Flores do PassadoMiguel acordou com uma energia diferente. Pela primeira vez em anos, ele não se sentia confuso ao despertar de um sonho. As memórias permaneciam intactas, como se uma névoa tivesse começado a se dissipar. Levantou-se apressado, sorrindo, e desceu as escadas com a leveza de quem finalmente encontrou uma parte importante de si mesmo.Na cozinha, sua mãe, Isabel, estava preparando o café da manhã. O cheiro de café fresco e pão tostado invadia o ambiente. Miguel entrou com um sorriso largo, pegou uma xícara e se sentou à mesa.— Mãe! — exclamou ele, quase sem conter a animação. — Você não vai acreditar no que eu sonhei!Isabel sorriu para ele, surpresa com a alegria no rosto do filho.— E o que você sonhou, meu filho?Miguel tomou um gole de café, respirou fundo e começou a contar.— Eu sonhei que estava na porta de uma escola. Tinha umas flores nas mãos, sabe? Como quando a gente é criança e arranca qualquer flor que encontra pelo caminho pra fazer um buquê.Isabel riu
Coincidências. Miguel chamou a secretária novamente e explicou que Fábio seria apresentado ao seu tutor na área de Recursos Humanos.— Carla, por favor, leve o Fábio até o departamento de RH e apresente-o ao Gabriel. Ele será o tutor dele e o guiará nas atividades do setor. — pediu Miguel.Fábio agradeceu e se despediu de Miguel e Luna, acompanhando Carla com um sorriso confiante.— Boa sorte, Luna. — disse ele antes de sair, piscando discretamente para a amiga.Miguel observou Fábio sair e, então, voltou-se para Luna.— Agora vamos ao tour. Quero que você conheça cada canto da empresa e entenda o nosso funcionamento desde o primeiro dia. — disse ele com um sorriso, indicando a porta para começarem a caminhada.Enquanto caminhavam pelos corredores amplos e modernos, Miguel não conseguia afastar a curiosidade. A jovem ao seu lado carregava uma energia especial, algo que parecia conhecido, mas ao mesmo tempo inatingível. Ele não sabia ainda, mas as peças de suas memórias começavam lent
Impactos e RevelaçõesO sol começava a se pôr, tingindo o céu de tons alaranjados, quando Miguel deu o primeiro passo na escadaria da empresa. A dor de cabeça latejava intensamente, e ele apertou as têmporas na esperança de aliviar a pressão. Porém, antes que pudesse dar outro passo, a tontura o dominou.Miguel perdeu o equilíbrio e, em um piscar de olhos, rolou escada abaixo. Seu corpo atingiu os degraus com força, enquanto seu coração disparava. Ele tentou se segurar, mas foi inútil. Quando chegou ao chão, tudo ao seu redor se tornou um borrão.Um curioso que passava pela calçada parou imediatamente e, em vez de ajudar, tirou o celular do bolso e começou uma transmissão ao vivo.— Galera, olha isso! Um homem acabou de cair da escadaria da empresa! — disse ele, aproximando-se para capturar cada detalhe.Enquanto isso, Ana, a secretária de Miguel, saía do prédio e se deparou com a cena.— Meu Deus, é o senhor Miguel! — gritou ela, desesperada. — Chame uma ambulância! Agora!A equipe d
O Reencontro Silencioso Clara e Luna chegaram ao escritório pontualmente às sete da manhã. Luna deu um beijo na mãe e seguiu para o setor onde faria seu estágio, enquanto Clara aguardava nervosa na recepção. Ana a recebeu alguns minutos depois com um sorriso cordial e a conduziu para uma rápida entrevista. — Muito obrigada por vir, Clara. Precisamos de alguém de confiança para cuidar do senhor Alencar. — Ana disse, passando um papel com o endereço. — Ele precisará de acompanhamento integral na casa dele. Clara assentiu e agradeceu. Em seguida, pegou um táxi e foi em direção ao endereço indicado. Durante o trajeto, seu coração batia acelerado. Era como se o destino estivesse conspirando para trazê-la de volta à vida de Miguel. Assim que o táxi parou em frente à casa, Clara respirou fundo e tocou a campainha. A porta se abriu lentamente, revelando Isabel, que congelou por um instante ao ver Clara ali. Os olhos de Isabel se encheram de lágrimas, e ela não hesitou em envolver Clara em
"O Encontro que Mudará Tudo"Isabel deu três leves batidas na porta do quarto, com o tom doce e familiar de sempre.— Bom dia, meu filho. Posso entrar?Do outro lado, a voz de Miguel soou, baixa, mas gentil:— Pode, mãe. Fique à vontade.Isabel abriu a porta, entrando com leveza. Clara, ainda no corredor, respirou fundo, tentando controlar a ansiedade que tomava conta dela. Isabel puxou as cortinas, deixando a luz do dia iluminar o quarto.— A Ana mandou a moça que vai cuidar de você, filho. A enfermeira.Miguel, ainda sentado na cama, passou a mão pelo rosto, tentando espantar a sonolência.— Tudo bem, mãe. Pode pedir para ela entrar.Isabel se virou para a porta e sorriu para Clara.— Entra, minha filha.Clara entrou devagar, o coração acelerado. Ao cruzar a porta, os olhos de Miguel arregalaram-se, como se tivessem acabado de receber um choque. Ele piscou algumas vezes, processando a visão à sua frente.— Você? — Miguel exclamou, a voz carregada de surpresa.Clara também ficou para
Acho que não Consigo.Clara entrou na cozinha com os olhos marejados e a respiração ofegante. Tentava se recompor, mas o peso das emoções estava quase insuportável. Isabel, que preparava o café, notou o rosto transtornado da jovem e se aproximou com preocupação.— O que aconteceu, minha filha? — perguntou Isabel, pousando a mão suavemente no ombro de Clara.Clara balançou a cabeça, tentando engolir as lágrimas, mas não conseguiu. Ela desmoronou, sentou-se em uma cadeira e levou as mãos à cabeça, como se o peso do mundo estivesse sobre seus ombros.— Vai ser difícil... — sussurrou, quase para si mesma. — Vai ser muito difícil pra mim.Isabel puxou uma cadeira, sentando-se ao lado dela. — Por quê, minha filha?Clara respirou fundo, lutando para falar, mas as palavras finalmente escaparam como um desabafo preso há anos.— Porque eu o amo. Ele é o amor da minha vida.Isabel apertou os ombros dela com carinho e compreensão.— Eu sei, minha filha, eu sei. Mas agora você está aqui, perto del
Quando o corpo reconhece o que a mente esqueceu.Clara respirou fundo ao entrar no quarto, lutando para manter a calma. O peso das lembranças e das emoções fazia suas mãos tremerem levemente, mas ela sabia que precisava se concentrar. “É só um banho,” ela repetiu para si mesma. “É só cuidar dele.”— Senhor Miguel, eu vou ajudá-lo a se preparar para o banho. Está bem? — sua voz era suave, mas carregava uma tensão que ela não conseguia esconder.Miguel a observou com uma mistura de curiosidade e fascinação. Algo no jeito dela o fazia sentir que estavam ligados por um laço invisível. "Quem é você? Por que sinto que deveria te conhecer?"— Claro. — ele respondeu, desviando o olhar para evitar mostrar o quanto essa proximidade mexia com ele.Clara se aproximou e, com todo o cuidado, começou a tirar a camiseta dele. Ao deslizar o tecido pela pele dele, os dedos dela tocaram de leve seu ombro. A pele quente e firme, o corpo forte, ainda que fragilizado, fez seu coração apertar. “Ele continua
Um Ponto Final à VistaCecília, agora mais calma, mas ainda visivelmente nervosa, cruzou os braços e olhou para Miguel.— O que está acontecendo aqui, Miguel?Miguel respirou fundo e, sem alterar o tom de voz, respondeu:— É o que você viu. Minha enfermeira estava me dando banho e me trocando.— Mas ela estava... — Cecília tentou continuar, mas foi interrompida.— Esqueceu que estou com uma fratura no quadril e preso a uma cadeira de rodas? — Miguel disparou com um sorriso sarcástico.Cecília bufou, cruzando as pernas e os braços.— Tá, tá... Mas você é meu noivo! Você acha que eu consigo assistir a uma cena dessas e ficar tranquila?Miguel ergueu uma sobrancelha, o sorriso sugestivo ainda nos lábios.— Deveria, não? Já que você deixou bem claro que não quer cuidar de um homem na cadeira de rodas, outra mulher precisa cuidar, não é?Cecília bufou alto, os braços apertados contra o peito.— Olha, você para de colocar essas ideias na minha cabeça, viu?— E como você acha que eu estou?