No dia 5, Pedro saiu do trabalho em direção ao parque de Itatiaia, estacionou seu carro e ligou para Lis:
— Boa tarde, mocinha!
— Boa tarde, Pedro! Tudo bem contigo?
— Estou ótimo e você?
— Ansiosa, espero não ouvir que aconteceu um imprevisto em seu trabalho e você não poderá vir.
— Acabei de chegar, vou te esperar no estacionamento do parque.
Pedro ficou encostado no carro esperando por Lis. Não posso negar que ele estava receoso com a possibilidade de uma vingança por parte da moça, porém não demorou muito para uma mulher aparecer. Seus passos iam em direção ao rapaz e seu olhar estava fixo nele. Logo de início, Pedro pensou: “Essa não é a Lis, conversei com ela por horas através de webcam, e a imagem desta moça não parece condizer com a de Lis”.
A parte da tarde, Pedro passou conversando com sua mãe, contando detalhes do que viu e ouviu. Minha tia estava feliz em saber que seu filho havia começado a dar seus segundos passos.O rapaz estava tão feliz, que me ligou e conversamos durante horas. Ele queria me levar no próximo encontro, mas o avisei que não estava preparado para isso. Às seis horas, ligou para Lis para conversarem sobre a manhã vivida, a conversa também foi longa. No amanhecer da segunda-feira, o sol dava indícios de que a temperatura para o dia seria quente. Muitos noticiários comentavam a respeito dos baixos níveis nas represas existentes no país, mesmo nos lugares em que a chuva era constante.Conforme as horas iam passando, a temperatura ficava pior. Tanto, que Pedro não conseguiu almoçar. Depois de nosso horário de almoço, houve uma rápida reunião com o tema demiss&otil
Às nove horas da manhã, um entregador tocou a campainha da casa de Tânia.— Bom dia! A senhora Tânia se encontra? — perguntou o entregador.— Bom dia! Sim sou eu mesma.— Entrega para a senhora.O rapaz entregou a ela um buquê com vinte e quatro rosas vermelhas. Ao abrir o bilhete, a moça ficou sem entender quem havia mandado e qual seria o sentido da citação, pois havia uma curta frase: “gostaria de saber se...”. Ficou morrendo de dúvidas, pois nem Pedro nem Marcos eram de mandar flores.Ao meio-dia, o entregador novamente tocou a campainha da casa de Tânia. Dessa vez, foi atendido pela mãe da moça que, ao entrar em casa, entregou o buquê de rosas brancas para filha. Rapidamente, Tânia pegou o bilhete, a frase era uma continuação: “...iria comigo a um lugar onde...”. Aquelas fra
No horário combinado, Pedro passou na casa de Tânia. A temperatura para o dia prometia. Ao entrar no carro, Pedro observou todos os detalhes no corpo da moça antes de dizer qualquer palavra:–– Bom dia, Pedro!–– Bom dia, Tânia! Me desculpe por ter ligado tão tarde.–– Tudo bem, sempre soube que era meio doidinho — respondeu Tânia aos risos.–– Isso é bom ou é ruim?–– Já que chegamos, na volta te dou a resposta.— Obrigado por não estar chateada comigo.— Esquece isso.Tânia foi apresentada à diretora, a Lis e aos alunos. Os sorrisos nos rostos dos alunos ao conhecerem Tânia foi espetacular. Lis teve a honra de mostrar a Tânia o que ela faria como voluntária. Depois de um tempo tomando conhecimento do que faria, Lis a levou para a aula dada por Pedro.
Pedro perdeu a hora e saiu às pressas para buscar Lis, acabou esquecendo o aparelho celular em casa. Comigo, foram Douglas e Arthur e, no carro de Tânia, foram as irmãs Paula e Pâmela.— Boa noite, galera. Desculpa a demora, é que perdi a hora — comentou Pedro ao chegar com Lis.— Sem problema, sentem-se — pedi.Depois de apresentar pessoa por pessoa, fizemos nossos pedidos e começamos a tentar encontrar um assunto para a ocasião, pois o clima não estava lá essas coisas e ficou visível.— Bem, galera, sei que o clima entre nós está azedo e devo um pedido de desculpas a vocês. Havia me tornado uma pessoa fria, egoísta e irreconhecível até mesmo para a minha própria mãe. Estava desligado do mundo, das pessoas e de mim mesmo. Sabe quando dizem que Deus nos dá uma oportunidade? Fui entender isso quando
Na manhã de segunda-feira, a feição de Pedro não era uma das melhores, mas a vida continuava. Assim que chegamos na empresa, o diretor mandou chamar meu primo. Ele tinha noção do que se tratava, porém não queria acreditar que aquele seria o dia. Havia milhares de detalhes rondando a mente dele. Então ele fez o percurso para chegar na sala do diretor, não havia nada a se fazer a não ser cumprir as ordens:— Bom dia, senhor diretor! Gostaria de falar comigo?— Bom dia, Pedro! Sente–se.— Obrigado!— Presumo que já esteja ciente da situação, seremos obrigados a reduzir os custos e uma parte dos funcionários fazem parte desse corte.— Senhor, e se reduzíssemos os salários dessas pessoas até que as coisas voltem ao normal?— Você verificou o relatório?&md
Durante o coma, muitos dos nossos parentes foram visitá-lo. No terceiro dia, estávamos eu, minha tia e Lis orando no quarto, quando Tânia comentou:— Ele parece tão fraco que não consegue se mexer. Se pudesse passar toda minha energia para ele, passaria com maior prazer.— Sua presença manda forças para ele. Por mais que possa existir um muro entre vocês, sei que sempre estará ao lado dele. Assim como você, ele jamais te deixaria sozinha — disse eu.— Quando crescemos, somos ensinados a acreditar que o mundo é o que é, que a nossa vida é apenas viver dentro desse mundo, mas ele nunca pensou dessa forma. Ele sempre dizia que há mais no mundo do que ele oferece — respondeu Tânia.— O que me impressiona é que vocês se amam desde crianças, e o jeito que ele vinha falando de você nesses último
No dia 8 de novembro, a Bienal chegou ao fim e, no dia 9, Pedro voltou para casa. Chegou durante a madrugada e observou que o lugar estava cheio. Ao amanhecer, alguns dos nossos primos e primas acordaram Pedro, levando para sua cama um saboroso café da manhã.— Bom dia, priminho! Parabéns pra você, nessa data querida, muitas felicidades, muitos anos de vida — felicitou Mariana, ao abraçar o primo.Consecutivamente, os demais primos o abraçaram com solicitações de felicidade, paz, sorte no amor e muitos anos de vida.— Que saudades de vocês — falou Pedro aos primos.— Duvido que esteja com mais saudades de mim do que estou de você — falou Mariana que, desde pequena, era grudadíssima a Pedro.— Chatinha, aposto contigo. Como vocês estão? Conte-me as novidades.— Se você perder, o que gan
Sabíamos que os dias para ele ficariam mais sombrios e penosos, e isso abalou toda a estrutura de nossa família. O corpo de Mariana ainda não havia sido liberado, seria velado em Madureira. Os familiares aguardavam que Pedro acordasse, pois todos estavam cientes que ele se culparia, e a culpa tem a capacidade de enterrar qualquer pessoa, independentemente da sua força. Por esse motivo, e pelo corpo ainda não ter sido liberado, todos decidiram fazer o velório depois de uma longa conversa com o rapaz. As três horas da tarde, Pedro acordou, olhou para os lados, conferindo onde estava, ao se localizar, retirou, do bolso da calça, o bilhete dado por Mariana. Desdobrou com os olhos cheios de lágrimas e notou que era o poema que havia dado a ela para que terminasse.Ser feliz é abrir os olhos e perceber mais um dia.É observar o céu azul, mas também o céu nublado.