06 de novembro.
Tia Stella me acordou cedo no domingo e pediu que eu me arrumasse, dizendo que iriamos à igreja. Como uma boa sobrinha (e única), eu vesti meu melhor vestido, passei um pouco de rímel nos cílios, calcei um par de sapatilhas que a tempos eu não usava e saí com ela em seu carro.
No caminho, finalmente, percebi que pela primeira vez parecíamos uma família normal. Conversamos sobre o trabalho dela, a escola, Sarah e eu até mencionei Mason em nossa conversa. Mas chegamos na igreja antes de podermos nos aprofundar no assunto.
Ainda havia pessoas chegando com seus carros caros no estacionamento, algumas pessoas da escola passavam por nós e acenavam, do mesmo jeito os colegas de trabalho de Stella.
- Por que quis vir hoje a igreja? - perguntei a ela enquanto saíamos do carro.
- Não sei. Acho que foi Deus que colocou essa vontade no meu coração de estar na casa dele.
- E quando foi que você se tornou tão religio
“Eu a vi. Tenho certeza que era ela. Estava do lado daquela humana desprezível que a tirou da igreja. A tirou de perto de mim. Pelo menos pude vê-la. Infelizmente tenho que admitir que ela tem os olhos da mãe, negros como a noite, diferente dos olhos da irmã, que são mais amendoados.” “Megan não deve se lembrar de mim. Ela era muito pequena desde a última vez que nos vimos. E por culpa de Mary, não tivemos mais oportunidades de nos ver.” Mas ali, naquela igreja, onde tudo aconteceu, Mason e Jason estão sentados ao lado de Amélia e ela sabe exatamente o que eles estão pensando. Estranhamente não é Mason que está pensando no pai, mas Jason. Ele olha cada pilar da igreja e tenta imaginar tudo pegando fogo. “Agradeço ao Michael por tudo o que ele fez por mim. Se não fosse por ele, eu não teria visto Megan hoje. Nem teria alguém para ver se não fosse ele.” Os pensamentos de todos na igreja começam a invadir a mente de Amélia. Ela
“Isso não devia estar acontecendo. Eles não deveriam ter voltado. Por que voltaram? Não vão tirar ela de mim como tentaram tirar dos pais dela antes. Não vou deixar isso acontecer.” “Megan é minha única família e eu sou a única família que ela tem. Tenho que protegê-la a todo custo.” Stella não conseguia pensar em outra coisa. Ela estava com medo de perder a única família que ela tinha. E com mais medo ainda de Megan descobrir a verdade sobre o mundo em que viviam. Ela havia feito de tudo para proteger sua sobrinha durante os cinco anos que foi a guardiã dela. Nenhum monstro a encontrou e ela pode ter uma vida normal, humana, com outros humanos, sem nada de sobrenatural para estragar a inocência dela. Mas a presença de Amélia na cidade colocava Megan em perigo. Stella sabia que o perigo seguia os Collins onde quer que iam. “Como eu pude me distrair e deixar isso acontecer? Estávamos tão bem. Megan parecia
Tia Stella ficou em silêncio por todo o caminho até nossa casa, percebi que ela estava nervosa, mas eu não sabia o que falar além de perguntar o por que ela tinha saído da igreja daquele modo e me levado consigo. Quando eu perguntei ela me mandou calar a boca, então resolvi fazer isso antes que minha tia me empurrasse para fora do carro em movimento. Tive medo da reação dela, confesso. Aquela foi a primeira vez que eu vi minha tia daquele jeito. Quase descontrolada, mas sã o suficiente para chegar em casa sem bater em um poste. - Preciso que faça algo pra mim, Megan - disse ela quando eu estava prestes a sair do carro. Fiquei feliz de ela estar falando comigo em seu tom normal. - Pode falar. - Eu quero que entre na casa, vá até o seu quarto e pegue suas coisas. Dinheiro, documentos, algumas roupas, fotos, se quiser, mas seja rápida - disse ela saindo do carro e batendo a porta. Segui ela até a porta da casa com o cenho franzido, sem entender nada do q
Entrei no carro e dei a partida. Saí com o carro da garagem sem problemas e comecei o caminho até o cemitério. O percurso durou apenas quinze minutos e tive que esperar Mason por mais oito minutos. Fiquei andando de um lado para o outro do lado do carro até ele chegar, cada minuto pareceram horas de espera. Eu temia que minha tia chegasse mais cedo do que o previsto e pegasse a casa vazia, sem minhas coisas no armário. Ela com certeza surtaria e viria atrás de mim. Mas ela não sabia onde eu estava, ou seja, ela iria até a casa da Sarah para ver se ela sabia onde eu estava. Ela iria atrás de mim por que não poderia me deixar pra trás. A fuga repentina da cidade era por minha causa. Por que alguém queria me tirar dela. Por alguma razão, Mason e a família dele estavam no meio dessa história. Minha tia conhecia ele e a mãe dele. Finalmente o carro de Mason apareceu no estacionamento do cemitério. Ele parou o carro do lado do meu e quando saiu do carro, veio para
Mason falou tão sério, sem desviar os olhos nem aparentar nervosismo, que eu não tinha outra opção a não ser acreditar nele e absorver todas as informações. Mas nada parecia certo. Minha mãe nunca me contara que tinha uma irmã. Adotiva ou não. Se isso era mesmo verdade, minha mãe tinha escondido isso de mim e da minha irmã. Esse tipo de coisa não se faz. Você não pode simplesmente esconder sua família, suas origens.- Por que ela nunca me disse que tinha uma irmã?- Acredite, Mary tinha seus motivos para fazer isso. Ela tinha que proteger você e sua irmã. Ainda tem muitas coisas que você não sabe, mas não cabe a mim contar. Se quiser eu posso te falar o que você quiser, responder as suas perguntas, se as respostas estiverem no meu alcance, claro.Em minha cabeça eu comecei a montar o quebra cab
“Finalmente, Megan sabe a verdade. Eu não queria ter contado a ela, era para a minha mãe ter feito isso. Tenho certeza de que ela vai brigar comigo quando souber, e eu não posso esconder dela que já contei para Megan, só a metade de toda a história, mas ainda assim, muita coisa. Megan ainda deve estar processando tudo o que eu contei a ela. Deve ser difícil para ela estar no meio disso tudo. No momento, Megan é como o centro do universo, e tudo está girando em torno dela agora.” Mason começou a subir a rua que levava a casa dos seus avós. Seus pensamentos iam e vinham. Ele estava preocupado com Megan, ela reagira tão bem à tudo o que ele contou que nem parecia que estava ouvindo. “Megan é uma garota forte, determinada, sabe o que quer. Sei que ela vai acabar escolhendo o certo por vontade própria. Minha mãe não é o tipo de pessoa que obriga as outras pessoas a fazerem o que ela quer. Minha mãe acredita no livre arbítrio. E ela nunca iria tirar i
Mason e Jason se entreolharam.- O que aconteceu aqui? - perguntou Jason ao irmão. - Eu estava no jardim atrás da casa quando ouvi os gritos.- Amélia e Miranda estavam brigando novamente. Vovó disse algo que não deveria e a nossa mãe surtou.Jason passou as mãos no rosto.- Você também ouviu os pedidos de socorro?Mason encarou seu irmão.- Achei que tinha sido só eu - comentou ele.- O que foi aquilo? Nunca vi nossa mãe fazer algo assim. Era como se ela estivesse empurrando os pensamentos de Miranda para fora da cabeça dela. Acho que Dominic ouviu também.- Mamãe sempre disse que os poderes dela estavam ficando mais fortes, mas eu não achava que seria tanto assim.- Você viu o rosto dela? - perguntou Jason com a expressão assustada no rosto. - Era como se tivessem colocado um demônio dentro
Depois de sair do cemitério, fui para casa da tia Stella onde eu planejava falar com ela e perguntar se tudo o que eu tinha conversado com Mason (depois de prometer a ela que ficaria longe dele) era verdade. Parte de mim queria que tudo o que eu soube naquela tarde fosse verdade. Eu não entendi o porquê desse sentimento, mas eu o tinha. Acho que por ter perdido toda a minha família, o que eu mais queria no momento era saber que eu não estava sozinha e que eu tinha com quem contar. Mason me fez acreditar nele e eu esperava que ele estivesse dizendo a verdade, pois se estivesse mentindo pra mim, além de ser um bom mentiroso, eu iria me vingar. Quando cheguei em casa, ela ainda estava vazia e não havia sinal de que minha tia tinha voltado enquanto eu estive fora. Meu celular vibrou no meu bolso e eu o peguei. Era uma mensagem de Stella. “Estou na casa da Jocelynn, os documentos ficam prontos daqui a duas horas, não saia de casa.” Mandei apenas um “Okay”