O dia do meu noivado chegou. Deveria ser um dia feliz, mas não é. Já chorei tanto desde ontem que tenho certeza de que a maquiagem não conseguirá cobrir meus olhos inchados. Não consegui me alimentar, e por mais que tente, a vontade de sair da cama simplesmente não vem.Observo meu vestido pendurado na arara. É de um branco pérola magnífico, feito de um tecido que parece tão macio ao toque. Sorrio, pensando que deveria estar radiante, mas a tristeza é esmagadora.Com esforço, levanto-me e sigo para o banheiro, onde tomo um banho demorado, deixando a água tentar levar embora um pouco da amargura que carrego. Ainda não conheço meu noivo, mas tudo o que Paola me disse sobre ele já faz meu estômago se revirar. Um líquido verde é tudo que sai do meu estômago, limpo a boca e me levanto lentamente, tentando recuperar o equilíbrio. A cada pensamento sobre a minha situação, sinto a raiva e o angústia. Não quero ir, eu simplesmente não quero.Saio do banho e olho para o espelho. O reflexo que
— Não quero ser evasivo, mas o que sua irmã tem? — Questiona Apolo, entregando uma taça de bebida para Paola. — Alergia a velho nojento — diz ela, o que faz Apolo e eu a encararmos. Ele ri, balançando a cabeça e colocando a mão direita no bolso. Depois de tomar um gole do champanhe, olha para mim. — Eu não peguei uma taça para você por causa dos medicamentos — diz, rindo. — Você terá que continuar com o teatro. — Não se preocupe — digo. — Estou bem. Na verdade, eu não estava nada bem. Por dentro, a ansiedade e o medo estavam me consumindo, mas não podia demonstrar fraqueza. Continuamos a nos misturar entre os convidados, tentando manter as aparências enquanto meu coração batia descompassado. Ficamos alguns minutos conversando até que um homem jovem e muito bonito se aproxima de nós. — Apolo. — Ele estende a mão, e Apolo a aperta. — Otávio — responde Apolo. Os dois trocam um olhar significativo, e percebo que há algo mais nessa interação do que aparenta. — Paola. — Minha irm
Você não deveria ter ido ao noivado — Pronúncia Otávio, entrando no apartamento. O tempo está frio, e uma ventania desequilibra o ar. Da varanda, percebo que o balançar das árvores indica que uma tempestade se aproxima de Nova York. Olho para meu copo de Martini antes de contemplar as luzes da cidade. Há algo de especial em toda essa agitação nova-iorquina. Sorrio ao perceber que só agora notei isso. — Você não vai dizer nada? — Otávio se aproxima, puxa uma cadeira e se senta à minha frente. — A ordem era para você não ir. — Ele acha que é o dono dela, não acha? — Questiono, sentindo uma amargura nunca antes experimentada. — Rodolfo, querendo ou não, ele é o noivo dela. Sorrio sem humor, virando o copo de uma vez e enchendo-o novamente. — Por pouco tempo. — Por que não disse a Alexander desde o começo que a queria? Tenho certeza que ele teria dado um jeito. — Eu nem sei o que estou sentindo. Eu me sinto perdido. Nunca me senti assim. Otávio suspira, apoiando-se no encosto d
Dois mês depois..."Eu estava em uma rua deserta, cercada por pedras rugosas e um areal que parecia se estender infinitamente. Eu tentava caminhar rápido, sentindo a tempestade se aproximando. As nuvens negras cobriam o céu, ameaçando desabar a qualquer momento. Eu Apressava meus passos, mas a sensação de incerteza me perseguia. Não sabia para onde estava indo, ou se aquele lugar para onde corria sequer existia. A cada passo, a angústia aumentava, e o vento frio da tempestade parecia carregar consigo o peso dos meus medos.Até que, de repente, eu o vi na minha frente. uma imagem escura se materializando no meio do caminho, como se tivesse surgido diretamente das sombras das nuvens. Seu contorno era indistinto, uma figura envolta em escuridão, mas havia algo familiar nele. Meu coração disparou, e um frio percorreu minha espinha. Era como se a tempestade que eu temia estivesse agora encarnada diante de mim, tornando impossível saber se eu deveria continuar correndo ou me render àquele
Depois da faculdade, meu dia foi caótico, mas conseguimos resolver todas as burocracias pendentes dos restaurantes. Meu pai deixou um verdadeiro caos, mas, graças a Paola e Fabiano, conseguimos colocar tudo em ordem.Decidimos vender as cinco franquias, e eu fiquei com duas delas. Quero trabalhar nesse ramo, sempre gostei de cozinhar. No covento ficava arrodiando as irmãs na cozinha, sempre fazendo uma coisa aqui outra ali, e agora que comecei a investir na minha carreira para me tornar uma grande chef, não quero parar.— Você está linda de touquinha e avental. — Paola aperta minha bochecha, e eu solto uma gargalhada.Às vezes, ela me trata como se eu fosse uma criança. Sempre foi assim.— Obrigada. — Suspiro, olhando ao meu redor. — Aqui será meu recomeço.Paola assente. — Eu te desejo toda sorte, paz, felicidade e muito, muito sucesso. — Assinto, abraçando minha irmã.— Você está linda como sempre — diz Fabiano, galanteador, me fazendo soltar outra gargalhada. — Sucesso Halina. — Fa
Ao empurrar as portas pesadas de vidro da boate, imediatamente sou envolvida por uma onda de som. A música eletrônica pulsa freneticamente, reverberando por todo o espaço. A luz neon pisca em tons de roxo, azul e rosa, criando um caleidoscópio de cores que dança ao nosso redor. O ar está quente e denso, misturado com o aroma penetrante de perfume, álcool e uma leve fumaça de cigarro. Caminho lentamente pelo salão, sendo conduzida por Paola, que grita algo por cima da música, mas sou incapaz de ouvir. Paramos ao lado de um bar iluminado por luzes piscantes, onde uma fila de pessoas espera para ser atendida. Observo o barman preparar drinques com uma habilidade quase mágica, as garrafas girando e líquidos misturando-se em um espetáculo colorido. — Vamos para a área VIP, não será bom ficarmos aqui. — Grita Fabiano por cima da música, fazendo-me fazer uma careta. Ele segura minha mão, puxando-me através da multidão. Vejo um grupo de pessoas dançando com uma liberdade despreocupada
— Vou te fazer uma pergunta, você me dirá a consequência? — Rodolfo promuncia por cima da música. Eu me afasto ligeiramente para encará-lo, o coração acelerado. — Sim. — Respondo, com um misto de curiosidade e receio. — Se eu te beijasse agora, o que você faria? A pergunta me paralisa por um instante. Minha mente fica em branco e meu coração b**e forte no peito. A atmosfera ao redor parece esfumaçar enquanto tento processar o que ele acabou de dizer. — Eu... — começo, hesitando. — Não sei o que faria. Sinto a ansiedade crescer, mas também uma parte de mim está curiosa e, talvez, ansiosa para entender o que realmente sinto em relação a ele. Rodolfo sorri, sua mão deslizando suavemente pelo meu rosto. Ele me guia lentamente para o canto da parede, onde a música se torna um sussurro distante. Seus olhos fixos nos meus, o toque dele é ao mesmo tempo delicado e confiante. A proximidade entre nós aumenta, e eu sinto a intensidade do momento crescendo. — Você não sabe, Halina, ou tem
Eu estava ao telefone ouvindo Paola reclamar quando percebo que Rodolfo estaciona o carro. Olho ao redor e noto que estamos na praia. — Você não pode fazer isso. Peça para que ele te traga de volta agora. Olho para Rodolfo, que observa atentamente, com o cotovelo apoiado no volante e o corpo ligeiramente virado em minha direção. Sua testa está um pouco franzida; tenho certeza de que ele ouviu o que Paola disse. — Paola, conversamos assim que eu chegar em casa. — Coloca no viva-voz. — Ele pede ao mesmo tempo em que Paola diz algo, mas não consigo entender o que ela fala. Balanço a cabeça em negação, e ele suspira, passando as mãos pelos cabelos. — Vamos, Halina, faça o que eu pedi. — Ele insiste. Respiro fundo, relutante, mas acabo colocando o celular no viva-voz. A voz de Paola ecoa pelo carro. — Você é nova demais para entender as coisas. Ele não é o cara certo para você. Sinto uma pontada de culpa ao ouvir suas palavras. — Me diga então, o que seria o cara ideal para sua ir