Cristal vestiu um conjunto de calças pretas, uns óculos de sol grandes e um lenço com um boné que cobriam o cabelo, completando assim o seu disfarce. Saiu do apartamento, situado num dos bairros de Nova Iorque: a Pequena Itália. Já tinham passado anos desde que a sua família a tinha abandonado, deixando-a aos cuidados da sua tia, momento em que começou a viver na América. Quando o irmão apareceu depois de cinco anos sem se verem, comprou-lhe aquele apartamento para o caso de ela precisar de se esconder. Para todos os seus conhecidos, ela era a filha da sua tia e do marido; inclusive o seu nome e sobrenome tinham sido alterados. Nem sequer Helen sabia disso. Era uma lição aprendida da sua família mafiosa: havia segredos que deviam ser apenas de uma pessoa, porque a vida podia depender deles, e assim era. Naquele lugar, o seu noivo nunca a encontraria. Ele não visitava a Pequena Itália, ou pelo menos era isso que ela acreditava. Pegou nos seus documentos verdadeiros, algo que também
Ao ouvir isto, Gerónimo desligou o telefone, visivelmente abatido. A notícia de que Cristal tinha regressado a Itália não era fácil de digerir, mas o que verdadeiramente o atormentava era a menção daquele homem que a tinha acompanhado. —O que aconteceu, Gerónimo? O que disse o tio? —perguntou Guido, incapaz de esconder a sua impaciência. —Sim… e não. —respondeu Gerónimo, soltando um longo suspiro—. Encontraram o táxi que a levou até a um apartamento, mas perderam-lhe o rasto quando um tipo foi buscá-la. Foi com ele num avião privado rumo a Roma. —Isso é fantástico! Agora sabemos onde ela está, podemos ir procurá-la! —exclamou com uma mistura de entusiasmo e alívio. —Foi com um tipo, Filipo! Não percebes? —gritou Gerónimo, vis
Cristal tinha feito a chamada enquanto caminhava rumo ao seu apartamento. Pareceu-lhe que umas sombras a seguiam. Rapidamente escondeu-se e percorreu os passadiços secretos que o seu irmão lhe tinha ensinado, passadiços que a levavam até ao apartamento sem que ninguém a visse. Entrou apressadamente e deitou-se, assustada. Será que Jarret a tinha encontrado? Saberá ele deste apartamento? Perguntava-se com temor e, de imediato, respondeu-se: não, não é possível. Só tinha vindo aqui umas duas vezes, e ele estava em Itália nessa altura. Por sorte, tinha tido tempo de arranjar um pouco de esparguete, uma garrafa de azeite e um frango. Com isso teria o suficiente até que o seu irmão chegasse para buscá-la. Devia ter deixado comida aqui!. Fechou as cortinas do apartamento para evitar que alguém visse a luz. Que continuem a pensar que não está ning
Ambos amavam-se como a nada no mundo. Apesar de terem sido separados em crianças… ou talvez por isso mesmo, amavam-se e confiavam cegamente um no outro. Cristal, finalmente, parou, e o seu irmão, com delicadeza, colocou-a no chão, observando-a para se certificar de que estava bem. Ela também o olhou, notando o quanto ele tinha mudado. O meu irmão é realmente bonito… Faz um ano que não o via pessoalmente. Agora, assim de perto, vejo que cresceu. É um homem feito… e muito bem-parecido. —Estás linda, maninha —disse ele com um largo sorriso, enquanto a observava com ternura. —Estás bem? —Sim, sim. Não me aconteceu nada, graças a Deus —respondeu Cristal, enquanto continuava a fitá-lo. —E tu? Cresceste bastante… Estás muito bonito. —K, k, k…! Tu não ficas atrás; est&a
Giovanni olhou fixamente para o seu sobrinho. Filipo sustentou o olhar, para depois dirigi-lo ao seu pai, buscando apoio naquela situação. Sabia que Fabrizio não era partidário dessas decisões e contava com isso para impedir que forçassem Gerónimo a divorciar-se e casar-se com Ellie. Voltou a encarar o seu tio ao ouvi-lo dizer, irritado: —Filipo, esse rapaz tem a tua idade e ainda não se casou! —Vamos lá, Giovanni. Mas também não é motivo para fazeres isso com ele —repreendeu Fabrizio—. Ambos têm-se portado muito bem este ano. Deixa que o rapaz encontre a sua mulher, ele merece. —Vais ficar do lado do teu filho? —perguntou Giovanni, passando a mão pela cabeça, frustrado. Fabrizio conhecia o irmão demasiado bem. Sabia que esta ideia não era propriamente sua. O seu olhar desviou-se brev
Ao chegar a Roma, a primeira coisa que fizeram foi mobilizar todos os homens da grande família Garibaldi, com o objetivo de percorrer a cidade à procura da mulher. Distribuíram cópias da foto de Cristal pelos contactos, enquanto Colombo os colocava em contacto com um amigo seu da polícia para ajudar na busca. —Gerónimo, só a localizámos no aeroporto —disse o polícia, mostrando-lhe imagens das câmaras de segurança—. Ali está, olha. É aquela rapariga que levam nos braços. Examinaram durante um bom tempo todos os vídeos de segurança que registaram a chegada de Cristal. De facto, ela saía do aeroporto nos braços do mesmo homem que a tinha acompanhado desde a América. Ele colocou-a num carro preto, escoltado por mais três carros da mesma cor, todos sem matrícula. Pouco depois, os carros desapareciam na c
Evelin conhecia-o desde sempre e, por isso, dizia-lhe aquelas palavras, para mobilizar aquele sentimento protetor em Oliver e fazê-lo correr para os braços de Darío. —Ele está assustado? —perguntou Oliver, agora preocupado. —Sim, mandou-me para saber porque não saías do teu quarto —respondeu Evelin com seriedade—. Todos estão à tua espera. Anda, pega no meu braço. Vais-te surpreender com o que ele fez por ti, Oli. São muito sortudos por terem um ao outro. —Eu sei, Eve. Foi tão difícil começar uma relação com ele… e olha para nós agora! Ainda nem acredito que vou casar-me com o homem da minha vida e que vamos ser muito felizes! —disse, sorrindo mais tranquilo ao recordar o seu início com Darío—. Com o quão reservado ele era no início, cheguei a pensar que me
Oliver olhou para Darío como se não pudesse acreditar no que estava a ouvir, como se estivesse a viver o mais belo dos sonhos. —A sério, Darío? Gostas de mim para uma relação para sempre? —voltou a perguntar, ainda incrédulo e oscilando entre a felicidade e a incredulidade. Seria tudo aquilo real? Ou apenas uma cruel brincadeira do destino? —Não sei se a Evelin te contou... —Começou a dizer Darío ao ver como Oliver continuava como se não acreditasse que o que ele acabava de confessar era real. Oliver permanecia imóvel. Os seus olhos brilhavam com uma mistura de surpresa e esperança, mas também de insegurança. Continuava a tentar assimilar aquele momento. Era possível que algo tão belo lhe estivesse a acontecer? Ele, um rapaz que nunca tinha tido sorte no amor? Este momento parecia saído de um conto d