Durante 10 anos , 23 dias e 17 horas eu dei a você exatamente tudo de mim. Eu cresci sonhando, planejando e desejando fazer de você o homem mais feliz do mundo. Eu me agarrei a cada uma de suas promessas e acreditei em cada uma delas com todo meu coração e a cada nova descoberta sobre você sinto como se estivesse em queda livre.
Eu jamais imaginei que minha vida chegaria a esse ponto, onde tudo se perdesse entre nós por causa de uma m*****a herança. Eu sou uma folha atirada ao vento, sem destino certo, sem esperança, sem você e entre o amor e a mais pura ganância, em meu ventre cresce um filho. Ele poderia ser seu, o único homem que amei em toda a minha vida. Mas não meu querido, não. Eu estou Grávida de um Impostor." Júlia Lancaster 💞 Em alta velocidade, o carro avançava pela estrada que serpenteava entre a floresta de araucárias da cidade de Riverton. Dentro dele, Ricardo Kensington, um promissor advogado e único herdeiro de uma familia bilionária, acelerava de forma inconsciente, perdido entre seus pensamentos carregados de mágoa e raiva. Cego diante das curvas sinuosas à sua frente. "È uma cláusula absurda, depois de tudo que fiz por essa familia, ele me exigir um filho, para ter acesso aquilo que já é meu? Meu pai está perdendo a sanidade, como ele ousa fazer isso depois de toda minha dedicação?" Ao seu lado, sobre o banco do carona, seu celular tocava insistente o deixando ainda mais irritado.. Ele o segura em suas mãos e identificando o emissor da chamada o deixa de lado novamente. "Eu não sou uma criança. O que eles pensam? Que podem manipular ou decidir meu destino? Meu pai tera que mudar essa imposição, eu não aceitarei esse abuso." Sua mente fervilhava diante da situação, foi então, que seu veículo inesperadamente perdeu o controle, ele tentou controlar o volante, mas era tarde demais. Seu carro rodou na pista algumas vezes e chocou-se brutalmente contra uma àrvore. A cena era aterrorizante, o veículo estava totalmente destruído e em seu interior Ricardo agonizava. 💞 Rodrigo Andrade, mais conhecido como Camaleão, estava em um bar se divertindo com seus amigos, quando seu celular tocou: — Fala, Coiote. O que você manda parceiro? — Tu não vais acreditar, maluco. A gente está na estrada de Riverton, aconteceu um acidente de carro, um negócio horroroso, mas não te liguei por isso não irmão. — Me ligou por que então? - Rodrigo perguntou intrigado. — Liguei para ter certeza que não era você naquele carro. — Do que você está falando? Já sei, você está de zoeira com minha cara, poxa Coiote!- Rodrigo disse, achando ser uma brincadeira o amigo. — Não Camaleão, é sério. O cara que está no veículo é igual a você, tu tens que vir pra cá agora. — Qual é Coiote, eu sou macaco velho, você não vai me tirar da minha paz. Ganhei aquela rifa da morena, sabe como é, uma pegada firme sempre resolve tudo. Chega aí, vamos jogar uma sinuca. — Irmão, você não está entendendo, a coisa aqui está feia. Não acredito que ele vá sobreviver até a chegada da ambulância, vou lhe mandar uma foto. Ao abrir a imagem Rodrigo se sentou junto a uma das mesas do bar, completamente em choque, ele viu seu reflexo em uma das garrafas sobre a mesa e não podia acreditar, a semelhança entre eles era algo inacreditável. — Coiote. estou indo agora. - ele subiu em sua moto e arrancou, cantando pneu. Enquanto isso no local do acidente, Coiote com a ajuda de Chacal, seu comparsa, eles retiraram Ricardo de dentro do veículo, e o deitaram no acostamento, ele respirava com um pouco de dificuldade e seu pulso estava fraco. — Ele precisa chegar rápido, esse cara não vai durar muito tempo. - Chacal comentou, balançando a cabeça negativamente. — O pior é que daqui a pouco, esse lugar vai estar cheio de curiosos. - Coiote disse, olhando a via a sua frente. Não demorou muito para ouvirem a moto de Rodrigo se aproximando, e o amigo foi ao seu encontro. — Onde ele está? — Calma, o cara está muito mal, vai precisar tomar um folego antes de vê-lo. — Qual é Coiote você me conhece , que merda você está falando? — Só lhe avisando, o cara está péssimo. Ao vêr Chacal, Rodrigo apressou os passos até o local onde Ricardo estava, ao encontrá-lo sentiu o impacto do destino, uma leve tontura e seu estômago se revirou, fazendo-o vomitar. — Que merda é essa? - ele perguntou, indignado com a situação. — Eu avisei. - Coiote retrucou. — Quem é esse cara?- ele perguntou não tendo coragem de olhar para Ricardo novamente. — Não sei mano, a gente retirou ele do carro, para que pudesse respirar e quem sabe... Rodrigo foi até o veículo e vasculhando tudo por ali, encontrou a carteira de Ricardo. — Um advogado. - murmurou para si mesmo. Ainda buscando informações encontrou algumas fotos no porta luva, que despertaram sua curiosidade. — Então você é um playboyzinho. Porra tu és rico pra caramba! Olha essa mansão. É isso irmão, você deu sorte na vida, enquanto eu, cresci na miséria, vivendo de pequenos golpes, sendo explorado por aquela família de merda que o orfanato me arrumou. —Tudo bem aí, Camaleão? - O amigo perguntou. — Eu tenho uma ótima ideia, e vocês dois irão me ajudar com isso. - ele disse sorrindo se afastando do carro e indo de encontro aos amigos. — Qual foi? Você sabe que não podemos nos meter em encrencas, a polícia está de olho na gente. - Chacal disse, cruzando os braços. — O plano é o seguinte... A ganância de Rodrigo era desmedida e mesmo depois de anos sem ver o irmão, aquele momento trágico havia se tornando a oportunidade perfeita para que ele finalmente pudesse viver a vida que sempre sonhou. A fortuna de Ricardo era tudo que ele precisava, sua vida pregressa era testemunha da sua falta de caráter e ele seria capaz de tudo para conseguir aquilo que considerava ser uma justiça divina. "Você já teve a sua chance, agora é a minha vez. Obrigado irmãozinho." Ele disse com frieza, olhando para Ricardo desacordado e um sorriso cínico brotou em seu rosto.Em posse da identidade de Ricardo, Rodrigo se atentou ao que deveria ser feito para que seu plano desse certo. — O que faremos com ele? - Chacal perguntou. Neste momento Ricardo abre os olhos, a claridade o fez fazer careta e a dor de imediato o fez gemer. — Ricardo? Você está bem? - Rodrigo se ajoelhou ao seu lado. — Quem é você?- ele sussurrou, a voz fraca, quase inaudível. — Não se mexa, você está muito ferido. — O que aconteceu? Como eu vim parar aqui? — Você não se lembra de nada? - Rodrigo se deu conta de que seu plano, não estava totalmente perdido. — Um acidente de carro, se lembra aonde estava indo? Sabe que dia é hoje? — Desculpe, eu não me lembro de nada. — Fique calmo, não se preocupe. Vamos levá-lo para o hospital.- Rodrigo fez um sinal para que Chacal ficasse com Ricardo e outro para que Coiote o acompanhasse. — O que vamos fazer? - Coiote perguntou. — Preste atenção, vocês dois irão levá-lo para Graystone, eu tenho um amigo de longa data que trabalha
Naquela manhã, Júlia chegou a mansão Kensington ao mesmo tempo que Isadora e Gusman, os pais adotivos de Ricardo.— Bom dia meu amor.- Isadora, uma mulher elegante e altiva, foi ao seu encontro.— Bom dia tia Isa. Como está o tio?— Ele está bem, os enfermeiros o levaram para o quarto, mas não conseguimos nenhuma melhora com o tratamento, infelizmente.— Tia, eu sinto muito! - Júlia a abraçou com seu jeito carinhoso.— Eu sei minha querida, é difícil para todos nós. Mas e seus pais? Estao bem?— Estão sim. - A voz da garota não era tão animadora quanto de costume.— Então por que sinto uma certa tristeza em você? Aliás. Onde está Ricardo? Pensei que estivesse aqui para nos receber.— Eu não sei. Liguei para ele mais cedo, mas caiu na caixa postal.— Então, é esse o motivo dessa tristeza em seu olhar?— Não tia, deve ser o cansaço. Sabe como é na faculdade, a cada semestre eles exigem mais dedicação.— Sei sim. Vem, vamos entrar, lá dentro conversaremos mais a vontade. 💞
A medida que o sol começava a se pôr no horizonte, a marcha nupcial tomou conta dos jardins da mansão dos Kensigton. As árvores ao redor do jardim lançavam sombras longas e delicadas no gramado impecavelmente cortado, e a brisa fresca do final de tarde movimentava levemente as pétalas de flores que enfeitavam o caminho da noiva. As cadeiras dos convidados dispostas em fileiras, estavam enfeitadas de flores brancas e verdes, contrastando com o ambiente natural. No centro do jardim, um arco floral, coberto de rosas, lírios e hera servia de altar, em seu centro um tronco de árvore esculpido delicadamente na forma de um pedestal. Atrás deles, a mansão imponente se ergue, sua fachada refletindo os últimos raios do sol. A sua frente, Rodrigo vestindo um terno branco, sentia suas mãos suarem frias, ao seu lado, Isadora sorria um sorriso pequeno, emocionada pelo momento. — Queria tanto que seu pai estivesse aqui.- Ela disse lamentosa, enquanto Rodrigo ansiava por escapar dali o q
Rodrigo estava confuso. Gusman não havia dito nada sobre a herança e agora ele estava desembarcando no aeroporto internacional de Salvador na Bahia, para sua Lua de Mel com Júlia, Uma viagem longa, onde um turbilhão de ideias o deixava atordoado.— Vem, amor. O que foi? Você não está feliz?— Júlia, a gente acabou de chegar, vamos com calma.— Eu estou louca para ir a praia e comer o tal Acarajé.— Eu sei, mas vamos descansar um pouco, antes de sairmos por ai.— Tá, e o que você quer fazer? — A gente pode tomar um banho, pedir um lanche e assistir um filme, mais tarde a gente sai.Tudo bem?— Não vai ter sol, que graça tem a praia a noite?— Amanhã saimos cedo para a praia, eu estou mesmo muito cansado hoje.— Está bem,. Eu vou ligar para minha mãe, se você quizer ligar para o restaurante do hotel, eu estou faminta.— Ok. Júlia lhe deu um selinho repentino que Rodrigo não conseguiu desviar, ela estava cada vez mais próxima dele , como se ganhasse espaço entre ele e seu objetivo.
Júlia estava empolgadíssima com o passeio pela cidade de Salvador, tudo a encantava, as comidas, as praias, a cultura tão diferentes da dela, seu passeio ao pelourinho foi marcante, ela estava impressionada com a cidade.— Vamos Ricardo, quero ver tudo. - ela o puxava pela mão enquanto ele revirava os olhos.— Não sei por que toda essa animação, esse calor está me matando.— Quer tomar uma agua de coco?— Por favor, ou vou acabar desidratando e morrendo. — Exagerado. - ela sorriu.— Não é exagero, deve estar fazendo uns 80º na sombra. Eles continuaram se divertindo enquanto do outro lado da cidade o verdadeiro Ricardo estava a espera de uma oportunidade.💞— Senhor Ricardo, espero que não se importe, a casa é simples, mas é limpinha. O Senhor pode ficar o tempo que precisar.— Obrigado Lurdes, você e Tiago, tem me ajudado muito. Não me esquecerei de vocês, quando recuperar tudo que aquele Impostor me roubou.— Não se preocupe com isso agora, o Senhor ainda precisa de cuidado
Júlia e Rodrigo chegam a mansão. Isadora estava desolada, o luto a consumia e ela não queria aceitar, que Gusman tinha descansado.— Isso tudo é tão injusto, estávamos tendo uma conversa, eles estavam feliz pela decisão que tomou, foi estranho como se aquilo fosse a única coisa que o prendesse aqui. - ela desabafou, sentanda em sua cama, enquando ele segurava sua mão.— Mãe, eu entendo que esteja sofrendo, mas tente ficar calma ou a senhora vai acabar passando mal.— Onde está Júlia?- Isadora olhou por cima dos ombros de Rodrigo buscando pela garota.— Está na sala, algumas pessoas já chegaram para o velório, ela está cuidando das coisas por lá.— A Júlia é uma garota muito boa Ricardo, pobrezinha sempre foi muito apegada a Gusman. Mesmo sem saber a verdade e quando descobriu, não teve tempo de conversar com ele como gostaria.— É uma situação muito difícil para todos nós. - ele lamentou, com um tom de pesar em sua voz.— Eu queria lhe dizer uma coisa.- Isadora respirou fundo como se