- Mulher difícil! – Falo, passando a mão no rosto e chuto a cadeira do meu escritório, na Discoteca Estrela, minha boate, situada no centro de Goiânia.
Olho para Thaynara abraçada a George, e o ciúme me coroe por dentro, queimando minhas entranhas, por ele estar fazendo o que eu tanto queria. A dor em meu peito é real. Confio piamente nele, ainda mais agora, sabendo o que sei, porém, meu coração não entende isso.
Eles parecem ser muito mais íntimos e mesmo que eu saiba a verdade. ainda que ele tenha se assumido homossexual, não confio em nenhum homem ao lado dela, mesmo que seja ele, tão especial para nós dois, apenas eu posso tocá-la intimamente, apenas eu posso beijar a sua boca e somente eu possuo o seu corpo.
Fico de frente para o vidro que ocupa toda uma parede do meu escritório, de onde posso ver toda a boate. Aqui é onde passo grande parte do meu tempo nas noites de balada. É fascinante o quanto o ser humano pode ser surpreendente, o quanto cada indivíduo é diferente e o quanto algumas pessoas podem ser sem noção. Por isso, gosto de observar, ver os casais se formando, assim como meu amigo Olavo e sua noiva Carolina fizeram aqui. Em outros momentos observar as reações quando uma investida sem noção não dá certo.
Daqui ainda posso ver George com os braços ao redor da cintura da minha mulher, sim minha, ela é minha, sempre foi, sempre vai ser e com certeza não vai por muito tempo ocupar o mesmo apartamento com outro homem, mesmo que de forma platônica, sua casa é aquele maldito apartamento vazio com seu cheiro impregnado naquele quarto.
Eu sei que eles, realmente, não têm nada, principalmente porque eles moram juntos a anos e até bem pouco tempo ela ainda era virgem. Mas, ver outro com ela mesmo que seja pensado, faz meu coração se partir. Só de imaginá-la em meus braços, meu membro pulsa em minha calça e posso sentir a eletricidade tomar meu corpo, vendo-a se desvencilhar dele, acompanhar Marcela, Nathalia e Amanda em uma dança sensual com a música que toca: “Guimme More - Britney Spears”.
Ela passa a mão pelo corpo de forma sensual, como se estivesse se exibindo, mostrando seus atributos para alguém e como se sentisse que é observada olha na direção do vidro, no exato lugar em que estou e jogando os cabelos, para trás dos ombros sobe as mãos pela lateral do corpo, toca os seios e sem piscar passa a língua pelos lábios, fazendo com que eu me contorça em excitação.
Sei que ela não pode me ver, mesmo assim, como se estivesse fazendo um show para ela, abro minha calça, e começo a me satisfazer sozinho, apenas com meus dedos como testemunhas, sentindo uma onda de luxúria me consumir, como só acontece com ela, apenas ela tem o dom de despertar minhas mais loucas fantasias.
Lembro-me que a porta está destrancada e que qualquer um dos meus funcionários pode entrar e me ver nessa situação, até mesmo Danila, porém me encontro em um alto grau de excitação, então não me preocupo e continuo meu voo solo, ao mesmo tempo em que ela, olha fixamente para o vidro, como se estivéssemos os dois sozinhos em um único ambiente, sem a barreira que nos separa.
Quando os últimos acordes da música soam, meu alívio vem forte, fazendo com que minhas pernas fiquem bambas, ao mesmo tempo em que Nat a pega pela mão, tirando-me do estado de luxúria em que nos encontravamos, os dois, mesmo ela não me vendo. Viro-me para pegar a caixa de lenços em cima da minha mesa e me deparo com alguém que não queria que estivesse aqui.
- Danila, a quanto tempo está aí? – Pergunto ao mesmo tempo em que retorno à posição anterior e vejo Thay com as amigas no bar.
- Tempo suficiente para me deliciar com a sua performance. – Sinto suas mãos passarem por meu abdômen e seus seios tocarem minhas costas.
Termino de me recompor, desfaço o contato, jogo os lenços que usei no lixo e coloco uma distância segura entre nós, sentando-me em minha cadeira, atrás da mesa.
- Se viu o que eu fazia, sabia que era um momento íntimo, então podia ter dado meia volta e retornado posteriormente. – Falo com a voz profissional, demonstrando nossa situação de chefe e subordinada.
- Você sabe que a virgensinha não vai te querer, não sabe?
- E onde te dei liberdade para falar comigo assim? – Levanto-me de um pulo e fecho os punhos para tentar manter a calma. – Aliás, você não tem o direito de falar sobre a Thay.
- Você está cego Enrico, não percebe que ela é uma dissimulada e que quer apenas o seu dinheiro e status? – Vejo que está tremendo, porém ela esconde isso, fixando as mãos no encosto da cadeira a sua frente.
Minha vontade é de mandar que ela vá para a puta que pariu, afinal depois que confiei nela, mas me lembro que não posso, preciso seguir o plano. Se ela souber sobre Thay pode dar tudo errado. Respiro fundo para me acalmar, olho para a loira em minha frente, ela é linda, possui um corpo escultural, porém é uma pessoa vazia, que pensa apenas em si mesma e tem inveja de outras mulheres, pois só pode ser isso, para fazer o que fez para Thay. - Vou falar apenas uma vez Danila, escute bem. – Olho em seus olhos e sem pestanejar, profiro: - você nunca mais vai citar o nome da Thaynara, não olhará para o lado dela e não vai sequer pensar nela, pois se fizer isso, você estará demitida. Fu
Ouço ao longe o som animado de “Coldplay” com a música “Viva la vida”, porém, não consigo me desfazer da névoa que permeia minha mente, tento abrir os olhos, mas fecho-os novamente, uma vez que parece que um bumbo está tocando dentro da minha cabeça. Aos poucos, consigo me situar e percebo que a música vem do meu celular que se encontra ao meu lado na cama, no lugar que nunca foi ocupado por ninguém, já que durmo sozinha e nunca consegui terminar uma noite sequer, aqui com um homem.- Se eu fosse você, não tentaria levantar-me de uma vez.- É mesmo? – Pergunto para a voz do meu amigo que pelo tom, deve estar sorrindo da minha cara. – O que me sugere, senhor entendido em ressaca? É isso mesmo,
Quando a recepcionista me indica que direção tomar, me encaminho rapidamente para o local e ao adentrar, sinto como se tivesse levado um golpe invisível, pois meu corpo inteiro sente um tipo de descarga, como se houvesse levado um choque. Levanto a cabeça e antes que a hostess fale alguma coisa, me deparo com dois olhos penetrantes que fazem a descarga ficar ainda mais forte. O que será isso, será que estou a ponto de ficar gripada? - Posso ajudá-la? – Uma loira estonteante e bem-vestida para a minha frente, quebrando a hipnose que ele colocou em mim. - Vim me encontrar com o senhor Pedro Alcântara. - A sim, ele a aguarda, siga-me por favor. – Vira-se e anda com desenvoltura por entre as mesas, quase todas ocupadas e eu a sigo. Sem me conter olho na direção do homem misterioso e s
Arregalo os olhos e tento achar uma saída de emergência ou outra rota de fuga, mas ele percebe e começa a sorrir.- Não precisa ter medo, não farei nada que você não queira. – Ergue as mãos em sinal de rendição. – Queria apenas te conhecer.- No banheiro? – Minha voz é quase um sussurro, porém ele ouve.- Você saiu correndo, tive que dar meu jeito. – Estando sem reação, fico apenas olhando-o e percebo que mais uma calcinha foi embora, mesmo com o medo presente, o tesão se sobrepõem. – Sou Enrico e você?- Thaynara – Respondo no automático.- Bem, ao menos para mim você disse o nome, para o velho babão não deu abertura. – Seu sorriso agora é
Encontro-me, neste momento, tomando café em meu escritório na sede dos hotéis de luxo Garibaldi, que fica muito bem localizado, próximo ao centro da capital, permitindo que aos que se hospedam nele, fácil locomoção na cidade. Moro sozinho em uma cobertura, em um bairro de alto padrão e como não tenho a mesma sorte que o Olavo ou até mesmo Carolina, apenas uma empresa especializada em faxinas, se encarrega da limpeza e eu faço minhas refeições no hotel ou em restaurantes.Prático e rápido já que passo boa parte do meu dia aqui, administrando a rede e as noites sempre estou na boate, que adquiri, para ajudar um amigo com problemas financeiros. Mas, tomei gosto pelo negócio, aprendi a gostar de analisar as pessoas que a fre
A manhã passou voando, em meio a quantidade de pepinos que precisaram do meu parecer e as reuniões, não percebi o tempo passar. Imagino se eu não tivesse Amanda, pois ela resolve grande parte dos problemas, deixando para mim apenas o que não tem jeito. E ainda tive uma videoconferência de última hora com o gerente de uma das filiais do sul, devido a um problema envolvendo acusação de assédio moral, contra um de nossos diretores de marketing, por parte de uma ex-funcionária, que pediu demissão recentemente. Com a apuração, descobrimos que o diretor vem mantendo essa conduta a algum tempo e que uma funcionária saiu, também por causa de assédio sexual. Então não perdi tempo e o despedi, apresentando uma ótima p
Rita que está ao meu lado se engasga com susto, perante a fala da amiga e eu coloco a mão em seu ombro para ajudá-la. Vendo o rapaz ficar roxo de vergonha e tentar segurar o riso, que eu, é claro, não consigo.- Será que dá para tirar as patas de cima da minha mulher? – Bernardo me dá um tapa na mão e se enfia entre mim e sua namorada. Abrindo mais o sorriso, levanto as mãos em sinal de rendição, vendo-o abraçá-la e beijá-la com fervor. Olho para o lado, vendo Thay sentada em sua mesa falando com alguém ao telefone e gesticulando de forma expansiva, será que é algum homem? Sinto o tapa na nuca e olho para o lado, vendo um Olavo sorride
Na verdade, pelo pouco que percebi dela, sua pureza e docilidade lembram uma flor delicada e extremamente macia, ao mesmo tempo em que suas atitudes demonstram que ela é forte como um diamante, podendo ser lapidada pela vida, mas inquebrável diante dos problemas.- Hum-hum, não quero namorar, não quero compromisso, blá, blá, blá ... – Bernardo fala ao meu lado e saio do encanto que a diaba me colocou, percebendo que todos estão me olhando com semblantes jocosos.- Pois é, fico pensando, porque será essa posição de galo pronto para a briga, quando o nosso mais novo amigo ali – Olavo aponta para George, com o polegar - abraçou sua rosa do deserto. – Ele fala enquanto a mulher em questão entra em sua sala acompanhada de um idiota muito sorridente.- Afinal, qual o nome dele mesmo