O Impostor

Naquela manhã, Júlia chegou a mansão Kensington ao mesmo tempo que Isadora e Gusman, os pais adotivos de Ricardo.

— Bom dia meu amor.- Isadora, uma mulher elegante e altiva, foi ao seu encontro.

— Bom dia tia Isa. Como está o tio?

— Ele está bem, os enfermeiros o levaram para o quarto, mas não conseguimos nenhuma melhora com o tratamento, infelizmente.

— Tia, eu sinto muito! - Júlia a abraçou com seu jeito carinhoso.

— Eu sei minha querida, é difícil para todos nós. Mas e seus pais? Estao bem?

— Estão sim. - A voz da garota não era tão animadora quanto de costume.

— Então por que sinto uma certa tristeza em você? Aliás. Onde está Ricardo? Pensei que estivesse aqui para nos receber.

— Eu não sei. Liguei para ele mais cedo, mas caiu na caixa postal.

— Então, é esse o motivo dessa tristeza em seu olhar?

— Não tia, deve ser o cansaço. Sabe como é na faculdade, a cada semestre eles exigem mais dedicação.

— Sei sim. Vem, vamos entrar, lá dentro conversaremos mais a vontade.

💞

Enquanto isso, do ourtro lado da cidade Rodrigo se encontrava com Coiote e Chacal

— Trouxe nossa grana? - Chacal perguntou com um olhar ameaçador

— Trouxe o que consegui, aqui tem dois mil euros, era tudo que ele tinha disponivel para saque.

— Você está nos enrolando, isso só pode ser brincadeira.

— Claro que não, seu idiota.

— Qual é Camaleão? A gente sabe que você está ostentando com a grana do advogado. - Coiote mostra para Rodrigo algumas fotos dele em festas e eventos.

— O cara recebe esse tipo de convite o tempo todo, ele não paga nada, apenas posta nas redes sociais, vocês não entendem. Isso foi tudo que consegui, eu preciso de mais tempo.

— Olha aqui cara, a policia está na na nossa cola, se você não der a nossa grana, vai cair todo mundo, inclusive você. - Chacal parte para cima dele, o encarando fixamente nos olhos.

— Calma aí, cara.

— Se liga camaleão a gente não está de brincadeira aqui, se você não der a grana que falta, a gente vai acabar com toda essa merda de uma vez.

— Coiote, você me conhece, sabe que o plano é bom, só precisa ser paciente.

Coiote e Chacal se olham por um tempo, analizando a situação.

— Você tem dois dias, irmão. A gente vai dar um jeito por aqui, mas se você falhar, a gente vai até aquela mansão, e levamos o advogado conosco.- Coiote disse decidido.

— A familia vai adorar saber que o herdeiro querido foi trocado por um Impostor. - a gargalhada de Chacal é assustadora.

— Chega de ameaças , eu vou trazer os três mil.

— Três não, quatro. O tempo está passando meu querido.

Rodrigo estava em uma situação complicada a ameaça era real, e ele precisava dar um jeito naqueles dois o quanto antes, ou colocariam todo o seu plano a perder.

💞

Na mansão Kensington, Júlia deixava o quarto do tio, desesperançosa.

— Eu sinto tanto a falta dele.- Comentou com Isadora que estava sentada na sala de estar.

— Minha pequena, vem deitesse aqui. - Júlia se deitou no sofá e descansou a cabeça no colo da tia, que afagava seus longos cabelos loiros. — se lembra daquela vez que ele comprou aquele castelo cheio de bolinhas?

— Era um pula-pula, e ele achou, que mesmo sendo um adulto, daria certo brincar comigo e o Ricardo lá dentro, destruindo todo o castelo.- ela sorriu.

— E quando viajamos para Paris, e ele fez aquelas fotos hilárias nos pontos turísticos.

— O tio era um homem incrivel, é tão dificil vê-lo assim.

— Seu tio era um homem forte, alegre, cheio de vida. Me apaixonei por ele, exatamente por me fazer sorrir, mesmo em meio as adversidades da vida.

Neste instante Rodrigo chegou a mansão, ele passava distraidamente pela sala de estar, seguindo para a escada que levava ao primeiro andar, onde ficavam os quartos, quando ouviu a voz de Isadora.

— Meu filho. - a alma de Rodrigo gelou, ele fechou os olhos por um segundo e cerrou as sobrancelhas, se virando devagar.

— Isadora. - disse sorrindo.

— Isadora? Desde quando deixei de ser sua mãe? - ela seguiu em sua direção a fim de abraça-lo, mas Rodrigo se esquivou por um segundo, deixando-a ainda mais intrigada.

— Você esta bem?

— Desculpe mãe, aabei de sair de uma reunião bem difícil, com alguns clientes.

— Não deixe que o trabalho roubar sua paz.

— Claro que não, e o papai?

— No quarto, deve estar dormindo. Infelizmente, não conseguimos nenhuma melhora com o tratamento.

— Eu sinto muito mãe. Vou me trocar e irei vê-lo.

Júlia então se aproxima o olhando sem jeito.

— Bom dia, Ricardo.

— Bom dia Júlia. Tão cedo por aqui?

— Ricardo. Que pergunta é essa? Júlia sempre toma café conosco. Você está bem estranho essa manhã. - isadora concluiu sorrindo. Deixando-os a sós.

— Podemos conversar no seu quarto?- Júlia propôs timidamente.

— Júlia, eu estou sem tempo agora, tenho um monte de coisa para resolver.

— Por favor Ricardo, a gente já adiou isso tempo demais.

— Está bem, mas tente ser breve. - Rodrigo bufou, revirando os olhos.

"Meu filho, está tão diferente, certamente há algo de muito errado acontecendo com ele. Ricardo é doce, alegre, se parece com Gusman. Espero que não esteja tendo problemas com Júlia, faltam dois meses para o casamento, será pela questão do filho?" - Isadora pensava enquanto os via subir a escada.

Rodrigo abriu a porta do quarto dando espaço para que Júlia entrasse.

— Fala, o que de tão urgente você precisa me dizer.

— Eu quero saber o que esta acontecendo com você? está distante, frio.

— Essas queixas de novo Júlia? Eu já lhe disse, não tem nada acontecendo. Eu só quero me focar mais no trabalho. - ele tirou o palitó e a gravata e jogou sobre a cama, dobrando os punhos da camisa.

— Focar no trabalho? Você não vai ao escritório a dias, só vive metido em festas. Esse não é você. - a afirmação prendeu a atenção de Rodrigo.

— Como assim? - ele a mirou.

— Sei lá, você mudou depois do acidente, parece outra pessoa. - ela disse caminhando de um lado para o outro do quarto, ansiosa.

— Isso é coisa da sua cabeça. Eu apenas descobri que a vida pode se acabar com um sobro, e que há coisas mais importantes lá fora.

— Mais importante que eu? - Júlia parou diante dele impaciente.

— Não foi isso que quiz dizer.

— Mas foi o que pareceu. Nós estamos juntos a dez anos, faltam dois meses para o nosso casamento e tudo que você tem feito é me ignorar nos últimos dias.

— Tudo bem, me desculpe. O que quer que eu diga?- ele a segurou pelo braços a olhando fixamente nos olhos.

— Eu quero saber se ainda vamos nos casar ou se você se cansou de mim.

Aquela era uma decisão importante para Rodrigo. Ele não conhecia a cláusula imposta por Gusman, mas manter os planos de Ricardo, era essencial para o sucesso do seu plano, porém, Júlia lhe assustava, seus sentimentos intensos eram desafiadores, ele conseguiria manter seu disfarce diante dela? Ou ao primeiro beijo ela descobriria que ele era na verdade Um Impostor?

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