- Sério que você usa Cinquenta Tons como um tipo de devocional do sexo? - brinco com o loiro que estendia a mão para me ajudar a levantar do banco. Ainda me sentia fraca pelas risadas e meu estômago suplicava para parar.- Até tu Brutus? - ele recolhe a mão e a estende novamente - sorte sua que sou cavalheiro, senão a deixaria largada aí - duvido muito que ele teria a coragem de fazer isso, Matteo não aparentava ser desse tipo e acho que ele gostava de manter a fama de insensível inabalável.Quase volto a sorrir quando penso nele implorando para me comer, não tinha nada de insensível e muito menos inabalável naquela noite.- Ainda bem que tenho meu bom cavaleiro para me ajudar - seguro sua mão e vamos de mãos dadas para o jardim principal, onde aconteceria o brunch.E era um senhor jardim, não precisava de muita decoração pois, pasmem, existiam muitas ginkgos bilobas. Mais conhecidas como nogueiras-do-japão, espalhadas no imenso jardim com folhas amarelas, quando o vento batia voavam
Foi fácil impestar a casa da nonna com baratas para Giulia mudar o local do brunch e era mais fácil subornar empregados com valores exorbitantes, afinal de contas eu não teria com que gastar o resto da pequena fortuna que minha irmã e eu reunimos.Perdemos não somente a família como a fortuna que nossos pais deixaram. Não culpo nossos tios por não saberem administrar tão bem os negócios e com a quantidade de inimigos que nossa família tinha, seria impossível mesmo se tentássemos. Foi difícil para eles, repentinamente cuidar de duas crianças e negócios mafiosos dos quais nem sabiam a existência. Perdemos muito naquela época, entretanto tínhamos uma a outra e eu tinha Luigi.Engraçado pensar em tudo do passado como "nosso", como se Raquel estivesse ainda viva. Minha irmãzinha, minha única família legítima tinha morrido e eu não pude fazer nada. Estava desconfiada desde quando ela tinha me mandado mensagem alertando sobre Luigi estar saindo com uma mulher chamada Carolina. Mesmo que eu n
- Fique longe dos meus filhos, sua maluca! - Carolina abre a porta de supetão e fica imóvel quando percebe o que tenho em minhas mãos. Luigi toma a frente, considerando a garrucha e guiando sua noiva para atrás de si. Vê-lo protegendo-a de mim, me faz questionar o quanto tudo havia mudado.O meu Ézio, outrora nunca duvidaria de um ato meu, ele me conhecia e confiava até de olhos vendados. Me senti insultada, o que essa Carolina fez com a sua cabeça? Ela o tinha manipulado como bem pretendia, ela assim como todos roubou Luigi de mim.- Bárbara, abaixe a arma e vamos conversar, por favor - seu tom era contido, mas eu o conhecia muito bem para saber que estava furioso comigo - por favor, eu te conheço e você não é assim...- Assim, como? - estreito os olhos - como a Raquel, iria dizer? - Não, não. Você é diferente, não é o tipo de pessoa inconsequente...- Se realmente me conhecesse, não duvidaria - retruco.- Bárbara, você está segurando uma arma apontada para os meus filhos e espera q
Estava uma tarde fria de outono, o vento fazia com que os galhos secos soltassem folhas amarelas sobre as lápides ao redor. Algumas bem cuidadas e outras esquecidas. Meu italiano gato se agacha na frente da nova lápide com o nome de Bárbara Alessa Ferraza e deixa um buquê de rosas brancas, de lado uma pequena lápide com o nome recentemente gravado, Aurora. Luigi retirou uma rosa do buquê e o colocou sobre a pequena lápide.Me agacho e deixo um pequeno lencinho com o nome que Bárbara colocaria em sua filha, se ela existisse. Aconteceu tudo muito rápido, Luigi aproveitou a guarda baixa da loira para salvar nossos filhos mas ninguém imaginaria que ela tiraria sua vida ali. Quando pediu perdão por tudo o que tinha feito, percebi de cara que não estava bem da cabeça. Tinha o olhar perdido e parecia pertubada, oca por dentro após a morte da irmã.Luigi estava de costas, tinha respondido com sinceridade e alívio o tão sonhado "sim" dela. Ele não viu quando a garrucha foi posicionada ao lado
- É uma menina! Uma Marianinha! Eu gostaria tanto de vê-la pessoalmente, mas o voo atrasou e nem consegui chegar na Itália - minha mãe fala alegre, do outro lado da chamada de vídeo até seu tom mudar drasticamente - que história é essa que a senhorita continuou trabalhando mesmo estando proibida?Mariana estava com o celular na mão falando com ela, ou melhor, levando uma bronca enquanto eu segurava a recém-nascida nos braços. Mesmo grávida, ela teimou em continuar trabalhando então o esporro era bem merecido. Quando chegamos às pressas no hospital, Mari já havia dado a luz e Matteo parecia desfocado da realidade. Meu italiano gato achou melhor levá-lo para se acalmar na cafeteria, o loiro do banheiro estava mais pálido do que o normal, como se fosse desmaiar. Acho que a ficha finalmente caiu.Tinha acontecido tantas coisas nesse ano que se passou, hoje deveria ter sido apenas uma festa de aniversário infantil e agora estou segurando a filhinha da minha melhor amiga. O mundo não dá vol
Três anos depois...Deixo a porta do quarto de Tomás entreaberta e em passos cautelosos passo por Luigi no corredor, como sempre ele me intercepta para roubar um beijo e como sempre dou um tapa no seu braço antes de entrar no quarto de Aurora.Um quarto com paredes amarelas, móveis brancos, bichinhos de pelúcia coloridos abarrotando as prateleiras e estrelinhas brilhantes grudadas no teto. Muito diferente do quarto do irmão que preferia as paredes azul escuro, móveis de madeira escura e brinquedos motorizados. Mas sem dispensar as estrelinhas brilhantes no teto, tinha sido a única coisa em comum nos quartos dos gêmeos.Me aproximo da pequena cama com cercadinho, onde a minha menininha estava quase pegando no sono. Acaricio os cabelos ondulados, dando vários beijinhos nas suas bochechas fofinhas até que caia no sono profundo. A parte mais difícil foi feita por Luigi, enquanto eu tinha cuidado do menininho elétrico. Era nosso acordo, cada um levava um gêmeo para a cama e antes que caiam
_EU VOU PARA A ITÁLIA!!!_ eu gritava e pulava dentro do meu quarto.Fiquei super feliz quando Mari (minha melhor amiga) ligou para me informar que a megera da Cassandra (minha chefe) tinha ficado doente e não poderia viajar à trabalho. Não que eu tenha ficado feliz que ela estivesse arriada em cima de uma cama de hospital, eu nunca desejaria isso a ninguém, porém para ela parecia um belo castigo.Como ela não poderia ir para a tal viagem, eu teria que ir junto com a puxa saco da assistente dela, Melissa. Mas acho que posso suportar a presença dela por alguns dias, afinal de contas estamos falando da ITÁLIA! Eu não seria burra de recusar esse trabalho.Pude sentir a raiva da Cassandra quando ela me enviou um email dizendo que eu teria que viajar à trabalho no lugar dela. Ela realmente não gostava de mim, é como dizem "O santo não bateu". Desde que comecei a trabalhar na revista Montero ela praticamente fez
No dia seguinte acordo com o som do vizinho no último volume, tenho certeza que a mulher dele largou ele novamente, e agora a vizinhança toda tem que sofrer junto com ele.Sinceramente, se não fosse pela minha mãe eu já teria alugado um apartamento para eu morar sozinha, assim não teria que aguentar o corno do lado e nem ver a cara do encostado que minha mãe namora.Desço as escadas indo na direção da cozinha para tomar café mas desisto quando vejo Roberto (o encostado) fazendo petiscos.Credo, o dia mal começou e ele já tá pensando em beber.Algumas pessoas bebem para celebrar ou comemorar algo, outras bebem para afogar as mágoas como o corno do meu vizinho, mas esse bebe apenas por respirar.Torço para que um dia minha mãe abra os olhos e se dê conta do mal que ela fez quando deixou esse encostado morar aqui com a gente.Meu humor