Alonso continua defendendo seu espião, lembrando-se da vez, quando vinham da Sicília e os encontraram ajoelhados, prontos para serem executados. Intervieram e acabaram com aqueles cães antes que cometessem outra injustiça.
— Desde então, os pais dele e o filho, que é o meu espião, vivem conosco, trabalham na fazenda dos avós. Como podes duvidar da lealdade dele? —pergunta com seriedade. — Ele não nos trairia, muito menos por Maximiliano. O olhar de Fabrizio endureceu ainda mais, com a mente trabalhando a toda velocidade. As palavras de Alonso e Dante começaram a dar forma a uma suspeita que, embora apenas uma teoria, já pesava como uma verdade incontornável. A ira crescia dentro dele, mas conseguiu conter-se o suficiente para não perder o controle. — Está bem, Alonso, não fiques assim —repetiu com calma estudada, eTodos os seus irmãos olhavam para ele com incredulidade, como se as palavras de Fabrizio fossem tiradas de uma história impossível de acreditar. No entanto, o chefe da família continuava o seu relato com um tom grave, marcado pela mistura de emoções que ainda conseguiam afetá-lo ao recordar. —Segundo os guardas que cuidam da minha filha Fiorella, chamavam-na e gritavam enquanto corriam na sua direção —continuou Fabrizio, contendo a emoção na voz, embora fosse evidente que a sua ira e preocupação ainda estivessem frescas—. Mas já a conhecem... Está sempre com os seus auriculares, esses malditos auriculares, e não ouve nada! Estou farto de avisá-la para não o fazer, mas ela recusa-se a obedecer. Fez uma pausa, fechando os olhos por um momento, como se revivesse tudo na sua mente. Esteve perto de perder a sua preciosa fi
Nesse momento, Gerónimo continuava a falar com Darío e franziu o sobrolho ao refletir sobre as palavras do amigo. Reconhecia que ele tinha razão, mas os seus carros eram especiais, equipados com tudo o que pudessem precisar caso fossem atacados. Eram fortes e poderosos, mas todas as mulheres em Roma os conheciam. —Tens razão. Vou ligar ao Filipo para me arranjar um novo, de outra cor, algo discreto. Apesar de não me entusiasmar muito a ideia… —murmurou com certa hesitação, mas depois lembrou-se do olhar magoado de Cristal e da sua recente discussão. Um leve sorriso desenhou-se no seu rosto enquanto inspirava—. Por ela, vou fazê-lo. Darío acenou afirmativamente do outro lado da linha, satisfeito por ver que o seu conselho estava a ser levado a sério. —Cuida-te, Gerónimo. Se não precisas de estar na rua, fica em casa, ao menos dur
Gerónimo percebeu a dúvida na voz dela, a mesma que ele próprio tinha alimentado com o seu historial e algumas das suas atitudes recentes. Cristal não conseguia evitar lembrar-se da imagem das inúmeras mulheres que rodearam o seu marido "Casanova" no passado. Ela própria tinha visto isso com os seus próprios olhos. Era algo constante, impossível de esquecer. Ele suspirou, percebendo como os ciúmes de Cristal estavam a levar a conversa a um ponto que ele não podia permitir. Ele adorava-a, mas sabia que, se não agisse rapidamente, a desconfiança cresceria como um fosso intransponível entre eles. Reconheceu que, dado o que tinha acontecido, a sua atitude realmente parecia suspeita. Por isso, decidiu agir rapidamente, com um plano claro. —Céu, não fiques paranóica, por favor. Olha, calma —disse, levantando suavemente as mãos como se t
Cristal, consciente de que se tinha traído a si mesma, tentou corrigir rapidamente. —Nada, nada. Quero dizer que… que me conhecem por Cristal, mas aqui só tu e a tua família me chamam por esse nome. Os outros conhecem-me como Agapy —disparou precipitadamente, sem notar que as suas palavras apenas aumentavam os alarmes. Por dentro, repreendia-se amargamente. Por que não aproveitaste para lhe contar a verdade, Cristal? Diz-lho agora e para de mentir! Ele pode ajudar-te, defender-te do Jarrett. Gerónimo observou-a em completo silêncio, como se tentasse decifrá-la. Tudo no seu instinto lhe dizia que ela estava a esconder-lhe algo. Mas decidiu não pressioná-la. Sabia que Cristal estava descontrolada, enredada no seu medo. Forçá-la naquele instante só aumentaria o risco de ela voltar ao mesmo comportamento impulsivo que a tinha levado a fugir apó
Sem dizer mais, afastou-se dele, deixando cair o lençol com um movimento descuidado, ficando à vista com uma pequena camisola transparente e umas cuecas mínimas. Sua intenção não parecia ser provocá-lo, mas a visão da sua figura fez com que Gerónimo soltasse uma risada inaudível e fosse invadido por uma mistura de assombro e desejo. —Céu...! Se me fazes isso, não vamos sair hoje! —exclamou, rindo enquanto corria atrás dela, deixando a tensão da conversa em segundo plano por um momento. Cristal desviou-se agilmente, soltando uma gargalhada enquanto desaparecia no quarto. O som do seu riso tranquilizou-o de forma quase automática. Era uma melodia que conseguia derrubar os seus medos mais profundos, pelo menos durante uma breve trégua. Mas, embora naquele instante a felicidade parecesse encher o ar, por baixo da superfíci
Cristal olhou-o profundamente, como se tentasse compreender por que razão ele a interrompia justo quando estava prestes a falar. Porém, a menção de Jarret fez com que um arrepio percorresse o seu corpo ao lembrar-se do que tinha deixado para trás. E se o seu passado agora os alcançasse? E se toda aquela calma aparente fosse apenas o prelúdio de uma tempestade muito maior? —Estás sempre a interromper-me quando quero falar disso, e é realmente decisivo para nós. Quero que saibas que entre ti e eu... —começou Cristal, tentando arrancar aquilo que tanto a atormentava da garganta. —Querida, falaremos disso depois, quando chegarmos à cabana. Perdoa-me por interromper-te, não foi intencional. Mas agora, primeiro conta-me mais sobre o teu ex —insistiu Gerónimo, sem lhe dar muito espaço para evitar o assunto—. Preciso de saber tudo par
Não podia acreditar. Sua Cielo, filha do Don da Cosa Nostra... Não, devia haver algum mal-entendido. Se isso fosse verdade, o que o esperava não era simples. Como iria convencê-los de que o aceitassem como genro? E nem falar do que isso implicaria para ele entrar no mundo dela; talvez tivesse que se tornar o mafioso mais poderoso e temível da história. Mas, se fosse pela sua mulher, por ela, faria tudo, qualquer coisa. Só uma pergunta o atormentava: por que a teriam mandado sozinha para América? —Pertences mesmo à Cosa Nostra, minha Cielo? És filha do Don? —perguntou, quase sem conseguir controlar o nervosismo na voz. —Amor, não me interrompas! —cortou-o firme, com aquela doçura autoritária que sempre encontrava forma de o fazer calar—. Depois conto-te. Não me deixaste dizer-te antes, por isso agora esperas! Não tev
Em Nova York, no caos do dia que deveria ter sido o mais feliz para Cristal, Jarret voltou ao hotel frustrado e exausto. Ele havia passado horas procurando sua noiva, percorrendo ruas e interrogando quem conseguia encontrar, mas Cristal parecia ter desaparecido sem deixar rastro. Sua raiva e desespero tomaram conta dele, explodindo em uma tempestade de palavrões e golpes impacientes contra qualquer objeto ao seu alcance.Como pôde permitir que chegasse a esse ponto? Como pôde ser tão estúpido justo no dia do seu casamento? Cinco anos dedicados, investidos em um sonho que agora parecia desmoronar-se diante de um precipício. A imagem do homem que havia levado Cristal rondava como um espectro em sua mente. Um rosto desconhecido, enigmático. Quem era ele? Como era possível que ninguém tivesse respostas?Algumas batidas suaves na porta interromperam sua tormenta interna. Brevemente, Jarret tentou recuperar a compostur