Hardin Holloway – Fala! Diz como você soube. – Eu... É... – Juan estava com as mãos presas ao peito, como se alguém as tivesse colado ali. Ele tinha os olhos mais arregalados que eu já vi. Eu estava começando a enlouquecer. Do que ele estava falando? Ele não esperava que eu soubesse sobre o bebê? Era obvio que a Maila tinha aquilo planejado o tempo inteiro, e só eu não vi. – Maila está grávida de você! – Heric gritou. – Como assim?– Fala baixo, porra! – Gritei. Heric colocou as mãos no topo da cabeça, ele deu um único giro, como se estivesse tão desesperado quanto eu. – Pensei que você odiasse aquela mulher. Você traiu a Livy? Foi por isso que ela te largou? – Eu não trai! – Afirmei. – Ela sabia. – Sabia? Ela concordou? Como? O que... – Claro que não, idiota. Eu dormi com aquela Imbecil antes de voltar com a Livy. Ela sabia. Alias, me impediu de cometer uma loucura no mesmo dia... – Loucura foi o que você fez dormindo com ela. Aonde estava com a cabeça? – Eu não estava com
Livy Clarke – O que achou? – Olhei para o meu melhor amigo. Juan parecia distante. Seu olhar perdido, não parecia se encontrar em lugar nenhum. Eu voltei a me encarar no espelho, colocando as mãos na cintura. Eu me virei para um lado, depois para o outro. Meu sorriso ainda parecia morto, quase apagado. Eu me esforçava para manter algum resquício de bom humor nos lábios rosados. – Está tão ruim assim? – O que? – Juan perguntou. Ele parecia finalmente sair do transe em que se enfiou. Eu o encarei. Estava tão preocupada com o meu amigo. Eu sabia que me sentia morta por dentro, mas e quanto a ele? Juan não me deu um dos seus sorrisos bem humorados desde que entrou por aquela porta. – Está tudo bem? – Sim. Sim, está tudo ótimo. Eu ainda estava olhando para ele. Não importava o quanto negasse, aquele tom era de lamento. Quase um pesar. Um luto. – Eu sei que você não está bem. – Andei na direção dele. Segurei as mãos que sempre estavam tão geladas. Ele finalmente olhou para mim. – O
Hardin HollowayApertei o laço da gravata borboleta como se ele fosse a forca presa no meu pescoço. Eu estava disperso, inquieto. Eu não conseguia parar de olhar para a maldita porta. A festa estava tranquila. A música sofisticada de jazz que tocava ao fundo, só funcionava como uma perdição. A minha mente ficava voltando para a Livy, vez ou outra. Ela simplesmente fugia de mim. Eu não podia sequer pensar nela. Eu não tinha mais o direito. Mesmo assim, não conseguia parar de olhar para aquela porta. Eu não conseguia deixar de me perguntar se ela finalmente sairia de casa. Os convidados chegavam, sentando cada um em suas mesas. Heric trouxe uma bebida, e eu a peguei, entornando tudo de uma vez. Ele me olhou como se o ato fosse um erro. Eu sabia que ele estava arrependido por ter trazido álcool. Eu era como um corpo em chamas, e o whisky foi o combustível perfeito. – Você não parece bem. Eu esfreguei o meu rosto. Meus olhos ainda se grudaram na porta. Era uma merda que eu não consegui
Livy Clarke. Eu parei logo a baixo de um arvore linda, de tons amarelados. O teste de gravidez ainda estava escondido dentro da minha bolsa. Quando Hardin parou na minha frente, eu olhei para ele como a pessoa que eu amaria para sempre. Eu não sabia se conseguiria perdoar algum dia. Tudo que eu passei por causa dele, não havia como simplesmente esquecer. Mesmo assim, isso não impedia de que sentisse palpitações no peito. De alguma forma, aquela sensação de vazio se foi, e agora, eu queria melhorar. Eu estava tão cansada de ser dilacerada, humilhada, e usada de tantas formas. Eu estava exausta de todas as manipulações, e de ser o fantoche da família Holloway. Aquilo nunca mais aconteceria. Eu estava olhando, de certa forma, com expectativas altas. Hardin, no entanto, parecia muito serio e frio. Nenhum único sorriso. Cinco minutos em que estávamos olhando um para o outro, mas, nenhuma palavra deixava nós dois. Eu queria começar. Eu queria explicar que nó o perdoaria. Eu queria dize
Hardin Holloway. Quase meia hora depois, eu consegui me recuperar. Parei de chorar, sequei o meu rosto, e exibi a minha fachada de homem forte. O presidente estava quase chegando a recepção, e eu, como uma das maiores indústrias, tinha muito a dizer. Andei em direção ao salão, procurando por qualquer pista do que foi feito de Livy Clarke. Eu não a vi inicialmente. Aquilo causava uma lacuna dentro de mim. Eu esta a claramente sofrendo. Tinha uma dor intensa no meu peito que ardia, e não parava nunca. Era isso, eu tinha que aprender a conviver. Eu merecia. Mas então, eu a vi. Eu a vi ali, sorrindo. Ela parecia feliz. Foi como se, o que eu contei não fizesse efeito algum sobre ela. Talvez o Juan tivesse razão. Talvez eu tenha alcançado o nível crítico, e agora, eu havia me tornado irrelevante. Eu me sentei e passei a observar. A vontade de fumar estava me corroendo. Eu estava me matando aos poucos, internamente, ao pensar tantas teorias. Ao me torturar com cada uma das possibilidades..
Livy Clarke Maila estava sorrindo gentilmente, e eu retribui o gesto da mesma maneira falsa que ela fazia. Eu estava sozinha ali, enquanto ela estava acompanhada pelo meu ex funcionário traidor. Um dia eu ainda colocaria os dois na cadeia, como fiz com o Daren, mas tudo chegaria no momento certo. Hardin não era o único a guardar segredos. Eu me sentia tão sombria por dentro agora. Eu não sabia, mas estava me tornando uma mulher vingativa, rancorosa, e capaz de odiar tão intensamente... Eu ainda precisava me lembrar a casa segundo de que não deveria tocar na barriga escondida por baixo do vestido, mas ver Maila exibindo a sua de uma forma tão orgulhosa, não estava me ajudando a manter algum foco. – Então, você já soube da novidade, querida? – Novidade? Que você está grávida? – Eu sorri. – Nem dá para notar essa sua barriga chegando duas horas antes de você. Eliot riu alto, fazendo com que Maila o encarasse com ódio. – Esta dizendo que eu estou gorda. – Não. Claro que não. Eu nun
Hardin Holloway Minha alma esperava por ela. Eu estava sentado em uma cadeira desconfortável, e não conseguia sentir absolutamente nada além da minha consciência, implorando por só mais uma noite. Só por ela voltar para mim. Para ficar comigo. Para que não me desprezasse. Mas os sons daquela ultrassonografia estavam tirando a concentração da minha cabeça. Eu queria voltar para dentro do meu cérebro, só para não ter que aceitar a realidade do que estava acontecendo fora desse hospital. Maila se revirou na cama. Isso podia parecer algum tipo de pesadelo, e eu precisava acordar. Eu estava totalmente anestesiado. Não queria acreditar que passaria pela mesma dor, outra vez. E novamente, eu não sabia se aquele bebê era meu. Eu teria que segurar outra criança, e chorar por ela? Descobrir que o bebê era do meu pai, não fez doer menos. Não que o senhor Holloway tenha sido pai de qualquer espécie, mas eu ainda me sentia como o irmão do bebê. Uma angústia começava a tomar conta de mim, assim
MailaEu era amarga, e sabia bem disso. Eu olhei para o homem sentado na minha frente, e não tive coragem de revelar a verdade. Como eu diria para ele que tentei me livrar de um problema duas vezes? Era claro que aquele remédio não mataria o meu bebê, mas ele seria capaz de me matar. E sim, eu queria morrer. Ru precisava. Eu sentia que estava preso em uma gaiola, assim como um pássaro, que ao se iludir com o que via, se deixou aprisionar. Eu me sentia uma tola. Burra! Eu nunca fui viciada. Estar drogada não era para mim. Eu me sentia bem antes. Eu era feliz quando estava pobre. Maldito dia em que conheci o Eliot. Eu o amava, e sempre que pensava nele, sentia o meu coração doer intensamente. Eu sempre o amaria, e sempre faria qualquer coisa por ele. Por isso. Por isso eu queria me livrar desse sentimento, mas a única forma de parar de sentir, seria fazendo o meu coração parar de bater. Era doloroso admitir algo assim, mas não passava da pura e simples realidade. Nós estávamos sentad