Alec FieldsObservo Emmy de relance, enquanto ela ajeita a colcha na beirada da cama, os movimentos tensos, quase raivosos. Seu maxilar está travado, e os dedos se agarram ao tecido como se quisessem rasgá-lo. A ordem de Isaac para que ela dormisse no meu quarto claramente não lhe agradou.Ela está furiosa. Mas não comigo. Não ainda.— Ele não quis ofender você. — murmuro, ciente de que minha voz não vai aliviar sua irritação.Ela não responde. Nem me olha. Só continua arrumando tudo como se cada dobra fosse uma válvula de escape para sua frustração.— Ele só… te protegeu, Emmy. Depois de tudo o que aconteceu entre vocês… ele soube que não conseguiria se conter se vocês dividissem o mesmo quarto. Ele escolheu se afastar antes que algo mais acontecesse. Você entende isso, não entende?— Entendo. — ela responde, seca. Mas o som da palavra carrega veneno, como se engolir aquela justificativa fosse doloroso.Silêncio.Ela passa a explorar a pequena estante ao lado da cama, os dedos percor
Emmy ZackO quarto estava em silêncio.Minhas mãos se agarraram aos lençóis, o corpo suado, os músculos tremendo. Ofegante, olhei ao redor, tentando entender onde estava.Era só um sonho.Alec estava ali, ao meu lado, acordado agora, com os olhos arregalados de preocupação.— Emmy… o que está acontecendo? — sua voz era real. Era o Alec de verdade, não a versão feroz e lasciva do meu subconsciente.Levei a mão até o ventre. Doía. Ainda doía.— Você… você estava no meu sonho — sussurrei, evitando seus olhos. A vergonha se infiltrava devagar, um peso nos ombros, um nó na garganta.— Notei… você gritava meu nome — disse ele, num tom baixo, quase hesitante.— Eu estava… — tentei continuar, mas as palavras morreram antes de nascer. Como explicar aquilo? Como dizer que ele estava dentro de mim em um sonho e que parte de mim não sabia se aquilo foi só um sonho.Um som abrupto nos fez sobressaltar.Toques na porta.Secos. Determinados.E então percebi que o pesadelo talvez não tivesse terminad
ISAAC FIELDSsete dias se passaram desde que chegamos a Gron’harver — a cidade esculpida em pedra, construída por mãos colossais, eternamente envolta no sal do mar e na melancolia dos ventos antigos.Apesar da imponência acolhedora, algo paira sobre nós. Uma tensão invisível causada pelos próximos três dias de lua cheia, constante como o som do mar batendo contra os penhascos.Estamos todos tentando fingir normalidade.Zayn afoga seus pensamentos no velho salão de armas, transformando o pó em suor, cada golpe de espada como um grito contido. Alec, por outro lado, se enterrou nos arquivos da biblioteca, virando páginas como quem arranca véus da realidade, buscando respostas para perguntas que nenhum de nós teve coragem de formular.E Emmy...Ela se perdeu entre os livros de Alec. Como se a tinta das páginas pudesse apagar os sussurros na mente. Como se o cheiro de pergaminho antigo pudesse sufocar os próprios pensamentos.Mas ela ainda evita meus olhos.Não sei se é mágoa. Se é medo. O
Isaac FieldsO calor entre nós é avassalador. Emmy me beija com uma fome crua, quase desesperada, como se seus lábios buscassem respostas para todos os sentimentos que ela guardou por tanto tempo. Seus beijos são úmidos, profundos, famintos. Seus seios nus se movem contra o meu peito, sua pele quente e suave contrasta com a maneira descontrolada que a toco.Minhas mãos tremem ao descerem até a calça. Tento me livrar das roupas, mas ela não me deixa afastar. Seus braços continuam ao meu redor, sua boca não me dá trégua. Há algo em seus movimentos — não apenas desejo, mas entrega, uma coragem trêmula que me desarma.Ela morde meu lábio inferior, depois suga minha língua com doçura, como se quisesse memorizar o sabor. Suas mãos, suaves como o roçar de pétalas, descem pelo meu peito, desenhando caminhos invisíveis até alcançarem meu membro rígido. Ela hesita por um segundo, mas então o envolve com um toque curioso, exploratório, que me faz prender o ar.— Você promete que vai ser gentil?
Emmy Zack Acordo totalmente nua, mantas grossas cobrem meu corpo, colado ao de Isaac, ainda sinto seu membro roçando nas minhas pernas.Ao contrário do que esperava, não estou dolorida, fizemos amor mais duas vezes, não deixei Isaac sair da cama, na verdade não sinto vontade de desgrudar dele, já consigo admitir para mim mesma que me apaixonei no minuto em que o vi.E me sinto mais leve depois disso.Observo seu rosto, que parece ter sido desenhado por alguma divindade, e ela demorou e caprichou na obra, desenho seu maxilar com os dedos, sentindo sua respiração bater na minha mão, seus olhos se abrem sonolentos.— Luz dos meus olhos.. — ele sussurra.Meu coração parece que é torcido, em todas as emoções gentis quando ele me chama assim.O quanto alguém tem que ser preciosa para ser tratada com tanto amor e carinho? “Luz dos meus olhos”Me faz gostar mais dele, me faz sentir algo inexplicável, me faz sentir que o pertenço.E eu nunca senti nada melhor.— Meu Isaac.. — Sussurro, receb
Alec FieldsO clima entre Zayn e Emmy era denso, carregado como o ar antes de uma tempestade. Observando os dois, quem não os conhecesse veria apenas o jogo provocativo de um jovem impulsivo tentando dominar uma garota relutante. Mas eu conheço Zayn. Conheço o peso que ele carrega nos ombros e a escuridão que ele abraça com gosto.Zayn pode parecer apenas um provocador, mas ele é mais brutal do que qualquer um de nós ousaria ser — mais até do que o próprio Chase, que já foi temido por nossos inimigos e reverenciado pelos nossos. Meu irmão mais novo foi o primeiro a se transformar. Suportou sozinho todas as cerimônias da torre Malac'h. Empunhou espadas antes de todos nós, lutou contra a própria besta... e perdeu. Mas diferente de mim, ele nunca tentou vencê-la. Ele a acolheu. Dançou com ela nas noites de lua cheia, marcando sua pele com os rituais antigos sem anestesia, sem auxílio das sacerdotisas. Cada cicatriz é carregada como um juramento: ele nunca será domesticado.Por
Emmy Zack A viagem foi uma provação. Cada solavanco da carruagem parecia uma lembrança cruel do que me esperava. Não importava o quanto Isaac e Zayn tentassem me acalmar com promessas de tranquilidade — “Será uma chegada suave, Emmy, sem surpresas.” — nada poderia preparar minha mente para o caos silencioso que se erguia dentro de mim. Mas quando a carruagem finalmente desacelerou diante da ponte que levava ao Templo de Malac’h, não havia mais espaço para palavras reconfortantes. Apenas o som dos cascos contra o mármore e o rugido abafado do meu próprio coração. A ponte era uma obra digna dos próprios deuses — longa, imponente, sustentada por arcos colossais que pareciam desafiar as leis da gravidade. Além dela, a cidade sagrada se estendia como uma tapeçaria viva de pedras ancestrais, torres douradas e telhados de âmbar. No centro, como um farol arrogante, a Torre de Malac’h rasgava o céu com sua presença absoluta. Muito maior que a Divisa Guardiã. Muito mais opressora. Isaac me
Emmy Zack Havia algo desconcertante nos olhares que me atravessavam. Eles não apenas me observavam — me despiam. Como se quisessem arrancar meus segredos com os olhos. Tentei manter um sorriso sereno nos lábios, mas ele tremia. Os músicos estavam posicionados discretamente num canto do salão, tão silenciosos até então que me espantei por não tê-los notado. O ar vibrava levemente, como se o espaço entre as paredes aguardasse algo sagrado. — Animem-se — exclamou Triodh’ch, com sua voz rouca e carregada de autoridade — já faz mais de uma década desde que a deusa superior pisou entre nós. Ela ergueu a taça, o líquido cor de sangue refletindo na iluminação de sua aura. Um silêncio pesado caiu sobre o salão. Sentia-me ainda mais pequena, engolida pela imponência daquele momento. Eu não conhecia todas as histórias do continente — não ainda. Ainda não havia chegado nessa parte dos livros que Alec me dera. Estava perdida entre mitos e símbolos, caminhando às cegas entre rituais q