O vacilo Antes que pudessem reagir, as duas portas traseiras se abriram. Dois homens mascarados surgiram rapidamente. Um deles segurou Luna com força, enquanto o outro imobilizava Fábio. Ambos os adolescentes tentaram resistir, mas os homens eram mais fortes e experientes.— Solta a gente! — gritou Fábio, lutando para se livrar.— Socorro! — gritou Luna, tentando chutar o homem que a segurava.Os sequestradores ignoraram os protestos. Um pano embebido em clorofórmio foi pressionado contra o rosto de Luna, que desmaiou em segundos. O mesmo foi feito com Fábio, que perdeu a consciência logo depois.Os homens os colocaram de volta no carro, agora como prisioneiros, e Cecília deu partida novamente, sorrindo de forma sombria.O relógio marcava 15h, e Luna e Fábio já deveriam ter chegado à empresa. Ana, estranhando o atraso, tentou ligar para o motorista. O telefone tocou várias vezes, mas ninguém atendeu.— Que estranho… — murmurou Ana, sentindo um calafrio. Ela tentou novamente, mas a li
Pânico, Dor e a Busca DesesperadaO silêncio da caverna era interrompido apenas pelos gemidos de dor de Fábio e pelos soluços de Luna. Cecília andava de um lado para o outro, os olhos vidrados em sua própria raiva e frustração, enquanto segurava o celular em uma das mãos e uma vara improvisada na outra. Seus planos estavam claros: controlar a situação, infligir dor e manipular Miguel até que ele cedesse.Fábio, ainda ofegante após a última agressão, olhou para ela com olhos determinados, mesmo com o rosto marcado pelos golpes.— Você não vai escapar disso, Cecília — disse ele, com a voz rouca. — Miguel vai te encontrar. E você vai pagar por tudo isso.Cecília virou-se para ele com um sorriso amargo, seus olhos brilhando com algo que beirava à insanidade.— Oh, pobrezinho. — Ela se aproximou, abaixando-se para ficar no nível de Fábio. — Você é tão jovem, tão valente. Mas está esquecendo de uma coisa: eu estou no controle aqui.Ela levantou a vara novamente e golpeou a perna de Fábio co
Confronto de DestinosA noite estava carregada de tensão enquanto Miguel, Clara, Ana e o detetive Almeida conduziam a polícia até a caverna na montanha, guiados pela localização aproximada obtida através do rastreamento da ligação de Cecília. Clara, com o coração apertado, sabia exatamente onde estavam indo. A lembrança de tantos momentos tranquilos naquele lugar agora era manchada pelo terror de saber que sua filha estava lá, em perigo.— É aqui — disse Clara, apontando para a entrada da caverna. Sua voz estava trêmula, mas firme.Miguel segurou sua mão, oferecendo o pouco de conforto que podia.— Nós vamos tirá-los de lá. Fique comigo — sussurrou ele.Almeida gesticulou para sua equipe, que começou a cercar a área. Ele olhou para Miguel e Clara.— Fiquem atrás. Vamos lidar com isso.Mas Miguel não era de esperar. Ele deu um passo à frente.— É a minha filha. Eu vou com vocês.Almeida hesitou, mas sabia que argumentar seria inútil.— Fique perto e faça exatamente o que eu mandar.Os
Uma Vida por OutraO clima no carro era tenso enquanto Miguel, Clara, Luna e Fábio seguiam de volta para casa após os eventos na caverna. O silêncio era quebrado apenas pelos sons da estrada e pelas respirações ofegantes de todos, ainda abalados pelo confronto com Cecília. De repente, o celular de Miguel vibrou no bolso. Ele olhou para a tela e viu um número desconhecido. Atendeu imediatamente.— Alô? Quem é?Do outro lado da linha, uma voz sombria e carregada de rancor soou. Era Henrique.— Olá, Miguel. Acho que você já sabe quem está falando.Miguel sentiu o sangue gelar.— Henrique! O que você quer? Onde você está?Henrique riu, mas o som era frio e sem vida.— Calma, Miguel. Estou apenas ligando para equilibrar o jogo. Cecília está morta, não é? Eu soube. Vocês conseguiram tirar ela de mim. Então, achei justo... uma vida por outra vida.Antes que Miguel pudesse responder, um som ensurdecedor ecoou pela linha. O estrondo de um tiro. A ligação caiu imediatamente. Miguel ficou estáti
A Ilha do SilêncioA escuridão da noite parecia refletir o estado de espírito de Miguel. Ele sabia que Henrique era imprevisível e perigoso. Depois da tragédia que tirara sua mãe, não podia mais correr riscos com sua família. Ele pegou o telefone com determinação e discou um número que há muito tempo não usava.— Capitão Roberto? É o Miguel Alencar.A voz do outro lado da linha parecia surpresa, mas imediatamente profissional.— Senhor Alencar! É uma honra ouvir sua voz novamente. No que posso ajudar?— Preciso do avião pronto no hangar em uma hora. Estamos deixando Brasília. Destino? — Miguel fez uma pausa, olhando para Clara, Luna, e depois para Ana e Fábio. — Itália. E, após isso, precisamos ir para um local seguro. A ilha.Houve um momento de silêncio do outro lado, antes do piloto responder com firmeza.— Entendido. O avião estará pronto, senhor.Miguel desligou o telefone e voltou-se para os demais, que estavam reunidos na sala, tensos e esperando alguma decisão.— Escutem bem —
Quando o Peso se Torna InsuportávelA tensão na sala parecia palpável. Após a conversa com Clara, Miguel sentia o coração pesado, mas ainda não conseguia desligar. Ele sabia que precisava descansar, mas a pilha de relatórios e as ligações incessantes para seus gerentes o impediam de encontrar qualquer paz. Ele se levantou da cadeira e começou a andar de um lado para o outro no pequeno escritório, passando as mãos pelos cabelos em um gesto automático de frustração.Clara o observava da porta, com um olhar preocupado. Ela sabia que Miguel estava à beira de um colapso. Antes que pudesse dizer qualquer coisa, o telefone dele vibrou novamente. Miguel pegou o aparelho com força, como se estivesse travando uma batalha consigo mesmo. Ao atender, sua voz saiu tensa e abrupta.— O que foi agora?Do outro lado, a voz de um dos gerentes era hesitante, mas carregada de preocupação.— Senhor Alencar, nós temos um problema sério na filial de São Paulo. Houve um erro nos contratos de fornecimento, e
Deixando o Peso para Trás Miguel estava sozinho na cozinha, o copo de água vazio sobre a bancada. Ele olhava fixamente para o mármore enquanto sua mente era invadida por pensamentos que o atormentavam. O peso das responsabilidades, a ameaça constante de Henrique, a segurança de Clara, Luna e de toda a família. Tudo parecia esmagá-lo. Clara entrou na cozinha minutos depois, procurando por ele, mas a cozinha estava vazia. Franziu o cenho, preocupada, e saiu, procurando por Miguel. Foi quando o viu no jardim, sentado em um banco de pedra sob a sombra de uma árvore, com as mãos sobre os joelhos e o rosto enterrado nelas. O soluço quase inaudível quebrou o silêncio. Ela parou, observando-o por um momento, sentindo seu coração apertar. A imagem daquele homem, sempre tão forte, tão protetor, agora vulnerável, era difícil de processar. Clara se aproximou devagar, parando ao lado dele. — Miguel? Ele rapidamente enxugou o rosto e levantou-se, evitando olhá-la nos olhos. — Estou bem
Você é incrível! Miguel ainda sentia o eco dos gritos reverberando em sua mente, como se cada palavra não dita e cada medo guardado tivessem sido arrancados de dentro dele e lançados ao mundo. A cachoeira continuava a cair sobre as pedras com uma força constante, quase hipnotizante. Ele fechou os olhos, tentando absorver aquele momento, mas então sentiu uma presença ao seu lado. Clara estava ali, olhando para ele com um misto de amor e preocupação.Miguel permaneceu de pé, respirando profundamente enquanto a água da cachoeira caía ao seu lado, como um lembrete constante da força e do renascimento que aquele lugar representava. Seus olhos encontraram os de Clara, que o observava com um sorriso suave, o amor brilhando em seu rosto.Ela o puxou pela mão, levando-o para o centro da queda d’água. A força da água os envolvia, como se estivesse lavando não apenas seus corpos, mas também suas dores. Miguel olhou para Clara, com a água escorrendo pelo rosto dela, cada gota intensificando sua