A Próxima GeraçãoClara e Luna estavam novamente a caminho da França, atendendo ao chamado urgente de seu pai. O jatinho particular as conduzia suavemente pelos céus enquanto Clara olhava pela janela, preocupada. A saúde do pai estava piorando rapidamente, e, desta vez, ele estava de cama, uma imagem difícil para alguém que sempre fora tão forte e determinado.Ao chegarem à mansão na França, Valentina as recebeu na porta com um abraço silencioso.— Ele quer falar conosco. — disse Valentina com um ar sério. — Sobre o testamento.Clara respirou fundo e seguiu para o quarto do pai, com Luna caminhando ao lado. Ao entrarem, encontraram o patriarca Moretti deitado, a pele pálida, mas os olhos ainda cheios de determinação.— Minhas meninas... — ele murmurou com um sorriso fraco, estendendo a mão para elas. Clara e Valentina se aproximaram, uma de cada lado da cama, enquanto Luna pulava para o colo do avô, enchendo o quarto de uma alegria inocente.— Eu quero que vocês saibam que o testament
O Coração Sempre SabeClara acordou cedo, o céu da manhã tingido por um leve tom de rosa. Ela desceu até o jardim com uma xícara de café fumegante nas mãos, inalando profundamente o perfume das flores. O ar fresco e a fragrância das pétalas a cercavam como um abraço suave.— Bom dia, mundo. — murmurou ela, sorrindo para si mesma.Depois de tomar os últimos goles do café, deixou a xícara sobre a mesa da varanda e subiu as escadas em direção ao quarto do pai. Cada degrau rangia levemente, mas o som era familiar e reconfortante. Ao chegar à porta do quarto, deu três batidinhas leves.— Bom dia, pai. O senhor já acordou?Nenhuma resposta veio. Clara franziu levemente a testa, mas empurrou a porta com cuidado. Entrou no quarto silenciosamente e foi até a janela, abrindo as cortinas para deixar entrar a luz suave da manhã.— Vamos acordar, pai. Como o senhor está hoje? — perguntou, enquanto a luz inundava o ambiente.O silêncio continuou. Clara se aproximou dele e tocou seu rosto suavemente
Entre a Simplicidade e a FutilidadeNa mesma manhã, Cecília estava sentada no escritório do pai, mexendo no celular distraída, enquanto ele a observava com um olhar severo.— Cecília, você precisa ir ao velório do senhor Moretti. — disse ele, firme. — É importante para os negócios.Cecília bufou, revirando os olhos.— Eu não vou.— Não seja tola. — ele rebateu, impaciente. — Isso é essencial para manter nossas conexões.Ela o olhou com desprezo.— Se for tão essencial, que vá o senhor. Eu tenho mais o que fazer.O pai bufou, irritado, mas não discutiu mais. Um de seus secretários seria enviado no lugar dela, para garantir que alguém estivesse presente e fizesse as conexões necessárias.O salão estava silencioso e solene, decorado com flores brancas que traziam um ar de respeito e reverência. O corpo do senhor Moretti repousava em um caixão de madeira nobre, e Clara e Valentina estavam de pé ao lado, recebendo os cumprimentos dos presentes com a serenidade de quem já havia se preparado
Entre Promessas Quebradas e Abraços EternosPor um instante, o silêncio entre eles era denso e carregado de significados não ditos. Miguel estendeu a mão para ela, o olhar firme.— Mais uma vez, meus sentimentos, senhorita Moretti.Clara segurou a mão dele brevemente e fez um leve aceno com a cabeça.— Muito obrigada, senhor Alencar. — respondeu ela, em um tom calmo, mas cheio de emoções contidas.Clara se escondeu atrás de uma parede, observando Miguel passar. O coração dela acelerava, e as mãos estavam geladas enquanto ela o via caminhar em direção ao carro. Ele entrou, mas não ligou o motor de imediato. Por alguns minutos, ele permaneceu imóvel, como se estivesse esperando por algo, talvez por uma sensação, um sinal, ou apenas um pensamento perdido no tempo.Clara observava, ansiosa. A cada segundo, ela esperava que ele saísse do carro, olhasse para trás e a visse ali, mas isso nunca aconteceu. Finalmente, ele ligou o motor, e o carro começou a se mover. Saiu devagar, como se ele e
Voltando Para ElaMiguel estava no meio de uma discussão intensa. Diante dele, um homem de costas, alto e imponente, falava com raiva:— Você não vai se casar com aquela pobretona! Não vai jogar meu dinheiro no lixo!Miguel estava chorando, mas seus olhos ardiam de determinação.— Você não pode me impedir. É a minha vida, a minha escolha! — ele gritou. — Eu não escolhi estar aqui com você, eu não escolhi essa vida. Eu escolho ela! Prefiro voltar para ela.A emoção o dominava, mas ele sentia um calor reconfortante no peito.— Eu prometi... e eu vou cumprir. Eu vou voltar para ela.Ele bateu a porta com força e saiu, respirando fundo. De repente, um sorriso começou a se formar em seu rosto.— Estou voltando para você, meu amor. Me espere.Miguel subiu rapidamente para o quarto, pegou sua mala, e desceu até o carro. Abriu o porta-malas e colocou a mala lá dentro. Enxugou as lágrimas e não olhou para trás. Ao ligar o carro, ele sentiu o coração arder de felicidade.Com o vento batendo no
Novos Tratamentos e Velhas FrustraçõesO telefone de Miguel tocou enquanto ele estava na sala com Cecília, que se mexia impacientemente ao lado dele. Ele olhou para a tela e viu que era o médico de Londres.— Alô, doutor. — Miguel atendeu, com um tom calmo.— Miguel, aqui é o Dr. Edmunds. — a voz grave do médico soou clara. — Tenho notícias importantes e preciso que você volte para Londres o mais rápido possível.Antes que Miguel pudesse responder, Cecília, curiosa, inclinou-se para ele.— O que ele está falando? Coloca no viva-voz.Miguel revirou os olhos, respirando fundo para controlar a irritação. Ele pressionou o botão de viva-voz.— Pois não, doutor. Pode repetir? — pediu Miguel, tentando manter a calma. — Fui interrompido e não consegui te ouvir direito.— Claro. — respondeu o médico. — Estive fazendo algumas pesquisas e há um novo tratamento que acredito que pode melhorar suas dores de cabeça e ajudar com os fragmentos de memória. Precisamos iniciar o quanto antes. Você conse
Um Passo para a Memória PerdidaMiguel parou por um momento, tentando organizar seus pensamentos.— Entrei no carro e liguei o motor com uma felicidade que me invadiu completamente. Eu tinha certeza de que precisava voltar para ela.O Dr. Edmunds franziu o cenho.— Voltar para quem, Miguel?Miguel suspirou, exausto e confuso.— Essa é a pergunta, doutor. Eu não sei quem é ela. — ele murmurou, com o coração apertado. — E não é a primeira vez. Há alguns anos, eu sonhei com um piquenique... Estava com uma mulher. Nós fizemos amor e, depois, eu chorei. E ela também. Eu prometi a ela que voltaria. Mas, quando passei a mão no rosto dela, tentando ver seu rosto, tudo era só um borrão.Miguel apertou as mãos, frustrado.— Doutor, eu não sei quem é ela, mas algo dentro de mim diz que esses sonhos não são apenas sonhos. São memórias... Fragmentos de uma promessa que eu fiz. E eu preciso voltar para ela.Miguel levantou o olhar para a mãe, e viu que ela estava com a cabeça baixa, lágrimas silenc
Fragmentos que se Unem Miguel estava no escritório, mexendo em alguns livros antigos que trouxera consigo de Londres. Ele precisava encontrar um relatório específico que havia guardado entre as páginas de um livro de economia. Com as luzes baixas e a mente ainda cansada das sessões de tratamento, Miguel se dedicava a reorganizar o que encontrava. Foi então que, ao abrir um dos livros mais antigos, um pequeno pedaço de papel, envelhecido e amarelado pelo tempo, deslizou silenciosamente de dentro das páginas. Curioso, ele pegou o papel com cuidado, percebendo que era uma carta. A textura desgastada e as dobras gastas indicavam que aquela carta estava ali havia muitos anos. Seus olhos se estreitaram, e seu coração acelerou. Ao desdobrar o papel com cuidado, ele viu no topo o título: "Esperando por você" A carta começava de forma poética, e Miguel sentiu um aperto no peito à medida que lia cada verso: "Eu me tornaria uma tola no amor novamente, se houvesse a menor chance de você me