- Athos, o que aconteceu? Emma foi tragada pelo portal, que bom que conseguiu trazê-la de volta, tão facilmente - disse Natane, num tom entre desespero e alívio. - Mas ainda precisamos descobrir o que aconteceu com ela - insistiu.
- Facilmente não é uma palavra que define o que aconteceu. Você se esquece que o tempo para aqui, quando eu entro pelo portal? Passaram-se 1.250 anos! - Brincou Athos, para o desespero das moças.- O que? Não é possível! - Elas gritaram praticamente juntas e Natane se jogou no chão de forma dramática.Comecei a rir muito e expliquei:- Natane, você não existe. É brincadeira de Athos, ficamos no máximo algumas horas.- Emma! - Continuavam fazendo coro.Leiva, que estava praticamente sem reação a tudo aquilo, até agora, foi a primeira a pular no meu pescoço, seguida por Natane que saltou do seu momento de crise imediatamente com a constatação da minha recuperação.- O que aconteceu? - Perguntou Leiva, sempre mais direta.- Eu fOs olhos se abriram, mas ela não conseguia perceber se estavam mesmo abertos. O breu a rodeava. Apesar de conseguir ficar em pé, preferiu engatinhar. Foi tateando com as mãos o chão, que parecia terra ou areia. Podia cavar com as mãos, mas não o fez. Seus pulmões inspiravam e expiravam, respirava, portanto sua estrutura era de genética básica. Apalpou a si própria, cada pedaço de seu corpo e tinha um corpo humanoide parecido com o anterior. Seus cabelos continuavam compridos. Estava vestida e acreditava que era com uma roupa muito parecida com a que tinha morrido, mas sem alguns detalhes, acessórios. Sua coroa, por exemplo, estava ausente. Ela ouvia somente o som do próprio movimento, nada mais, nem perto, nem distante.Seus olhos pareciam começar a se acostumar com a escuridão e perceber levemente algum contorno de alguma coisa. Ela sentia que estava em um ambiente aberto, sentia uma leve brisa, sentia o cheiro de natureza. Um pequeno ponto no céu surgiu. Uma estrela apareceu, c
O portal havia se fechado mas nós continuamos agindo normalmente. Pela lógica explicada por Athos, ele provavelmente já teria voltado. Não haveria outra explicação para o fato de o tempo continuar fluindo. Ficamos convencidas de que era isso e resolvemos seguir normalmente nossa rotina. Quando ele achasse necessário, viria até nós. Provavelmente estaria ocupado com algum outro assunto. Quando passaram pelas árvores mais frondosas, que ditavam o caminho de volta para o palácio, o céu escureceu como nunca antes, de uma forma que talvez nem fosse possível acontecer, tendo em vista o comportamento das estrelas que o iluminavam. Apenas pequenos pontos de luz mantinham-se iluminando o espaço e permitindo algum tipo de penumbra. - Olá, Emma! É um prazer finalmente poder conhecê-la - dizia uma voz feminina não identificada, mas que parecia bem próxima. - Permita-me dizer o mesmo, assim que você apresentar-se, por favor - Respondi, sinalizando para as outras, com um toque em Leiv
- Emma, você não poderia ser mais especial. Você é a única que, como eu, teve a experiência de se tornar o Universo. Você conseguiu se tornar um erro na programação do Universo e ser atacada de volta. Mas, uma vez que nos tornamos algo maior do que éramos, não tem mais volta. Felizmente para você, só houveram consequências positivas, você não guardou as memórias que não deveria. No meu caso, não foi bem assim. Mas aproveite, Emma. Você é a primeira pessoa do lado A do Universo a renascer num planeta do lado C, depois de mim. Conheça o Terceiro Lado. Esqueça o que alguém chegou a falar se nível de planeta, se evolução. Regras... Quem somos nós para nos limitarmos por elas.Apenas aprecie o calor desse Sol e a beleza desse mar. Temos todo tempo quanto você quiser. - Elaryan falava e eu não conseguia responder, não conseguia pensar. Não sabia se era um sonho, se eu estava ali mesmo, mas com algum tipo de condição que não permitia que eu me movesse, que não permitia que eu falasse.
- Esperem aqui crianças! Se eu não voltar em 30 segundos, vocês já sabem o que fazer. - Carlos olhava para o casal de filhos e trocavam olhares de cumplicidade. Os três estavam armados. Mais crianças estavam atrás dos dois.Carlos apertou o botão, a porta se abriu e a troca de tiros de laser começou. Junior, o garoto de quem Carlos tinha acabado de despedir-se apertou o botão de novo e a porta fechou-se.O barulho definitivamente não demonstrava muita coisa até que, perto do tempo estipulado, os tiros cessaram. Na contagem regressiva que faziam, com a arma apontada para a própria cabeça, abriram a porta chegando no zero.Carlos tinha derrubado todos os soldados, estava ferido, mas abraçou os dois. O resto das crianças também foi para o abraço coletivo.- Parece que ganhamos mais uma noite de sono tranquilo. - Carlos chorava abraçado nas crianças.- Pai, quando isso vai acabar? - perguntou Clara, sua filha.- Meu anjo, tenho certeza que em breve vamos encontra
- O que aconteceu Emma? - perguntou Leiva.- Como devem ter visto, eu morri. Eu morri mesmo, certo? - Eu precisava confirmar que aquilo não tinha sido um sonho. - Que você morreu nós percebemos, mas o que aconteceu depois? Para nós, Elaryan simplesmente botou tudo como estava antes e desapareceu. - Bom, aparentemente eu renasci num terceiro lado do Universo. Segundo ela, eu fui a primeira pessoa com quem aconteceu isso, tendo nascido ela primeira vez no Lado A. Não sei ainda muito bem o que significa isso. Ela também disse que sou muito especial e que eu, assim como ela, fiz parte de uma falha no sistema que controla a existência. Acho que basicamente foi isso. Eu não conseguia me mover e ela meio que me torturou, me deixando sozinha, queimando debaixo da luz de um Sol fervente e quando eu consegui finalmente me mover, ela me mandou de volta pra cá. - Basicamente é
- Bom dia, Linda dos Sonos, hora de acordar! - Uma voz tão doce chamando, um carinho sendo feito em meus cabelos, por uma mão tão suave. A sensação de paz era inigualável. Virei e não encontrei com minhas mãos, nem Leiva de um lado, nem Natane do outro. Acordei assustada e sentada em um dos travesseiros, encostada na cabeceira da cama, estava Elaryan. - O que você está fazendo aqui? - perguntei assustada. - Parecia um lepoar dormindo e agora tão brava. Acalme-se! - Eu nunca sabia se o que Elaryan falava era realmente convincente ou se ela tinha algum poder de fazer a pessoa agir como ela queria. - Não, meu amor, eu leio sua mente, mas não sou capaz de conduzir suas ações apenas com a minha voz. Apesar do controle mental ser um poder incrível, ele tem consequências que não são muito agradáveis, quase todas as vezes. - Elaryan era
- Meninas, preciso contar algo para vocês. - Foi assim que comecei a explicar tudo que tinha acabado de acontecer comigo. Não apenas isso, mas toda a profundidade da história de amor que eu vivi na Terra que resultou nos filhos maravilhosos que tive e no acidente trágico do qual apenas eu sobrevivi.- Emma, eu não fazia ideia... Não sei se Néon fazia com que não nos importássemos muito com o passado uns dos outros ou o fato de eu não ter tido a mesma sorte que você ou o mesmo fardo para carregar. Fui órfã e nunca tive profundidade nenhuma em meus relacionamentos, até viver isso daqui que nós vivemos, que nem sei muito bem o que é - enquanto Natane falava, Leiva estava em um estado que parecia um choque: olhar perdido, semblante pesado.- Leiva? - chamei ela, de volta.- Desculpe, Emma. Sinto muito por você... - Não parecia uma resposta suficiente.
Antes da aplicação do soro, Elaryan deu uma notícia a qual eu não podia acreditar. Eu teria que encontrar meu marido e meus filhos e matá-los em menos de 30 segundos. Só assim impediria de nós irmos para um planeta das Famílias. Eles voltariam para um outro planeta daquele eixo de planetas. E a morte deles seria meu meio de teletransporte. Se eu não estivesse no planeta certo para encontrar o Líder Matador de Crianças eu teria que me matar, iria novamente encontrar meu marido e meus filhos e teria que matá-los de novo dentro de 30 segundos.Eu fiquei tão perplexa que não consegui sequer pensar em desistir. Nem tive tempo para isso. Quando vi já estava diante de Carlos. Meus filhos estavam dormindo. Ele se assustou mas coloquei a mão em sua boca. - Escute bem! Temos 30 segundos. Eu preciso que você mate os meninos e se mate em seguida. Não podemos ir ainda juntos adiante. Preciso salvar todas essas crianças. Eu vou encontrar vocês de novo em breve. Preciso que você faça is