria ficar com você, de verdade. Acredite? Mas é sempre assim. Não consigo sentir prazer. Quer dizer… Consigo, mas é raro. Digamos que sinto quando estou flertando apenas, mas não como agora… Entende? Me sinto culpada, suja. — Falou ela.
— Quem foi? O seu pai? — Disse Daniel sacando tudo. Aquele comportamento ora luxurioso, ora esquivo, era comum em algumas vítimas de abuso sexual, que tentavam superar seu trauma. Uma parte dela queria acreditar que o ato sexual poderia ser bom se não fosse forçado, mas outra parte, insistia em se lembrar da violência que sofrera e, isso a travava na hora, impedindo-a de se soltar.
— Não. Não importa quem foi. Eu não posso provar nada.— Falou ela chorando e abraçou suas pernas.
— Compreendo. Uma parte sua quer superar o que houve, mas outra, não deixa e te faz lembrar sempre. Não é assim? — Falou Daniel abraçando-a.
— Sim, mais ou menos. — Ela respondeu.
— E essa pessoa que fez isso continua por perto? — Perguntou Daniel suspeitando de outra pessoa.
— Infelizmente, sim. — Lana respondeu.
— Aquele desgraçado ainda faz isso? — Falou Daniel, revoltado.
— Não. Foi só… Não. — Lana respondeu.
— Espere só até eu falar com o Abel e nós dois vamos matar esse infeliz! Eu juro! — Falou Daniel.
— Não! Me prometa que nunca contará isso a ninguém. Por favor? Ninguém acreditaria em mim! — Falou Lana.
— Mas isso não pode ficar assim! Ele tem de pagar por isso! — Falou Daniel.
— E ele vai pagar, na hora certa. Acredite? — Falou Lana com ódio.
— Me perdoe? Se soubesse não teria insistido. — Falou Daniel abaixando a cabeça, chateado.
— Você não sabia. — Falou Lana.
— Não fica brava comigo, tá? — Ele pegou a mão dela. — Agora que sei, não vou insistir mais. Juro que quando disser não, paro no mesmo instante.
— Jura? — Perguntou Lana.
— Juro. — Respondeu ele. — Vou até para o meu saco de dormir para provar que estou falando sério.
— Não. Fica. Por favor? — Pediu ela, o abraçando.
† † †
O arlequim parou de assobiar e quando passava por um corredor foi acertado em cheio por uma pancada em sua cabeça e caiu, inconsciente, no chão. Anzhelika se aproximou dele, respirando de forma ofegante. Quem era a pessoa por trás da máscara? Ela aproximou sua mão do rosto dele, mas, no último instante, desistiu. Não importava quem era. Ela precisava fugir e, rápido. Anzhelika soltou o pedaço de madeira e correu.
Quando ele retomou a consciência, sentiu uma pontada em sua cabeça.
— Ah, vadia! — Falou, levantando-se e puxou sua máscara, passando a mão em sua cabeleira ruiva. Pegou o celular em seu bolso e ligou para Talya. — Onde você está? Aquela vaca me acertou na cabeça. Eu não faço a mínima ideia! Tô saindo do colégio! Vê se não demora? Droga. — Abel desligou e saiu do colégio.
Poucos minutos depois, Talya e Veronika vieram ao seu encontro.
— Você foi descuidado! Ela poderia ter matado você, se quisesse. — Falou Veronika.
— Gente? Estava pensando e… Acho que é melhor pararmos. Já fomos longe demais. — Falou Talya.
— Onde será que a Anzhelika se meteu? — Falou Veronika e percebeu que a cabeça de Abel estava sangrando. — Nossa! Foi feio! Melhor voltar para o acampamento e dar um jeito nisso.
— Sim. — Disse Abel tocando em sua ferida.
— Não podemos ir embora sem encontrar a Anzhelika! — Falou Talya.
— Vamos voltar e procurá-la com o carro e com ajuda da Lana e do Daniel. Ok? — Falou Veronika.
— Então, vamos logo! Estamos perdendo tempo! — Disse Talia, ansiosa.
Eles voltaram para o acampamento e enquanto Talya fazia um curativo na cabeça do irmão, Veronika foi até a barraca de Lana e puxou o zíper.
— Ei, pombinhos? Acordem! Anzhelika sumiu! — Falou Veronika.
— O quê? — Disse Lana abrindo os olhos, confusa.
— Como assim? Anzhelika sumiu? O que vocês aprontaram? — Perguntou Daniel, desconfiado.
— Nada. O que é isso? Até parece que a gente aprontaria alguma coisa. Eu, hein? — Veronika se fez de ofendida e se afastou.
Lana e Daniel se vestiram e saíram da barraca.
Todos procuraram por Anzhelika, chamando por ela, mas amanheceu e nada dela aparecer. Eles voltaram para o acampamento, exaustos.
— Que merda vocês fizeram… — Disse Daniel, bravo.
— Foi só um trote. — Falou Abel.
— Dessa vez, passaram dos limites. — Falou Lana.
— Droga! Ela deve ter se perdido! — Falou Talya, preocupada. — Se alguma coisa acontecer a ela, não vou me perdoar nunca.
— A gente devia chamar a polícia! — Falou Lana.
— E dizer o quê? Não! Ficou maluca? — Disse Abel.
— Eu vou voltar a procurar por ela. — Disse Daniel pegando a chave do carro do avô de Abel.
— Vou com você! — Falou Talya levantando-se.
— Eu vou junto. — Disse Veronika.
— Vou ficar… Talvez, ela volte. — Falou Lana.
— É melhor mesmo. — Disse Daniel olhando torto para Abel.
Assim que os outros se foram, Abel deitou-se em sua rede e fechou os olhos.
Lana acendeu um cigarro. Ela sempre fumava quando ficava nervosa. Esperava que encontrassem Anzhelika sã e salva, ou, então, que ela voltasse ao acampamento.
† † †
Daniel dirigia pelas ruas de Kadykchan quando Talya gritou, o fazendo frear bruscamente.
— Ali! Anzhelika foi por ali! Eu vi!
— Onde? — Veronika desceu do carro.
— Ali! Eu a vi indo naquela direção! — Talya apontou e desceu do carro.
— Tem certeza que era mesmo ela? — Perguntou Daniel descendo do carro.
Veronika e Talya foram correndo na frente e entraram na mata, avistando Anzhelika, parada de costas, no topo de um barranco. Gritaram por ela. Anzhelika se virou e quando as viu, se assustou, porque achava que elas estavam mortas. Quis correr, mas escorregou em umas pedrinhas e caiu, rolando rapidamente. Ao fim de sua queda, bateu a cabeça no tronco de uma árvore e perdeu a consciência.
Daniel finalmente alcançou as garotas e as encontrou gritando e chorando.
— O que aconteceu? — Ele perguntou.
— Anzhelika… Ela… — Talya só conseguiu apontar para o lugar de onde ela havia caído.
Daniel se aproximou e quando viu Anzhelika inconsciente, recuou.
— Meu deus! — Disse Daniel.
Anzhelika despertou em um hospital, confusa, e não reconheceu ninguém. Ficou repetindo o tempo todo que o Tordo estava vindo atrás dela e que precisava fugir. Os enfermeiros tentaram acalmá-la e ela ficou agressiva. Precisou ser sedada.
Talya, Abel e os outros combinaram de contar que Anzhelika não se sentira a vontade e teria tentado voltar sozinha para a casa e se perdera. Uma história absurda, mas que não seria contestada se todos a confirmassem. Pelo menos, não, enquanto Anzhelika estivesse confusa, e quando ela acordasse, Talya ou Veronika a convenceria a ficar de bico calado.
Quase uma semana se passou e Anzhelika não apresentou melhoras. Continuou aterrorizada, acreditando que um arlequim viria atrás dela. Não conseguia dormir sem ter pesadelos horríveis e quando estava acordada, tinha alucinações. Quando via Talya e Veronika, ficava assustada, pensando que elas eram fantasmas.
No meio de uma dessas crises, ela atacou uma enfermeira e tentou fugir do hospital. Seus pais tiveram de concordar com o médico e mandarem-na para um hospital psiquiátrico na capital.
Talya se sentiu culpada e aceitou o convite de uma tia, indo morar com ela, deixando seu irmão e seu avô. Ela sabia que era culpada, mas não conseguia olhar na cara de Abel, já, que a ideia partira dele.
† † †
Anzhelika despertou e viu uma garota, com olhos e cabelos castanhos claros, afagando sua cabeça e cantando uma canção para ela.
— Quem é você? E onde estou? — Anzhelika perguntou, não reconhecendo nem aquela garota nem aquele quarto.
— Sou Anastasiya Dubrov, mas pode me chamar de Stacie. — Respondeu a garota. — Você está no lugar onde todas as pessoas incompreendidas pela sociedade são enviadas. Mas não se preocupe? Aqui não é ruim como nos filmes. Temos comida e um teto e, o mais importante, podemos ser nós mesmas. Vai se sentir em casa, aqui.
— Mas o que estou fazendo aqui? Eu não sou louca! — Falou Anzhelika sentando-se na cama. — Sem ofensas…
Anastasiya riu.
— Sabia que não precisa comer capim, queimar uma casa ou matar alguém para ser considerado maluco? — Disse Anastasiya. — Basta amar ou temer demais algo. No meu caso, amo demais algo. E você?
— O que você ama? — Perguntou Anzhelika, curiosa.
— Bonecas! Sou fascinada por elas. Não importa o tipo, podem ser de plástico, borracha, pano ou porcelana. Amo todas e meu sonho é criar a boneca mais perfeita que o mundo já viu. Ousado? Eu sei. — Falou Anastasiya.
— O seu nome… Dubrov… É por isso que tem esse nome? Te chamam assim porque te comparam com o maluco do Yvan Dubrov? — Perguntou Anastasiya.
— Acontece que… Esse “maluco” do Yvan é meu tio. — Falou Anastasiya sem se ofender.
Anzhelika ficou muda.
— O meu tio não é maluco! É apenas um gênio incompreendido, e um homem com um grande coração, que só queria de volta a filha. Então, ele tentou revivê-la, mas nunca machucou ninguém. Quando perceberam meu fascínio por bonecas, meus pais ficaram com medo de eu surtar como ele e me mandaram para cá. Mas nunca machuquei ninguém, juro. — Falou Anastasiya. — Agora que meu tio está livre, prometeu me tirar daqui, e nós vamos morar juntos.
— Talvez, eu esteja mais segura aqui que lá fora. — Falou Anzhelika. — Acho que o Tordo não pode me pegar aqui.
— Tordo? O pássaro? — Anastasiya riu.
— Não, um arlequim com esse nome. — Falou Anzhelika.
— É um nome estranho para um arlequim. — Disse Anastasiya.
— Tem certeza que é seguro? — Perguntou Anzhelika.
— Sim, eu tenho. Nenhum arlequim entra aqui. Confie em mim?— Falou Anastasiya.
Anzhelika e Anastasiya se tornaram amigas, e Anastasiya apresentou Merverine Skrlová a ela. Merverine era uma garota linda, de pele branca como porcelana, olhos azuis e cabelos louros platinados. Ela sofria com esquizofrenia catatônica, e passava a maior parte do tempo, parada, imóvel. Era Anastasiya quem cuidava dela, penteava seus cabelos e a maquiava. Para Anastasiya, ela era como uma boneca humana, ao menos, era o que Anzhelika achava.
Anastasiya estava sempre agarrada a um ursinho de pelúcia que, às vezes, dividia com Merverine. Ela quase não falava quando estava consciente, mas podia abraçar, sorrir ou mover a cabeça. E, uma vez, ela abraçou Anzhelika, o que significava que gostava dela.
Anzhelika começou a desenhar, não com lápis – os enfermeiros não permitiam porque eles tinham pontas e era perigoso Anzhelika se machucar ou machucar alguém durante um surto –, mas com giz de cera. Ela fazia desenhos lindos.
Anastasiya costurava, uma das enfermeiras gostava muito dela e sempre dava um jeito de satisfazer algumas vontades dela, por exemplo, arranjando agulha, tecidos e linhas para ela. Anastasiya escondia a agulha e as linhas dentro do ursinho de Merverine.
Yvan vinha visitar a sobrinha vez ou outra e sempre lhe trazia uma boneca de presente. Anzhelika o viu duas vezes e ele lhe pareceu calmo e inteligente, embora, falasse rápido. Bem, louco ou não, ele visitava Anastasiya mais vezes que os pais dela, e era amigável com Merverine e ela.
Anastasiya contou a Anzhelika que seu tio a estava ensinando como dar vida a uma boneca; segundo ela, ele estava estudando outros métodos que não envolvessem o rapto de um cadáver.
Isso motivou Anastasiya a começar sua própria experiência. Primeiro, ela criou uma boneca de pano, igual à Merverine. Depois, criou um saquinho de veludo, contendo algumas ervas que ela conseguiu com a ajuda da enfermeira, uma mecha do cabelo de Merverine e algumas gotas de seu sangue.
— Mas ela não deveria estar morta para funcionar? — Anzhelika perguntou a Anastasiya. — Ou você pretende manipulá-la como uma boneca de vodu?
— Não sei. Meu tio não explicou a segunda parte, nem disse se ela tinha de estar morta ou viva, mas, de qualquer forma… Merverine é uma morta viva. — Falou Anastasiya.
— Contanto que você não a machuque… — Disse Anzhelika.
— Eu nunca faria isso. — Falou Anastasiya. — Merverine é como uma irmã para mim. Se um dia, sair daqui, vou levá-la comigo.
— E os pais dela? — Anzhelika perguntou.
— Eles a abandonaram aqui. Pelo que a Lena me contou, parece que a Merverine matou o irmão caçula porque o confundiu com um monstro. Ela confunde a realidade com a fantasia de seus sonhos. O ursinho que ela carrega era do irmãozinho dela. Ela tentou se matar duas vezes quando lembrou o que fez. Coitada! Sei que o que ela fez foi horrível, mas ela é doente… Mais do que você ou eu. — Falou Anastasiya.
Anzhelika abaixou a cabeça e soltou um suspiro. Ainda não entendia porque estava ali se era uma vítima, mas quanto mais o tempo passava, mais se acostumava àquele lugar e sentia-se em casa. Todos, ali, eram sua família, desde os médicos e enfermeiros que cuidavam dela aos outros pacientes. Não importava se alguns eram doidos demais, de certa forma, compreendia-os, porque todos eram reféns do medo, e muitos, foram esquecidos pelos amigos e pela própria família como ela.
Seis longos meses, trancafiada naquele lugar e Anzhelika não recebera sequer um cartão de seus pais. Quando os outros iam até a sala de visitas, Anzhelika ficava parada do outro lado da janela de vidro, apenas observando mães, pais, tios, avós e irmãos abraçando e beijando seus parentes. Ela ficava triste porque sempre alimentava a esperança de que alguém viria vê-la… Ninguém nunca viera.
Certa manhã, Anzhelika viu Yvan conversando com Anastasiya e Merverine – mesmo que Merverine não respondesse nem mexesse a cabeça – e estranhou quando Anastasiya saiu por um minuto e Yvan sussurrou algo no ouvido de Merverine. Quando Anastasiya voltou com um livro velho e entregou a Yvan, ele disfarçou rápido. Guardou o livro no bolso interno de seu sobretudo e ficou sério.
À noite, Merverine teve uma crise, arrancou a tela de proteção da janela, quebrou o vidro, batendo os braços e as mãos contra ele, e pegou um caco grande e cortou a garganta. Os enfermeiros ficaram desesperados porque nunca tinham visto aquilo acontecer antes naquele hospital e, também, Merverine costumava ser tão calma, na maioria das vezes, e mesmo, em suas crises nervosas, nunca fizera algo semelhante.
Anzhelika e Anastasiya quiseram acompanhar Merverine até a enfermaria, mas os enfermeiros não permitiriam e as levaram de volta até seus quartos.
Três dias se passaram e tanto Anzhelika quanto Anastasiya tiveram certeza que Merverine estava morta porque os enfermeiros não respondiam quando elas perguntavam por ela. Para piorar Anastasiya perdeu sua boneca e o urso de Merverine e ficou muito nervosa. Agrediu uma paciente que riu dela enquanto procurava pelos brinquedos e foi para a solitária que fazia a sala acolchoada parecer o paraíso. Sim, como numa prisão, ali tinha uma solitária que basicamente era um quarto pequeno e escuro. Não era tão ruim. Anzhelika estivera lá uma vez quando ofendera uma enfermeira chata que tentou forçá-la a sair de seu quarto para ir ao pátio, se juntar aos outros. Anzhelika gostara da solitária. Achara calma, segura e tranquila. Mas claro que não disse nada. A ideia era que fosse um castigo, e se ela não fingisse que detestara, os enfermeiros seriam mais criativos na próxima.
Quando Anastasiya deixou a solitária e voltou para seu quarto, teve uma surpresa. Foi correndo até o quarto de Anzhelika e insistiu para que ela fosse com ela. Anzhelika foi. Anastasiya apontou para a cama, feliz, e disse:
— Olhe só! Merverine está viva!
Anastasiya foi até onde Merverine estava e a abraçou forte. Anzhelika encarou Anastasiya com pena e deixou o quarto de cabeça baixa. Aquela foi a última vez que as duas se viram no hospital. Anzhelika ficou sabendo que Anastasiya foi embora com os pais, e, algum tempo depois, foi a vez de Anzhelika ir também.
Anastasiya não entendeu porque Anzhelika não ficou feliz por Merverine estar viva e decidiu se afastar dela, pensando que ela não quisesse mais ser sua amiga nem de Merverine.— Ela deve estar com medo de nós, porque pensa que somos loucas. Bem… Nós somos, mas ela também é. — Anastasiya disse, deitando-se ao lado de Merverine e abraçando-a.— Venha comigo, Anastasiya? Tem visita. — Falou Lena séria.— Quem é? — Disse Anastasiya sentando-se. — Meu tio?— Não, querida. São seus pais. — Respondeu Lena.— Merverine pode vir comigo? — Perguntou Anastasiya pegando a mão dela.— Claro. — Lena sorriu.Anastasiya puxou Merverine pelo braço e seguiu Lena até uma sala pouco usada, onde seus
Lana trancou-se em seu quarto e foi para a cama, chorando, perturbada. Já estava cansada de Dmitry sempre a controlando. Ela não podia fazer nada. Era refém em sua própria casa.O que mais a deixava infeliz era que Damir não fosse forte o suficiente para defendê-la de seu irmão. Talvez, se ele fosse como Daniel ou Abel…Daniel prometera ajudá-la a superar seu “problema”, mas era melhor se afastar dele, ao menos por enquanto. Não haviam feito nenhum progresso e ela sentia-se mal traindo Damir daquela forma.Damir era um bom rapaz, apesar de não ser perfeito, e quando Lana fizesse dezoito, poderia se casar com ele e finalmente se livrar de Dmitry. Não seria feliz porque não faria Damir feliz, mas poderia respirar tranquilamente.Ela suspirou e fechou os olhos. Talvez, dormir a fizesse esq
No intervalo entre as aulas, Talya encontrou com Rayssa e Vânia enquanto pegava seus livros no armário e as três foram caminhando e conversando.— Nina disse que ia falar com o tio dela para conseguir que a gente toque no pub. O que acha? — Perguntou Vânia.— Ah, legal. — Falou Talya e deu de ombros.— A Yulia também está pensando em distribuir CDs da banda na saída do evento. Não é maneiro? Cherry Plum vai decolar! — Falou Vânia, animada.— Sim, é legal. — Disse Talya, absorta em pensamentos.— Algum problema? Você está tão área. — Rayssa deu uma cotovelada de leve em Talya.— Não é nada. Só estou cansada. Não dormi bem noite passada. — Falou Talya.— Também, ao lado do Artemy… A
Após as aulas, Katya e Nina – que eram da mesma turma –, foram dar uma volta pela cidade, procurarem novidades nas vitrines das lojas.Havia uma nova loja, cuja fachada era rosa, e o nome era “Merverine”. Katya e Nina pararam e observaram a vitrine. Nina não se animou quando viu as bonecas e olhou para um lado e para o outro, nervosa.— Vamos logo, Katya! Se os outros nos virem olhando bonecas vão nos zoar o resto do ano. — Disse Nina. — Como se não fosse o bastante sermos pirralhas. Nina e Katya estavam naquela fase em que queriam envelhecer logo porque se achavam jovens demais. Tentavam parecer menos jovens, usando maquiagem forte (que faziam no caminho para o colégio ou no colégio, quando seus pais não estavam por perto para reprovar aquilo), minissaias, decotes e salto alto.
Bonnibelle e Avim se afastaram da multidão, indo para um lugar afastado, onde o som da música vinha abafado.— Aqui é sombrio… — Disse Avim se aproximando de Bonnibelle, que estava de costas pra ele.Ela sorriu e virou-se.— Sim. Um pouco. — Bonnibelle deu de ombros.— Não está com medo? — Perguntou Avim.— Não. — Bonnibelle recuou.Avim riu.— Não tem medo que eu a machuque?— Não. — Bonnibelle respondeu em um sussurro.— Como pode confiar em alguém que acabou de conhecer? — Ele se aproximou dela.Bonnibelle quis recuar, mas bateu as costas no tronco de uma árvo
Lana e Damir foram para trás do Trem Fantasma. Ele estava visivelmente furioso e ela estava tremendo, com tanto medo de perdê-lo.— Você está bem, Damir? Eles te machucaram muito? — Perguntou Lana enquanto se aproximava dele.— Estou bem, mas me responde uma coisa, é verdade que Daniel e você… — Damir segurou os braços dela e a encarou. Não conseguiu terminar sua pergunta. Era horrível demais pensar que ela, sua garota, o traíra daquela forma. Ela não seria capaz… Seria? Ele não podia suportar aquela ideia. — Por favor? Me diz que é mentira? Que você não fez isso comigo, que não partiu meu coração dessa forma?— Me perdoe? — Disse Lana chorando, incapaz de negar. — Eu não…— Não continua! Para! — Ele a empurrou, desapontado. — Eu não merecia isso! Eu falei para você… Implorei que se não me qu
Katya ligou para Lana e avisou que passaria aquela noite na casa de Nina.— É melhor ficar uns dias por aí… Pelo menos até a raiva dele passar. — Falou Lana. — E a Elizaveta? Sabe se ela está bem?— Não sei, mas a nossa irmã sabe se cuidar, melhor que nós. Não se preocupe com ela. — Disse Katya. — Talvez fosse melhor você também não ficar aí. Não pode ir para casa do Daniel ou…— Não. Eu não quero mais falar nem com o Daniel nem com o Abel. — Lana disse.— Por quê? — Perguntou Katya.— Eu te conto pessoalmente, quando nos encontrarmos. Tá bem? Agora,
Às 15:45, Avim se encontrou com Abel, Veronika, Richard, Lana, e Ivana. Naquela tarde, eles votariam pela saída de Lana e pelo ingresso de Ivana.Lana teria faltado àquela reunião se Veronika não tivesse lhe prometido votar a favor de sua saída, mas obviamente, Abel não perderia uma de suas melhores colaboradoras, assim. Não. Ela era criativa demais pra deixá-los, sem contar que sabia demais. Avim decidira deixar aquilo acabar para depois soltar a bomba que tinha guardada.— Estamos reunidos aqui, essa tarde, para tratarmos de dois assuntos importantes, a saída de um membro e o ingresso de outro. Primeiro, vamos começar com a parte boa… — Disse Castiel. — Ivana Erikeev quer se tornar uma de nós. Certo, Ivana?— Sim, eu quero. — Ivana respondeu.— Pois bem, que seja. — Falou Abel, impaciente. — Levante a mão quem for a favor do ingresso de Ivana no grupo?Lana, Avim, Richard e o próprio Abel levantaram a mão, exceto Veronika.— Muito bem, seja bem-vinda ao nosso gru