Foi fácil impestar a casa da nonna com baratas para Giulia mudar o local do brunch e era mais fácil subornar empregados com valores exorbitantes, afinal de contas eu não teria com que gastar o resto da pequena fortuna que minha irmã e eu reunimos.Perdemos não somente a família como a fortuna que nossos pais deixaram. Não culpo nossos tios por não saberem administrar tão bem os negócios e com a quantidade de inimigos que nossa família tinha, seria impossível mesmo se tentássemos. Foi difícil para eles, repentinamente cuidar de duas crianças e negócios mafiosos dos quais nem sabiam a existência. Perdemos muito naquela época, entretanto tínhamos uma a outra e eu tinha Luigi.Engraçado pensar em tudo do passado como "nosso", como se Raquel estivesse ainda viva. Minha irmãzinha, minha única família legítima tinha morrido e eu não pude fazer nada. Estava desconfiada desde quando ela tinha me mandado mensagem alertando sobre Luigi estar saindo com uma mulher chamada Carolina. Mesmo que eu n
- Fique longe dos meus filhos, sua maluca! - Carolina abre a porta de supetão e fica imóvel quando percebe o que tenho em minhas mãos. Luigi toma a frente, considerando a garrucha e guiando sua noiva para atrás de si. Vê-lo protegendo-a de mim, me faz questionar o quanto tudo havia mudado.O meu Ézio, outrora nunca duvidaria de um ato meu, ele me conhecia e confiava até de olhos vendados. Me senti insultada, o que essa Carolina fez com a sua cabeça? Ela o tinha manipulado como bem pretendia, ela assim como todos roubou Luigi de mim.- Bárbara, abaixe a arma e vamos conversar, por favor - seu tom era contido, mas eu o conhecia muito bem para saber que estava furioso comigo - por favor, eu te conheço e você não é assim...- Assim, como? - estreito os olhos - como a Raquel, iria dizer? - Não, não. Você é diferente, não é o tipo de pessoa inconsequente...- Se realmente me conhecesse, não duvidaria - retruco.- Bárbara, você está segurando uma arma apontada para os meus filhos e espera q
Estava uma tarde fria de outono, o vento fazia com que os galhos secos soltassem folhas amarelas sobre as lápides ao redor. Algumas bem cuidadas e outras esquecidas. Meu italiano gato se agacha na frente da nova lápide com o nome de Bárbara Alessa Ferraza e deixa um buquê de rosas brancas, de lado uma pequena lápide com o nome recentemente gravado, Aurora. Luigi retirou uma rosa do buquê e o colocou sobre a pequena lápide.Me agacho e deixo um pequeno lencinho com o nome que Bárbara colocaria em sua filha, se ela existisse. Aconteceu tudo muito rápido, Luigi aproveitou a guarda baixa da loira para salvar nossos filhos mas ninguém imaginaria que ela tiraria sua vida ali. Quando pediu perdão por tudo o que tinha feito, percebi de cara que não estava bem da cabeça. Tinha o olhar perdido e parecia pertubada, oca por dentro após a morte da irmã.Luigi estava de costas, tinha respondido com sinceridade e alívio o tão sonhado "sim" dela. Ele não viu quando a garrucha foi posicionada ao lado
- É uma menina! Uma Marianinha! Eu gostaria tanto de vê-la pessoalmente, mas o voo atrasou e nem consegui chegar na Itália - minha mãe fala alegre, do outro lado da chamada de vídeo até seu tom mudar drasticamente - que história é essa que a senhorita continuou trabalhando mesmo estando proibida?Mariana estava com o celular na mão falando com ela, ou melhor, levando uma bronca enquanto eu segurava a recém-nascida nos braços. Mesmo grávida, ela teimou em continuar trabalhando então o esporro era bem merecido. Quando chegamos às pressas no hospital, Mari já havia dado a luz e Matteo parecia desfocado da realidade. Meu italiano gato achou melhor levá-lo para se acalmar na cafeteria, o loiro do banheiro estava mais pálido do que o normal, como se fosse desmaiar. Acho que a ficha finalmente caiu.Tinha acontecido tantas coisas nesse ano que se passou, hoje deveria ter sido apenas uma festa de aniversário infantil e agora estou segurando a filhinha da minha melhor amiga. O mundo não dá vol
Três anos depois...Deixo a porta do quarto de Tomás entreaberta e em passos cautelosos passo por Luigi no corredor, como sempre ele me intercepta para roubar um beijo e como sempre dou um tapa no seu braço antes de entrar no quarto de Aurora.Um quarto com paredes amarelas, móveis brancos, bichinhos de pelúcia coloridos abarrotando as prateleiras e estrelinhas brilhantes grudadas no teto. Muito diferente do quarto do irmão que preferia as paredes azul escuro, móveis de madeira escura e brinquedos motorizados. Mas sem dispensar as estrelinhas brilhantes no teto, tinha sido a única coisa em comum nos quartos dos gêmeos.Me aproximo da pequena cama com cercadinho, onde a minha menininha estava quase pegando no sono. Acaricio os cabelos ondulados, dando vários beijinhos nas suas bochechas fofinhas até que caia no sono profundo. A parte mais difícil foi feita por Luigi, enquanto eu tinha cuidado do menininho elétrico. Era nosso acordo, cada um levava um gêmeo para a cama e antes que caiam
_EU VOU PARA A ITÁLIA!!!_ eu gritava e pulava dentro do meu quarto.Fiquei super feliz quando Mari (minha melhor amiga) ligou para me informar que a megera da Cassandra (minha chefe) tinha ficado doente e não poderia viajar à trabalho. Não que eu tenha ficado feliz que ela estivesse arriada em cima de uma cama de hospital, eu nunca desejaria isso a ninguém, porém para ela parecia um belo castigo.Como ela não poderia ir para a tal viagem, eu teria que ir junto com a puxa saco da assistente dela, Melissa. Mas acho que posso suportar a presença dela por alguns dias, afinal de contas estamos falando da ITÁLIA! Eu não seria burra de recusar esse trabalho.Pude sentir a raiva da Cassandra quando ela me enviou um email dizendo que eu teria que viajar à trabalho no lugar dela. Ela realmente não gostava de mim, é como dizem "O santo não bateu". Desde que comecei a trabalhar na revista Montero ela praticamente fez
No dia seguinte acordo com o som do vizinho no último volume, tenho certeza que a mulher dele largou ele novamente, e agora a vizinhança toda tem que sofrer junto com ele.Sinceramente, se não fosse pela minha mãe eu já teria alugado um apartamento para eu morar sozinha, assim não teria que aguentar o corno do lado e nem ver a cara do encostado que minha mãe namora.Desço as escadas indo na direção da cozinha para tomar café mas desisto quando vejo Roberto (o encostado) fazendo petiscos.Credo, o dia mal começou e ele já tá pensando em beber.Algumas pessoas bebem para celebrar ou comemorar algo, outras bebem para afogar as mágoas como o corno do meu vizinho, mas esse bebe apenas por respirar.Torço para que um dia minha mãe abra os olhos e se dê conta do mal que ela fez quando deixou esse encostado morar aqui com a gente.Meu humor
Finalmente o dia mais esperado chegou, eu vou viajar para a Itália e mais, vou para um casamento da máfia italiana!Estou tão animada que nem consegui dormir direito á noite, fiquei me revirando na cama pensando em todos os lugares que vou visitar, já até listei os melhores lugares para turismo, segundo o Google.Eu estaria mais feliz se eu não tivesse que ir com Melissa, aquela lá esgota toda a minha paz e paciência. Tenho certeza que a megera já deu ordens para ela me infernizar na Itália também, como se já não bastasse todos os dias no trabalho.Tento afastar qualquer sentimento negativo que elas me fazem sentir, hoje estou feliz e não há nada que possa tirar minha plenitude. Ouço um grito vindo da cozinha.Falei cedo demais...Desço o mais rápido possível, tomara que não seja nada grave. Entro na cozinha e noto que minha mãe estava fazendo faxina, um dos copos que estava no armário caiu e quebrou se partindo em pequenos pedacinhos