Coral saiu sem dizer nada a ninguém. Estavam todos ocupados a tomar banho e descansar da viagem. Subiu para o carro e proibiu Vicêncio de a seguir. Ele tinha-se tornado numa sombra para ela; embora tentasse impedir que a seguisse, ele encontrava sempre a maneira de o fazer. Mas hoje queria encontrar-se a sós com Maximiliano. O que terá ele descoberto?
Parou o carro quando estava longe de casa. Ligou ao seu Gatinho. O toque soou várias vezes, mas ele não atendeu. Ficou desesperada; não gostava que a enganassem. Esperou cinco minutos e voltou a ligar. Estava no território dele quando sentiu que alguém batia no carro por trás. Olhou pelo espelho retrovisor e viu cinco indivíduos a aproximarem-se, no exato momento em que o seu Gatinho atendeu a chamada.—Thea mu, vem para o meu apartamento; enviei-te a chave numa mensagem. Surgiu algo urgente, mas espera por mim lá —disse-lhe de imedA última afirmação de Gerónimo ressoou na sala, deixando-a desprovida de qualquer eco. De seguida, tirou o certificado de casamento do bolso interior do seu casaco e estendeu-o ao pai, com movimentos precisos que refletiam tanto orgulho como irritação. Giovanni pegou no documento e examinou-o em silêncio, os seus olhos alternando entre as letras impressas, o rosto de Gerónimo e, brevemente, o de Cristal. A tensão na sua mandíbula denunciava que ainda não conseguia encontrar uma forma de processar aquilo. Finalmente, passou-o a Rosa, que o pegou com a mesma parcimónia. Ela leu-o com um olhar inabalável, sem que a sua expressão revelasse nada no início. Depois, o olhar de Rosa fixou-se em Cristal pela primeira vez, inquisitivo e firme, como se procurasse algo escondido no silêncio da jovem. —Cristal Evanguelidi? És grega? —perguntou R
O olhar assustado e o desconforto palpável de Cristal alimentavam ainda mais a frustração de Gerónimo. Sentia um impulso constante de levá-la para longe, de protegê-la do escrutínio, mas respirava fundo para não perder a paciência. —Vão-se embora? —perguntou Rosa, tentando soar mais amável. Percebera claramente a irritação na voz do filho e começava a entender que a sua atitude não estava a ajudar. —Mãe, estamos em lua de mel. Uma lua de mel que vocês interromperam —respondeu Gerónimo, visivelmente irritado, já sem se preocupar em esconder as emoções—. Por favor, sirva-nos algo. Não comemos nada em todo o dia, apenas café. A reclamação caiu com força na sala. Rosa trocou um olhar com Giovanni, que franziu o sobrolho sem saber se devia continu
Kiro apontava a Maximiliano com uma determinação que não deixava dúvidas. A ordem tinha sido clara: queria que ele se ajoelhasse, disposto a acabar com tudo ali mesmo. No entanto, o som de um motor rugindo a toda velocidade distraiu-o, e apenas um instante depois, o carro que perseguia Coral irrompeu na cena, espalhando balas. O caos desatou-se de imediato. Todos correram para se proteger atrás dos veículos, respondendo aos disparos como conseguiam.Maximiliano, num movimento inesperado, deixou de lado qualquer oportunidade de fugir. Em vez disso, correu até ao carro de Coral e fechou a porta com força, certificando-se de que ela estava protegida. Sem se deter, lançou as chaves para Kiro, que o observava sem compreender, apanhado entre a incredulidade e o desconcerto. Antes que alguém pudesse reagir, Maximiliano tomou o controlo do confronto, orientando os seus homens de uma maneira calculada mas desconcertan
O olhar de Gerónimo refletia uma mistura de fervor e ternura, como se cada palavra que estava prestes a pronunciar fosse uma promessa selada em fogo. Não havia dúvidas nele, e a sua convicção enchia o ambiente com uma intensidade quase palpável. —Nunca duvides disso, meu Céu —disse com veemência, como se essas palavras fossem a chave para dissipar qualquer insegurança no coração dela—. A primeira vez que te beijei, perdi a cabeça. Foi a primeira vez que uma mulher me fez sentir vivo. Estremeci, senti um vazio a ser preenchido e soube, naquele instante, que eras a minha alma gémea. Segui-te, mas já tinhas partido… —Fez uma pausa, buscando o ar necessário para continuar e sustentar a profundidade da sua confissão—. Depois, não sabia como encontrar-te. Perguntei ao Oli, mas ele nem sequer se lembrava de quem eras. N&atild
O detetive Colombo levantou-se com um gesto firme, disposto a retomar as suas tarefas. Os irmãos Garibaldi trocaram olhares preocupados. A guerra tinha anunciado a sua chegada iminente, e eles precisavam estar preparados para enfrentar o que fosse necessário. —Ouve, Carlos, estive a investigar aquilo que me pediste —disse Colombo antes de partir—. E é terrível o que consegui descobrir, se for verdade. O que fizeste à tua pequena filha Coral não tem perdão de Deus! Carlos, imóvel, tentava processar o que fora dito enquanto Fabrizio o fulminava com o olhar. —Do que estão a falar? —perguntou, com o tom protetor que sempre usava ao referir-se aos seus sobrinhos, os seus próprios filhos em tudo menos no nome. —Da famosa escola para a qual o Carlos enviou a Coral na Alemanha —replicou Colombo com seriedade. Fabrizio fra
Gerónimo mal conseguia processar o que estava a ouvir. Os medos, as dúvidas, as noites de busca desesperada, tudo parecia dissipar-se naquele instante, substituído por uma verdade que ambos partilhavam sem reservas.—Oh, Céu, meu Céu! Tu não sabes o quanto precisava de ouvir isso —exclamou Gerónimo, envolvendo-a num abraço ainda mais profundo, como se quisesse alcançar o mais íntimo do seu ser—. Eu também, durante todo este ano, sonhei contigo, desejei-te e senti a tua falta. Por isso, quando te vi ontem a atravessar assim, tão linda, à frente do meu carro, enlouqueci. Acabei de registar oficialmente o nosso casamento aqui em Itália, para assegurar que ninguém possa obrigar-me a casar-me com outra pessoa.Cristal olhou-o nos olhos, surpreendida e comovida por aquela confissão que não esperava, mas que a enchia de felicidade.—&
Stavri observava o marido com atenção. Havia algo na intensidade do seu olhar que a inquietava, mas, ao mesmo tempo, sentia que devia manter-se firme. Nunca o tinha enfrentado diretamente; sempre preferira evitar os conflitos. Contudo, desta vez era diferente. Tinha claro que não permitiria que ele voltasse a tomar decisões que prejudicassem a sua filha.Ele permanecia sentado, silencioso, como se avaliasse cada um dos seus movimentos. Ela, sem dizer mais nada, aproximou-se com calma e serviu-lhe um café, tentando equilibrar a tensão que pairava no ambiente.—Vais terminar de me contar o que a menina te disse? —perguntou finalmente, tentando manter uma calma que não lhe era totalmente natural—. O que é essa história de que se casou? Com quem? Ela contou-te?Stavri demorou um momento antes de responder, medindo as palavras. Não queria que o seu tom de voz deixasse transparecer d&uac
Cristal ficou em silêncio por um momento, deixando que a ideia se firmasse na sua mente. Era perfeito. Não apenas cumpriria o isolamento de que precisava, mas também sentia um alívio ao pensar que seria um lugar afastado e tranquilo, longe de tudo. —Uma cabana? —repetiu, quase como se não pudesse acreditar—. Adoraria. —Então vamos! —decidiu imediatamente Gerónimo, embora um detalhe o travasse por um instante. Olhou para o relógio e depois para Cristal—. Não sei onde poderíamos encontrar roupa para ti a esta hora. —Não importa —interrompeu ela com um tom prático, sentindo-se um pouco mais segura ao ver a disposição dele em resolver qualquer inconveniente—. Acho que as que o teu irmão comprou são mais que suficientes. Além disso, se precisarmos de algo mais, podemos ir &agra