Willow“Você vai tirar esse feto.”“Não me dê ideias.”“Você não vai embora assim depois de aparecer dizendo estar grávida.”Cada palavra que saia da boca desse homem me deixava um pouco mais apavorada. Me lembrei dos seguranças na boate, de como pareciam assustadores. Isso me fez pensar no quão fácil seria para ele desaparecer comigo e com meu bebê.Por que eu vim aqui? Posso ter nos sentenciado a morte.Todo trabalho que tive para entrar nessa empresa e agora só quero sair. Eu faria o que ele quisesse, sumiria, assinaria qualquer papel se nos deixasse em paz.Ele riu quando pedi que não me matasse. Mas se pensa que isso me tranquilizou, se engana.Ele disse que me procuraria quando decidisse o que faria comigo, depois disse que não era um assassino.A única palavra que ficou na minha cabeça foi assassino.Sai da empresa quase correndo, olhando para trás e para os lados. Todos pareciam me olhar pelo caminho.Por fim, cheguei em casa e me joguei na cama. Mas me levantei. Não seria fic
AlexandreEm menos de vinte e quatro horas tive mais informações sobre Willow do que gostaria de saber.Recebo a ligação e meu primo descreve:― A moça tem vinte e dois anos. O pai é desconhecido e a mãe morreu há poucos anos. Vive em um quarto de pensão no Brás e está desempregada. Sua profissão é como professora, mas hoje fez uma entrevista de emprego para trabalhar com atendimento de telemarketing. ― Ele fala pausadamente e sem parar. Se eu quiser mais detalhes de algo o costume é perguntar depois. ― Como se trata de um golpe de gravidez, fui atrás de confirmar. Está grávida de menos de um mês. Ao que tudo indica, caso não seja do senhor, pode ser de um tal de Ricardo, um pai de uma aluna com o qual ela teve um relacionamento mesmo ele sendo casado. Ainda não tenho detalhes do relacionamento ou quanto tempo durou. É isso por enquanto. Continuo investigando?― Não precisa, primo. É o bastante. Obrigado.Uma amante? Se essa garota estiver me empurrando o filho de um homem casado, eu
WillowMenti que o filho era de Ricardo. É melhor evitar problemas. Nem a tentação de uma casa só minha e uma pensão me fez voltar atrás. Esse homem falou em aborto mais de uma vez. Ele não quer ser pai, só quer seguir a lei ou talvez só queira a chance de me ludibriar para conseguir um aborto. Nenhuma das opções me agrada.O que me agradou é saber que tenho um emprego garantido. Vou esperar a resposta da entrevista de telemarketing, se for positiva nem piso mais naquela empresa, se for negativa fico lá até me resolver.Foi o que fiz; esperei. Mais dois dias após a data combinada e nada de resposta nem mesmo para dizer que não passei.Eu me inscrevi em mais de trinta vagas e nenhuma me deu uma resposta positiva. Antes de perder o emprego garantido como faxineira, me armei de coragem e fui até a empresa de Alexandre.Por sorte não o vi. A mulher que ele me pediu para procurar me deixou na mão de outras três que me ensinaram basicamente como funciona o trabalho.No dia seguinte, eu come
RicardoDias atrás― Fala alguma coisa, Karina ― imploro quando chegamos em casa depois do escândalo que ela fez na porta da pensão onde Willow mora. O caminho todo foi um silêncio total.― Não quero que durma na mesma cama que eu. ― Ela finalmente fala.― Eu não vou entrar nessa, Karina. Não vou dormir no sofá. ― De jeito nenhum.― Pode ficar com o quarto, se quiser. Nesse caso, Larissa e eu vamos para a casa da minha mãe.Minha vontade é de mandar tudo para o inferno e correr atrás de Willow. Mas sei que vou acabar sem nenhuma. Além do mais posso perder minha filha e isso não admito. Tudo seria tão fácil se Willow não tivesse aparecido na escola.― Vamos conversar. É assim que se resolve as coisas.― Conversar sobre o que, Ricardo? Sobre você estar tão insatisfeito com nosso casamento a ponto de ter uma amante que nem transa contigo? ― Ela está com o rosto inchado de chorar.― Se ela não transava comigo, nem pode ser considerado uma traição. ― Tento usar essa merda a meu favor.― É
AlexandreNão vou na empresa há dias. E ainda não resolvemos o caso do imbecil que escapou. Ele anda com mais seguranças do que podemos contar. E agora André me conta que a polícia está de olho nele por causa da suspeita de homicídio. Suspeita que temos certeza. Os clientes estão ansiosos. Cada dia com notícias desse homem na mídia mais perdem credibilidade. E nós também. Inferno!― Calma, Grande Irmão! ― André não parece preocupado. ― Agora que o implacável Senhor Silêncio vai entrar na jogada é só relaxar. Haverá um clima gostoso de suicídio em breve.― Assim espero. Esse impasse já chegou ao conhecimento do nosso pai. ― Estou irritado por meu pai perguntar se preciso de ajuda. Porra! É a primeira vez que algo assim acontece. Mereço um crédito por anos impecáveis a frente da família.― Ele sabe da sua competência, irmão. ― Amanda comenta.Sabe. Ele quer me testar. Está sempre me testando. Só que me sinto incompetente pelo erro de um subordinado meu. E ainda tive que lidar com a famí
WillowConsegui um trabalho de todos os currículos que enviei. É bem legal. Eu atendo clientes de um aplicativo de vendas por telefone. São só quatro horas e o dinheiro extra vai ajudar na mudança. É um pouco cansativo trabalhar em dois, mas nem tanto porque não preciso sair. É no meu quarto, com um notebook que a empresa forneceu.Agora estou bem mais tranquila. Ainda mais depois que algo estranho começou a me perturbar na empresa de Alexandre.Começou de um dia para o outro. Os irmãos de Alexandre estão me encarando. Mal disfarçam. Eu não estou doida.O mais descarado é o tal de André. Ele agora me acha onde estiver para desejar bom dia ou boa tarde e perguntar como estou. Já chegou até a me convidar para almoçar com ele. Claro que inventei uma desculpa nas duas vezes em que convidou. Queria saber se tem vaga de trabalho na polícia, porque ele parece ter muito tempo livre. Pela arma e distintivo que carrega, aposto que está matando trabalho. Ele é muito descarado. Já o vi comendo um
Amanda― Willow? ― a chamo ao ver que está saindo para almoçar na cantina. Já havia percebido que é uma mulher linda e especial. Nem mesmo o coque e o uniforme escondem sua beleza.― Sim. Posso ajudar? ― se vira respondendo. Não preciso nem de dom para sentir sua fome. Seu estômago roncou alto.― Lembra-se de mim? Sou Amanda, irmã do seu chefe. Vamos conversar um pouquinho. Pago seu almoço.Ela parece assustada. Às vezes queria que o meu dom estranho fosse de ouvir pensamentos, assim saberia mais corretamente o que se passa na cabeça das pessoas.Ela me segue até o restaurante mais próximo e se senta na minha frente. Algumas pessoas nos olham por ela ser a única destoando com seu uniforme onde só entram pessoas com roupa de grife.A mulher do meu irmão fica um pouco incomodada com os olhares, mas não diz nada. Pegamos o cardápio e vejo seu susto ao analisar os valores dos pratos.― Pode escolher o que quiser. O restaurante é de um primo nosso. Os Rodrigues não pagam nada aqui ― aviso
AlexandreNão consigo parar de pensar no que Amanda disse. Ela está mais que certa. Eu quero muito foder Willow mais uma vez. Toda vez que a vejo me recordo das minhas mãos em seu corpo, seu beijo. Willow é gostosa demais e eu preciso estar dentro dela mais uma vez.E precisa ser hoje.Pego o telefone e disco o ramal da minha secretária.― Diga a Fernandes para subir até a minha sala e limpar algo que derramou. ― Nem me dou ao trabalho de especificar o que é.― Sim senhor.Espero. Em poucos minutos, ela bate na porta.― Com licença. Vim limpar, conforme solicitou ― informa ainda da porta.― Pode entrar.Entre, pequena Will. Você é minha prisioneira e só sairá daqui depois de tirar de mim toda essa loucura.Ela entra na sala segurando um balde pequeno que contém líquido e um pano. Estou tão maluco que vejo seu uniforme como uma fantasia sexual. A calça azul e a blusa de botões não teria nada de sensual se estivesse em outro corpo.― Onde quer que eu limpe? ― pergunta evitando meus olho