Suzy e Paulo chegaram na noite anterior e logo cedo Ulisses cumpriu sua palavra de nos levar para o Museu do Café.
— Engraçado que eu achei que vocês iriam querer ver a praia daqui. — disse Ulisses para nós.
— Mas menino!... Eu nasci e fui criada na praia que nem caranguejo. Mas vai ser a primeira vez que eu vou conhecer um pólo mundial de café!
— Pois é… A praia eu também já conheço mas vir pra Santos sem visitar o Palácio da Bolsa Oficial do Café seria um desperdício pra uma barista. — falou Suzy.
— Quem dera tivesse um museu do açúcar em Recife. — comentei.
Acordei com preguiça de levantar uma das coisas mais difíceis de me adaptar em São Paulo era o frio matinal. Ao contrário do Recife, cuja madrugada também é fresquinha mas às cinco horas da manhã o sol já está reinando e às seis a vida já está em ebulição.Já em São Paulo além de demorar muito mais do que eu estava acostumada para o sol aparecer o frio também tardava em nos deixar, isso quando ele ia embora. Meu tempo nessa cidade deu um significado totalmente novo para a frase “Eu preciso de um café para despertar”. Além do frio e da escuridão já naturais também tinha os ar condicionados e as cortinas que tornavam para mim uma missão praticamente impossível saber que horas eram pela manhã
— Gente… Primeiramente muito obrigado pelo apoio e por terem vindo aqui hoje. Mas… Eu estaria enganado em achar que tem alguma coisa esquisita no ar? — perguntou Pierre ao sair da sessão vendo a cara de tacho minha e de Ulisses — Se não quiserem dizer não tem problema. Mas vocês dois estão parecendo… Diferentes.Fiquei intrigada com algo que eu sempre me perguntei: Quando a gente transa, será que as outras pessoas percebem?Em todo caso, se eu não sabia como dizer para ele, agora ele tinha me dado a deixa perfeita.— Pierre! — comecei — Eu vou dizer logo sem arrodeio porque se tem uma coisa que eu odeio é a tal da mentira inclusive, sugiro que sente que eu vou pedi
Na escola, conversamos com a administração, explicamos a situação também sem entrar em detalhes pessoais e que eu iria falar com Fábio para depois retornar a eles. — O que é que eu vou fazer, Ulisses? Aquele estrupício mal consegue se sustentar em pé quanto mais pagar essa escola cara do jeito que é. Ainda tem as despesas lá de casa… O curso de barista que eu vou ter que sair… Eu realmente não sei o que fazer da minha vida! — Agora você pode até não saber, mas eu tenho certeza que cê já passou por coisa muito pior e não só sobreviveu como deu a volta por cima. É justamente dos problemas na resolução de problemas que a gente pode usar a criatividade pra fazer coisas novas e até muito melhores do que eram antes. Como disse Thomas Edison: “O sucesso é constituído por 10% de inspiração e 90% de transpiração. Então eu confio plenament
O céu estava cinza, mas não o cinza de costume. Eram nuvens carregadas, predição de chuva. Ainda assim, eu não deixaria de avançar rumo ao meu destino. Eu havia tomado uma decisão. E eu nunca volto atrás de uma decisão.Era um domingo à tarde e depois de pensar bastante decidi que teria a conversa definitiva que estava faltando para fechar esse loop da minha vida. Tentei ensaiar minhas palavras no caminho mas não consegui.Não tive dificuldade em passar pela portaria pois a minha entrada já estava autorizada. Diante da porta fechada inspirei fundo e bati. Uma cabeça com uma cabeleira cobrindo um par de olhos verdes surgiu na fresta da porta.— Oi. — cumprimentei.
“Venham no trabalho amanhã. Cheguem cedo. Entrem após o sinal. Vocês vão saber qual é o sinal. Confiem em mim.”.Essa foi a mensagem que Ulisses e eu recebemos de Suzy na noite anterior. Agora estávamos do outro lado da rua em frente à unidade em que Ulisses e eu costumávamos trabalhar.— Vocês tem certeza que não vão querer nada? — perguntou a atendente da farmácia onde estávamos aguardando o tal sinal.— Por enquanto não, obrigado. A gente tá só dando um tempinho. — respondeu Ulisses.— Desculpa é que o gerente disse que cês não podem fica
Alguns dias depois Pierre quis me encontrar no restaurante onde tivemos nosso primeiro encontro. Isso me deixou muito preocupada. — E aí como se sente em estarmos no restaurante do nosso primeiro encontro?… No caso o nosso primeiro encontro depois de adultos. — perguntou Pierre sorrindo. — Pierre… Confesso pra tu que eu tô preocupada. Sobre o que a gente conversou da última vez… — Desculpa, mas eu me vejo obrigado a interromper. Sobre o que você falou naquele dia eu só tenho a agradecer. Se ajudar, serei bem direto como você gosta: Eu estou aqui para avisar a você oficialmente que estou seguindo com a minha vida. — Meu filho, olhe… Seja específico e claro porque depois daquela sua mensagem eu fiq
— Menino! Como é que tu rejeita uma proposta de voltar a ser gerente ainda mais ganhando aumento?— É que tá quase tudo certo pra eu ser gerente de uma outra cafeteria. — respondeu Ulisses.— E tu me escondendo esse tempo todo? Tu e Pierre escondendo as coisas de mim, né?— Eu só tava esperando o melhor momento pra falar com você.— E por que tu acha que só agora foi o melhor momento?— Em segundo lugar porque eu ouvi da sua própria boca você dizendo que ainda quer ter a sua própria cafeteria, mesmo trabalhando com o gigante lá.<
A formatura do curso de barista foi num clube parecido com o da festa da SB Koffee. O estilo também foi bem parecido. Parecia uma festa de debutante. Eu estava um pouco triste por Pierre não estar lá mas feliz por todas as outras pessoas que amo estarem presentes.— Valeu mesmo por ter me chamado, fia. Tu tá um filezinho, viu? — disse Fábio.Sim, até mesmo o traste do Fábio estava presente.— Fábio… Quando é que tu vai parar de me chamar de fia? Além de ser um apelido ridículo, ainda mais agora que eu tô com outra pessoa!— Menina!... Ainda tô besta! Nunca pensei que uma formação de c