- Oi sumido - brinco e tenho certeza que está fazendo aquela cara de surpresa engraçada, seus neurônios maquinandos respostas apropriadas para minha ligação inesperada. Matteo sempre me confundia com suas antigas aventuras, ele nunca conseguiu prever um passo meu em relação ao nosso... relacionamento? Não sei nem se chegamos nesse status. Apenas sei que gosto de ser imprevisível, de ser algo incerto na vida do meticuloso Matteo Donato - não precisa paralisar de medo, faz um mês desde quando nos "falamos".Brigamos, quero dizer. Não me conformei com sua ideia brilhante até ela dar resultados. Luigi tinha me procurado como Matteo preveu, Luigi foi para o Brasil atrás da Carolina, Luigi estava reagindo, mais pontos para ele. Mas não importava quantas vezes dissesse que esse plano não continha um interesse secundário por trás, no fundo Matteo sabia que eu estava certa. Ele poderia mentir para Carolina, para Luigi e para mim, entretanto não conseguiria mentir para si próprio.E esse tinha
Tinha certeza que minha discussão com Matteo aconteceria em breve, mas assim que sentamos á mesa previ que seria inadiável. Pela sua maneira de me olhar, parecia ter algo entalado na garganta, o que não me deixou desviar a atenção por mais que estivesse na presença de Carolina e Will na mesma mesa. Respondi com meu melhor olhar desafiador, normalmente não pagaria para ver, entretanto o julgamento explícito no rosto do loiro faz despertar uma Mariana implicante. Seria questões de segundos para alguma coisa depreciativa sobre as minhas escolhas sair da sua boca...- O seu cabelo... - começou ele.- O que tem o meu cabelo?- Está bonito.- Obrigada.- E a moto lá fora... - olha de relance para a saída, onde podia-se ver a bela Suzuki setecentos e cinquenta preta estacionada.- É minha - digo com orgulho, jamais deixaria Matteo ou qualquer outra pessoa saber que chorei duas horas no banho depois de me arrepender de comprá-la.- Tem carteira? - Tenho.- Você não sabia dirigir - o loiro c
Tive uma noite péssima, revirei na cama a madrugada toda e nem mesmo o trabalho acumulado do dia me mantiveram longe dos pensamentos em Luigi e seu possível vício. O que resultaram nas olheiras horrendas desta manhã.Agora à tarde, tinha uma camada grossa de corretivo abaixo dos olhos e um copo enorme de vitamina nas mãos. Desistir do almoço para ganhar tempo para a prova do vestido, levei em consideração os quilos que ganharia se aceitasse almoçar com os colegas de trabalho e usei o compromisso como desculpa. Mesmo o casamento sendo falso todos os preparativos eram verdadeiros, ou seja, se eu engordasse uma grama sequer... levaria uma bronca daquelas da Sra. Lafaiete. Mais uma vez. Digamos que enfiei os dois pés na jaca e as mãos também nessa última semana.Muito disputada entre noivas, Lafaiete Leblanc era uma estilista prestigiadíssima, seu trabalho era único e exclusivo. Poucas mulheres realizavam o sonho de ter um vestido exclusivo feito pelas mãos talentosas da francesa fresca.
A resposta veio como beijo. Sabia que ele não seria capaz de viver se me deixasse escapar outra vez, se renunciasse ao que tanto buscou a vida inteira, um lar pelo qual voltar todas as noites e uma família pela qual proteger com unhas e dentes. Um motivo e um recomeço.Seu beijo é lento e respeitoso, um beijo contendo amor calmo e sincero. Seus lábios desgrudam dos meus quando ouvimos uma risada de criança. Sou surpreendida quando Luigi sai correndo na direção da risada, não perco tempo em segui-lo.- Luigi, espera! - agradeço pela Sra. Lafaiete ter feito a parte da frente do vestido de noiva curto o suficiente para não atrapalhar enquanto corro atrás de Luigi. Entramos no corredor com vários provadores e paramos no final dele, na frente de uma porta entreaberta. Fito o que Luigi olhava lá dentro, uma mulher repreendia um menino loirinho pequeno que sorria alegremente, o repreendia por correr e fazer barulho no local.A mulher e muito menos o menino viu quando Luigi se virou, ofegava
Não sei o que estou procurando ao entrar investigando cada canto da sala, talvez vestígios de que os dois tenham algo além da parceria de trabalho. Não encontro nada de estranho. Will devia estar dormindo no sofá, pelo travesseiro e cobertor jogados para escanteio e principalmente pelo equipamento em cima da mesinha de centro e fios bagunçados na poltrona. Os dois laptops se espremiam no pequeno espaço e antes que eu entrasse, o traste deveria estar tentando desatar o nó de fios em cima da poltrona. - Encontrou o que procurava? - viro-me para olhar Mariana que me observava de braços cruzados atrás da porta. Ainda com aquela bendita jaqueta.Seria propício perguntar se a jaqueta a fazia igual Beth Cooper ao amarrar o cabelo? Se seria seu truque para solucionar algum mistério? Não, acarretaria uma discussão pior, então me sobressaio.- Não - ainda não. Mas quando ela passa por mim, não me contenho ao seguir o rastro do seu perfume. Senti falta dele, o perfume de Carolina era doce de ca
- Vou ser sincero, não sei. Eu estava apaixonado...- Corrigindo - Mari me interrompe - você estava obcecado por ela, não apaixonado. Eu te entendo, a Carolina e o Luigi nos fazem sonhar em ter a sorte de um amor a primeira vista. Um sentimento avassalador, que nos fazem impulsivos e principalmente que nos fazem aceitar qualquer erro do outro sem ao menos um por cento de rejeição. Ser amado por alguém que te aceita por completo é muito atraente e tentador, lembra? - ela recita algumas palavras de quando conversamos anteriormente na Itália.- Lembro bem - sorrimos. Lembro também de como ela defendeu que existe amizade entre homens e mulheres sem interesses secundários. Gostaria de perguntar se ainda mantém a opinião depois de pagar com a própria língua. Tínhamos uma parceria de trabalho, que virou amizade e engatou em algo não rotulado. Só sei que não consigo olhar para Mariana sem ser tentado pelos seus belos lábios carnudos, e pouco tenho vontade de ser apenas seu amigo - enfim, qual
_EU VOU PARA A ITÁLIA!!!_ eu gritava e pulava dentro do meu quarto.Fiquei super feliz quando Mari (minha melhor amiga) ligou para me informar que a megera da Cassandra (minha chefe) tinha ficado doente e não poderia viajar à trabalho. Não que eu tenha ficado feliz que ela estivesse arriada em cima de uma cama de hospital, eu nunca desejaria isso a ninguém, porém para ela parecia um belo castigo.Como ela não poderia ir para a tal viagem, eu teria que ir junto com a puxa saco da assistente dela, Melissa. Mas acho que posso suportar a presença dela por alguns dias, afinal de contas estamos falando da ITÁLIA! Eu não seria burra de recusar esse trabalho.Pude sentir a raiva da Cassandra quando ela me enviou um email dizendo que eu teria que viajar à trabalho no lugar dela. Ela realmente não gostava de mim, é como dizem "O santo não bateu". Desde que comecei a trabalhar na revista Montero ela praticamente fez
No dia seguinte acordo com o som do vizinho no último volume, tenho certeza que a mulher dele largou ele novamente, e agora a vizinhança toda tem que sofrer junto com ele.Sinceramente, se não fosse pela minha mãe eu já teria alugado um apartamento para eu morar sozinha, assim não teria que aguentar o corno do lado e nem ver a cara do encostado que minha mãe namora.Desço as escadas indo na direção da cozinha para tomar café mas desisto quando vejo Roberto (o encostado) fazendo petiscos.Credo, o dia mal começou e ele já tá pensando em beber.Algumas pessoas bebem para celebrar ou comemorar algo, outras bebem para afogar as mágoas como o corno do meu vizinho, mas esse bebe apenas por respirar.Torço para que um dia minha mãe abra os olhos e se dê conta do mal que ela fez quando deixou esse encostado morar aqui com a gente.Meu humor