- Megan, acorda. Olhe para mim – disse uma voz, mas parecia estar a quilômetros de distância de mim. – Por favor não me deixe. – Aquela era a voz que eu havia ouvido depois do acidente e em meus sonhos. Aquela era a voz de Amélia.
Abri os olhos e vi seu rosto à um palmo do meu.
- O que aconteceu? – perguntei. Amélia sorriu e tocou meus lábios com os dedos gentilmente e eu adormeci.
Não sei quanto tempo se passou, mas quando eu acordei, o céu já estava escuro. Amélia estava fechando as janelas e as cortinas, vestia a mesma roupa de antes, mas agora ela prendera o cabelo em um coque, deixando alguns fios soltos. Ela se virou pra mim no mesmo instante em que eu me sentei no sofá onde estava deitada até então. Antes de dizer qualquer coisa, ela encheu um copo com água e entregou a mim. Esperou que eu bebesse pelo menos metade do copo antes de falar:
- Como você está se sentindo?
- Como se minha cabeça tivesse sido ati
Amélia disse que tinha uma surpresa para mim. O humor dela havia mudado um pouco, para melhor, claro. Ela andou comigo pelos corredores até o dormitório feminino na ala Leste. Como Andrea havia me dito, o segundo andar estava cheio, mas os andares superiores tinham vários quartos vazios, mesmo assim, Amélia me levou até o quarto andar. Ela me mostrou onde era o banheiro, no fim do corredor e depois abriu a porta de número nove. O quarto era grande, parecido com o quarto de Andrea. Mas o papel de parede atrás da cama era diferente, os edredons de cor marfim, as cortinas brancas de fundo e outra sobreposta de um marrom claro que combinava com a escrivaninha e o armário. Meus livros estavam ali, todos os que eu trouxera de casa e mais alguns que não eram meus, todos organizados em ordem alfabética, como se Andrea tivesse ido ali e arrumado ela mesma. Os baús, meu e da minha irmã, estavam ao pé da cama, um ao lado do outro, com aquelas marcas negras dos lados que eu já e
Amélia chegou em silêncio até o quarto andar da torre dos instrutores, na torre Norte. Ela se sentia desesperada, mais do que antes. E tudo era por causa da garota. Amélia estava escondendo muitos segredos dela e isso estava complicando algumas coisas. Amélia entrou em seu apartamento, que era todo o quarto andar da torre. Ela tinha sua própria cozinha, banheiro com hidromassagem, sala com uma enorme televisão de tela plana, três quartos e um closet. Amélia esfregou a nuca com a mão e se dirigiu ao banheiro, mas parou antes de abrir a porta. Uma luz fraca passava por debaixo da porta do banheiro e um cheiro doce vinha lá de dentro. Ela empurrou a porta de leve, a luz se abrindo aos seus pés. - Até que enfim você chegou. – Veio uma voz masculina lá de dentro. Amélia abriu o resto da porta e viu um homem sentado dentro de sua banheira. Havia pétalas de rosas por todo o chão, da porta até a banheira, onde Connor esperava por Amélia. A luz fraca vinha das velas e
Mason saiu da academia, depois de uma hora e meia malhando, tomou banho no vestiário masculino e começou o caminho para seu quarto, ainda com o cabelo úmido. Mason não conseguia organizar seus pensamentos, uma hora pensava em Andrea e em quê ela poderia estar fazendo, depois pensava em Megan e em como ela deveria estar se sentindo com tudo aquilo, na sua mãe, depois de tudo o que ela passou, e então seus pensamentos voltavam para Andrea novamente. Quando Mason entrou no seu quarto, seus olhos foram atraídos para a garota sentada na cama. Andrea estava vestida com um robe de seda branco, seus cabelos estavam soltos, caindo por sobre os ombros. Ela havia caprichado na maquiagem, estava muito bonita e cheirava ao perfume que Mason dera a ela de presente do dia dos namorados. - O que está fazendo aqui? – perguntou Mason com um sorriso enquanto trancava a porta. Andrea sorriu e se levantou da cama. Ela ficou parada onde estava, deixando que Mason viesse até ela.
※※※※16 de novembro.※※※※ Acordei pela manhã com uma dor de cabeça horrível. Por mais que eu tivesse dormido a noite toda sem pesadelos, eu me sentia como se tivesse ficado a noite toda acordada e em pé. Meu corpo doía e eu me sentia exausta. Parte da dor deveria ser por causa da “luta” com Andrea e os bastões que atingiram as minhas pernas. Afastei a coberta para ver minhas pernas e vi um pequeno hematoma onde o bastão de Andrea me atingiu. Sem saber a hora exata, continuei na cama, por pelo menos mais meia hora. Quando finalmente levantei, abri as cortinas, deixando a luz do sol entrar e me arrependendo no mesmo instante. A luz queimou meus olhos e minha visão ficou escura por um segundo, até eu me ajustar a nova luz. Abri a janela e respirei o ar puro da manhã. Do lado de fora da minha janela, vi uns vinte alunos se alongando perto da entrada da floresta. Não reconheci ninguém, exceto o instrutor Prior, parado à frente da turma gritando instruções.
Saímos da sala de Amélia e começamos a andar pelos corredores. - É sempre calmo por aqui? – perguntei, curtindo o silêncio que nos rodeava. - Nem sempre. Já tivemos muitos ataques de vampiros e de outros lobisomens, principalmente durante a noite, eles aproveitam que estamos dormindo e atacam, mas nem sempre eles têm sucesso – disse ela, com os olhos vagos e um meio sorriso no rosto. – Às vezes eles se esquecem de que lado deveriam lutar. Parei de andar por um segundo, sem entender de quem ela estava falando. - Está se referindo aos vampiros ou aos lobisomens? - Aos lobisomens. Alguns grupos nos atacaram no ano passado. Devia ter uns cinquenta deles, mas nossos Guardiões e instrutores cuidaram bem deles. E claro os nossos lobisomens lutaram contra eles também, mesmo não gostando de lutar contra seus semelhantes. - E como a luta acabou? – quis saber, erguendo as sobrancelhas. - Com todos eles mortos, claro. - Mas achei q
Amélia esperou até Megan sair do quarto para falar com Ally. - Podemos esperar Mason voltar da cidade e eu posso pedir para ele te curar – começou Amélia. – Você é prima dele, ele não pode dizer não. - Mas você sabe que ele vai dizer. Por mais que sejamos uma família, ele não gosta muito de mim. Ele diz que eu me pareço muito com o tio Michael – disse Ally. Sua voz começou a ficar mais calma, o que não era um bom sinal. - Você tem os olhos dele – sussurrou Amélia. Os sinais vitais de Ally estavam bons, seu coração estava batendo meio devagar, mas isso não era tão preocupante, pelo menos não ainda. - Meu pai sempre diz isso. - Seu pai invejava tanto os olhos do irmão dele, que a única filha dele nasceu com esses lindos olhos castanhos dourados. As pálpebras de Ally começaram a ficar pesadas. - Isso chega a ser irônico – sussurrou ela. - O que querida? - Em um mês eu iria finalmente acabar meu treinamento
Ouvimos os gritos de Amélia vindos do quarto e todos corremos para ver o que tinha acontecido. O cheiro de sangue fresco invadiu meus sentidos e eu fiquei lá, parada na porta igual da primeira vez. Fiquei enjoada por causa do cheiro forte de sangue e ao mesmo tempo fiquei hipnotizada. Eu parei de ouvir as vozes e fiquei ali parada vendo o sangue pingar dos dedos de Ally e cair no chão, como se estivesse em câmera lenta. O som constante que eu ouvia bater era do meu próprio coração. A máquina ao lado da cama de Ally parou de registrar os batimentos cardíacos dela por que ela não tinha mais batimento nenhum. Eu vi Mariyah tentar de tudo para trazê-la de volta, mas ela morreu por que teve uma hemorragia interna. Uma linha fina de sangue corria dos lábios dela e seus olhos estavam arregalados, como se ela estivesse com medo da morte, mesmo sabendo que iria morrer. Era tão estranho estar ali. Ally, a sobrinha de Amélia que eu acabara de conhecer morreu nos
O elevador parou no terceiro andar, mostrando um corredor curto com no máximo dez portas e o instrutor Jackson Prior parado bem na minha frente. Ele ficou um segundo parado, meio que sem saber se entrava ou se dava meia volta. No fim ele entrou e guardou o celular que estava em sua mão. - O que faz na ala dos instrutores? – perguntou ele, mas sem olhar pra mim. - Estava com Mason fazendo companhia à Amélia – respondi apenas, olhando seu reflexo nas paredes do elevador. Ele simplesmente balançou a cabeça. Era a primeira vez que ele falava comigo depois de me tirar da floresta na primeira noite. Eu não sabia direito o que falar com ele então só esperei o elevador nos levar ao térreo. Ele acenou para que eu saísse primeiro. Saí de elevador, indo para o corredor que me levaria para o dormitório feminino, mas parei para olhá-lo. Ele estava tomando outro caminho, oposto ao meu. - Instrutor Prior – eu o chamei. Ele parou no corredor à alguns metros d