O tour acabou se tornando rapidamente algo muito maior. Krakor insistia que eu dissesse, a cada área visitada, melhorias que poderiam ser feitas baseadas nas necessidades e gostos do povo de Néon e depois que me soltei e comecei a falar, nos tornamos praticamente artistas. Tudo estava absolutamente incrível já e o cuidado e carinho nos detalhes de cada nova mudança eram impressionantes. Nem de longe aquilo era Néon. Era muito melhor. Se depois da intervenção de Athos, o planeta já tinha se tornado algo muito maior, aquele país que era criado ali era o ápice. Krakor controlava muito bem os elementos, incluindo a água e até os mecanismos de funcionamento das paredes do Castelo, das cascatas artificiais, tudo que funcionava antes com as algas, ele conseguiu reproduzir. Era mesmo uma pena não tê-las ali. Krakor disse que sentia muito minha perda. Explicou o quanto os animais significavam no Universo. A maioria deles não evoluía. Se mantinham em planetas de primeiras vidas, sua partícula
A sensação era muito estranha. As garotas riam, se divertiam, brincavam nas construções de água que criamos. Ao mesmo tempo, aproximadamente metade do nosso povo ainda estava do outro lado. Estavam presas, paradas no tempo, diante do fim do mundo. Mesmo sabendo que iríamos buscá-las, algumas não conseguiam entrar na diversão. A maior parte do grupo das Gigantes tinha ficado para trás e as que vieram estavam muito preocupadas.- Eu vi uma grande explosão, Emma - dizia Condera, uma das gigantes. - Quero muito que todas cheguem aqui. Mal posso imaginar que dificuldades podem enfrentar se morrerem e forem para outro inferno.Percebi que Creteas era uma das que não conseguiu nos acompanhar. Por um instante fiquei preocupada. Mas era preciso que Athos estivesse melhor e o seu tempo de recuperação também permitia que as outras pessoas envolvidas no desenvolvimento do planeta continuassem seu processo de criação. Não tínhamos outra alternativa, senão, esperar e, porque não, aproveitar
Fomos pelo portal apenas Athos e eu. Do lado de lá, não houve tempo para nenhum desespero extra. Apesar de terem notado que o portal tinha se fechado, para aquelas que ficaram, ele imediatamente se abriu de novo.- Ufa, Emma, que susto, parecia que Athos não ia aguentar o portal, que não tinha mais poder, mas vejo o quanto ele é poderoso! Como ele se recuperou tão rápido? - A impressão da gigante Creteas, talvez a mais aguardada dentre as Neonzenses, era o espelho da percepção da maioria ali.- Creteas, na verdade ele não teve mesmo poder suficiente. Algum tempo já se passou do outro lado do portal, mas enquanto estávamos lá, o tempo não andou do lado de cá - expliquei, deixando-a espantada.- Quer dizer que vocês do lado de lá continuar vivendo enquanto o tempo estava parado aqui? - Tentou confirmar se tinha entendido direito.- Isso mesmo! - Reforcei.- Moças, não acho que seja bom passarmos mais tempo aqui! - Athos gritava em meio a formação de uma tempestade.-
Enquanto flutuava tive uma visão de Athos. Era como se ele estivesse olhando em meus olhos. De repente, um portal se abriu e foi como se eu passasse a sentir fisicamente milhares de sensações que até então eu não tinha sentido falta. Vieram à minha cabeça memórias de coisas que eu não tinha vivido. As meninas indo chamar Athos, eu não respondendo estímulo nenhum. Era como se eu tivesse abandonado meu corpo e agora ele tivesse voltado pra mim. Athos surgiu em seguida do portal gritando:- Emma! Emma!Olhei para ele, obviamente espantada.- Athos! Athos é você mesmo? - Gritei, de volta.Ele voou, vindo até mim e sentou na água. Agora percebi que definitivamente era impossível afundar. - Athos, sabia que viria, hora ou outra. Que não ia me deixar perdida depois de morrer - eu disse, deixando-o confuso.- Morrer? Como assim? - Ele perguntou. - Você não viu eu ser atingida por um raio incrível, foi fulminante. Mas eu não renasci imediatamente. Primeiro foi
- Athos, o que aconteceu? Emma foi tragada pelo portal, que bom que conseguiu trazê-la de volta, tão facilmente - disse Natane, num tom entre desespero e alívio. - Mas ainda precisamos descobrir o que aconteceu com ela - insistiu. - Facilmente não é uma palavra que define o que aconteceu. Você se esquece que o tempo para aqui, quando eu entro pelo portal? Passaram-se 1.250 anos! - Brincou Athos, para o desespero das moças. - O que? Não é possível! - Elas gritaram praticamente juntas e Natane se jogou no chão de forma dramática. Comecei a rir muito e expliquei:- Natane, você não existe. É brincadeira de Athos, ficamos no máximo algumas horas. - Emma! - Continuavam fazendo coro. Leiva, que estava praticamente sem reação a tudo aquilo, até agora, foi a primeira a pular no meu pescoço, seguida por Natane que saltou do seu momento de crise imediatamente com a constatação da minha recuperação. - O que aconteceu? - Perguntou Leiva, sempre mais direta. - Eu f
Os olhos se abriram, mas ela não conseguia perceber se estavam mesmo abertos. O breu a rodeava. Apesar de conseguir ficar em pé, preferiu engatinhar. Foi tateando com as mãos o chão, que parecia terra ou areia. Podia cavar com as mãos, mas não o fez. Seus pulmões inspiravam e expiravam, respirava, portanto sua estrutura era de genética básica. Apalpou a si própria, cada pedaço de seu corpo e tinha um corpo humanoide parecido com o anterior. Seus cabelos continuavam compridos. Estava vestida e acreditava que era com uma roupa muito parecida com a que tinha morrido, mas sem alguns detalhes, acessórios. Sua coroa, por exemplo, estava ausente. Ela ouvia somente o som do próprio movimento, nada mais, nem perto, nem distante.Seus olhos pareciam começar a se acostumar com a escuridão e perceber levemente algum contorno de alguma coisa. Ela sentia que estava em um ambiente aberto, sentia uma leve brisa, sentia o cheiro de natureza. Um pequeno ponto no céu surgiu. Uma estrela apareceu, c
O portal havia se fechado mas nós continuamos agindo normalmente. Pela lógica explicada por Athos, ele provavelmente já teria voltado. Não haveria outra explicação para o fato de o tempo continuar fluindo. Ficamos convencidas de que era isso e resolvemos seguir normalmente nossa rotina. Quando ele achasse necessário, viria até nós. Provavelmente estaria ocupado com algum outro assunto. Quando passaram pelas árvores mais frondosas, que ditavam o caminho de volta para o palácio, o céu escureceu como nunca antes, de uma forma que talvez nem fosse possível acontecer, tendo em vista o comportamento das estrelas que o iluminavam. Apenas pequenos pontos de luz mantinham-se iluminando o espaço e permitindo algum tipo de penumbra. - Olá, Emma! É um prazer finalmente poder conhecê-la - dizia uma voz feminina não identificada, mas que parecia bem próxima. - Permita-me dizer o mesmo, assim que você apresentar-se, por favor - Respondi, sinalizando para as outras, com um toque em Leiv
- Emma, você não poderia ser mais especial. Você é a única que, como eu, teve a experiência de se tornar o Universo. Você conseguiu se tornar um erro na programação do Universo e ser atacada de volta. Mas, uma vez que nos tornamos algo maior do que éramos, não tem mais volta. Felizmente para você, só houveram consequências positivas, você não guardou as memórias que não deveria. No meu caso, não foi bem assim. Mas aproveite, Emma. Você é a primeira pessoa do lado A do Universo a renascer num planeta do lado C, depois de mim. Conheça o Terceiro Lado. Esqueça o que alguém chegou a falar se nível de planeta, se evolução. Regras... Quem somos nós para nos limitarmos por elas.Apenas aprecie o calor desse Sol e a beleza desse mar. Temos todo tempo quanto você quiser. - Elaryan falava e eu não conseguia responder, não conseguia pensar. Não sabia se era um sonho, se eu estava ali mesmo, mas com algum tipo de condição que não permitia que eu me movesse, que não permitia que eu falasse.
- Esperem aqui crianças! Se eu não voltar em 30 segundos, vocês já sabem o que fazer. - Carlos olhava para o casal de filhos e trocavam olhares de cumplicidade. Os três estavam armados. Mais crianças estavam atrás dos dois.Carlos apertou o botão, a porta se abriu e a troca de tiros de laser começou. Junior, o garoto de quem Carlos tinha acabado de despedir-se apertou o botão de novo e a porta fechou-se.O barulho definitivamente não demonstrava muita coisa até que, perto do tempo estipulado, os tiros cessaram. Na contagem regressiva que faziam, com a arma apontada para a própria cabeça, abriram a porta chegando no zero.Carlos tinha derrubado todos os soldados, estava ferido, mas abraçou os dois. O resto das crianças também foi para o abraço coletivo.- Parece que ganhamos mais uma noite de sono tranquilo. - Carlos chorava abraçado nas crianças.- Pai, quando isso vai acabar? - perguntou Clara, sua filha.- Meu anjo, tenho certeza que em breve vamos encontra