O Início de uma DescobertaO sol já brilhava sobre Londres quando Miguel Alencar acordou, o corpo tenso e a mente ainda envolta nos fragmentos do sonho perturbador. Ele levou as mãos ao rosto, tentando dissipar o peso emocional que o sonho deixara nele. Sentia uma pressão no peito, um vazio inexplicável que não conseguia nomear. Mais uma vez, ele tentava se lembrar de quem era a mulher do sonho, mas nada além de uma sensação de saudade permanecia.Miguel se levantou, tomou um banho rápido e se vestiu para o trabalho. Precisava se concentrar — a manhã seria dedicada a finalizar contratos importantes que resultaram do jantar da noite anterior. Aquele seria o encerramento da missão em Londres, e ele esperava voltar ao Brasil logo depois.Quando chegou ao escritório da filial europeia da Alencar Holding, os funcionários já estavam à sua espera. Miguel entrou diretamente na sala de reuniões, onde uma pilha de papéis aguardava sua assinatura.— Senhor Alencar, todos os contratos estão pron
Quem Engorda o GadoClara estava sentada na varanda de sua casa nas montanhas, observando as árvores ao longe enquanto Luna brincava perto da cachoeira. A paz do lugar era algo que ela sempre apreciara, mas, naquela manhã, essa tranquilidade seria interrompida.Seu telefone tocou, e ela o pegou com um suspiro. A voz familiar de um dos homens de confiança de seu pai soou do outro lado.— Senhora Moretti, seu pai não está bem. Ele pediu que o jatinho fosse buscá-la imediatamente. Ele exige sua presença.Clara franziu a testa, sabendo que quando seu pai pedia, não havia espaço para recusa. Seu relacionamento com ele sempre fora complicado, e, embora a saúde dele estivesse deteriorando, Clara ainda resistia à ideia de se envolver mais profundamente com os negócios da família.— Estou indo. — respondeu ela, encerrando a ligação.Sem dizer nada, ela se levantou e foi até Luna, que brincava despreocupada com pedrinhas na beira da água.— Filha, precisamos viajar para ver o vovô. — disse Cla
A Dor de Lembrar e o Peso do EsquecimentoMiguel estava sentado na cama do hotel em Londres, o telefone na mão. Ele respirou fundo antes de discar o número da mãe. Precisava contar o que o médico havia revelado sobre o acidente e o motivo dos sonhos fragmentados que o atormentavam.— Oi, mãe. — ele disse, assim que ela atendeu.— Miguel! — A voz dela parecia animada. — Como você está, meu filho?Ele hesitou um instante.— Mãe, eu liguei porque... Eu vou precisar ficar em Londres por mais um tempo. O neuro descobriu que esses sonhos que estou tendo são fragmentos de memórias que perdi. Eu... Eu tive um acidente, mãe. Bati o carro e capotei. O médico disse que eu fiquei em coma e que meu cérebro está tentando se lembrar do que eu esqueci.Do outro lado da linha, ele ouviu a mãe começar a chorar baixinho.— Que bom, meu filho... Que bom que você está começando a se lembrar.A resposta dela pegou Miguel de surpresa.— Como assim, mãe? O que eu preciso me lembrar?Ela suspirou profundament
A Próxima GeraçãoClara e Luna estavam novamente a caminho da França, atendendo ao chamado urgente de seu pai. O jatinho particular as conduzia suavemente pelos céus enquanto Clara olhava pela janela, preocupada. A saúde do pai estava piorando rapidamente, e, desta vez, ele estava de cama, uma imagem difícil para alguém que sempre fora tão forte e determinado.Ao chegarem à mansão na França, Valentina as recebeu na porta com um abraço silencioso.— Ele quer falar conosco. — disse Valentina com um ar sério. — Sobre o testamento.Clara respirou fundo e seguiu para o quarto do pai, com Luna caminhando ao lado. Ao entrarem, encontraram o patriarca Moretti deitado, a pele pálida, mas os olhos ainda cheios de determinação.— Minhas meninas... — ele murmurou com um sorriso fraco, estendendo a mão para elas. Clara e Valentina se aproximaram, uma de cada lado da cama, enquanto Luna pulava para o colo do avô, enchendo o quarto de uma alegria inocente.— Eu quero que vocês saibam que o testament
O Coração Sempre SabeClara acordou cedo, o céu da manhã tingido por um leve tom de rosa. Ela desceu até o jardim com uma xícara de café fumegante nas mãos, inalando profundamente o perfume das flores. O ar fresco e a fragrância das pétalas a cercavam como um abraço suave.— Bom dia, mundo. — murmurou ela, sorrindo para si mesma.Depois de tomar os últimos goles do café, deixou a xícara sobre a mesa da varanda e subiu as escadas em direção ao quarto do pai. Cada degrau rangia levemente, mas o som era familiar e reconfortante. Ao chegar à porta do quarto, deu três batidinhas leves.— Bom dia, pai. O senhor já acordou?Nenhuma resposta veio. Clara franziu levemente a testa, mas empurrou a porta com cuidado. Entrou no quarto silenciosamente e foi até a janela, abrindo as cortinas para deixar entrar a luz suave da manhã.— Vamos acordar, pai. Como o senhor está hoje? — perguntou, enquanto a luz inundava o ambiente.O silêncio continuou. Clara se aproximou dele e tocou seu rosto suavemente
Entre a Simplicidade e a FutilidadeNa mesma manhã, Cecília estava sentada no escritório do pai, mexendo no celular distraída, enquanto ele a observava com um olhar severo.— Cecília, você precisa ir ao velório do senhor Moretti. — disse ele, firme. — É importante para os negócios.Cecília bufou, revirando os olhos.— Eu não vou.— Não seja tola. — ele rebateu, impaciente. — Isso é essencial para manter nossas conexões.Ela o olhou com desprezo.— Se for tão essencial, que vá o senhor. Eu tenho mais o que fazer.O pai bufou, irritado, mas não discutiu mais. Um de seus secretários seria enviado no lugar dela, para garantir que alguém estivesse presente e fizesse as conexões necessárias.O salão estava silencioso e solene, decorado com flores brancas que traziam um ar de respeito e reverência. O corpo do senhor Moretti repousava em um caixão de madeira nobre, e Clara e Valentina estavam de pé ao lado, recebendo os cumprimentos dos presentes com a serenidade de quem já havia se preparado
Entre Promessas Quebradas e Abraços EternosPor um instante, o silêncio entre eles era denso e carregado de significados não ditos. Miguel estendeu a mão para ela, o olhar firme.— Mais uma vez, meus sentimentos, senhorita Moretti.Clara segurou a mão dele brevemente e fez um leve aceno com a cabeça.— Muito obrigada, senhor Alencar. — respondeu ela, em um tom calmo, mas cheio de emoções contidas.Clara se escondeu atrás de uma parede, observando Miguel passar. O coração dela acelerava, e as mãos estavam geladas enquanto ela o via caminhar em direção ao carro. Ele entrou, mas não ligou o motor de imediato. Por alguns minutos, ele permaneceu imóvel, como se estivesse esperando por algo, talvez por uma sensação, um sinal, ou apenas um pensamento perdido no tempo.Clara observava, ansiosa. A cada segundo, ela esperava que ele saísse do carro, olhasse para trás e a visse ali, mas isso nunca aconteceu. Finalmente, ele ligou o motor, e o carro começou a se mover. Saiu devagar, como se ele e
Voltando Para ElaMiguel estava no meio de uma discussão intensa. Diante dele, um homem de costas, alto e imponente, falava com raiva:— Você não vai se casar com aquela pobretona! Não vai jogar meu dinheiro no lixo!Miguel estava chorando, mas seus olhos ardiam de determinação.— Você não pode me impedir. É a minha vida, a minha escolha! — ele gritou. — Eu não escolhi estar aqui com você, eu não escolhi essa vida. Eu escolho ela! Prefiro voltar para ela.A emoção o dominava, mas ele sentia um calor reconfortante no peito.— Eu prometi... e eu vou cumprir. Eu vou voltar para ela.Ele bateu a porta com força e saiu, respirando fundo. De repente, um sorriso começou a se formar em seu rosto.— Estou voltando para você, meu amor. Me espere.Miguel subiu rapidamente para o quarto, pegou sua mala, e desceu até o carro. Abriu o porta-malas e colocou a mala lá dentro. Enxugou as lágrimas e não olhou para trás. Ao ligar o carro, ele sentiu o coração arder de felicidade.Com o vento batendo no