Data: 06/03
Mas e agora? Como vai ser? Será que vou fazer amigos aqui? Esses pensamentos estavam me atormentando. Eu não conseguia controlá-los. Lá estava eu mais uma vez trancada só que dessa vez em um quarto de hotel. Olhando para o vidro da janela e sentindo raiva daquela imagem que tanto me encarando.
Aquela felicidade de um dia atrás já havia acabado e aquele retrato de mim mesma, me maltratava e me humilhava demais. Eu não sabia o que fazer, eu tentava sair, mas ele me prendia e eu escutava calada, todos aqueles insultos de pensamentos.
Estava me sentindo uma prisioneira. Presa em mim mesma. Prisioneira
Data:10/03Meu pai começou a trabalhar e eu fiquei em casa com a nova funcionária que ainda não aprendi o nome, mas ela é brasileira. Ela não é como a Cecília. É bastante formal. Já a Cisa — era assim, como eu e Valentim a chamamos — Ela era a minha mãezinha. Quanta saudade!Falo todos os dias com eles, tirando a minha mãe, não nos falamos mais e honestamente não sinto falta alguma de ser humilhada. Sei que ela está muito bem e parece que está com namorado novo. Meu pai nem toca no assunto, mas ainda sinto que ele gosta dela, infelizmente.Valentim está planejando vir para cá no próximo mês. Ele não gostou do novo namorado dela e vivem discutindo. Ele desconfia que ela j&a
Data:10/04Sabe, estou esperançosa que tudo dará certo. A escola em que vou estudar é ótima, o diretor me elogiou bastante. Tirando alguns comentários infelizes que o mesmo fez. Acredito que pela primeira vez, eu e meu pai estamos nos divertindo bastante, ou melhor, estamos nos conhecendo bastante.Estou morrendo de saudades do Valentim, Bia, Ana e Cisa, Como fazem falta.Daqui a dois dias irei começar a estudar. Estou surtando muito!Já faz uma semana, diário, que eu não me machuco e como eu estou feliz, até orgulhosa. Estou conseguindo ser eu mesma. Tirando a parte que não consigo ficar muito tempo na rua. Algo em mim ativa, como se fosse uma “proteção” ou algo do tipo. Eu começo a suar
Levantei rapidamente e quando ergo o olhar para conhecer o dono da voz não passava de um adolescente idiota e que não parava de rir.—Idiota — resmunguei e ele riu mais um pouco.— Você tinha que ver a sua cara — falou entre risos e com a mão na barriga.Ora, que maravilha ele falava português.— Nem foi tão engraçado assim.— Desculpa pelo susto — falou cessando o riso.—Desculpado — dei um sorriso de lado.— Prazer Eike Solano — estendeu sua mão em comprimento e fui recíproca.— Prazer Maya Andrews — falei baixo, mas com volume em que ele pudesse ouvir.Ficamos alguns segundos nos olhando, então resolvi sair.— Você é novata aqui?
Data:14/04Diário, Solano me ligou e ficamos conversando por horas.Ele me chamou para ir à sorveteria, entretanto, não consegui sair. Só em pensar em colocar meu pé para fora de casa, começo a suar frio.Mesmo dizendo que eu não iria, ele insistiu usando o argumento que seria bom conhecer mais pessoas. Sendo assim, fiz muito esforço para sair, já que meus pensamentos me diziam para ficar e que tudo iria dar errado mesmo não tendo nada para dar errado, entende!? Não? Também não entendo, só sei que eles têm uma força enorme sobre mim.Com certa relutância me arrumei, vestindo um vestido não tão curto, branco com flores rosas e um tênis branco, um batom rosa e meu cabelo solto.Meu pai já foi trabalhar como sempre. Avisei apenas a funcionária da casa 'Antonieta' ou é a 'Antônia'? Enfim. Mandei mensagem para meu pai
Data:30/04Acordei, tomei um banho o qual apelidei de “tira preguiça”. Vesti meu uniforme, tomei café da manhã sozinha, pois meu pai estava no trabalho. Quando faltava vinte minutos fui para escola.O motorista que meu pai contratou é bem simpático e também é brasileiro. A todo momento conversávamos sobre tudo.— Chegamos, senhorita — falou olhando o espelho retrovisor de dentro do carro.— Obrigada, seu Jorge.Fui para a sala, Solano não chegou. Como não falo muito bem inglês, ainda não fiz amizade com ninguém. A maioria de lá me olha com superioridade, são adolescentes soberbos. Acredito que me olham assim não só por conta da minha cor, mas por serem criados assim. Peguei meu livro e comecei a ler, sim, eu tinha o costume de ler assim que acordo. Em poucos minutos Solano chegou. Falou com algumas pess
Data:03/05Meu dia na escola foi relativamente normal, Solano me apresentou alguns dos seus amigos e sua prima os quais não me senti à vontade, porém tive empatia.As aulas passaram voando, meus professores são maravilhosos e estou entendendo um pouco mais a linguagem deles.Ah! algo importantíssimo que eu esqueci de comentar: só tem eu de negra na sala. Isso te diz algo? Fiquei bastante incomodada, porém, novamente, eu relevei. Hoje à tarde, terei minha primeira aula de balé e estou com meu coração disparado.Meu pai foi me buscar e fomos almoçar em um restaurante já que hoje é o dia de folga da Antônia. Acredito que pela primeira vez ninguém me olhou estranho, estranho do tipo: como se eu fosse um objeto, um bicho ou algo para sentir nojo.Almoçamos e pela primeira vez ele tocou no assunto de minha mãe.— É, fi
Eiko SolanoPrazer, Eike Solano Ferraz, ou somente: Solano.Desde sempre tenho uma vida complicada, uma parte por meu pai ser um político poderoso com sua carreira e sua vida compostas de mentiras e outra parte por eu ser sozinho.Quer dizer, eu sou sozinho porque eu quero.Porque cansei de pessoas artificiais ao meu lado e com 16 anos eu já sabia o que queria e sem dúvidas, não era isso. Cansei de ter amigos por interesse, uma família mesquinha e garotas que só queriam se aproveitar.Eu não sou assim e mereço mais do que isso.Sonho com um romance. Sim, tipo aqueles clichês e desejo um, a todos. Afinal, todo adolescente merece o seu. Não sou gay por ser romântico, okay sociedade!?Eu tenho dentro de mim, todos os sonhos do mundo.Eu nunca fui ambicioso ou grandioso como meus pais. Er
Data:10/06Um mês se passou e o grande dia está prestes a chegar: Minha audição para a cia de balé.Se estou nervosa? Estou surtando.Está marcado para às quatro da tarde. Minha coreografia está maravilhosa segundo Bia, mas eu não acredito que está linda.Hoje é sexta-feira, Solano e meu pai irão comigo. Sem falar no Sol, até hoje estou impressionada com nossa amizade que começou do nada e já se tornou um tudo. A nossa afinidade cresce cada vez mais.Depois de um mês eu só consigo pensar: Vai doer tanto quando ele se afastar.Um dia ou outro eu sofro preconceito e olhares maldosos, mas ele sempre me apoia, até arrumar briga ele já arrumou. O mesmo disse que ninguém mexe com a irmãzinha dele. Eu acho fofo.Agora irei para a escola e depois voltarei