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Nívea

– Você leva jeito com essas medicações, já pensou em tentar algo no meio médico?

– Não, senhor Vincenzo, infelizmente não tenho condições para isso, é melhor não sonhar muito alto, não é? Estou indo embora, agradeço mais uma vez pela oportunidade.

Senhor Vincenzo coloca as notas do dia de trabalho nas minhas mãos, sorrindo, ele é um senhorzinho muito bom e simpático, sempre cuidou de mim dando uma oportunidade de emprego. Trabalho em vários lugares durante o dia, farmácia, limpando casas e na padaria mas depois do que Germano fez o melhor foi sair de lá.

Sigo meu caminho quando vejo a turma de Germano ao longe me escondo no beco próximo para evitar que me vejam, ouvi uma conversa deles uma vez falando que embriagaram uma moça e violaram a coitada, o Germano bom e carinhoso não existe mais, é triste dizer que virou um rapaz horrível, bem diferente da pessoa que me ajudou no passado a entrar na padaria dos seus pais.

– Vou ficar aqui até aquela sem teto sair da farmácia, dessa vez, aquela piranhinha não me escapa.

Respirei fundo morrendo de medo do que ele seria capaz de fazer comigo, coloco a mão na bolsa procurando o celular e não encontro devo ter esquecido de colocar na bolsa de manhã, entro em desespero, ele pode ficar aqui até a farmácia fechar, sinto uma mão nas minhas costas e quase dou um grito mas vejo que é uma moça, muito bonita por sinal segurava uma bolsa com um emblema de uma marca famosa e vestindo roupas caras.

– Está fugindo de alguém? Parece assustada?

– Sim, estou assustada mesmo, estou fugindo daquele grupo de rapazes. A história é um pouco longa mas resumindo: um daqueles caras tentou abusar de mim mas consegui fugir e agora ele veio com a turma dele.

Estranhei o fato de alguém tão bonita e elegante estar aqui em um beco mas não vou questionar muito ela parece querer me ajudar e não vou rejeitar ajuda.

– Entendi! Vou fazer uma ligação e já resolvo isso, aliás, meu nome é Alicia Fernandes, não se preocupe, aqueles imbecis não farão nada contra você.

Ela ligou para alguém falando em uma língua diferente, acho que em português brasileiro, já ouvi outras vezes quando alguns turistas iam visitar a padaria falarem entre si. Alicia terminou a ligação e logo um carro luxuoso para na frente do beco onde estávamos, um outro carro parou atrás, desse desceu vários seguranças armados.

– Vamos, linda, aqueles merdinhas não vão tentar nada com você.

Alicia segurou minha mão, me guiou até seu carro enquanto a turma de Germano olhava passarmos sem tentar fazer nada, já que o segurança dela mostrou uma arma para eles, entrei no carro sem pensar muito, só queria fugir daquela situação.

– Agora está salva, qual o seu nome?

– Nívea. Muito obrigada pela ajuda, nem sei o que poderia acontecer comigo se não fosse por você mas por que me ajudou? Nem me conhece!

Estava desconfiada, viver nas ruas me ensinou que não dá para confiar em todo mundo que parece ser confiável, as pessoas fazem de tudo para ganhar a confiança de pessoas como eu para fazer o mal mas não sinto que isso seja o caso em relação a ela.

– Ajudei porque uma vez fizeram isso por mim, acredite quando digo que sei bem como é ser alvo fácil para pessoas ruins. Mas me diga onde mora para que possa deixá-la em proteção na sua casa.

Fiquei sem jeito para dizer que não há casa, somente um galpão abandonado, pedi para me deixar próximo do galpão, ela estranhou mas fez como pedi.

– Aqui está meu cartão, sempre que precisar de ajuda é só ligar, Nívea.

Sorri para ela agradecendo pela ajuda, preciso tomar cuidado a partir de hoje, Germano é perigoso e não posso dar chances para ele fazer algo contra mim.

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