CoraSinto que Antônio está estranho comigo, como se estivesse pisando em ovos desde que Jessica foi presa. Eu vi notícias por toda parte. Minha irmã, ao se ver encurralada resolveu entregar um monte de gente. O que era para ser um escândalo se tornou um bomba. Várias pessoas famosas sendo investigadas, pessoas sendo presas. E eu só podia sentir alívio por essas pessoas finalmente estarem pagando. Sei que não são os únicos no mundo a agirem como monstros, mas já ajuda. Muitos inocentes agradecem.Hoje, alguns dias depois da prisão de Jessica, Willow me convidou para ver um filme com ela em sua casa. Segundo ela, quer se acostumar com meu rosto. Soube que ela quase foi vítima da minha irmã quando estava grávida. Horrível sequer de se pensar.Vejo a forma como Willow me olha. Toda vez que a vejo tenho vontade de me desculpar pela minha cara.― Veremos algum filme específico? ― perguntei depois de nos sentarmos com taças de vinho que ela serviu.― Se quiser, por mim pode ser o que estive
CoraForam os piores e mais longos minutos da minha vida. Aqueles dois me violaram de todas as formas. Chegou a certo momento que eu nem lutava mais, só rezava para acabar logo. Se não fosse pedir demais, rezava para que fosse apenas um pesadelo.Meu corpo e minha mente entrou em colapso e desmaiei.Acordei com Jessica dizendo que me deixaria na sala e fingiria que nada aconteceu.Eles haviam colocado a roupa em meu corpo e devem ter me limpado. Malditos! Só podem estar loucos se acham que vão me fazer acreditar que não fui estuprada quando meu corpo está dolorido e não consigo apagar as imagens terríveis.Enquanto eles estavam falando, aproveitei e corri de volta para a escola. Tentei me esconder no banheiro ao ver que não surgia uma alma para me salvar.Cadê os seguranças desse lugar? E os professores que ficam após a aula? Não é possível que justo hoje resolveram sumir.Entrei no banheiro correndo. Porém alguém havia derramado algo. Escorreguei e fui com tudo no chão.― O que acont
CoraMe sinto tão suja, impotente, tão irada.Vejo nos olhos de Antônio que ele está preocupado, mas não consigo fazer nada para resolver isso. Faz uma semana desde que recordei aquele maldito episódio e não consigo me reencontrar. Meu demônio loiro passa mais tempo em casa que fora. Acho que ele tem medo que eu cometa alguma loucura. Caos também não sai de perto de mim. Ele sente o quanto estou triste.Nesses dias Antônio dormiu comigo, mas não tentou nada. Tenho certeza que ele teme me trazer lembranças. Ele passou por isso mais que eu e ainda mais jovem e agora está aqui me confortando. Quando finalmente entendi isso, tomei uma decisão.Era manhã, e ele estava na cozinha com seu físico invejável desnudo, só um moletom o cobria da cintura para baixo.― Bom dia! ― o cumprimentei.― Bom dia! Parece mais disposta hoje ― comentou reparando que troquei o pijama por um vestido preto na altura dos joelhos.― Eu vou a um lugar.― Onde?― Vou onde ela está presa. Preciso colocar um ponto fi
CoraMeses depois.Quando eu poderia imaginar que me casaria com o homem que me torturou?Nós dois passamos por coisas que nos marcaram, fisicamente e em nossas almas. Somos pedaços que se unem de dois corações e se torna um só, pedaços de duas almas se tornando uma inteira. Nos completamos ao ponto de transbordar.Graças aos céus, meus pais estão felizes ― na medida do possível ― com a nova vida. Renovamos o contrato de aluguel do meu apartamento e eles se instalaram, com minhas coisas mesmo. Faz tanto tempo que vivem viajando e estavam morando com Jessica quando paravam um pouco, então não tinham nada. Como decidi ficar em São Paulo. Eles estão trabalhando no meu antigo consultório, como assistente da minha antiga assistente.Bruna já estava caminhando para nos tronarmos sócias, agora tem a clínica só para si. Já meus pais, além de trabalhar com ela, estão fazendo voluntariado em orfanatos de Belo Horizonte, tentando assim recuperar a confiança de amigos e parentes que abandonaram d
AntônioUma das noivas caiu no chão. Causando distração o suficiente para que os dois fossem pegos por Raul e seu namorado, que avançaram no tempo certo.Foram desarmados e retirados do local.Pelo menos um precisava estar vivo, já que isso era um claro sinal de guerra. Os Pereira foram longe demais há tempos. Essa foi só a gota d’água que fizeram questão de despejar.Cora ainda olhava para mim. As lágrimas não desmanchavam sua maquiagem. A mágica da indústria da beleza.Os amigos dela deviam estar apavorados com a situação. Por um pequeno instante olhei para os lados e vi que o lugar ainda estava cheio de convidados, todos sentados.Isso é ser um Rodrigues até um fim. Todos ali estavam dispostos a morrer por nossas família, exceto os amigos e parentes de Cora, claro. Os meus protegiam a família e sabiam avaliar um perigo. Eu não precisava analisar o cenário para perceber que as crianças foram protegidas nesses poucos instantes e os adultos estavam prontos para a batalha.Tudo isso eu
Antônio― Querem saber o sexo? ― a médica perguntou, passando o aparelho na barriga de Cora.― Queremos ― respondi.Eu estava presente em todas as consultas de Cora. Queria saber de cada detalhe da sua gravidez, até os mais perturbadores. Meu pai, parto é uma coisa assustadora demais em alguns momentos!― Preferem menino ou menina?― O que vier ― Cora respondeu olhando a imagem na tela. E eu olhava para ela. Estava cada dia mais apaixonado por essa mulher. Nosso passado turbulento estava finalmente enterrado, junto com Jessica.A médica sorriu.― E que tal um menino e uma menina?― Gêmeos? ― não faço ideia da expressão na minha cara, mas a médica achou engraçado.― Sim, papai. Prepara o coração para os dois anjinhos que estão chegando.Apertei a mão de Cora.― Obrigada por isso meu amor. Te agradeço por quase me matar de felicidade todos os dias. ― Dane-se a minha reputação, eu estava chorando e não segurei.― Faço com prazer ― ela brincou, rindo também.Depois que saímos do hospital,
AntônioNo dia seguinte ao em que levamos Sandra para casa, tomamos café da manhã os três e decidimos procurar uma casa maior. Levei as duas para o orfanato, já que nossa pequena queria ir e era um ótimo lugar para ela passar o tempo enquanto os pais trabalham.Deixei elas lá e fui procurar dicas de casa com Alexandre na empresa, onde faz séculos que mal apareço. Essa fachada de CEO é fraca quando não se age como um, mas foram tantas coisas acontecendo recentemente que não tive cabeça para fazer o papel.Alexandre estava reunido com sua esposa e nossos irmãos.Ele havia marcado uma reunião sobre o que faríamos com os Pereira. Marcar na empresa era uma ótima estratégia para nossa fachada.No fim ficou decidido que pegaríamos Cameron, o segurança particular do velho Pereira. Sem planos de tortura, só queríamos saber o que os miseráveis pretendem antes de agir, e todos já conhecem o “problema” do rapaz; ele não consegue mentir, nem que sua vida esteja em risco. Amanda não é a única com u
AntônioTrês anos depois.Em nenhum dia da minha vida sequer imaginei essa rotina, esposa, filhos, amor, carinho, cachorros.Muito menos a parte em que a ensino a ser como eu. Depois de muito pensar, ela aos poucos acabou envolvida com nosso trabalho.Cora está na minha frente, segurando uma arma com silenciador. Nossos filhos estão na mansão, onde mais parece uma creche com todos os novos Rodrigues fazendo de lá um ponto de encontro.― Pronta para o seu primeiro alvo? ― perguntei.― Nervosa e pronta.Ele era um ser envolvido com vários membros de gangues e que traficava pessoas para venda de órgãos humanos para o mercado negro. Por ser quem é, um tiro no meio da testa seria mais que suficiente. A culpa se voltariam para os que andam com ele. O otário foi idiota o bastante para traficar a pessoa errada quando se trata de esconder os rastros. O imbecil pegou a cunhada de uma das atrizes brasileiras mais famosas da atualidade. Ela não queria o nome envolvido em escândalo, mas fazia ques