Capítulo 60: A inocência de uma criançaThomazDesde que cheguei ao palácio, tudo parecia um sonho. As paredes douradas, as cortinas pesadas de veludo, o cheiro suave de flores frescas que preenchia o ar — tudo era tão diferente do que estava acostumado na vida antiga no orfanato. Mas nada chamou mais minha atenção do que ela, a menina de longos cabelos negros, olhos castanhos profundos e um nariz empinado que a fazia parecer uma princesa saída de um conto de fadas. Ela se chamava Catarine.Toda vez que eu a via, meu coração acelerava. Ela era linda, mas não era só isso. Havia algo nela que me lembrava Júlia, a mulher que secretamente desejava poder chamar de mãe. Era estranho, quase como se uma parte de mim soubesse que havia algo mais profundo ligando todos nós.Eu queria tanto me aproximar de Catarine, tentar ser amigo dela, mas ela sempre parecia distante, alheia ao meu esforço. A inveja ardia no meu peito quando a via ao lado de Júlia, mesmo que essa proximidade fosse rara. Não e
Capítulo 61: A vida como ela é JúliaEra madrugada, e o silêncio no palácio era quase absoluto, exceto pelo som suave dos meus passos enquanto descia até a cozinha. O sono não vinha, e a confusão de sentimentos que me atormentava não me dava paz. Encontrei Marco sentado à mesa, com uma xícara de café nas mãos e os olhos perdidos no vazio.— Não consegui dormir — ele disse, sem me olhar diretamente.— Eu também não — respondi, sentando-me à sua frente. — Como vai, Marco? Como está... sua nova vida?Ele suspirou, e por um momento, o semblante dele se suavizou, como se estivesse tentando encontrar as palavras certas.— Está tudo bem, Júlia. Laura é uma boa mulher. E... estou tentando encontrar meu lugar aqui.Havia um peso em suas palavras, algo não dito, mas muito sentido. Marco carregava consigo, um segredo que compartilhávamos, mas que nunca falamos abertamente. Era um fardo que ambos suportávamos, cada um à sua maneira.— Fico feliz por você, Marco. De verdade — sorri, tentando tran
Capítulo 62: Sempre no controle HassanA manhã estava clara e fresca em Palermo, mas o brilho do sol não fazia jus à escuridão das operações que eu tinha em mente. Sentado na sala de controle, rodeado pelos meus homens de confiança, observava o mapa detalhado da cidade e seus arredores. Estávamos prontos para dar início a uma nova operação, algo que traria ainda mais poder para nossa organização.— Certifiquem-se de que cada detalhe esteja revisado — ordenei, minha voz cortando o ar com firmeza. — Não há margem para erros desta vez.Os homens assentiram, rapidamente verificando novamente os planos, os contatos e as rotas de fuga. Cada operação era como uma orquestra complexa, onde cada instrumento precisava tocar sua nota com precisão cirúrgica.Enquanto analisava o plano, notei a ausência de uma peça-chave: Mateus. Ele sempre esteve ao meu lado nas operações mais delicadas, mas desta vez, ele estava ausente. Decidiu tirar um tempo para viajar com Helena, como se uma segunda lua de m
Capítulo 63: Adaptação JúliaQuando a festa terminou, fui levada por Hassan para um dos quartos reservados no mesmo palácio. O ambiente estava iluminado suavemente por luzes douradas que emanavam dos candelabros, criando uma atmosfera íntima e acolhedora. O quarto era luxuoso, decorado com móveis antigos, e a cama, coberta por lençóis de seda, parecia convidativa e sedutora.Desde que me casei com Hassan, nossas noites de intimidade eram uma mistura de domínio e paixão, e eu sempre sentia que ele estava determinado a reforçar a conexão entre nós, não apenas como marido e esposa, mas como rei e rainha de um império que poucos entendiam.Hassan entrou logo depois de mim, fechando a porta atrás de si. Seus olhos estavam fixos em mim, com uma intensidade que me fazia sentir despida mesmo antes de qualquer peça de roupa cair. Ele se aproximou lentamente, cada passo uma declaração silenciosa de posse e desejo.— Você estava maravilhosa esta noite, minha rainha — ele disse, com aquela voz r
Capítulo 64: Viajando com os filhos JúliaViajar para o Brasil pela primeira vez foi uma experiência intrigante. Nunca imaginei que estaria explorando um país tão distante das minhas origens. Eu, Catarine, Thomaz e Marco estávamos prontos para descobrir um novo mundo juntos. A sensação era de excitação misturada com uma leve apreensão. O Brasil era um território desconhecido, cheio de promessas e mistérios.Nossa primeira parada foi São Paulo, a metrópole vibrante e caótica. Havia ouvido tanto sobre essa cidade: o trânsito intenso, a diversidade cultural, a arquitetura imponente. Mas nada poderia ter me preparado para a realidade. As luzes da cidade pareciam se estender infinitamente, e cada esquina oferecia uma nova surpresa. Caminhar pela Avenida Paulista, entre arranha-céus e pessoas apressadas, me fez perceber o quanto o mundo é vasto e cheio de histórias.Catarine, sempre curiosa, absorvia tudo como uma esponja. Ela ficava encantada com os artistas de rua, as vitrines das lojas
Capítulo 65: A desconfiança MarcoMeses haviam se passado desde que Laura e eu nos mudamos para o palácio de Hassan. Era um lugar impressionante, um verdadeiro símbolo de poder e luxo, mas quanto mais tempo passávamos aqui, mais sentia que algo estava mudando entre nós. Laura, minha esposa, parecia cada vez mais distante, como se uma barreira invisível estivesse se erguendo entre nós.No começo, pensei que fosse apenas a adaptação ao novo ambiente. A vida no palácio era diferente de tudo o que estávamos acostumados, e Laura poderia estar se sentindo sobrecarregada. Mas, à medida que os dias se transformavam em semanas e as semanas em meses, a distância entre nós só aumentava. Havia momentos em que eu a pegava olhando para o horizonte, perdida em pensamentos, com uma expressão que eu não conseguia decifrar.Tentei ignorar, dizendo a mim mesmo que era apenas minha imaginação, que o ambiente opulento estava nos afetando de maneiras que não conseguia entender. Mas, à medida que o tempo p
Capítulo 66: Grávida de um mafiosoJúliaO jardim do palácio em Palermo sempre me trouxe uma sensação de paz. O aroma das flores, o som suave da água correndo na fonte, e o calor suave do sol da manhã me envolviam em um abraço acolhedor. Especialmente hoje, estava tomada por uma felicidade que irradiava de dentro para fora. Passei as mãos carinhosamente sobre meu ventre alto, sentindo os movimentos suaves da vida que crescia dentro de mim. Estava grávida de cinco meses, e cada dia trazia uma nova onda de emoção.Sempre sonhei com o momento de ser mãe novamente, e agora, esse sonho estava se tornando realidade. A gravidez trouxe um novo brilho aos meus dias, uma sensação de propósito e realização que eu não sentia há muito tempo. Hassan, com toda sua intensidade, estava feliz com a novidade, ele seria um pai presente e protetor.Enquanto caminhava pelo jardim, perdida em meus pensamentos e imaginando como seria a vida com o novo bebê, um movimento à distância chamou minha atenção. Leva
Capítulo 67: Verdade oculta HassanA casa estava em silêncio absoluto, com apenas o som distante dos funcionários em suas rotinas noturnas quebrando a calma. Havia me trancado no escritório, o ambiente acolhedor contrastava com o tumulto interno que eu enfrentava. À minha frente, uma garrafa de licor repousava, seu líquido âmbar refletindo as luzes tênues do ambiente. A cada gole, tentava afogar as memórias e a dor que me assombravam.Desde jovem descobri que não tinha a capacidade de gerar filhos. A infertilidade era um peso constante, um fardo que carregava com vergonha e desespero. Este conhecimento, em vez de me deter, foi uma fonte de constante frustração e raiva. Sempre desejei um legado verdadeiro, algo que fosse meu por sangue, mas esse desejo foi constantemente frustrado pela minha condição.Minha primeira esposa, aquela que eu mantinha ao meu lado com a expectativa de gerar um herdeiro, acabou me traindo de uma forma que nunca imaginei. Quando ela engravidou, a revelação fo