>ELIZABETH<
Quando Patrício finalmente me contou a sua história, uma mistura de emoções tomou conta de mim.Eu nunca poderia imaginar o que ele havia passado na infância, o quanto a dor e o trauma haviam marcado a vida dele de uma forma tão profunda.Até aquele momento, eu apenas sabia que ele era um homem fechado, distante, mas nada que explicasse a magnitude do que ele tinha vivido.Ao ouvi-lo falar de Estela, de como ele foi abusado, meu coração ficou apertado. Eu queria gritar, xingar Estela por tudo o que ela fez, mas ao mesmo tempo, uma sensação de impotência me tomou.Como é possível que alguém tão jovem tenha sido privado de uma infância, de uma relação saudável de confiança, de amor? Como ele conseguiu sobreviver a isso?As perguntas invadiram minha mente, mas nenhuma resposta parecia suficiente.Eu queria abraçá-lo naquele momento, oferecer-lhe um consolo, mas também sabia que ele não estava pedindo isso.Ele estava se abrindo de uma ma>ELIZABETHApós nossa conversa, fui para minha casa, e a noite se arrastou lenta e silenciosa. A gente não estava mais ficando tanto tempo juntos. Nós dois precisamos de tempo para processar tudo o que está acontecendo.E talvez essa distância seja uma opção, afinal.Eu tentei processar tudo o que ele tinha me dito, mas era como se uma nuvem de tristeza e empatia estivesse pesando sobre mim.Patrício me confessou o que mais doía nele, ele abriu todas as suas feridas para mim.Ele tinha me dado um vislumbre de sua alma, e eu queria poder fazer mais por ele, aliviar suas dores, mostrar-lhe que ele era capaz de se curar.Mas não havia muito que eu pudesse fazer, além de ser presente e apoiar sua recuperação, por mais difícil que fosse.Meus pensamentos voltaram a Allan, e o que ele havia feito, e eu percebi que havia muito mais coisas acontecendo em nossa vida do que eu poderia controlar.Allan não é um desequilibrado como eu pensei, Estela que é.
>ELIZABETHOs dias seguintes foram pesados.O desaparecimento de Allan estava me consumindo de uma maneira que eu não sabia como lidar. Eu sabia que Patrício estava passando pelo seu próprio turbilhão emocional, lidando com a história dolorosa do seu passado e o desaparecimento repentino de seu filho, mas eu não podia evitar sentir que a situação em que estávamos envolvidos, de alguma forma, havia contribuído para o que aconteceu com Allan.Eu sabia que o meu envolvimento com Patrício tinha criado uma tensão insuportável na vida do filho dele, e agora, com o desaparecimento dele, uma sensação de culpa começou a crescer dentro de mim.Eu queria poder ajudar, eu queria poder ver Patrício bem novamente, e sei que a única forma é encontrar Allan.Será que, se eu tivesse ficado distante de Patrício, as coisas poderiam ter sido diferentes? Será que Allan teria reagido de outra maneira? Talvez, se eu tivesse tomado mais cuidado, se tivesse sido mais sens
>ELIZABETHFiquei com Patrício no escritório, esperando que Allan, de alguma forma, voltasse a se comunicar com ele, mas isso não aconteceu. E, quando mais uma noite chegou, e Allan não havia aparecido em casa, o pânico começou a crescer em mim.Eu sabia que ele estava em algum lugar, mas onde? O que ele estava fazendo? Estava com raiva? Sentia-se traído por nós?Eu me perguntei se ele sentia que nós tínhamos destruído a vida dele. Se o ódio dele por Patrício fosse suficiente para fazer com que ele desaparecesse de vez, eu não saberia o que fazer.A culpa me consumiria mais ainda, mesmo que todos digam que isso não foi minha culpa.Naquela noite, enquanto Patrício tentava contatar Allan por telefone, fiquei sozinha em meu quarto, pensando no que estava acontecendo.E, de repente, a dúvida me atingiu com força total.Será que eu estava sendo egoísta ao continuar com esse relacionamento? Será que minha presença na vida de Patrício só estava torna
>ELIZABETHEu sabia que não deveria me afastar de Patrício, mas o que aconteceria com Allan? Como lidar com isso? As coisas pareciam está cada vez pior, minha mente girava com suposições que eu não sabia como explicar.Tudo parecia tão complicada agora.Bianca, sempre tão prática e Inocência sensata, tentavam me acalmar, me dizendo que era um processo.— É normal que as coisas estejam complicadas agora, Liz. Isso não significa que seja um erro. Mas você precisa se dar tempo para entender o que você quer, o que é melhor para todos.— Isso é verdade Liz, você precisa se acalmar, as coisas vão se encaixar novamente.Essas palavras ecoaram em minha mente durante a noite. Eu realmente precisava entender o que eu queria, e não o que os outros queriam de mim.Mas o que eu devo fazer? Como será daqui pra frente? Devo me afastar de Patrício?Eu não poderia salvar a todos, e estava começando a entender que minha felicidade não poderia depender apenas
PATRÍCIOEu olhava para Liz com uma mistura de impotência e desespero.Os últimos dias haviam sido um turbilhão. Com o desaparecimento de Allan, e eu não fazia ideia de onde ele poderia estar, o que estava fazendo ou se estava bem.As noites sem dormir, tentando contactar meu filho, haviam me deixado em um estado emocional deplorável.Tudo o que eu queria era encontrar Allan e, de alguma forma, consertar as coisas, mas ao mesmo tempo, algo estava se quebrando dentro de mim.E ela... Liz.A mulher que eu mais amava na minha vida, aquela que estava ao meu lado enquanto eu enfrentava a tempestade, agora me olhava com uma expressão que eu não reconhecia. Era como se a distância entre nós tivesse se tornado uma parede intransponível, uma parede que ela parecia ter erguido para se proteger.— Patrício, eu... eu não sei o que pensar. — ela disse, sua voz trêmula e os olhos marejados de lágrimas.Aquelas palavras me cortaram como uma faca. Eu sabia
>PATRÍCIOEu sabia que ela não queria ser, mas eu também sabia que ela estava confusa, e isso estava me consumindo.Eu estava ali, lutando pela nossa relação, tentando encontrar uma maneira de fazer as coisas darem certo, e ela parecia estar se afastando cada vez mais.Eu dei um passo em sua direção, sem saber se deveria ou não tocá-la, mas não conseguia me afastar.— Liz, por favor, não pense assim. Eu te amo. Eu nunca te faria mal, e eu sei que, mesmo com Allan fazendo tudo o que fez, nossa relação é verdadeira. Eu não vou desistir de nós. Ele vai ter que entender.Ela levantou a mão, pedindo silêncio, como se fosse necessário um espaço entre nós. Isso me destruiu ainda mais. — Patrício, você não entende. Eu amo você, mas também preciso de tempo para processar tudo isso. Eu preciso entender o que está acontecendo comigo, o que está acontecendo com a gente. Eu não quero tomar decisões precipitadas, mas eu não posso ignorar o que eu sinto, o medo de qu
>PATRÍCIOEla me olhou por um momento, como se estivesse tentando entender se aquilo era verdade, e, então, suspirou, soltando a tensão que parecia ter se acumulado entre nós. — Obrigada, Patrício. Eu... eu só preciso de tempo.Eu assenti, sentindo um nó se formar na minha garganta.Eu sabia que ela precisava disso, mas, ao mesmo tempo, era como se uma parte de mim estivesse morrendo ao ver a distância crescendo entre nós.Eu queria correr atrás dela, pedir para que ela ficasse, mas sabia que isso não resolveria nada.Eu não podia apressar as coisas, não podia forçar uma decisão que ela não estava pronta para tomar.— Eu espero que você fique bem, Patrício — ela disse, tentando sorrir, mas o sorriso não era completo. — Nós dois precisamos de um pouco de tempo. E me desculpe, não era minha intenção destruir o pouco que restou da sua relação com o AllanEu a observei sair da sala, e eu sabia que, naquele momento, ela estava indo embora, mas não f
FERNANDOEu sabia que Patrício estava sofrendo.Ele estava carregando um peso enorme nos ombros desde o desaparecimento de Allan. Mas o que mais me impressionava era a distância que isso estava criando entre ele e Liz.Eu tinha visto o quanto eles estavam próximos, o quanto havia entre eles, mas agora, com Allan fora de cena, eu via uma fissura crescente na relação.Eles não estavam mais se entendendo, não estavam mais se comunicando da maneira que costumavam. Algo estava errado, muito errado.Eu sabia que o sentimento de culpa e a preocupação de Patrício estavam consumindo ele.Ele passava horas no escritório, vasculhando os documentos e tentando entrar em contato com Allan.Eu ficava observando, de longe, como ele se via cada vez mais perdido, sem saber o que fazer. Algo nele havia mudado.Patrício não era o mesmo homem de antes, e isso me preocupava. Ele parecia estar afundando, cada vez mais.O desespero dele se tornou evidente, e sua obs