Cap.3

    Quando chegamos a minha nova moradia já eram quase cinco da manhã, o

Nando não ia trabalhar no dia seguinte, ele passou a noite agarrado com a Luana

me deixado de lado, o que me magoou, poxa era meu aniversário, mas não iria

cobrar isso dele agora. Fui para meu quarto, só tinha uma cama, teria que voltar na

casa da Sheila para buscar minhas coisas, por agora só desejava dormi.

     Acordei com batidas na porta, gritei um entra ainda roco, era uma mulher alta,

cabelos lisos, a encarei e me perguntei quem poderia ser, até que a própria se

identificou como sendo a secretaria pessoal do Nando e que o mesmo estava me

chamando para comer. Aquele cretino já estava acordado? Busquei o despertador,

mas não tinha nem criado-mudo ainda, quem dirá um despertador. joguei-me para

fora da cama e fui no banheiro, lavei o rosto, e fui encontrar com o senhor (festa de

verdade)

    _espero que tenha dormido bem - o encarei sem falar nada.

    Sentei a mesa e me servi de um copo com suco, a secretaria dele, também

sentou, ela era muito bonita, e parecia meio desconfortável com a minha presença,

acho que eles tinham algo além, o que era nojento, afinal ele estava se agarrando a

poucas horas com outra.

    _Li eu vou ter que ir na empresa, espero que não seja nada sério, mas vou deixar

a Ana para te ajudar....

    _sério? Não sou adulta o bastante? Engraçado que achou que ontem eu era,

afinal me largou naquela droga de festa com um cara que eu nem conheço - ele me

fuzilou.

    _ok, não tá de bom humor, na parede perto da porta tem uma cópia da chave, a

portaria já está avisada sobre você, quando eu voltar pode descontar sua raiva em

mim, mas agora realmente tenho que ir.

    Não falei nada, não tinha nada a ser dito, ele sempre ia embora, agora não seria

diferente, mas ao menos não estava mais presa a minha tia e de certa forma, a mais

ninguém. Eu realmente estava com raiva, de tantas coisas, de tantas formas que a

vontade era de sair gritando, mais para quem? Para que? Levantei derrotada,

precisava de um banho e ir buscar minhas coisas, a Ana continuou a mesa quando

sai, ela parecia legal, mas só não estava com cabeça de falar nada e nem ter contato

com novas pessoas. Meu banho não demorou mais quê meia hora, quando sai do

banheiro tinha uma muda de roupa para mim na cama, um short curto, e uma

camiseta, junto com sutiã e calcinha, me vesti deixado o cabelo preso em um coque,

o Rio tinha muitas qualidades, o calor definitivamente não era uma delas. Voltei a

sala e a Ana já estava na porta me esperando, dei um suspiro e resolvi levar na

esportiva, afinal ela não tinha culpa. Já tinha um táxi a nossa espera, tenho que

admitir que o apartamento, do Nando era lindo, e a vista pro mar não deixava a

desejar, embora soubesse que minha raiva por ele não fosse durar queria senti-la

nesse momento, me daria forças para encarar minha (amada) tia.

    Assim que passo pela porta vejo a Sheila, o Rodrigo e um homem que não

conheço, os três me olham, o Rodrigo é que vem até mim e me dá um abraço,

aproveitando da raiva que estava sentindo, o abraço por mais tempo que o

necessário, ao me afastar vejo a cara da Sheila, o que me faz abrir um largo sorriso.

     _Li quero que conheça meu irmão Leonardo. – falou o Rodrigo empolgado.

     _é um prazer conhecer alguém que aturou o Rodrigo e está vivo, começo a ter

esperanças. – falei sorrindo para o mesmo.

      O homem, era bem parecido com o Rodrigo referente ao porte, acabei

deduzindo que também tivesse sido do exército, ou ainda fosse, ganhei um sorriso

e ele veio até mim estendendo a mão, segurei e lhe apertei com cordialidade.

     _o prazer é meu, embora tenha que dizer é bem mais bonita do que me foi dito,

ela é realmente muito bonita – acabei ficando um pouco corada.

     _não deixe se iludir por esse Dom Ruan, ele fala isso pra todas – olhei para quem

tinha falado.

     A voz veio que uma mulher que acabará de vim da cozinha com um bebê no colo,

o irmão do Rodrigo logo foi para o lado dela pegando a criança, e dando um casto

beijo na mulher, pareciam ser felizes, e mesmo com a brincadeira do marido

comigo seu rosto não tinha nenhum sinal de raiva.

    _amor o que ela vai pensar de mim? Até parece que não me conhece – se fez de

ofendido.

    _é por te conhecer, meu bem que digo isso – falou segurando seu queixo.

    _esses encantos são Michele, minha esposa, e Nataly, nossa primeira filha. –

disse com orgulho na voz.

    _é realmente um prazer conhece-lo, mas tenho que resolver umas coisas.

    O Rodrigo me olhou e não falou nada, subi direto para o quarto, tinha dito a Ana

que talvez fosse precisa de algo bem maior que um carro, pois havia muita coisa, e desejava levar tudo, comecei a separar o que era mais importante em cima da

cama, eram meu livros, hqs, cds, cadernos, separei as malas no chão, todas abertas

e comecei a guardar as roupas, para os livros e todo o restos ia precisar de caixas...

Senti meu celular vibrando no bolço e tirei para ver o que o Nando queria, mas não

era ele.

SEBASTIAN: OI BOA TARDE, GOSTARIA DE TE CONVIDAR PRA SAIR. TENHO

CHANCES DE RECEBER UM SIM? 15:34

     Encarrei a mensagem sem saber o que responder, não estava arrependida de ter

dado meu número, só que não achei que ele realmente fosse falar comigo. Resolvo

por não responder nada agora, tinha que me concentrar no que estava fazendo,

termino as roupas e vou pra mesa de computador, escuto batidas na porta e era a

Ana, dou um sorriso e digo para ela entra.

    _o carro já chegou, falta muita coisa?

    _bastante, mas as roupas já estão prontas... Só preciso...

    _quer um conselho? Por que não deixa o pessoal encaixotar o restante, separe só

o que for pessoal e que não deseja que ninguém veja, o restante eu mesma

supervisiono e acompanho. – meus olhos brilharam. 

     Fiz exatamente o que ela disse, e me odiei por quase não a querer aqui, sai do

quarto levando apernas uma caixa com coisas realmente comprometedoras, nada

sexual, mas meus diários de menina eram uma parte de mim que não queria

esquecer, e me confortava tê-los comigo, eram como um amuleto. Acabei

encontrando minha tia no corredor, mas nada foi dito, e nem havia, já na sala não

voltei a encontrar a família do Rodrigo, e nem ele, fui para fora da casa e fiquei

esperando a Ana, como não tinha muito o que fazer resolvi por responder à

mensagem recebida mais cedo.

LÍVIA: NESSE MOMENTO UM PROVAVEL NÃO, TENTE AMANHÃ. 16:45

SEBASTIAN: NOSSA E EU AQUI ACHANDO QUE TINHA CAUSADO UM BOA IMPRESÃO. 16:59

LÍVIA: SE NÃO TIVESSE CAUSADO NÃO TERIA DADO MEU NÚMERO... 17:01

SEBASTIAN: ENTÃO ME DEIXA TE PAGAR UMA BEBIDA, PROMETO NÃO

MORDE. 17:03

LÍVIA: OK, MAS NÃO HOJE, QUE TAL NO DOMINGO? 17:10

SEBASTIAN: COMBINADO. 17:12

      Quando chegamos em casa o caminhão já estava lá nos esperando, claro que o

caminhão não estava cheio, mas serviu, a Ana se ofereceu para me ajudar a

arrumar tudo, mas dessa vez recusei, mas agradeci pela ajuda, e claro, pedi que ela

não falasse nada para o Nando, que se possível fala-se que fiz do seu dia um inferno

total. Comecei a arrumar minhas roupas de maneira lenta, coloquei uma música

qualquer para tocar e fui acompanhando o ritmo da melodia, não estava com presa,        queria deixar tudo do meu jeito, embora soubesse que não fosse terminar isso hoje,

me joguei na cama e encarrei o teto.

    _posso entrar? 

    _se eu falar que não mudaria alguma coisa?

    O Nando abriu a porta e foi entrando, ele ainda estava de terno e parecia

cansado, ele se jogou na cama ficando deitado ao meu lado, mas não falou nada.

Amava meu irmão, o considerava minha única família, mas as vezes é como se não

tivesse ninguém, e isso me deixa muito mal.

    _ainda tá brava?

    _não. – menti.

    _sinto muito por ontem, e gostaria de me redimir - ele se sentou e começou a me

encarar.

    _vai ter que ser muito bom. – falei sem nem ao menos olha-lo. 

    _vou de levar em um parque aquático no domingo, vamos passar o dia inteiro

juntos.

    _domingo? Esse domingo?

    _o que passou não dá pra ser, quer...

    _posso levar alguém? – perguntei espiando sua reação.

    Sabia que ia acontecer, ele abriu um sorriso de canto a canto, que pensei que sua

boca ia rasgar, seria meu primeiro encontro e sim estava muito nervosa, mas

nunca ia admitir isso a alguém, sabia também que se falasse que era o mesmo cara

da noite anterior ele ia me zoar a vida inteira, as vezes nem parecia que ele tinha

32 anos, agia como se fosse mas novo e inconsequente que eu.

    _claro... A comida já tá pronta se quiser...

    Apenas neguei e deixei que ele sumisse da minha vista, sorri comigo mesma e

voltei a selva que se encontrava em meu quarto, as horas foram passando e quando

achei que estava aceitável sentei no chão. Encarrei a mesa de computador, sabia

que agora passaria um bom tempo nele, mas era isso que queria, sempre me senti

uma peça faltante de um quebra-cabeça, ou uma construção incompleta, até podia

ser estranho me senti assim, mas não era do todo errado, não tinha pais, nem

memoria deles, não me considerava parte de uma família, nunca tive uma afinal.

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