Atravessando pelo portal, algo totalmente paralisante aconteceu.
Envolto em sombras, névoa e fumaça o tempo pareceu paralisar. Olhei em meio a escuridão, não consegui identificar onde estava. Automaticamente, me lembrei do Vazio, há quase um ano atrás. Mas, esse lugar era bem mais frio, estranho e como um pesadelo inerte.
Foi então que ouvi estalos crepitando pelo ar e fui arremessado com violência pelo portal. Gemi de raiva e rolei por um descampado. Grama grudou-se em meu rosto, meu corpo, minhas asas. Me coloquei sobre os cotovelos, meu cabelo caindo sobre a face. Mas, o que Diabos estava acontecendo?
Me sentei sobre o chão e o sol iluminava ardentemente meus olhos.
Estava em uma cam
Castelo de EverestSob a base do lago, os três príncipes se elevaram com pompa, pousando a poucos metros de Kéres.A Senhora do Inferno os aguardava fazia cinco dias. A demora para achá-los e ainda mais de trazê-los a deixou completamente possuída. Mas, o importante era que agora eles estavam ali para marcharem com ela para onde Hadria estava. Vestida como a rainha, usava algo terrivelmente belo, um vestido longo transparente e sob sua testa uma coroa dourada de cinco pontas. Suas gavinhas, mais discretas que a de seu parceiro, estavam enroladas em seus braços como se parecessem mangas do tecido preto em renda.Ela lembrava dos nomes perfeitamente.
Alguém deu um tapinha no meu rosto e acordei sobressaltado.Pisquei com apenas um dos meus olhos abertos e vi a realidade crua de minha cela, muito distante daquele lugar surreal com a mulher que amei um dia. Trinquei meu maxilar e a dor estava excruciante. Mas, estarrecido notei que uma figura estranha ao meu cotidiano de tortura, praguejava ao tentar arrancar as presilhas de metal dos fios de choques, que estavam tão enterrados em minha pele, que soltaram um pedaço de minha carne neles.- Droga. - ele xingou.Mesmo com a visão embaçada, consegui ver alguns traços dele e diante de mim estava um homem alto. Os cabelos loiros escuros, incríveis olhos azuis intensos com uma pele clara de alabastro. Achei seu rosto familiar, mas não estava consciente o
Atravessei para uma parte de sombras entre dois coqueiros.Donn chorou irritado com a passagem turbulenta pelo portal, pois eu ainda estava em recuperação pelo que sofrera nas mãos de Melahel.Sob a ponta da areia fina e pálida, um Sol aquecia meu elo. Observei a ilha de Príncipe, um lugar que ficava no minúsculo país de São Tomé e Príncipe, na África Equatorial. Me lembrava de algumas coisas do lugar, mas em vista do que era antes, a população de média renda baixa, havia se espalhado pela área central e não sabia exatamente se o pequeno clã de bruxas ainda residia ali.Os Malakai eram velhos e antigos amigos.Grande parte do pode
- Você vai cuidar dele? - perguntei com o coração quase saindo pela garganta.Chandra assentiu.- Não se preocupe. Não tem lugar mais seguro para ele do que aqui. Você não pode levá-lo para onde está indo, Hadria.Por um minuto, hesitei.- Como poderei conviver com isso? - minha voz falhou.Chandra ninou Donn. Nós três estávamos na borda da floresta tropical.- Escute, filho. O que está fazendo não é ruim. Está buscando o bem para todos. Como seria para Donn conviver no Inferno? É esse tipo de criação que quer que ele
De olhos fechados, rocei meu nariz pelo de Handora.Sua forma corpórea estava sólida em meus braços, nós dois esparramados por uma cama, em um dos quartos do castelo. Bem longe de Keres e sua raiva. Eu havia lacrado o quarto para poder descansar um pouco e a figura dela já estava ali, me esperando como se estivesse estado presente o tempo todo. E era bem provável que sim.Ela apertou meu braço e descansou a cabeça sobre meu ombro.Fiquei alguns segundos, respirando o mesmo ar que aquela mulher sublime e estonteante. Para mim era completamente difícil registrar sua presença e acreditar que aquilo era real. Passei tanto tempo sofrendo, a dor de não tê-la me sufocando em ondas terríveis. Mas, como um milagr
Avancei sem temer o que viria à frente.Melahel disparou em uma reta, sem olhar para os lados enquanto os meus soldados topavam com os dele. Meu elo reluziu e comecei a correr, sem conter toda a fúria que carregava no peito por aquele anjo. Meu mundo resumiu aquilo e um foco entrou em ação, onde ele era minha atração principal. Ele não deixou a desejar assim que levantou as adagas, girando para investir contra mim em um jogo de corpo.Me desviei vendo pelos cantos dos olhos os outros, lutando bravamente contra os anjos, humanos sendo massacrados. Tive um vislumbre de Heron deslizando sobre a terra como um forte oponente e talvez tivesse subestimado o garoto de porte médio, mas que parecia um touro ao socar e chutar os que vinham pela frente. Kéres destilava gavinhas e vi at
Abri meus olhos e pisquei contra a luz do Sol intensa, mas amanteigada e suave. Esfreguei minhas pálpebras como se tivesse dormido por muito tempo, e talvez tivesse, dado ao fato de que mais uma vez eu havia morrido.Me sentei sobre um campo de alfazemas e me lembrei de ter estado ali em um sonho não muito antigo. Passei meu cabelo atrás das orelhas e olhei pelos lados sobre a campina extensa, tentando entender como exatamente vim parar aqui. Handora havia dito que assim que morresse nós partiríamos juntos, para que eu pudesse descansar com ela. Não imaginei que fosse naquele lugar, embora de qualquer jeito, estar com ela era tudo que eu mais queria.Uma figura surgiu no horizonte e sorri.Me levantei correndo e me senti leve, feliz e tranquilo. Notei que n
No Vazio, tudo era absolutamente nada. Uma rede de mentes interligadas, mas sem qualquer conexão ou corpos. Ali estavam para passar a mais absoluta cômoda e tediosa eternidade. Um rasgo na escuridão, trazendo luz inundou o que era tão monótono, um lugar onde raramente acontecia alguma coisa.Pela primeira vez um corpo foi dimensionado para dentro, tomando forma e calor. O homem desenhado pelo céu e criado pelo Inferno, invadiu aquele além obscuro, sendo jogado nu e sem entender o que estava acontecendo. Ele caiu de joelhos pelo chão plano, mas sem definição ou qualquer parâmetro de onde sua extensão começava ou terminava. Se pôs de pé, meio tonto e seus olhos não enxergavam muito a frente. O rasgo no horizonte rapidamente se fechou, a escuridão se tornando absoluta mesmo em seus olhos p