Um sorriso puxa meus lábios.— A ocasião faz o ladrão, Lucas. A isca será lançada. Se o pai dela for um homem íntegro, ele não cairá. Mas, se for como penso, ele nos roubará... e cairá direto nas nossas mãos.Lucas passa a mão no cabelo, tentando processar.— Tudo bem, que ele nos roube. E depois? O que vai fazer? Kate vai pagar pelos erros do pai?Meu tom endurece, mas mantenho a calma.— Não. Mas ela ficará em nossas mãos, ou melhor, nas de Daniel. Você sabe, logo ele estará dirigindo o cassino de Miami.— Antony, Daniel nunca vai aceitar isso!— Ele não saberá, Lucas. Para ele, o pai dela apenas nos roubou. E, confie em mim, ele não hesitará em usar essa situação ao seu favor. Quando ele voltar de Las Vegas, o cenário já estará armado.Lucas me encara, imóvel. O silêncio cresce entre nós, pesado, enquanto ele digere as implicações.— Isso é diabólico, Antony — murmura, finalmente.Dou de ombros, respirando fundo.— Estou usando as armas que temos. Se o pai dela for alguém decente,
Assinto com firmeza, encarando-o nos olhos.— Sim, Daniel. Você terá sua garota de volta. Eu garanto. E você contará comigo para isso.Por um instante, vejo um brilho nos olhos dele, mas é substituído pela sombra da desconfiança.— Como? Posso saber? O que vocês vão fazer? Raptá-la, como Lucas fez com a esposa? Ou obrigá-la a se casar comigo com uma arma apontada na cabeça, como Vincent fez com Renata?Sinto o sangue subir ao rosto. Maldito Lucas e sua boca grande! Respiro fundo, controlando a irritação.— Não. Nada disso. — Minha voz sai mais firme do que eu esperava. — Vamos te dar algo muito mais poderoso: tempo. Um tempo para você reconquistá-la, do seu jeito.— Por que não agora? — ele me corta, a angústia transbordando na voz.Se ao menos ele soubesse o quanto é crucial dar esse intervalo para que meu plano se desenrole. Respondo com calma, mas com firmeza:— Daniel, precisamos de você agora. Não é o momento certo.Ele ofega, a frustração evidente. Volta a encarar a janela, os o
KateDifícil acreditar que tanto tempo se passou, eu penso tristemente olhando meu filho no meu colo. Meu bebezinho de dois meses abre a boquinha com um bocejo. Eu dou um sorriso entre lágrimas.Nesse tempo, tantas lutas enfrentei... A maior delas foi a decepção com Daniel, depois a ira de meu pai com a notícia que eu estava grávida. Então seu mal humor e seus olhos de ranço quando via minha barriga, cada vez mais, crescer.Dou um beijo em sua cabecinha e o coloco no berço com um sorriso entre lágrimas. Ele é muito pequeno para dizer com quem ele se parece. Mas eu consigo ver Daniel no rostinho dele.Olhei a confusão que está meu quarto. Muita coisa ainda para guardar. E não é só meu quarto que está assim. As nossas coisas ainda estão espalhadas pela nova casa. Segundo papai, os negócios com as vendas dos carros estão indo muito bem.Comecei a arrumar minhas coisas, sem ter forças para afastar meus pensamentos de Daniel.Deus! Como eu pensava nele. E agora que Michael nasceu, muito ma
Eu que guardava os papéis numa pasta, paro e olho para ela:—Não entendi.—Essa regra não existe. Lucas, por exemplo, quando ele era solteiro.....— Olha, eu gosto de uma garota. Então, toda a minha energia agora é trabalhar para encontrá-la quando eu for para Miami.Ela ri.—Deus! Você fica se guardando para uma mulher que nessa altura do campeonato está com outro homem.Ela corta a energia calma do escritório. Num movimento rápido eu chego até ela e a pego pelo braço, enfurecido a lanço contra a parede. Minha mão aperta em torno de seu braço. Meu rosto está contorcido de raiva. Ergo minha mão que chega até seu pescoço. A respiração se apressa a sair dos meus pulmões.— Você perdeu o juízo? Aqui eu sou um cara fazendo o que deve ser feito. Cala a sua boca! Daqui por diante você falará comigo apenas o estritamente necessário.Eu a solto, ofegante. De repente, me torno consciente de quão perto eu cheguei em estrangular seu pescoço. Saio do escritório.—Pai! Quanto é esse valor que o se
Pare! Eu me repreendo. A escolha que ele fez, não foi a acertada. Ele poderia estar comigo agora e poderíamos estar lutando juntos.Vem aquela vozinha dizendo: Com o emprego de Daniel? Vendo ele arrebentar a cara para pagar as contas?Deus! Eu estou tão confusa....Tiro minha roupa vagarosamente e me dou o luxo de ficar de molho na minha provisória, linda, nova e incrível banheira até a minha pele ficar enrugada.Amanhã eu vou procurar Antony Mancini. Conversarei com ele. Explicarei minha situação. Preciso me humilhar, dizer que meu pai sustenta uma mãe solteira. Que nossa casa é alugada, que nosso carro é velho, que ele relevasse a burrada que meu pai fez e desse trabalho a ele, de preferência meio período, pois meu pai precisa do seu emprego para pagar nossas contas. Nem que for de faxineiro, meu pai trabalharia no Cassino.Limpei as lágrimas dos olhos.Deus! Isso é sonhar muito?Começo a ficar nostálgica. A me lembrar dos meus dias sem preocupações, onde a minha única preocupação e
Avisto um homem muito bem vestido sorrindo, se gabando por ter ganhado na roleta. Desvio meus olhos, incomodada com a cena. Por todos os lados jogadores. É deprimente vendo o dinheiro sendo perdido, esbanjado. Os que perdem é bem maior do que os que ganham, com certeza. O Cassino vive da má sorte de todos. Deus! Agora estou aqui, dentro desse enorme Cassino não como jogadora, mas não deixo de estar fazendo uma jogada que mudará minha vida. Pois se meu pai for preso, a luta que eu enfrentarei será muito grande.Olho ao redor e vejo um homem de terno negro perto do lugar que se compra fichas. Pela postura dele, parece ser um segurança.—Olá, eu gostaria de falar com Antony Mancini.Ele olhou meu vestido simples, que não se compara a nenhum usado pelas mulheres frequentadoras do Cassino. Foi aí que vi um homem sair de trás de um biombo.—Pois não senhorita?—Eu gostaria de falar com Antony Mancini.—Quem deseja?— Diz que é a respeito de Andrew Johnson, meu nome é Kate Johnson.Ele faz
Fico surpresa com a revelação.—Bem, então quer dizer que aqui é o local de "trabalho deles"? —Faço as aspas imaginárias novamente com os dedos.—Exatamente.—Rose. Se importa se mudarmos de assunto?—Pode deixar e eu estou indo agora.Eu a abracei.—Claro. Obrigada por tudo.Ela assente.—Se você precisar de qualquer coisa, só chamar.—Obrigada.—Mas pense no que eu te disse.—O que foi mesmo?—Arrume alguém para trazê-la até em casa. Para inibir de eles tentarem algo com você.—Deus! Mais isso agora!Quando Rose foi embora, terminei de colocar as coisas no lugar. Nó não temos muitas coisas. Com essa mudança, deixei muito supérfluo para trás.Finalmente me deito cansada na minha cama. Pego no sono logo. Um barulho irritante começa a perturbar meu sono, cada vez mais alto. Invadindo meu subconsciente. Desperto tentando entender o que está acontecendo. Identifico batidas na parede e a voz de uma mulher gritando:VAI!VAI!"VAI GOSTOSÃO!ISSO! ISSO! HUMMMMMMMMMMMMM!Oh!Oh!Oh!VAI TIGRÃO
—E seu celular?—Vendi para pagar as contas.Minutos depois sou atendida por Lucy Campbel e marco de falar com Mancini amanhã esse horário.Pronto! Seja o que Deus quiser.Quando desligo o telefone, Rose me convida para almoçar com eles. Eu aceito com alegria e vou até a cozinha ajudá-la a preparar o almoço, enquanto isso eu conto a ela o que aconteceu, a forma que fui assediada por um cara mal encarado e o escape que encontrei para fugir do assédio desse idiota.Rose ri.—Deus! Eu ia sugerir isso, mas como você morre de raiva de Daniel...Eu a encaro com os lábios apertados.—Não morro de raiva dele. Eu sinto tudo agora, menos raiva dele.—Deus! Então mudou?Ela inclinou a cabeça para o lado, olhando meu rosto como se estivesse tentando descobrir alguma coisa. Eu estou muito ocupada tentando controlar as minhas emoções quando digo:—Não. Acho que ele errou, mas acho também que ele estava cansado dessa vida, que não teve um pai e nem uma mãe para aconselhá-lo. Tenho passado tantas lut