- O que vamos fazer, Doutor? – Angélica murmurou para Doutor Rodriguez, que me olhava terrivelmente preocupado, embora eu ficasse muda parecendo um estátua deitada nesta cama branca.
Eles se afastaram como se com medo de que eu escutasse, porém, eu consegui ouvir claramente o que eles diziam. Doutor Rodriguez olhou para mim e depois para ela. - Olívia está em uma terrível depressão. Parece estar definhando a cada dia. Mais magra e mais pálida. Eu já não sei mais o que receitar para ela. Remédios e tratamentos não foram suficientes para fazê-la sair dessa doença. Foi como eu disse para você. Os tratamentos só surgem efeito se ela quiser realmente se curar. Depressão é algo psicológico que só é tratado com a vontade do paciente de melhorar. – ele olhou mais uma vez paraMelahelMeus olhos se abriram mais uma vez para minha cela.As pedras escuras e nojentas escorrendo limo e água. Sim, é realmente difícil acreditar que algo assim exista no Céu. Mas, após dez meses trancafiado aqui, eu tinha noção do quanto era ruim.Todas as minhas tentativas de fugir haviam dado errado e toda vez que eu tentava eu era castigado. Já haviam arrancado minhas asas, por diversas vezes minha mão e meus pés. Mas, é claro que crescia de novo. Menos minhas asas.No dia em que vim parar aqui eu já tinha sido castigado. Arrancaram uma por uma pena. Me deixaram sangrando, em dor e totalmente debilitado. E ai eu penso. Onde está o grande Pai que se dizia misericordioso?Ele apen
Com o ar pulsando por mim, concentrei com todo meu coração no coração de minha protegida. No suave e cantante coração que eu tanto amava.Não só em seu coração, mas ela em si. Sua pele pálida... Seus lábios cheios tentadores... Seu cabelo castanho dourado que eu amava... E em seus olhos, que eram o que eu mais gostava nela. Seus olhos dourados que refletiam o mundo inteiro de emoções de sua alma.Toquei o anel e dessa vez algo mais forte estava acontecendo. Uma luz perolada começou a sair do anel. Me concentrei ainda mais ao ver que estava dando certo, e dali a poucos segundos eu estava novamente no quarto dela.Só que não era apenas ela que eu via. Como uma imagem projetada. Tudo parecia mais real. Mais palpável. Era como antes, quando eu era alma e me tornava sólido como agora. Pude sentir meus braços e pernas claramente no quarto da cabana.O quarto estava vazio, e fiquei confuso. Eu achei que eu ia diretamente onde ela estava. Mas, pelo visto
Olívia- Dá para me explicar mais uma vez? – perguntei olhando fixamente para Castiel sentado do outro lado da sala.Acho que era a décima vez que eu pedia isso. É que era muito difícil de acreditar. Não por que o fato de Melahel estar no Purgatório fosse aterrorizante o suficiente. Mas, o motivo era totalmente descabido.Ele estava preso apenas por que havia feito amor comigo.Sim. Era inacreditável.Eu ainda estava completamente chocada. Magoada. Não com ele. Mas, com o Deus que eu achei um dia que existia e que era misericordioso com seus filhos. Afinal anjos também poderiam ser considerados filhos dele. Claro, eles eram criação sua.Meu pobre anjo estava trancafiado, machucado e distante de qualquer um de seus amigos para pedir ajuda. Era por is
MelahelOs grilhões apertavam cada vez mais meus pulsos e meus tornozelos. Eu tentava aguentar a dor, mas apesar de eu ser um anjo, eu não consegui suportar. Estava completamente impossível aguentar aquilo.O anjo carrasco com cara desfigurada olhou para mim mais uma vez. Eu sabia que apesar de não haver janelas no quarto tinha se passado três dias desde que eu estava preso e sendo torturado.- Vamos, Melahel. – ele disse. – Pela centésima vez. Por que você estava desacordado em sua cela? O que você estava tentando fazer e como?Olhei para seu semblante horrível e sorri. Eu não iria dizer nada, apesar da dor ser insuportável. Mesmo com dor durante vários dias, eu não iria falar. Eles queriam que eu admitisse que estivesse me comunicando com alguém fora do Céu e queriam que eu fal
De onde estava, invoquei meu dom do fogo e poucos segundos senti o ar mais quente e mais abafado. Minha pele se esquentou e de meus olhos as labaredas de fogo saíram furiosas, tornando minha visão melhor e vermelha.Sorri parecendo endemoniada. Eu não estava mais com medo, por que sabia que eu era mais forte. E agora entendia a gana de Melahel de querer matar os demônios. Eles eram criaturas vazias e cruéis.Parecia que a coisa que estava dentro de mim malvada que quase havia acabado de tentar Ang, agora tomava conta de mim novamente. Eu queria incinerá-los vivos para satisfazer minha sede de sangue. E era isso que eu iria fazer. Apenas deixaria um para torturar. Para dizer o que era aquela história de eles tentarem me levar para meu pai.O Demônio olhou para mim chocado. Como se aqui eu fosse o monstro e ele a vítima.- Acho que você não contava com isso, não é? – rugi e minha voz saiu transformada em um monstro.Ele recuou com medo e de
MelahelA sessão de tortura cessou por algumas horas. O carrasco deixou minha cela agora nova. Que era mais fechada e mais distante das outras. Deveria ser onde eles torturavam as criaturas.Eu estava desolado. Meu corpo parecia um pão, de tão inchado e machucado que estava. Havia cortes por toda parte e eu respirava com dificuldade. Se eu ainda não perdera a consciência era por sorte. E apenas isso.A tortura continuaria, mas eu simplesmente nem liguei. Meu limite iria muito além do meu estado agora e eu aguentaria o que fosse necessário. Meus pensamentos apenas vagavam para minha protegida e o que ela estaria fazendo agora. E foi então que senti um puxão entre meus pensamentos.Automaticamente a cena se formou em minha frente. E eu sabia que era
Depois de ter colocado Olívia em um banho quente para tirar todo o sangue de seu corpo, a deitei com ela na cama e seus olhos agora de volta dourados, me olharam cheios de amor.- Você vai sumir de novo? – ela perguntou.- Claro que não, meu amor. E eu não sumi por que eu quis. Os guardas estavam de olho em mim na última vez que vim aqui. Eles acabaram descobrindo que sai espiritualmente da cela. Agora neste momento meu corpo está em um lugar mais distante possível da porta de saída do Purgatório. – expliquei tentando não dar os detalhes horríveis por quais eu tinha passado nos últimos dias.Ela me abraçou mais forte.- Eu sinto muito. Isso tudo que está acontecendo é culpa minha. – disse escondendo seu rosto em meu ombro.- Claro que não é. De onde tirou isso? – balancei a cabeça, indignado. – Jamais tudo isso que está acontecendo é culpa sua.- Mas...- Mas, nada. – a interrompi. – Vamos nos ver assim que der. Está difícil me conc
Já havia se passado uma semana em que eu estava instalada naquela casa. E diferente da cabana ela não ficava em um lugar distante e no meio da floresta. Ela ficava na cidade e num bairro calmo.Era uma casa contemporânea. Ela era grande e totalmente da época renascentista. Sua pintura era clara e impecável. Com móveis modernos e também alguns antigos. Gostei da casa assim que entrei nela. Havia deixado o carro na garagem subterrânea e achei as chaves dentro do porta-luvas.Eu já havia me estabelecido, achando dinheiro em um cofre. Quer dizer, dinheiro era apelido para a quantidade de notas que eu havia achado. Mas, tinha comprado comida e estava tudo bem.Eu sentia falta de Melahel, mas sabia que assim que fosse necessário ele entraria em contato comigo.O mais estranho da casa, era que parecia normal e tranquila. Mas, cada janela e porta havia por dentro uma trava de segurança enorme, e no escritório onde eu achara o cofre, havia encontrado um arsenal