Nesse momento, Gerónimo continuava a falar com Darío e franziu o sobrolho ao refletir sobre as palavras do amigo. Reconhecia que ele tinha razão, mas os seus carros eram especiais, equipados com tudo o que pudessem precisar caso fossem atacados. Eram fortes e poderosos, mas todas as mulheres em Roma os conheciam.
—Tens razão. Vou ligar ao Filipo para me arranjar um novo, de outra cor, algo discreto. Apesar de não me entusiasmar muito a ideia… —murmurou com certa hesitação, mas depois lembrou-se do olhar magoado de Cristal e da sua recente discussão. Um leve sorriso desenhou-se no seu rosto enquanto inspirava—. Por ela, vou fazê-lo. Darío acenou afirmativamente do outro lado da linha, satisfeito por ver que o seu conselho estava a ser levado a sério. —Cuida-te, Gerónimo. Se não precisas de estar na rua, fica em casa, ao menos durGerónimo percebeu a dúvida na voz dela, a mesma que ele próprio tinha alimentado com o seu historial e algumas das suas atitudes recentes. Cristal não conseguia evitar lembrar-se da imagem das inúmeras mulheres que rodearam o seu marido "Casanova" no passado. Ela própria tinha visto isso com os seus próprios olhos. Era algo constante, impossível de esquecer. Ele suspirou, percebendo como os ciúmes de Cristal estavam a levar a conversa a um ponto que ele não podia permitir. Ele adorava-a, mas sabia que, se não agisse rapidamente, a desconfiança cresceria como um fosso intransponível entre eles. Reconheceu que, dado o que tinha acontecido, a sua atitude realmente parecia suspeita. Por isso, decidiu agir rapidamente, com um plano claro. —Céu, não fiques paranóica, por favor. Olha, calma —disse, levantando suavemente as mãos como se t
Cristal, consciente de que se tinha traído a si mesma, tentou corrigir rapidamente. —Nada, nada. Quero dizer que… que me conhecem por Cristal, mas aqui só tu e a tua família me chamam por esse nome. Os outros conhecem-me como Agapy —disparou precipitadamente, sem notar que as suas palavras apenas aumentavam os alarmes. Por dentro, repreendia-se amargamente. Por que não aproveitaste para lhe contar a verdade, Cristal? Diz-lho agora e para de mentir! Ele pode ajudar-te, defender-te do Jarrett. Gerónimo observou-a em completo silêncio, como se tentasse decifrá-la. Tudo no seu instinto lhe dizia que ela estava a esconder-lhe algo. Mas decidiu não pressioná-la. Sabia que Cristal estava descontrolada, enredada no seu medo. Forçá-la naquele instante só aumentaria o risco de ela voltar ao mesmo comportamento impulsivo que a tinha levado a fugir apó
Sem dizer mais, afastou-se dele, deixando cair o lençol com um movimento descuidado, ficando à vista com uma pequena camisola transparente e umas cuecas mínimas. Sua intenção não parecia ser provocá-lo, mas a visão da sua figura fez com que Gerónimo soltasse uma risada inaudível e fosse invadido por uma mistura de assombro e desejo. —Céu...! Se me fazes isso, não vamos sair hoje! —exclamou, rindo enquanto corria atrás dela, deixando a tensão da conversa em segundo plano por um momento. Cristal desviou-se agilmente, soltando uma gargalhada enquanto desaparecia no quarto. O som do seu riso tranquilizou-o de forma quase automática. Era uma melodia que conseguia derrubar os seus medos mais profundos, pelo menos durante uma breve trégua. Mas, embora naquele instante a felicidade parecesse encher o ar, por baixo da superfíci
Cristal olhou-o profundamente, como se tentasse compreender por que razão ele a interrompia justo quando estava prestes a falar. Porém, a menção de Jarret fez com que um arrepio percorresse o seu corpo ao lembrar-se do que tinha deixado para trás. E se o seu passado agora os alcançasse? E se toda aquela calma aparente fosse apenas o prelúdio de uma tempestade muito maior? —Estás sempre a interromper-me quando quero falar disso, e é realmente decisivo para nós. Quero que saibas que entre ti e eu... —começou Cristal, tentando arrancar aquilo que tanto a atormentava da garganta. —Querida, falaremos disso depois, quando chegarmos à cabana. Perdoa-me por interromper-te, não foi intencional. Mas agora, primeiro conta-me mais sobre o teu ex —insistiu Gerónimo, sem lhe dar muito espaço para evitar o assunto—. Preciso de saber tudo par
Não podia acreditar. Sua Cielo, filha do Don da Cosa Nostra... Não, devia haver algum mal-entendido. Se isso fosse verdade, o que o esperava não era simples. Como iria convencê-los de que o aceitassem como genro? E nem falar do que isso implicaria para ele entrar no mundo dela; talvez tivesse que se tornar o mafioso mais poderoso e temível da história. Mas, se fosse pela sua mulher, por ela, faria tudo, qualquer coisa. Só uma pergunta o atormentava: por que a teriam mandado sozinha para América? —Pertences mesmo à Cosa Nostra, minha Cielo? És filha do Don? —perguntou, quase sem conseguir controlar o nervosismo na voz. —Amor, não me interrompas! —cortou-o firme, com aquela doçura autoritária que sempre encontrava forma de o fazer calar—. Depois conto-te. Não me deixaste dizer-te antes, por isso agora esperas! Não tev
Em Nova York, no caos do dia que deveria ter sido o mais feliz para Cristal, Jarret voltou ao hotel frustrado e exausto. Ele havia passado horas procurando sua noiva, percorrendo ruas e interrogando quem conseguia encontrar, mas Cristal parecia ter desaparecido sem deixar rastro. Sua raiva e desespero tomaram conta dele, explodindo em uma tempestade de palavrões e golpes impacientes contra qualquer objeto ao seu alcance.Como pôde permitir que chegasse a esse ponto? Como pôde ser tão estúpido justo no dia do seu casamento? Cinco anos dedicados, investidos em um sonho que agora parecia desmoronar-se diante de um precipício. A imagem do homem que havia levado Cristal rondava como um espectro em sua mente. Um rosto desconhecido, enigmático. Quem era ele? Como era possível que ninguém tivesse respostas?Algumas batidas suaves na porta interromperam sua tormenta interna. Brevemente, Jarret tentou recuperar a compostur
Gerônimo, intrigado com a confissão, sentiu uma curiosidade genuína que iluminou seu rosto ao saber um pouco mais sobre sua ingênua, inocente e bela esposa. Desejava que cada coisa que ela lhe contasse o ajudasse a conquistá-la e a fazê-la desistir de querer romper a relação com ele. Porque, embora ela tivesse aceitado acompanhá-lo até a cabana, seu instinto lhe advertia que ela tinha feito isso por medo de Jarret e que, na verdade, ela tinha algo muito sério para discutir com ele, como, por exemplo, o divórcio. —A que você se refere com isso que sempre sonhou? —disse ele, sem esconder seu interesse, com a intenção de conhecer essa parte da experiência de Cristal que ainda lhe era desconhecida. —Qual é o seu sonho, meu céu? Cristal hesitou um instante. Ela não queria que suas palavras parecessem ridículas, es
A tia de Cristal arqueou uma sobrancelha; os seus lábios curvaram-se numa expressão de desprezo evidente. Sabia mais do que Jarret imaginava. Antes de o enfrentar, tinha investigado todos os detalhes do incidente, revendo junto com o seu marido as gravações das câmaras de segurança do hotel. Nas imagens, o jovem que tinha ajudado Cristal a escapar era um completo desconhecido, um homem atraente e confiante. Mas, ao procurar os nomes que eles tinham registado, descobriram que eram falsos. Um dado que apenas aumentava a incerteza e agravava o peso sobre os ombros de Jarret. —Mas dizem que ela gritava que o amava —disse ela com uma falsa ingenuidade, deixando cair a frase como um golpe certeiro, enquanto observava com prazer como Jarret cerrava os dentes, amaldiçoando em silêncio. A tia deu mais um passo em frente, deixando evidente a sua intenção de o levar ao limite. &m