A sessão de tortura cessou por algumas horas. O carrasco deixou minha cela agora nova. Que era mais fechada e mais distante das outras. Deveria ser onde eles torturavam as criaturas.
Eu estava desolado. Meu corpo parecia um pão, de tão inchado e machucado que estava. Havia cortes por toda parte e eu respirava com dificuldade. Se eu ainda não perdera a consciência era por sorte. E apenas isso. A tortura continuaria, mas eu simplesmente nem liguei. Meu limite iria muito além do meu estado agora e eu aguentaria o que fosse necessário. Meus pensamentos apenas vagavam para minha protegida e o que ela estaria fazendo agora. E foi então que senti um puxão entre meus pensamentos. Automaticamente a cena se formou em minha frente. E eu sabia que eraDepois de ter colocado Olívia em um banho quente para tirar todo o sangue de seu corpo, a deitei com ela na cama e seus olhos agora de volta dourados, me olharam cheios de amor.- Você vai sumir de novo? – ela perguntou.- Claro que não, meu amor. E eu não sumi por que eu quis. Os guardas estavam de olho em mim na última vez que vim aqui. Eles acabaram descobrindo que sai espiritualmente da cela. Agora neste momento meu corpo está em um lugar mais distante possível da porta de saída do Purgatório. – expliquei tentando não dar os detalhes horríveis por quais eu tinha passado nos últimos dias.Ela me abraçou mais forte.- Eu sinto muito. Isso tudo que está acontecendo é culpa minha. – disse escondendo seu rosto em meu ombro.- Claro que não é. De onde tirou isso? – balancei a cabeça, indignado. – Jamais tudo isso que está acontecendo é culpa sua.- Mas...- Mas, nada. – a interrompi. – Vamos nos ver assim que der. Está difícil me conc
Já havia se passado uma semana em que eu estava instalada naquela casa. E diferente da cabana ela não ficava em um lugar distante e no meio da floresta. Ela ficava na cidade e num bairro calmo.Era uma casa contemporânea. Ela era grande e totalmente da época renascentista. Sua pintura era clara e impecável. Com móveis modernos e também alguns antigos. Gostei da casa assim que entrei nela. Havia deixado o carro na garagem subterrânea e achei as chaves dentro do porta-luvas.Eu já havia me estabelecido, achando dinheiro em um cofre. Quer dizer, dinheiro era apelido para a quantidade de notas que eu havia achado. Mas, tinha comprado comida e estava tudo bem.Eu sentia falta de Melahel, mas sabia que assim que fosse necessário ele entraria em contato comigo.O mais estranho da casa, era que parecia normal e tranquila. Mas, cada janela e porta havia por dentro uma trava de segurança enorme, e no escritório onde eu achara o cofre, havia encontrado um arsenal
Corri sentar na sala de casa e tentar colocar os pensamentos em ordem. Meu coração batia rapidamente e eu me sentia completamente cansada.Eu não poderia acreditar que tinha mais três irmãos e todos filhos de Lucian. Qual era a dele? Povoar o mundo de Nefilins que eram metade humano metade Demônio? Ou simplesmente construir uma família feliz de Demônios?Fala sério.Mas, Heron não estava mentindo para mim. Eu sabia disso mais do que qualquer outra coisa. Por que ele não me protegeria dos próprios capangas de Lucian.Meu coração deu uma saltada. Heron era completamente belo e gentil. Um dos caras mais bonitos que eu havia conhecido, tirando Melahel. E era meu irmão.Puxei do bolso de trás de jeans seu telefone e notei sua caligrafia elegante e diferente. Eu não ligaria para ele apesar de tudo. Sei que ele queria me proteger e estava dizendo a verdade. Porém, eu queria me afastar de tudo que tivesse haver com Lucian. Eu já tinha problemas demais
Olhei para seus olhos negros e prestei atenção nas coisas que ele dizia.- No meu tempo as coisas eram ainda mais complicadas. Eu estava sozinho e não entendi a essência de meus poderes. Não entendia minha ânsia de fome. E você terá isso assim como eu tive e nossas irmãs também tiveram. – ele disse.Seus olhos pousaram nos meus e ele continuou.- Agora é o momento de seu Demônio crescer. E ele irá ficar descontrolado se você não souber domá-lo. Sentirá vontade de matar e estripar as pessoas o tempo inteiro. Quando você atinge sua maioridade é ai que as coisas ficam mais legais. Você fica mais forte, e mais rápida. Seu corpo deixa de ter qualquer necessidade humana e então sua dieta muda. – ele sorriu de um jeito sombrio e um arrepio desceu por minha coluna.Me afastei ligeiramente dele.- O que quer dizer com "dieta’’? – perguntei.Ele sorriu ainda mais e meus pelos se arrepiaram.- Você passa a tomar sangue. – ele disse simplesment
Abri meus olhos e senti algo se agitar dentro de mim. Sorri, acho que era a felicidade depois de uma noite tão linda como eu tinha passado. Me envolvi nos lençóis e foi então que notei que estava sozinha no quarto.- Melahel? – chamei.O silêncio se prolongou. Alguma coisa estava errada. Por que Melahel havia me deixado sozinha? Por que ele não me avisara de que iria embora? Por que ele me deixou?Meus olhos vasculharam o quarto e foi ai que notei os lençóis da cama completamente manchados de sangue. E não era qualquer sangue. Era o sangue de Melahel espalhado pelos travesseiros e lençóis. As lembranças invadiram minha mente e minha boca ficou com gosto de sangue.Eu havia provado do sangue de Melahel e havia me alimentado dele.Corri para o banheiro e gritei quando me olhei no espelho. Minha boca estava toda machada já de sangue seco. Mas, não era só ao redor de minha boca, e sim no rosto, no pescoço e pelos meus seios. Ah meu Deus!E
MelahelEu não queria voltar a vê-la. Meu coração recusava-se a compreender quem ela era, minha protegida, que eu havia cuidado e protegido por tanto tempo era um Demônio da pior espécie e que necessitava beber sangue. E por descuido havia bebido o meu.Havia sentido repulsa quando vi seus dentes se cravarem em minha pele. Havia sentido nojo quando meu sangue transbordou em suas veias. Isso era algo completamente horrível.Por que ela tinha que ser isso? Por que ela tinha que ter se transformado desse jeito?A Olívia que havia conhecido era doce, simples e tão frágil que eu havia cuidado dela como se ela fosse um cristal do mais raro e mais caro do mundo. E para mim ela realmente era isso. E agora... No que ela
Olhei para Heron sentado ao meu lado. Ele sorriu e ainda estávamos em silêncio desde que ele havia chegado. Mais ou menos há dez minutos.Alba realmente havia ligado para ele e pedido que ele viesse para cá por que eu precisava dele. Ele não hesitou e veio vinte minutos depois. Claro que anjos e Demônios não se davam bem, por isso Alba me deixou sozinha com Heron em meu quarto enquanto ela e os anjos iam ‘’dar uma volta’’ por aí.Eu sabia que tinha que agradecer muito a ela. E eu esperava que realmente pudesse contar com ela como amiga, por que era o que eu mais estava precisando nesse momento. Em alguém para confiar e dividir minhas coisas. E Alba era tão diferente de Angélica... Tão mais prestativa e amiga do que Ang havia sido.Enquanto meus pensamentos estavam vagando, Heron se aproximou e voltei para o presente momento.- Então você e os anjinhos vão resgatar seu amado? – ele pela milésima vez tentou puxar assunto.Concordei com a ca
Após conversar mais um pouco com Alba, descemos para a sala onde os outros anjos estavam reunidos. Eles me olharam com algumas perguntas no olhar e eu sabia que era pelo maldito Heron. Ele teria que se ver comigo depois.Me sentei ao lado de Alba e os anjos ficaram quietos.- Estava falando com Olívia sobre o plano que estávamos formando para resgatar Melahel que será daqui dois dias. Ela concorda plenamente com tudo que dissermos e está disposta a fazer qualquer coisa por Melahel assim como nós. – Alba disse.Olavo me olhou e sorriu.- Eu sei que ela faria de tudo por ele. Há rumores nos Céus sobre o romance dos dois. É obvio que o ama. O romance de vocês se tornou lenda entre os anjos. – ele riu.Sorrindo retornei seu olhar.- Deveria encarar isso como elogio? – falei brincando.- Mas, é claro, Criança. Vocês mostraram que para amar não precisa nada além de realmente ter um coração que bate. É como Romeu e Julieta. Teve um f