Parte 29 - BiancaEstava começando a sentir que, de alguma forma, as paredes dessa casa estavam se fechando cada vez mais sobre mim. A janela parecia um pequeno refúgio, mas até ela estava sendo vigiada, e eu me vejo de novo à mercê de cada passo que eu desse. Mesmo tentando manter minha cabeça ocupada, minha mente não para. Agora a coisa ficou séria de verdade. Eu não tenho outro lugar para ir sabendo que tem gente querendo me pegar, acho bom ficar por aqui mesmo, por um tempo, ao menos. Não dá pra fingir que nada disso está acontecendo. A casa é grande demais para mim, depois de anos em um convento. E está escura, muito escura. Não sei ainda como, mas eu tenho que me adaptar a essa mudança. Eu só não queria que fosse assim. Só sei que, depois da conversa com talvez minha futura sogra, tudo parece pior.Ela me olhou com aquela expressão de quem tem um monte de coisas na cabeça e me soltou: “Sua mãe vai querer falar com você, Bianca. Você sabe que ela vai...”Ah, sério? Eu só est
Parte 30 -BiancaEra só o que me faltava, depois de ter feito o que fiz. Eu não podia ser forçada para algo que eu não queria, não depois de ter fugido, não depois de tudo que tinha acontecido.— Você não pode me forçar a isso - eu disse, tentando manter a voz firme, mas minha garganta parecia seca, as palavras saíam hesitantes. — Eu não quero esse casamento... Não concordei de fato... Não posso ser sua esposa, Adriano...— Ainda com isso, Bianca? - ele abriu os braços — Você sabe bem que é isso o que vai acontecer, ainda que não queira.— Será mesmo que vai? - ergui a sobrancelha.— Não comece, não tente me deixar com raiva, você não vai gostar de me ver assim.— Por acaso está me ameaçando de algo? - apertei os lábios.— Não... Estou só dizendo que você tem que cumprir sua parte, assim como eu vou cumprir a minha... Ainda que não queira.— Você... Você gosta dessa sua... — Gosto... Como amante - parou em minha frente — Era só isso que ela era pra mim, ainda que tivesse sido divert
Parte 31 -Bianca— Mas ainda assim... O casamento vai acontecer, Bianca. Não se esqueça disso. E quanto à questão de quem transou com quem... Bem, isso vai continuar sendo um detalhe para o contrato, não é?Eu rolei os olhos dramaticamente e me joguei na cama, deitada de costas.— Só espero que o contrato inclua uma cláusula de bom senso, porque se não, eu me recuso a assinar.Ele deu uma última olhada em mim, com aquele sorriso enigmático, antes de sair do quarto, mas não sem antes deixar uma última provocação.— Não se preocupe, Bianca. Você vai assinar. E vai gostar disso. Vai gostar de muita coisa. Eu posso te garantir.A porta se fechou, e eu fiquei ali, pensando... Como ele conseguia ser tão irritante e tão... Irresistível ao mesmo tempo?A porta tinha acabado de se fechar, mas era como se a presença dele ainda estivesse ali, me encarando com aquele sorriso enigmático que, para minha total infelicidade, começava a ser mais interessante do que deveria.Eu me sentei na cama, pass
Parte 32 -AdrianoRealmente a madrugada não demorou, mas eu acho até bom, porque estou ansioso por essa manhã. Bianca já deve estar acordada também.Esfreguei o rosto para espantar o sono e vi que meu celular está piscando. Mensagem. Com um bocejo estico a mão. Mas não são só mensagens de meu pessoal, tem uma de Celeste também.— E essa agora?Abri a mensagem sem muita vontade. Eu tinha encerrado meu casinho com Celeste há alguns dias e não tinha sido muito legal.“Adriano, eu sinto sua falta. Por que não vem até aqui? Estou esperando...”Revirei os olhos, soltando um riso seco. Claro, Celeste. Sempre na hora certa — ou melhor, errada. Eu sabia o que ela queria, mas, pela primeira vez, a ideia não me atraiu. Tudo nela parecia tão... Previsível. Sem desafio, sem faísca. Era fácil, cômodo, ela sempre esteve por ali, mas sabia que não tinha futuro real e talvez por isso agora parecesse tão sem graça.Agora Bianca já estava aqui comigo.— Merda! - puxei o ar, soltando devagar e lendo o
Parte 33 -BiancaEu não gostei da ideia de falar com meu pai agora, ainda não coloquei as ideias certas na cabeça para enfrentar sua raiva. Eu me recordo bem como ele tratava minha mãe.E tenho quase certeza de que esses anos em que eu estive fora, ele deve ter abusado do emocional dela. Minha mãe sofre de depressão e para ele isso é apenas uma frescura.— Parece preocupada - Leonardo disse.— E você não estaria, depois de tantos anos sem ver o homem que o prendeu em um lugar onde você nunca quis estar?— Ele fez isso por cuidado - ele comentou mexendo a colher na xícara e me olhando como se fosse dono da verdade.— Ah, claro... - dei um sorriso cínico.— Às vezes nós não entendemos como as coisas são feitas, Bianca, mas são para nosso bem - minha talvez futura sogra disse.— Isso é verdade... Mas não nesse caso.— Bianca, seria melhor você começar a se acostumar - agora foi Adriano quem se pronunciou — Se eu já estou aceitando esse casamento, você também pode aceitar.— Sim, é bem si
Parte 34 -AdrianoEntrei no quarto de Bianca sem bater. Não era por falta de educação — era um hábito. Um reflexo de quem eu sou, de como as coisas funcionam comigo. Era minha casa, e ela seria minha esposa, então eu não via motivos para pedir permissão se quisesse falar com ela.Bianca estava sentada na cama, as pernas cruzadas e um livro no colo. Quando me viu, fechou-o devagar e me encarou, com aquele olhar que ela adorava usar para me desafiar, mesmo sabendo que isso não iria funcionar.— Algum problema com a porta? - perguntou, arqueando uma sobrancelha. — Sua mão vai cair se você bater?Ignorei o tom, fechando a porta atrás de mim e indo direto ao ponto.— Precisamos conversar sobre o que eu espero desse casamento.Ela inclinou a cabeça para o lado, um sorriso sarcástico brincando em seus lábios.— Que conveniente. Eu também tenho uma lista de expectativas. Mas, por favor, senhor Trajano, comece você.Cruzou os braços e recostou-se na cabeceira, como se estivesse prestes a ouv
Parte 35 - BiancaJesus amado, como ela iria resistir a isso? Parecia que cada novo beijo ficava melhor do que o anterior. Isso era possível?A mão dele deslizou por minhas costas e parou em minha bunda. A outra em minha nuca. Credo, ele sabe o que faz.Eu suspirei contra a boca dele e dessa vez o beijo foi mais quente, molhado, ousado. Foi um beijo lento e completo, que fez meu coração disparar.Quente. É a única palavra que me vem na mente agora para descrever Adriano.Senti meus mamilos ficarem duros dentro da roupa, me apertando contra ele. De súbito senti minha calcinha ficar molhada e um calor bem diferente foi subindo por meu corpo, aquecendo minha pele.A mão dele passeou por minha bunda e eu apertei as pernas, querendo evitar a sensação forte entre as coxas, mas acho que isso só piorou e o calor só cresceu.Também senti algo duro, inchando embaixo de mim, dentro da calça dele. Misericórdia! Era o membro dele, empurrando contra minha virilha.— Está sentindo? - ele se esfrego
Parte 36 - BiancaA biblioteca era deslumbrante, mas intimidante. As estantes de madeira escura subiam até o teto, repletas de livros encadernados em couro e dourado, e o grande tapete no centro parecia amortecer os sons das passadas. Uma enorme janela deixava a luz entrar, mas mesmo assim, a atmosfera estava carregada, densa. Assim que entrei, senti o peso de todos os olhares se voltando para mim.Meu pai estava de pé próximo à lareira, imponente como se fosse um rei em seu trono. E talvez ele pensasse ser um mesmo.Sua expressão era de puro desdém, e sua postura parecia anunciar uma confusão iminente. Minha mãe, afundada em uma poltrona próxima, parecia um espectro do que já foi. Da última vez que eu a vi, ela já não estava muito bem e agora parecia menor, mais frágil. E Vitória, a mãe de Adriano, estava ali como uma observadora distante, seus olhos avaliando cada movimento, como se estivesse analisando uma transação comercial.Adriano entrou logo atrás de mim, mantendo-se perto,