CristianO domingo com Betina foi perfeito. Fizemos um passeio divertido por Poços de Caldas e por mais que eu fosse acostumado a andar por cidades europeias famosas, aquela ali, no Brasil, foi uma boa surpresa. Além disso, senti que Betina me deixou penetrar um pouco naquela couraça que ela insistia em usar quando estava comigo. Eu conseguia me enxergar formando uma família com ela e a imagem que surgia na minha mente era agradável. Claro que haveria algum estranhamento das pessoas próximas por ela ser minha ex-cunhada, mas se Betina estivesse disposta a tentar, acho que faríamos isso dar certo. Na manhã seguinte, eu acordei sozinho na cama. Chequei o celular e vi a mensagem da Betina avisando que foi trabalhar. Me recriminei em silêncio por ter adormecido tão profundamente, pois eu a teria levado ao trabalho, com certeza. Me levantei, coloquei uma bermuda e rumei para a cozinha. Como Betina podia estar tão apegada com aquele barraco feio que ela chamava de casa? Era difícil encon
BetinaVi o Cristian enfiar suas coisas rapidamente na mala, como se estivesse fugindo. Nunca o vi tão bravo, nem mesmo naquele dia na RCS quando me falou um monte de asneiras. Seu semblante era realmente diferente, era fúria pura que saltava aos olhos, a pele vermelha, a veia do pescoço ressaltada e os pelos dos braços eriçados de cólera. Pensei em tocar em seu ombro, mas tive medo de ser repelida com violência.— Eu sinto muito pelo Rick ter te confundido. Ele não sabia que teria alguém em casa e temeu por mim.— Que bom que agora você arranjou um guardião para cuidar de você, não preciso me preocupar mais. — Voltou-se para mim — Mas saiba, que apesar desse seu amante, continuo tendo meus direitos sobre o Tobias.— Amante? O Rick? — Eu repeti, incrédula — É sério? Não está bravo porque foi preso, mas porque acha que o Rick e eu somos amantes! Porque estou surpresa?— E estou enganado? Ouvi isso da boca do delegado. Ele falou: a moça grávida é namorada dele! Sabe como me senti? Um ba
CristianFoi movido pela raiva que coloquei minhas coisas no carro e saí de Caconde pisando fundo no acelerador, como se correr fosse, de alguma forma, aliviar minha alma. Eu achei que poderíamos ficar bem um com o outro. No passado nos divertimos juntos. Mesmo quando eu estava estudando em Madri, Betina não deixava de me mandar mensagens e contar as novidades.Então começamos a mudar um com o outro. Talvez quando eu voltei e ela já estava totalmente devotada ao meu irmão. Lembro que fiquei irritado por Betina não parar de falar do Robert e me perguntar sobre ele, como se eu fosse invisível. Enquanto ela era o retrato do recato na frente do cara que gostava, comigo ela conseguia ser ela mesma, rindo e caçoando de tudo.Ela costumava ter um riso frouxo.Talvez eu tenha me incomodado porque percebi que a Betina menina, que me irritava na escola, tinha crescido, se tornado uma mulher cuja visão me enchia os olhos. Talvez desde aquela época eu quisesse que ela olhasse para mim com tanta d
BetinaQuando voltei para casa e percebi que Cristian já tinha partido, senti meu chão se abrir. Porque eu estava tão decepcionada? Que sentimento era aquele? Minha boca ficou amarga e eu tentei não chorar. Me virei para Pamela, que me esperava no carro e balancei a cabeça.— Ele se foi... — Minha voz saiu num fio.— Não é o fim do mundo. Semana que vem você volta para São Paulo, não é? Lá vocês podem conversar novamente.— Talvez.Um carro passou por nós e parou. Eu vi Rick descer dele e vir em minha direção.— Cadê o cara? — Ele perguntou.— Foi embora. — Respondi.Pamela saiu do carro e passou o braço em meus ombros.— É sua culpa, Rick! Que ideia foi essa de prender o rapaz? Você não é assim!— Você vai me desculpar, mas a circunstância não foi propícia. Eu entro na casa e vejo um homem desconhecido, sem camisa e que agiu de maneira muito suspeita...— Ah vá, ele não tem cara de bandido. O carro dele estava estacionado aqui perto. Você fez isso na maldade! — Pamela insistiu.— Gen
Betina — Eu não entendo porquê você ainda está indo na loja, Betina. — Cristian falou de manhã. Ainda estava deitado na cama, me vendo escolher uma roupa para ir ao trabalho. — Sei que vou embora logo, mas eu gosto muito das meninas e vou deixar tudo isso para trás. — Coloquei um vestido verde que eu já tinha usado tantas vezes que tinha praticamente virado um uniforme — E você, o que vai fazer hoje? — Preciso fazer algumas ligações para a empresa. Tem algumas mensagens da Lisa aqui me lembrando de prazos que estão para vencer. — Ah tá, a Lisa... — É minha secretária e só isso. — Eu vou acreditar em você porque você também acreditou em mim em relação ao Rick. — Eu disse e ele sorriu. Cristian sorria e meu coração disparava, como sou boboca! Olhei para ele deitado ainda na cama, coberto com meu edredom de flores azuis, o rosto ainda maroto apesar da força dos traços. Talvez em outra vida ele tivesse sido um príncipe… — Vou voltar mais cedo. Eu quero te levar para conhecer o Mir
Cristian Voltamos para a Selva de Pedra. Logo chegando em São Paulo pegamos trânsito intenso mesmo fora do horário do rush, mas eu permaneci tranquilo. Betina é que estava ansiosa ao meu lado; trocando as estações de rádio o tempo todo, mexendo no celular e roendo as unhas. Às vezes eu a via fazendo careta. — Você tem certeza de que está tudo bem? Não quer ir ao médico? Você está desde que acordou sentindo dores. — Eu mandei mensagem no celular do obstetra, ele disse que essas contrações são normais no final da gestação. É que seu filho é forte e está me maltratando. — Fica calma, vai dar tudo certo. — Apertei sua mão, com carinho. — Eu posso entrar com você na casa dos seus pais. — Obrigado, mas preciso fazer isso sozinha. Talvez tenha confusão e não quero que veja isso. Eu a deixei em frente à residência dos Toledo. Assim que o porteiro a avistou, abriu o portão com pressa e uma mulher que devia ser a empregada correu para abraçá-la. Com isso eu parti para a sede do Grupo RCS.
Betina O Cristian me deixou em frente a casa dos meus pais. Eu estava ansiosa e senti uma contração dolorida, mas ignorei. Aquelas contrações de testes eram horríveis, mas eu sabia que tinha alguns dias ainda para dar à luz. O segurança da residência logo me identificou e abriu o portão rapidamente. Rosita que estava voltando do jardim correu até mim, assim que me viu: — Menina Betina, que alegria te ver! — Oi Rosita, que saudades. Nos abraçamos e na sequência ela me ajudou a entrar. Eu trouxe comigo uma única mala, pois as coisas do bebê que eu já havia ganho ficaram no carro de Cristian. Assim que pisei dentro da sala, minha mãe, que estava sentada no sofá assistindo algo no celular, se levantou com os olhos arregalados. — Betina, minha bebê… Correu e me abraçou. Poucas vezes minha mãe tinha se mostrado emotiva comigo então fiquei admirada ao vê-la me receber com tanto entusiasmo, afinal eu esperava gritos. — Você está bem? Engordou bastante, mas parece saudável. Seus cabel
CristianEu sabia que essa hora já estava para chegar, mas quando aconteceu eu congelei.Trícia, que estava na sala, entendeu de imediato o que tinha acontecido e pegou a mochila dela.— Eu dirijo. Vamos no seu carro? — Perguntou Trícia.— Você não! — Escutei Betina falar para Tricia, enquanto se contorcia de dor.— Você é quem sabe Tina, mas eu posso dirigir enquanto o Cristian vai no banco de trás com você. Mas se prefere ir sozinha... — Trícia falou, sem se abalar.Betina apenas concordou com a cabeça enquanto eu a conduzia para o carro. A outra mulher tirou uma toalha da mochila e deu para a gestante sentar-se em cima. Saímos apressadamente para a maternidade. A cada curva ou buraco que o carro passava, eu via Betina ranger os dentes.— Calma, respira devagar. — Eu dizia, enquanto a deixava segurar minha mão, apertando-a. Quando chegamos ao hospital as coisas se desenrolaram muito rapidamente. Logo est