No sonho, John estava em um templo, de frente para uma enorme fogueira com chamas em tons de laranja, vermelho e dourado brilhantes.
Ele nunca havia estado naquele lugar antes, mas, de alguma maneira, ele sabia o que era. Ele sentia. Estava olhando para o Fogo Imortal, estava num templo dedicado a Fokon, o deus do fogo. O Fogo Imortal era seu símbolo, chamado assim porque nunca se extinguia. Não importa onde estivesse, nada era capaz de apagá-lo.
O templo era a céu aberto, para que a fumaça pudesse subir ao ar livre. Colunas de pedra erguiam-se ao redor de onde estavam John e a fogueira, a intervalos de um metro e meio uma da outra, cada uma com uns quatro metros de altura e com uma estátua em miniatura de um homem, o deus do fogo, segurando uma espada e uma tocha nas mãos, no topo delas. O chão também era de pedra.
Jhanny não sabia por quanto tempo estavam andando. Então sentiu cheiro de comida e sentiu o estômago roncar. Mas de onde vinha o cheiro? Ela, John e Lúcia não conversaram muito durante a caminhada. Pararam algumas vezes para descansar e tomar água e então voltavam a caminhada pela floresta. Para onde estavam indo? Jhanny não sabia ao certo. Estavam seguindo o conselho que as deusas ancestrais de Lúcia haviam a dado, pois encontrariam ajuda lá, seja lá onde fosse. John havia suposto que esse lugar seria um vilarejo que havia seguindo por este caminho. O nome era Cordall. Assim como Sfixland, era habitado por filhos da natureza. Porém, segundo John, a maioria dos habitantes eram descendentes de Othor, lord do outono. — Estão sentindo? — Lúcia perguntou.
Ela sabia que isso acontecera há 16 anos atrás quando era um bebê. Foi quando seus pais e os pais do John morreram, protegendo as pessoas do vilarejo. Ela lembrou do sonho com a mãe correndo com ela ainda bebê. A figura escura que as seguia, seria Kallow? E o motivo dos ataques era a tal profecia? Como ele poderia saber que ela faria parte disso se era apenas um bebê na época? — Vamos conseguir ajuda para chegar o mais rápido possível no Monte dos Deuses e ouvir essa profecia? — Lúcia perguntou. Ela não parecia assustada, não muito, mas determinada. — Ah, sim. Você fez certo ao ouvir o conselho das deusas e seguir até aqui. — A Mãe Natureza voltou a sorrir. — Continuem indo até Cordall. Passem a noite lá. Hoje será o Festival de Othor, vai ser divertido. Enimal? — Ela olhou para o filho.
Lúcia estava caindo muito rápido. E tudo que ela fez naquele momento foi gritar, mas nem conseguia se ouvir gritando com o rugido do vento nos seus ouvidos.Ela olhou para os lados, procurando por John e por Jhanny. Não os viu, isso a deixou ainda mais apavorada. O ar estava frio, muito frio. Ela olhou para baixo, através das nuvens, para onde estava caindo, e viu pequenas montanhas verdes, rios e lagos, campos e, mais ao longe, talvez o mar. Aquilo com certeza era água, uma imensidão azul esverdeada que não acabava mais. Cercava todo o lugar, uma ilha. Mas por que ela estava despencando dos céus? E caindo numa ilha?Ela agitava os braços freneticamente, a ilha estava se aproximando. Ela não sobreviveria de jeito nenhum aquela queda. Procurou seus amigos de novo, o ve
Lúcia tentou, mas não conseguiu dormir. Até deu umas cochiladas, mas sempre acordava. John não estava mais agachado perto da fogueira. Ele estava encostado numa árvore, mas ainda a olhava. Sempre que Lúcia cochilava e acordava, olhava para ele e ele estava olhando a fogueira, outras vezes olhava para os lados, na direção dos sons de possíveis ameaças, mas voltava a fitar as chamas quando o som cessava. Algumas vezes ele estava olhando para Lúcia. Ela se lembrou de como ele ficou a encarando na floresta, antes de encontrarem a Mãe Natureza. Ele nunca a havia encarado assim, não daquele jeito. Não que ela não gostasse de que ele a olhasse, mas foi diferente. Ela ficou se perguntando por que ele a encarou daquele jeito. Pensou nas vezes em que ficou sozinha com ele em Sfixland. Ele não a olhava daquele jeito também, quando estavam sozinhos, mas ela olhava bastante para ele. Gostava dos olh
Quando John e Lúcia chegaram ao local onde Jhanny provavelmente fora atacada, nem ela e nem a coisa que a atacou estavam mais lá. O lugar estava um caos, várias plantas arrancadas, pedras reviradas, folhas espalhadas e havia, também, pegadas enormes espalhadas no chão, pareciam pés humanos, só que muito grandes. Duas árvores tinham sido arrancadas pela raíz. Não eram muito grandes, uma delas era um pessegueiro. — Acho que ela foi atacada quando pegava um desses. — Lúcia pegou um pêssego azul no chão, não estava amassado, estava em um bom estado. — Toma. — Ela ofereceu a John. — Não, fique. — Ele balançou a cabeça. John se abaixou e tocou o solo, tentou sentir alguma vibração na terra. Sentiu algo que parecia não estar muito longe,
Jhanny não se lembrava de ter ido dormir debaixo de arbustos. Ela acordou bem confusa, e então veio a lembrança do gigante, ela fazendo um corte em sua perna e a pancada na cabeça, depois mais nada. Ela se desvencilhou dos arbustos e saiu a procura dos amigos. Quando encontrou Lúcia, John e o gigante... na verdade, a cabeça do gigante, porque seu corpo estava afundando na terra, ela correu para eles. O que não foi muito legal, porque ela sentiu umas dores no corpo e na cabeça, onde havia levado a pancada, mas, mesmo assim, continuou com dificuldade, mas em seguida parou com um grito do gigante. — Nããããooo... — O gigante berrava enquanto afundava, no que parecia ser areia movediça. Jhanny viu Lúcia correr para John, ajudando-o a se levantar, ele parecia estar bastante machucado e com muita dor, pelas caretas que fazia. — Meus deuses, desculpe. — Lúcia falou.
Jhanny não soube dizer quanto tempo havia se passado, o sol já estava bem alto no céu, ela pode ver através das folhas nos topos das árvores. Lúcia havia apanhado algumas frutas que tinham por perto para as duas, então não estavam mais com fome. Haviam deixado algumas para quando John acordasse. Ela tirou a bandagem improvisada que ele havia feito para colocar no ferimento da testa dela, limpou o ferimento e colocou a bandagem novamente. Nenhum outro gigante apareceu por ali. Jhanny notou um olhar preocupado no gigante ao olhar para ele. Ela pôde sentir até um pouco de pena dele por ter sido abandonado pelos "amigos", mas se repreendeu ao se lembrar que ele quase a matou. — Parece que não virá ninguém procurar por você, não é? — Ela falou. — Eles devem estar vindo, só não chegaram a
Lúcia desejou que fosse sempre assim quando encontrassem com um deus ou lord da natureza, que eles sempre lhes dessem comida. - Nossa! - Ela exclamou quando entraram, logo atrás do Pirita bonitão (Sim, Lúcia o achou bonito), na sala. - Mas que coisa fantástica! O lugar era enorme, com teto alto onde um grande lustre de cristais azuis estava pendurado iluminando o lugar com velas. Não parecia que estavam naquele barco, a sala era muito grande e bem arrumada com sofás e poltronas fofas de forros azuis, alguns móveis bem lustrosos com detalhes azuis, haviam alguns baús velhos encostados em uma parede, estantes de livros, uma escrivaninha, o chão coberto por um enorme e fofo carpete, também azul. Tudo ali era azul. Ali de dentro nem dava para sentir o barco balançando nas ondas. Em um canto da sala, havia uma grande mesa de jantar tão far