Passei semanas de olho nela, mas, diferente do que eu pensei, Malia havia parado de ir a festas. E ninguém do submundo, além de mim, poderia saber sobre ela. Eu a observei dia após dia. Malia era diferente de tudo que eu conhecia em uma mulher; no caso dela, uma menina. Seus olhos, quando estavam no campus, tinham um brilho que eu não conseguia decifrar, como se ali fosse realmente onde ela gostaria de estar. Algumas vezes, eu a via olhando para os lados, como se sentisse minha presença. Em seus olhos, havia medo.Sua prima sempre estava ao seu lado. Embora cursassem programas diferentes, Zarina Minisk também não existia, vivendo sob o nome verdadeiro de Zarina Ivanov Mikhailov. A proteção que Nicolai Mikhailov dava a ambas era evidente. Ele havia feito um trabalho meticuloso para apagar suas verdadeiras identidades e protegê-las do mundo, mas agora eu conhecia a verdade.A rotina de Malia era quase monótona: aulas, lojas de tecido, academia e, ocasionalmente, o café onde a vi pela
Onde quer que eu vá, atraia os olhares. As mulheres cochicham entre si, os homens me olhavam com cobiça, mas não me importo. Sigo meu caminho até o bar, o ódio e a raiva consumindo cada parte do meu ser.Assim que paro na frente da porta, me questiono sobre o que vim fazer ali. O que direi a ele? E se ele não estiver aqui? Esses pensamentos rondam minha mente.Enquanto minhas mãos se aproximam da porta, sinto dois homens pararam atrás de mim, seus olhares fixos em mim.— Acabou a brincadeirinha, Malia Mikhailov — um deles diz, seu tom sério fazendo meu sangue ferver e minhas pernas tremerem. Alguém sabe de mim.— Seu pai está te esperando em seu apartamento — ele continua, sua expressão dura.Fudeu. É a única coisa que consigo pensar. Meu pai está em Paris. Agora, minha tão sonhada liberdade acabou.Ao chegar ao meu carro, sinto a presença dos homens que me seguiram o tempo todo. Cada momento parece uma eternidade enquanto dirijo em direção ao apartamento. Minha mente está em turbilhã
— E você teria a Malia, do jeito que quer. Mesmo que ela não queira.Alex tinha razão. Era uma solução fria e calculista, mas eficaz. E, no fundo, sabia que Malia, mesmo relutante, não teria outra escolha. Em nosso mundo, decisões assim eram comuns, e resistir significava perigo e incerteza.— Vamos fazer isso, — decidi finalmente. — Prepare uma reunião com Nicolai. Vamos discutir os termos da paz e do casamento.Ele assentiu, já pegando o telefone para fazer os arranjos.— Não, deixe-me fazer a ligação. Depois, você resolve o resto.Peguei o telefone e disquei o número de Nicolai. Ele atendeu de forma abrupta, sem dar espaço para formalidades.— Quem fala? — perguntou, sem me dar chance de introduzir a conversa.— Sou Etore Monti, Don da Camorra. Você quer paz, Nicolai? Quer acabar com a matança dos dois lados? Então, eu tenho um preço para isso...Houve um momento de silêncio do outro lado da linha, seguido de um tom intrigado.— Qual seria seu preço, Etore Monti? — Ele perguntou de
O choro que saía dos meus pulmões era doloroso. Quando eu finalmente pensei que estava livre, quando comecei a sentir a liberdade, tudo foi tirado de mim. Nunca havia passado pela minha cabeça que um simples jogo acabaria com tudo que eu tinha construído nesses 7 meses. Tudo isso por quê? Porque um velhote não soube levar um "não", porque ele... não soube ser rejeitado.Minha cabeça estava uma confusão. Eu só queria gritar e sumir dali, mas não importava para onde eu fosse, eles me encontrariam.Resolvi ligar para Zarina, que atendeu logo em seguida.— Oi, Mali. Aconteceu alguma coisa? — Ela perguntou.— Onde você está? — Estava em uma festa na praia, mas já estou chegando em casa.— Eu preciso sair para beber. Sei que está tarde, mas eu preciso beber até esquecer que o dia de hoje aconteceu. Eu preciso beber até esquecer do meu nome, beber até esquecer que sou uma Mikhailov.— Mali, o que aconteceu? Pelo amor de Deus, me diz o que aconteceu! Vamos só nós duas? — Ela perguntou, preoc
O sol se põe, tingindo o céu de laranja e rosa, enquanto a água gelada do mar nos envolve.Liam me abraça por trás, e sinto uma segurança que nunca havia experimentado em toda minha vida. O som das ondas é um pano de fundo perfeito para este momento íntimo.Ele beija meu pescoço suavemente, descendo sua mão pelo meu corpo, provocando arrepios que percorrem minha pele.— Você é linda, Zarina. Nunca pensei que conheceria alguém como você — diz ele, com um sorriso sincero que, apesar de meus receios, me faz sentir especial.— Obrigada. Você também não é nada mal — respondo, tentando parecer confiante, embora uma parte de mim tema ser apenas mais uma em sua vida.A conversa entre nós flui naturalmente, como se já nos conhecêssemos há muito tempo. Derepente, ele me vira para si e me beija. O beijo, embora me pegue de surpresa, é calmo e envolvente, como se ele quisesse guardar cada minúscula parte de mim dentro de si.— Zarina, eu... — Ele para de falar, mas sinto sua mão na minha bunda,
A tensão no ambiente é palpável. Sinto o olhar penetrante de Etore queimando em minha direção enquanto me movo ao som da música. Cada movimento é calculado para provocar, para mostrar que ele não tem poder sobre mim.Zarina está ao meu lado, claramente preocupada, mas também fascinada pela ousadia da situação. Ela sabe que estou jogando um jogo perigoso, mas não tenta me parar.Antes que a música chegue ao fim, Etore retira a mulher de seu colo, se levanta e vem até mim. Seus olhos são duas chamas negras de raiva e desejo. Ele começa a caminhar em minha direção, e o silêncio no bar é quase ensurdecedor.Quando ele chega perto o suficiente, sinto seu hálito quente em meu rosto.— Que merda você está fazendo aqui? Você gosta de jogar, não é? — Ele murmura, sua voz baixa e ameaçadora. — Mas você não sabe com quem está brincando, Malia.Eu me aproximo mais, sem recuar, enfrentando-o de frente.— Acho que quem não sabe com quem está brincando é você, Etore. — Minha voz é firme, apesar do t
É incrível o poder que ela tem de me levar ao limite. Com a Malia, vou de 0 a 100 numa velocidade surpreendente.Sei que peguei pesado; não devia ter matado o segurança do pai dela, mas só de imaginar que ela o beijaria ali na minha frente, meu corpo se enfurece e já tenho vontade de matar alguém novamente.Pelo que meu soldado me contou naquela noite, nem Zarina nem Malia voltaram para o apartamento. Na saída do bar, as duas foram colocadas em um carro preto e levadas, possivelmente, para a casa que Nicolai deve ter comprado para ficar aqui.Mas algo me deixou mais curioso do que nunca. Se a fedelha sempre bate no peito dizendo que não se importa com quem vive ou morre, por que aquela reação?Eu senti seu corpo trêmulo, seus olhos ficaram marejados. Será que ela se importava com aquele soldado?A ideia de que Malia pudesse ter sentimentos por outro homem me deixava louco. Eu não conseguia suportar a ideia de que ela pudesse se importar com alguém que não fosse eu. Cada vez que pensav
Meu pai me tirou de lá enquanto meus olhos se inundavam em lágrimas. O soldado Yuri estava morto, não que eu o conhecesse bem, mas ele morreu por minha culpa. Nicolai não disse mais nada, apenas me colocou dentro do carro e beijou meus cabelos.Fecho os olhos, sentindo a seriedade da confusão em minha cabeça. A cada momento que passa, mais eu odeio Etore, e isso nunca vai mudar.Acabei dormindo no carro, mas sinto meu corpo sendo levado para dentro. Conforme vamos andando, ouço a voz da minha mãe.— O que aconteceu? — Ela pergunta, preocupada.— Malia confrontou Etore. Yuri foi morto na frente dela e... lembre-se, o noivado deles será no domingo.— Você por algum momento pensou na felicidade de nossa filha? — Agora já estou acordada, mas finjo estar dormindo para ouvir a conversa entre eles.Levanto da cama com lágrimas nos olhos, cansada de tudo o que aconteceu hoje. Mais cansada ainda de tudo que tenho vivido nos últimos meses.— Mãe, chega, já deu. Nada do que você falar vai mudar