Meus pais não me deixaram ir com o motorista. A festa seguiu dentro da mansão Chalamet, sem os noivos e a mãe da noiva, que foram levar a filha ao aeroporto.— E a sua faculdade? — Milano perguntou-me antes que eu embarcasse, ainda tentando me convencer a ficar.Eu sorri:— Pai, eu vou fazer a transferência de faculdade. Escolhi Alpemburg justo porque o país valoriza muito a questão da moda. A rainha Satini D’Auvergne Bretonne é estilista e tem uma loja maravilhosa. E dá apoio à novos estilistas. E também porque não conheço outro lugar... — confessei.Ele abaixou os belos olhos claros, completamente decepcionado com minha decisão.— Se eu soubesse que chamar-lhe a atenção quanto ao que você e Chain fizeram fosse causar isso tudo, jamais teria pisado meus pés na área da piscina.O abracei com força, adorando sua sinceridade:— Pai, você fez o que qualquer “pai” faria. Sei que é recente nosso encontro... Mas quero que saiba que o amo e nada vai mudar isso. Apesar de tudo, gosto da forma
— Merliah, Moda.Não demorou para eu sentir-me entrosada com as três mulheres, cada um com uma personalidade completamente diferente. E eu sabia muito bem como era aquilo, pois vivi sempre cercada de mulheres.Dois dias depois mudei-me para o apartamento delas, muito amplo e bem mobiliado.Quando liguei para minha mãe, avisei que estava num apartamento, perto da faculdade e tranquilizei-a de que tudo estava bem.— Fico feliz, Liah. Estava preocupada de você ficar num Hotel.Eu ri:— Nem todos os Hotéis tem um Bordel no quinto andar, mãe!— Minha filha, você nunca ficou sozinha. Fico pensando se está se alimentando bem... Dormindo...— Já aprendi a dormir à noite... E faz um bom tempo.— Estou com saudade.— Eu também.— Precisa ligar para o seu pai. Ele fica louco se você não liga.— Mas eu liguei ontem...— E precisa ligar hoje também, ou Milano surta.— Tudo certo com o bebê?— Sim... Você vem vê-lo quando nascer, não é mesmo?— Claro... Vou sim.— Temi que pudesse não vir.— Mãe...
Eu acabei rindo também:— Se não é divorciado, não entende nada sobre isso.— Quanto tempo divorciada?Suspirei:— Mais tempo do que eu gostaria.— Traição?— Não... Bem mais complicado.As bebidas foram colocadas na minha frente e as peguei, para levar à mesa. Enquanto saía, Luan disse:— Jura que vai sair sem sequer despedir-se?Olhei na direção dele:— Verdade... Tchau.Virei as costas e fui para a mesa. Assim que cheguei, Luana perguntou:— Vai dizer que não rolou nada com o bonitão ali?— Não... Claro que não. — Olhei na direção do bar e ele ainda estava escorado.— Liah, Liah, você precisa se soltar.— Eu não quero me soltar.— A vida não é só estudar.— Eu sei. Mas no momento este é meu foco.— Você tem duas opções: virar uma rata noturna ou encontrar um amor para substituir o antigo.— O que é uma rata noturna?— Sair, sair, sair... Todas as noites. E ficar com todo mundo, sem compromisso.— Não é uma boa opção. — Comecei a rir.— Hum, então prefere substituir um amor por outr
— Não! Estou bem. Gosto de morar com as meninas. Se tornaram minhas amigas.— Sua mãe está muito feliz que você fez amigas da sua idade... E tem se dado bem com elas.— Acho que estou vivendo uma vida “normal”... Mas que para mim não é, entende?— Não... Não sei se entendo.— Amo Alpemburg... Sinto saudades de vocês... Mas...— Mas... — Ele me incentivou a continuar.— Como “ele” está, pai? Tem notícias?— Ele está bem.— Onde?— Merliah, por favor...— Onde? — repeti a pergunta com a voz alterada, sentindo o coração quase explodindo dentro de mim.— Eu não sei. Ele não quis me dizer. Ou seja, não quer que ninguém o encontre.Respirei fundo, repetidas vezes, tentando conter as lágrimas.Por que você fez isso, pai?Por que foi atrás de mim naquela noite?Por que não fingiu que não nos viu?Já que tínhamos transado mesmo, por que não impediu a fuga dele e nos incentivou a ficarmos juntos?— Eu... Preciso desligar — falei imediatamente.— Mas...— Tenho muitas coisas para fazer.— Até lo
Eu não estava muito em condições de pensar sobre a aliança. Mas ainda assim, olhando meu dedo anelar vazio, senti-me completamente sem chão. Era como se aquilo fosse a única coisa no mundo que me ligasse a Chain.— E então... Você é daqui de Alpemburg?Toquei o bolso da jaqueta, certificando-me de que a aliança ainda estava lá.— Tudo bem? — Luan perguntou.Tentei fechar o botão do bolso da jaqueta, não conseguindo. Estava meio tonta e com os movimentos lentos. Não queria correr o risco de perder minha aliança.— Poderia... Me ajudar a fechar? — pedi, olhando nos olhos dele.Luan fechou o bolso para mim, fingindo que era algo sem importância.— Você nasceu em Alpemburg?— Ah? Não... Não.Ainda estava indecisa entre conversar ou conservar a joia a salvo no bolso da jaqueta.— De onde você é?— Noriah Norte.— Como veio parar aqui?— Vim... Estudar. Acabo de conseguir me classificar para ser apadrinhada por Satini D’Auvergne Bretonne.— O que você cursa?— Moda.— Hum, por isso o estilo
Puta que pariu, certamente já estava me jogando para escanteio na mente dele.— Tradicional no sentido de acreditar no casamento... No amor.Aquilo me tocou profundamente. Não pelo fato do que ele pensava. Mas por lembrar no quanto eu passei a vida não acreditando na porra do casamento e tudo que passei com Chain, entre nossos casamentos e “descasamentos”.— Não quero casar... Nunca mais — falei firmemente.“Ao menos não com outra pessoa, a não ser meu ex-marido.” Pensei, mas obviamente não falei.— Pelo visto seu casamento beira a relação amor e ódio.— Não... Não beira a relação ódio. — Me ouvi falando. — Mas não quero falar sobre isso, por favor.— Eu gostei muito de falar com você, Merliah. Sua companhia é extremamente agradável. Mas o bar vai fechar. Então temos duas opções: eu levá-la para casa e marcarmos outro dia. Ou...— Prefiro a segunda opção. – Me ouvi falando novamente, sem saber qual era.Luan riu, levantando. Pegou minha mão, soltando-a somente para pegar o dinheiro e
Eu acabei aceitando sair com ele naquele sábado. E também nos vimos no domingo. E na segunda Luan me ligou. E também nos falamos na terça... E quando eu percebi, ficava mais tempo com ele do que com qualquer outra pessoa. Aos poucos Luan foi conquistando espaço na minha vida. E este espaço foi o suficiente para eu lhe contar sobre Chain e toda situação que tinha vivido.Luan era um homem compreensivo, carinhoso e divertido. Logo já frequentava meu apartamento e se tornou amigo também de Kátia, Luana e Luma.O tempo ia passando e Chain ficava cada vez mais na lembrança, como um sonho, distante, voando como as folhas desenhadas ao vento, na praia. Quando eu fechava os olhos não mais sentia os dedos dele na minha pele, tampouco o gosto da sua boca.Várias vezes, nos momentos de sexo, quase pedia para Luan ir com mais força, como fazia com Chain. Mas não tinha coragem, porque com ele não havia a mesma intimidade. Assim como não conseguia ficar ao seu lado quando o sexo acabava, tendo que
— Não... Chain não viria de onde está somente para ver o bebê de Milano. Eu tenho certeza disto. A não ser que...— A não ser que...— Milano pedisse — menti.Na verdade, talvez ele viesse se soubesse que eu também estaria lá. Ou, numa possibilidade remota, não fosse exatamente pelo mesmo motivo, tentando fugir de um reencontro.— Será que vai me apresentar à sua família quando for à Noriah Norte? Ou vai continuar fingindo que eu não existo na sua vida?Virei-me para ele e o abracei:— Ah, Luan... Claro que você vai comigo. Quero muito que minha família o conheça.Luan apertou-me entre seus braços:— Fico feliz em ouvir isso, Merliah. Sabe que você é muito importante para mim, não é mesmo?— Você também é importante para mim.— E quando vai conhecer minha família?— Vamos combinar o seguinte: você conhece minha família primeiro e depois eu conheço a sua. Porque caso ache que as Smith sejam muito piradas e a família Califórnia fora de órbita, pode barrar meu acesso à sua casa. — Comece