Naquela noite, enquanto atendia nas mesas, vi minha avó indo em direção ao escritório com um cliente. Fiquei um pouco preocupada, o que não aconteceria se fosse com minha mãe. Aliás, quanta saudade eu estava sentindo de Candy Smith. Chegava a doer meu peito.
Não aguentando de curiosidade, fui até o escritório e bati na porta. Logo ela me atendeu e vi o homem sentado à mesa, de frente para ela.
— Liah?
— Eu vim participar da conversa — fui firme, entrando e fechando a porta.
Observei o homem bonito e bem-apessoado, puxando uma cadeira e sentando entre os dois, na lateral da mesa.
— Minha neta — vovó apresentou-me.
— Tão linda quanto você e Candy — ele disse, sem cerimônias.
— Não faço parte do cardápio — avisei.
— Cardápio? — O homem a
— Bem, se você ver que uma pessoa que não é muito agradável estiver pensando em passar o final de semana comigo, esperarei que intervenha, Rambo.— Eu vou tentar... Juro. Além de comprar a senhorinha do ex-asilo também. Então, caso dê certo, não leve a mal de ter que me dividir com ela.Eu gargalhei:— Ficarei honrada.— Vou lá... Preciso correr um pouco para aliviar o estresse.Ele se virou e eu disse:— Rambo?O homem extremamente forte e sedutor olhou na minha direção, com os olhos puxados e escuros, capazes de deixar qualquer mulher excitada.— Fale, Liah.— Eu... Preciso fazer valer o “prazer garantido ou seu dinheiro de volta”?— Acho que sim. No meu caso, não vou cobrar isso de você, pode ficar tranquila. — Sorriu.— Mesmo que me compra
POV CHAINDepois de ter passado atrasada no meio de todo mundo usando um robe provocante, Merliah ficou parada, parecendo indecisa sobre entrar ou não no palco. Eu a via perfeitamente do lugar onde estava sentado... Tão linda, mesmo sem se arrumar. Ela poderia usar um saco de lixo que ainda seria a mais bela mulher daquele leilão.Mas o motivo de eu estar ali era justamente acabar com qualquer sentimento que pudesse haver entre nós dois. Não podia me apaixonar. E para isso ela precisava me odiar, pois qualquer mínimo ato de sentimento com relação a mim, seria a total destruição de Chain Archambault Chamalet, digo, Chalamet. Merliah me fazia errar o próprio sobrenome, de tanto que estava impregnada em mim.E enquanto a olhava, naquela fração de minutos de indecisão, ficava a me questionar sobre o que vi nela de diferente de todas as outras. E a resposta era... Tudo? Dias atrás ela havia me jogado uma bota na cabeça e ficou um galo que ainda não tinha saído, só diminuído um pouco. Passe
O lance inicial pela prostituta mais disputada diariamente foi salgado. Mas imaginei que haveria mais propostas por ela, o que não aconteceu. Os clientes pareciam incertos e isso me amedrontou porque depois dela, só havia Merliah. Estariam guardando seus preciosos norians para a filha da dona do Bordel?Dei meu lance por Cristal, recebendo um belo sorriso satisfeito dela. Juro que não era minha intenção olhar para Liah, mas quando o fiz, senti todo seu desprezo e decepção por mim. Foi pior que ela tentar atirar na minha cabeça... Ou jogar uma bota, ou me queimar com uma vela, ou vomitar sobre mim.Virei a cabeça para trás e perguntei ao homem mais velho, que bebia tranquilamente, sem ter dado lance algum:— Competirá comigo por Cristal, amigo?— Não... — Ele sorriu, olhando para o palco. — Há boatos que a menininha ali é virgem. Eu vim decidido a levá-la para casa e mostrar como é que se faz amor. — Riu, sem tirar os olhos da minha mulher.“Minha mulher”? Aquilo foi pensando pela minh
POV MerliahCasamento? Chain estava louco agora? Ou só bêbado mesmo?— Não pediu... E mesmo que peça... Eu não vou aceitar. Porque detesto você.— Não era o que parecia enquanto gozava na minha língua! — debochou.— Detesto você, mas gosto da sua língua.— Bom saber... Vou usá-la um bocado este final de semana.— Em Cristal? Porque em mim você não toca um dedo.— Não quero tocar o dedo... Quero tocar a língua... E meu pau — sussurrou em meu ouvido.Comecei a bater os pés e desci do colo dele, indo sozinha para a mesa.— Teremos um ménage? — Cristal sorriu debochadamente.— O que acha, Liah? — Chain indagou, em tom provocativo.— Tenho uma ideia melhor... Sexo a quatro. Que acha Tiago? — Nem eu mesma acreditei qu
— Se não trouxer minha neta sã e salva para casa, eu corto seu pau ao meio — Rosela ameaçou Chain.Ele ficou sem palavras por alguns minutos, antes de responder:— Eu... Eu...— Você o que? Vai cuidar dela ou acha que eu não tenho coragem de cortar o seu pau?— Vou cuidar dela — garantiu.— Só para deixar claro: se Rosela não cortar o seu pau, eu corto. — Rambo parou do meu lado, cruzando os braços.Limpei as lágrimas, me sentindo tão segura por Rambo estar ali comigo. O abracei com força e ele me levantou, fazendo-me ficar na altura do seu rosto e sussurrou no meu ouvido:— Quer um boa noite cinderela para botar na bebida dele?Eu ri e respondi, também num sussurro:— Tem duração de 48 horas?Recebi um forte abraço dele, que me pôs no chão
O que me passou pela cabeça foi: ele merece que eu entre nesta briga? Vale a pena?— Vó, e sobre o dono na boutique? Ele viu meu vestido? Falou algo a respeito? Certamente ele percebeu minha criação no palco, mesmo que tenha ficado horrível em Cristal, já que não fiz para ela.— Ele não veio, Liah. Sinto muito.Olhei para baixo, decepcionada. Tanto tempo perdido, pregando cada minúscula pedrinha imitando cristal. Horas de sono não dormidas, dor nos olhos, nos dedos, furos na pele por conta da agulha... Para nada. Sequer cheguei a pôr o vestido.Percebi Jadis voltando com uma calça preta justa, brilhosa, e um croped do mesmo tecido. Os cabelos estavam presos e deu tempo até de ela retocar a maquiagem.Chain estava subindo com Rambo de volta. A hora estava chegando e meu coração dava sinais de que não suportaria a ansiedade. Fui
A porra da dor que eu sentia ao vê-lo com ela era estranha e horrível. Ao mesmo tempo que eu era completamente louca por ele, tinha vontade de esfolá-lo vivo.Acho que não havia mais como negar, com todos aqueles sinais dentro de mim: eu estava apaixonada. E não... Jamais senti aquilo antes. Então tudo era novidade, inclusive minha indecisão e insegurança na hora de agir com relação a Chain.Os dois desceram na frente em direção à garagem. Eu seguia arrastando a mala de Drag Queen anos 80 da minha avó, amedrontada do que tinha dentro.Já não havia muitos carros ali. Vi acionar o alarme do Mustang Shelby branco e enquanto analisava cuidadosamente aquela belezinha, minha “colega” tomou o lugar da frente, ao lado do motorista.Não que eu esperava ir à frente, com ele. Mas ela sequer me deu oportunidade. E nem daria. E
Esperei enfurecer Chain de alguma forma, mas não. Recebi o silêncio moral dele e Jadis seguiu a reação do nosso “comprador”.— Vai gostar da experiência — Jadis afirmou, fazendo com que um frio percorresse a minha espinha.— Não vou dizer que fiz sexo a três muitas vezes... Mas tenho certa experiência — Chain se gabou. — Então, como Cristal também já fez, creio que terá bons professores, Liah.Deitei de novo, sentindo uma lágrima escorrer pelo rosto. Tracei meu plano: ele estacionaria o carro e eu sairia correndo e fugiria. Sobre devolver o dinheiro em dobro para ele: eu daria um jeito. Papai proveria... Do céu.Limpei meus olhos com força usando a mão e segui virada de lado oposto para eles. Seguiam conversando e eu tentei fixar minha mente num vestido lindo que eu faria... De noiva. Isso, um vestido de noiva ocuparia minha mente e eu não prestaria atenção no que eles estavam discutindo ali sobre a nossa noite.Ouvi meu nome e fingi estar dormindo. Sequer me prestei a atentar-me ao q